30/04/2009

JÁ É FEBRE



Cante e dance na onda da gripe suína!

29/04/2009

ACHEI!


Eu com as "Anas", minhas editoras, em jantarzinho endiabrado, esta semana.


Procurei, procurei e esta semana finalmente encontrei o lugar perfeito para o lançamento do meu livro novo. Será na última semana de junho no... Ainda não posso confirmar. Mas vai ser algo diferente do circuitinho livraria, que sempre faço. Até porque, é bem chata essa tendência atual das livrarias marcarem ao mesmo tempo um lançamento no térreo, outro no segundo andar, outro no banheiro e uma palestra no almoxarifado.

Meu último lançamento tive tanta dor de cabeça com a livraria... que nem te falo.

Agora quero vocês todos sentadinhos, bebinhos no... depois falo onde.

28/04/2009

DING DANG DONG




Que Susan Boyle, que nada! Minha atual obsessão musical é o cd "solo" da Catherine Ringer, ex Les Rita Mitsouko.


Digo "solo" porque o cd é basicamente de canções da banda, com algumas inéditas e covers. Como o Les Rita era uma dupla, e o outro, Fred Chichin, morreu há dois anos, Catherine agora segue com as mesmas músicas, mas não tem a pachorra de se auto-intitular Les Rita Mitsouko sozinha.


Já falei dela aqui, cantora francesa que surgiu no início dos anos 80, ex atriz pornô, com uma voz absurda. E esse cd novo só confirma isso. Aos 50 anos, Catherine continua com a voz no topo.


Para quem quiser procurar, é uma boa amostra do trabalho dela, com canções de toda a carreira.


Aqui deixo uma palhinha de uma das músicas mais recentes, e das minhas favoritas.

Aqui, vídeo antigo, dela estraçalhando com a Sra Johnny Depp, Vanessa Paradis, em outra das minhas favoritas.


24/04/2009

NÃO HÁ AMOR NA MINHA ALMA...

Voilá! Estou de sítio novo.

Depois de meses mexendo e remexendo, o querido Alexandre Matos me presenteou com esse blog trevoso, que tem mais a ver comigo do que aquela coisa rosa bizarra de anos...

Sabe como é, o layout antigo era meu, e eu estou longe de manjar dessas coisas. Melhor contar com a ajuda de profissionais...

Aproveitando a mudança, renomeei o blog. Por que "Amor e Hemácias" se havia tão pouco amor por aqui? Melhor ficar só na bizarrice mesmo. E é uma homenagem a aquele caso, daquela casa que vertia sangue...

O URL, arquivos, postagem e o teor da bagaça continuam os mesmos.

Sintam-se em casa.

23/04/2009

TODOS OS PRAZERES SÃO ORAIS

Porque nós somos mamíferos!

Acho que vou começar a fumar...

Ando viciado em Sukita Zero e viro dois litros disso, + coca light, por dia. Sem contar as xícaras de café. Acordo e vou bebendo café, coca-cola, café, coca-cola, até ficar bem louco e não conseguir escrever nem mais uma linha, com cafeína saindo pelas narinas.

Daí vou pra academia.

Só que quando chego lá, e começo a correr na esteira, a cafeína já começa a baixar, daí me baixa síndrome de abstinência, e fico com ódio de quem quer revezar equipamento comigo, ódio da piscina cheia, ódio dos instrutores que querem corrigir meus movimentos, me obrigando a tirar os fones de ouvido para escutar o que eles têm a dizer...

O ódio só passa quando volto pra casa e começo a me entupir de chocolate, chocolate, chocolate, muitas vezes ultrapassando minha cota máxima diária...

Eu deveria fumar maconha...

Continuo a trabalhar de noite, mas tenho medo da insônia. Demora muito para o efeito total da cafeína passar, e sempre vou dormir cinco, seis horas da manhã. Então café de madrugada nem pensar, muito menos coca-cola. O jeito é apelar para a Sukita Zero. Não quero virar alcóolatra. É muito díficil virar a madrugada no computador sem uma teta na boca, um estímulo oral, um cigarrinho ou um uisquezinho, e eu não fumo... nem quero virar alcóolatra.

Me viciei em Sukita Zero.

Já tentei chimarrão também. Funcionou por um bom tempo. Sabe como é, tem aquela bomba que age psicologicamente como o cigarro, e mantém a gente ocupado. Mas é muito trabalhoso. Toda aquela erva e toda aquela água quente... Sukita Zero já vem pronta. E Sukita Zero é geladinha. Sukita Zero não é amarga e nem precisa de toda uma reprogramação mental de gaúcho para se acostumar com o gosto.

Agora tanto refrigerante está corroendo meus ossos...

