09/02/2009

COLETANDO CRÂNIOS

Livros de um lado; livros de outro; quadro acima; eu no meio.

No meu cenário mental sempre se travou uma disputa entre a literatura e as artes plásticas...

Minha mãe também é escritora, meu pai artista plástico. E eu cresci com as paredes forradas de quadros, muito além do que o bom senso e o feng shui recomendariam. A cada ano, entretanto, novos quadros vinham abaixo, para dar espaço a novas estantes, com a biblioteca da minha mãe se estendendo como um vazamento pelas paredes.

Alguns desses quadros estão hoje no meu apartamento; principalmente os mais “lúgubres”, que azedam chás e desbotam estofados. Percebi que comecei uma pequena coleção das caveiras do Guilherme de Faria (meu pai), imagem recorrente nas obras dele (embora ele se tenha tornado conhecido pelas mulheres nuas...). Sei que há outras caveiras por aí, mas como meu pai teve várias mulheres, e eu tenho vários irmãos, seria um longo trabalho de assassinato para trazer esses crânios todos até mim...

Te mostro alguns que já estão aqui.


Este é o maior, que está na minha sala.



Quando eu era criança, meu pai me disse que isso era um precursor do He-man. Que o esqueleto dele vinha antes do esqueleto de Eternia. Eu achava que essa coruja era uma visão meio torta da Feiticeira Zoar.


Este eu ganhei dia desses, da mãe de uma das minhas meias-irmãs (meia-irmã ainda têm hífem? E meia-mussarela?)




Este senhorzinho não é caveira, mas quase...



Este é um samurai... Mas eu gosto de dizer que é o Jason. (Gosh, como é difícil fotografar quadros...)

Este está no meu quarto, sobre minha cama. É um barco numa tempestade (se não consegue ver). Dia desses sonhei com esse quadro e acordei com o título para um conto: "Eu Sou a Menina deste Navio". Falta escrever o conto.



Ok, morcegos do Escher é bem previsível, eu sei, e é só uma reprodução. Mas eu gosto, combina com minha aura.



Tenho também esses peixes... (E cansei de procurar bons enquadramentos pra fotografar esses quadros.)

Amo esta escultura. É do Freddy Keller, que era amigo do meu pai e parece que teve uma vida bem conturbada...
Certa vez um ex-namorado me perguntou:
"Bacana, pra que serve?"
"Como assim, pra que serve?"
"É pra abrir garrafa, algo assim?"
O namoro não durou muito.


Eu devia ter dito que tinha poderes especiais, que era um amuleto canibal. Mas apenas mostrei a ele de onde vinha o molde. "É um crânio de veado... Um veado desavisado que caiu nas mãos do artista..."




Esta é do meu pai.


Esta é de um escultor finlandês, Timo Kallonen...
Mentira, eu comprei na Disney. Haha.

No meu campo de batalha mental entre artes plásticas e literatura, obviamente a literatura venceu. E se hoje não me faltam paredes, elas insistem em ejetar meus quadros, cuspindo pregos, quebrando molduras. Estou precisando de uma boa furadeira para aparafusar de vez a arte em minha vida.


Os livros por enquanto estão sob controle.

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...