08/05/2006

JODIE, VENHA MORAR COMIGO. TOMAREMOS CHÁ DE AMÊNDOAS E TOSTAREMOS EM FRENTE À LAREIRA.

A dança acontecia quando fechávamos os olhos. Sonhávamos. Gastávamos energia ao máximo. E bebíamos, para poder voltar a dormir. Eu me esforçava para sonhar. Com ele. Comigo. Eu, de agente secreto mergulhador, vivendo missões impossíveis embaixo d’água. Por isso era bom dormir. Por isso era bom deitar. Por isso era tão duro levantar da cama e encarar o dia tão nublado. Porque quando era ensolarado, nos doía ainda mais dilatar...

Ah, meu amigo, esse feriado não vai acabar nunca não? Parece um abrir e fechar de olhos e estamos novamente numa segunda-feira. Numa segunda tentativa, abro os olhos e estamos novamente no final do mês. Natal. Inverno. Quando fecho os olhos já acabou. Não sobrou nada. Quem sabe um parágrafo?

Qual será o meu sentido quando eu não estiver com você? Quando você não estiver comigo, o que eu poderei fazer pela minha história? Penso melhor. Guardo as últimas palavras para mim mesmo. Num último suspiro, no meu último gemido, faltam sílabas e acentos. E lamento.

Mela-mela-melancolia... mela-mela-melancia...

Assisti a um ótimo filme com a petite fille Jodie Foster. "A Menina do Outro Lado da Rua", dirigido pelo húngaro Nicolas Gessner, em76. Jodie, com treze anos, é uma garota que mora aparentemente sozinha numa mansão. A casa foi alugada por seu pai, mas ninguém nunca o vê, nem os vizinhos, nem os policiais, e todos começam a se tornar cada vez mais invasivos, querendo descobrir se de fato ela mora com alguém. Tem um certo clima de suspense, de filme europeu, apesar de ter sido filmado nos Estados Unidos. Jodie está ótima como a garota independente, meio estranha, meio "Demian" (do Hesse). Pelo jeito de andar e falar parece uma lésbica de 40 anos. E fica o filme inteiro tentando escapar das investidas de um pedófilo vivido pelo Martin Sheen.

Acho que não tem em DVD no Brasil. Mas ainda dá para encontrar em VHS em algumas locadoras por aí. Cult total.

Estou lendo "The Secret Life of Oscar Wilde", escrito pelo jornalista britânico Neil McKeena. O livro é uma biografia "sexual" de Wilde, se detendo nas putarias que ele vivia com os jovenzinhos vitorianos e nas suas obsessões sexuais. Apesar de revelar questões muito íntimas, o autor coloca sempre suas fontes, o que torna o texto bem confiável. Mas acho que a biografia podia ser um pouco mais abrangente, dando pelo menos um panorama um pouco mais claro de outros aspectos da vida dele, como a parte profissional.

Visitei o túmulo de Wilde no Père-Lachaise, em 2002. Não sou sensitivo, espiritualizado, nada disso, mas senti um arrepio na hora. Parece que ouvia uma missão vinda direta de Wilde:

"Você tem de abraçar meu legado. E conquistar tudo o que não pude conquistar."

Eu respondia mentalmente:

"Puxa, Sr. Wilde, que honra. Se eu puder fazer um décimo do que o senhor fez pela literatura..."

E ouvia um sussurro ao vento:

"Que literatura? Estou falando sobre os rapazinhos..."

Haha. Sai desse corpo.

Hoje estou super feliz. Eufórico até. Mas essa boca que racha sempre que eu rio...

NESTE SÁBADO!