(Este é o peixe que canta "I Don't Know Why I Love You But I Do" ALguém me dá de presente de aniversário? É mês que vem...)
Uma das perguntas mais comuns em entrevista a um escritor é “quanto da vida real influencia na obra”. Mas ninguém nunca pergunta – e na minha vida eu acho que é mais assim que funciona – como a obra influencia a vida.
Minha vida imita minha arte, afoga-se, engasga-se nela.
Pensava eu, por exemplo, nas inúmeras referências às feiras de rua, peixeiros abrindo espinhas de mulheres, feirantes românticos preocupados com os peixes em seus dedos, Referências que são encontradas em meus textos há anos e anos.
E eu que nunca gostei de peixe. Muito menos comprava em feira. Hoje me pego vivendo situações olivianas, com uma feirante aqui na rua...
Há várias semanas que venho progressivamente abandonando qualquer outro tipo de carne e só comprando peixes. Nesse processo, fui me acostumando a escolher peixes na feira, ir além dos óbvios “de elite” e pedir cortes específicos, escolher as melhores partes...
Na minha nuca, há uma tatuagem de espinha de peixe, que fiz na Finlândia.
Feirantes homens gritam, são agressivos e eu não entendo como aquele método de ataque-e-venda pode funcionar. Acabo driblando os barbudos e chegando a uma mocinha rechonchuda, que me recebe com sorriso e sabe do que eu gosto.
Hoje, ela me deu um cartão com telefone e nome: Vera. “Me liga um dia antes, que eu separo o que você quiser...”
Saí com salmão, atum, badejo, pescada branca...
Mais tarde, a feira se desmontava, e ela, de galochas, esfregava o asfalto com cloro e sabão. Passei longe para ela não ficar constrangida de me ver com o esfregão em mãos...
Quantas vezes passei por essa rua e ainda senti o cheiro de peixe. Vi escamas que sobraram. Brinquei com quem estava comigo: “Essas escamas é porque aqui, há milhares e milhares de anos, era mar...”
E quantas vezes passei por essa rua, senti o cheiro de cloro e pensei comigo mesmo: “Hum, JT. Leroy...”
E você ainda acha que precisa de Universidade para entender literatura?
Plus:
- Alguns me perguntaram e confirmo: A primeira edição de “Mastigando Humanos” está esgotada sim. Mas já está vindo a segunda (espero eu...). De qualquer forma, ainda dá para encontrar o livro no estoque de várias livrarias.
- Ainda não sei quando minha entrevista com o Melamed vai ao ar.
- “Hannibal Rising” é o pior filme de 2007, até agora. Mas também não tenho visto muita coisa...
- Alberto Fuguet, escritor chileno bambambam, me mandou hoje esse email, sem maiores explicações: “congrats u are one of the 39 new hot writers of lat am!” Alguém sabe de onde ele tirou isso?
- Tenho visto todas as versões possíveis de “O Corcunda de Notre Dame”, por causa de uma tradução/adaptação. E até agora não entendi como esse livro chegou à Disney.
- Será que daqui a cem anos poderemos ter meu jacaré cantando num desenho, dublado pelo neto da Madonna?
Uma das perguntas mais comuns em entrevista a um escritor é “quanto da vida real influencia na obra”. Mas ninguém nunca pergunta – e na minha vida eu acho que é mais assim que funciona – como a obra influencia a vida.
Minha vida imita minha arte, afoga-se, engasga-se nela.
Pensava eu, por exemplo, nas inúmeras referências às feiras de rua, peixeiros abrindo espinhas de mulheres, feirantes românticos preocupados com os peixes em seus dedos, Referências que são encontradas em meus textos há anos e anos.
E eu que nunca gostei de peixe. Muito menos comprava em feira. Hoje me pego vivendo situações olivianas, com uma feirante aqui na rua...
Há várias semanas que venho progressivamente abandonando qualquer outro tipo de carne e só comprando peixes. Nesse processo, fui me acostumando a escolher peixes na feira, ir além dos óbvios “de elite” e pedir cortes específicos, escolher as melhores partes...
Na minha nuca, há uma tatuagem de espinha de peixe, que fiz na Finlândia.
Feirantes homens gritam, são agressivos e eu não entendo como aquele método de ataque-e-venda pode funcionar. Acabo driblando os barbudos e chegando a uma mocinha rechonchuda, que me recebe com sorriso e sabe do que eu gosto.
Hoje, ela me deu um cartão com telefone e nome: Vera. “Me liga um dia antes, que eu separo o que você quiser...”
Saí com salmão, atum, badejo, pescada branca...
Mais tarde, a feira se desmontava, e ela, de galochas, esfregava o asfalto com cloro e sabão. Passei longe para ela não ficar constrangida de me ver com o esfregão em mãos...
Quantas vezes passei por essa rua e ainda senti o cheiro de peixe. Vi escamas que sobraram. Brinquei com quem estava comigo: “Essas escamas é porque aqui, há milhares e milhares de anos, era mar...”
E quantas vezes passei por essa rua, senti o cheiro de cloro e pensei comigo mesmo: “Hum, JT. Leroy...”
E você ainda acha que precisa de Universidade para entender literatura?
Plus:
- Alguns me perguntaram e confirmo: A primeira edição de “Mastigando Humanos” está esgotada sim. Mas já está vindo a segunda (espero eu...). De qualquer forma, ainda dá para encontrar o livro no estoque de várias livrarias.
- Ainda não sei quando minha entrevista com o Melamed vai ao ar.
- “Hannibal Rising” é o pior filme de 2007, até agora. Mas também não tenho visto muita coisa...
- Alberto Fuguet, escritor chileno bambambam, me mandou hoje esse email, sem maiores explicações: “congrats u are one of the 39 new hot writers of lat am!” Alguém sabe de onde ele tirou isso?
- Tenho visto todas as versões possíveis de “O Corcunda de Notre Dame”, por causa de uma tradução/adaptação. E até agora não entendi como esse livro chegou à Disney.
- Será que daqui a cem anos poderemos ter meu jacaré cantando num desenho, dublado pelo neto da Madonna?