Fui ao brejo com minha velhaaaaaaa, lalá! Fui ao brejo com minha velhaaaaaaaa, lelê! Uma rã passou pulandoooo, lalá! E toda ela eu engoliiii, lili!
Agora ensinem aos seus filhos e aos seus netos, que esta será a minha obra que ficará para a posteridade. Daqui a duzentos anos (se o mundo não tiver acabado bem antes), as pessoas se referirão a mim: "Santiago Nazarian, escritor que criou a famosa cantiga infantil da Rã Lelé".
(lembrei agora de quando eu estava saindo do Deserto do Atacama - veja só, minha vida é uma aventura, pântanos, desertos, bordéis - e uma mãe com a filha de de três anos se sentou ao meu lado no avião. A mulher tomou remédio para dormir - ou fingiu bem - e não acordava por nada deste mundo. A menina passou o vô inteiro cantando uma música à lá Rã Lelê - em espanhol, claro - e me obrigou a cantar com ela. Era algo sobre uma rã que comia uma aranha, mas eu mudei a letra e cantei que a rã comia o HOMEM-ARANHA. A menina começou a chorar, chorar, e os comissários levaram horas para acordar a mãe que dormia - lalá. Fim da história.)
Muito bem, fora ter saído para comer rã com minha vó, fiquei também afundando aqui no charco do meu lar, azulando meu sangue e atraindo todo tipo de animais peçonhentos para que juntos formemos um caldo que, quiçá, daqui a milênios e milênios, quando minha cantiga já estiver esquecida, valerá fortunas e poderá ser extraído como petróleo.
E essa é a maior herança que deixo para a raça humana.
Como ainda vivo entre a reptilia, hoje fui me vacinar contra febre-amarela e tétano (bem, para tétano é um pouco tarde, considerando meu passado de "body-artist"). Não é paranóia, não, é exigência para embarcar para a Colômbia (no final do mês). Estaremos lá eu, Verônica Stigger, Adriana Lisboa e JP Cuenca representando o Brasil num encontro de escritores de toda a América Latina (e não reclame não. Você não reclama que a Daiane dos Santos representa o Brasil. Eu também sei dançar o Brasileirinho e também sou atleta olímpico). Estou preparando uma versão em espanhol da música da Rã Lelé e apresentarei a eles como o que há de melhor na nova literatura brasileira.
Continuando o coaxar, comprei esta semana um dos filmes mais bizarros de todos os tempos: "Companhia dos Lobos", do Neil Jordan. É uma releitura de "Chapéuzinho Vermelho" em clima de pesadelo, tanto pelo terror quanto pelo absurdo. Tem na 2001 por 15 pila. Recomendo.
Chapéu says: Vamos comer rã, vovozinha?
Vovozinha says: Prefiro comer o Homem-aranha, minha netinha.
Tinha mais alguma coisa importantíssima para dizer, mas esqueci...
...
É pra te comer melhor!!!