23/06/2008

MINHA CASA CONGELADA

Minha mesinha querida, onde escrevo estas porras.


Acabooooooooooou!

Devo dizer que é uma delícia estar aqui, de volta em casa. Esta noite, depois de uma semana de SPFW, sinto um prazer especial em estar na minha mesa, na minha bagunça, sozinho, ouvindo Sex Gang Children, tomando um drinque e escrevendo.

Eu com André do Val no desfile de Pedro Lourenço.

Mas é daqueles prazeres que só são sublinhados por sua suspensão temporária. Sabe como é, há 6 anos não tenho um trabalho fixo. A maior parte do tempo trabalho aqui em casa. E às vezes é um tédio torturante. Por isso é especialmente gostoso voltar para casa – para ficar – depois de uma semana de intensa atividade social.
Guima e eu.

Para você, que está pensando em viver de freelas, abandonar a estabilidade, fazer seus próprios horários, o que tenho a dizer: é difícil. Sei bem como há meses trevooooooosos, em que não aparece nada (ou aparece só gente pedindo texto de graça – caras de pau da porra!!!), mas também há meses em que ganho muito mais do que qualquer trabalho fixo poderia pagar. É preciso saber poupar. E é preciso ter bons contatos, muitos contatos, se diversificar. Eu acho que só consigo sobreviver assim porque exerço as mais diferentes atividades: dublê de jornalista, tradutor, legendista, roteirista, resenhista, fashionista, publicitário e.... nas horas vagas, ganho um troquinho como escritor. (Não é modéstia, não, é sinceridade. É a atividade que me paga pior, de todas essas. Ainda que me dê certo prestigio para realizar as outras.)

É gostoso realizar todas essas atividades, de qualquer modo. Eu gosto. É uma delícia ficar quinze dias em temporada traduzindo uma montagem britânica de Shakespeare, depois fazer roteiros para programetes de TV do Motomix, traduzir um livro aqui em casa, viajar para Brasília para legendar uma mostra de filmes e pra Ribeirão Preto para participar de um debate. Essa diversidade é a maior graça da minha vida.
E, claro, a melhor coisa de viver de freelas é não ter patrão, fazer seus próprios horários, acordar a hora que quer, etc. Mas para isso, você precisa ser seu próprio patrão, tem de ser obsessivo (e quem já trabalhou comigo sabe como sou obsessivamente pontual nos prazos de entrega - pena que as datas de pagamento sejam sempre flutuantes...). Por isso criei aquela máxima: "quem tem a si mesmo como patrão, tem como empregado um escravo."
Enfim...

Muito bem, o que quer saber do Fashion Week?

Minha credencial (é, mandei a foto errada e fiquei babado a temporada toda)

Foi divertido. Confesso que comecei bem sem gás. Estava com preguiça de fazer. A edição passada tinha sido muito tensa pra mim. Mas esta acabou sendo bem legal. Minha proposta ajudou, né? De pegar o povo da última fila, gente simpática, que queria aparecer, que não fazia tipo, que descia do salto. Eu também pude fazer uma paródia de mim mesmo, e ironizar um pouco essa cultura de celebridades; ontem mesmo uma das perguntas que eu fazia aos meus “entrevistados” era “ver a Gisele pra quê? Não é melhor você procurar a sua Gisele exclusiva e pessoal?”

Eu procurei. Não encontrei. Mas o que vale é que nem quis saber da oficial. Haha. (Acho que se eu tivesse de ir atrás dela e de outras celebridades reais eu me mataria.)
Eu com a patroa Erika, na redação.

E todo mundo foi fofo, foi simpático, fiz novos amigos para o sempre desta semana. Tá valendo, vai? Porque por mais que eu não encontre esse povo até a próxima SPFW (até porque, não tenho saído nada de noite), reencontrei muita gente de edições passadas que continuou querida, que foi gostoso reencontrar...

Jana-janessa e eu, no carão.

O pessoal do Journal, da Erika Palomino, também é ótimo de se trabalhar. Gente que respeita meu trabalho, que confia em mim e deixa eu fazer do meu jeito. Nessas três temporada que trabalhei com eles, meus textos só eram cortados quando estavam grandes demais (ainda assim, eles sempre me consultavam). O meio literário pode ser muito mais mascarado e pouco profissional.
Marília, fotógrafa da minha coluna e minha melhor amiga desta temporada.

E agora? Você me pergunta. Bem, esta semana quero voltar a roteiros pessoais, uns projetinhos que estão meio parados... E, como você sabe, está vindo livro novo aí:




(Só não me pergunte a data, porque AINDA não sei.)

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...