Verdade. Tenho medo de meus ossos estarem sendo corroídos pela Sukita, pela coca-cola, pela Sukita, e pelo café, como aquelas experiências que fazem com osso de galinha. Sabe a experiência que fazem com osso de galinha? De deixar de molho na coca-cola dias, até derreter? Sinto meus ossos derretendo na Sukita...

Acho que vou começar a fumar.

16/04/2009

FESTA NA FLORESTA


Foto: Fábio Motta.

A edição de aniversário da revista Júnior veio com uma lista de "10 homens que amamos". Tem Ney Matogrosso, Tuca Andrada, Chris Garneau e eu estou entre eles, lançando esse olhar lascivo para um Bambi. Grande orgulho fazer parte dessa orgia.

Estou na revista desde o começo, tanto entrevistado como entrevistador - na edição passada, fiz uma longa matéria com jovens autores gays. Acho uma revista bem bacana, diversificada, que é feita por gente moderna do circuitinho, mas que não se restringe a isso.

Nesta nova edição, por exemplo, tem entrevista com o escritor "jabutado", Bernardo Carvalho, que declara na chamada que "gays não leem romances" (o que acho uma inverdade. Homens não leem romances em geral. Dos poucos que leem, a maioria é gay.). Tem também entrevista com a diva Marina Lima, novas apostas em música e cinema, matéria sobre o jornal "Lampião da Esquina" e pencas de bonitões em ensaios fotográficos (sem nudez, claro, que a revista é chique.)

A festa de lançamento foi ontem, novamente no Sonique. Como sou um dos personagens da revista, me convidaram para um DJ set curtinho. Aproveitei o clima lounge do lugar e não me senti pressionado para fazer ninguém dançar ou tocar coisas conhecidas. Coloquei música para o povo conversar mesmo (e nunca esperava que ia ver o Gianecchini - que estava lá - sacolejando ao meu som!).

Vai aí o set list:

- No Skin - Golden Palominos featuring Lori Carson
- Take me to Your Heart (live) - Eurythmics
- Kiss Kiss Kiss - Yoko Ono
- Drive Driven - Yello
- Sunset Sunrise - Grace Jones
- Shine - Kwan
- Attitude - Suede
- Visione One - Royksopp
- Omen (promo version) - Prodigy
- Godzilla - The Creatures



Na festa ontem: Beto Lago, eu e André Fischer.

15/04/2009

FALO ENTRE OS DEDOS


Daí que eu estava lendo:


1) Não sei se todos estão acompanhando. Uma nova lei, que substitui a Rouanet (mas não acaba com ela, ao contrário do que os barões da cultura dizem) vai ser enviada ao Congresso Nacional. (...) Continuam nos colocando no guarda-chuva do “Livro e Leitura”. Eu cansei de falar contra isso nas reuniões que participei. Uma bosta isso. Livro é livro, é o produto. Literatura é o que vem antes: a arte literária. Livro é o produto industrial das editoras. Literatura pode se manifestar em outras formas: revistas, sites, cds, cds-rom, jornadas literárias, encontros de escritores com leitores, enfim, uma infinidade de outras coisas que não se resumem ao livro. – do blog do Ademir Assunção: http://zonabranca.blog.uol.com.br

2) Aí hoje eu voltei o meu bundão para o teclado e estou aqui dando o recado de que mais e mais eu acredito na comunhão desses malucos que saem de seus casulos e tomam a praça e os bares e os blOgues e os cinemas e os teatros a todo custo para movimentar o que não pode e não deve moscar ao relento essa nossa literatura que tanto nos custa e há de alegrar mesmo que por alguns raros momentos as nossas vidas.do blog do Marcelino Freire: http://eraodito.blogspot.com


3) Os escritores são o que são genuinamente somente quando estão trabalhando na cela silenciosa e instintiva da solidão fantasmagórica - nunca quando estão ali fora, diligentemente batendo papo no terraço na Mercearia.Ivana Arruda Leite parafraseando a escritora americana Cynthia Ozick, em seu blog: http://doidivana.wordpress.com/


Daí que eu estava pensando:

1) Concordo plenamente com o Ademir. E é importante ler o texto todo dele, se informar sobre as mudanças na lei e reivindicar que a literatura seja considerada como arte em si. Esse papo é velho. E controverso. Tem gente que acha que escritor não precisa de incentivo ou patrocínio, porque seu trabalho não tem gastos. Mas escritor não come? E os eventos literários, não têm custo? Acho um absurdo, por exemplo, direito autoral pagar imposto. A editora te paga 6 paus de adiantamento, você ganha 4 e pouco. Tenho preferido receber direito autoral como pessoa jurídica! É por isso que em toda nota de rodapé, em toda orelha de livro, em toda entrevista que se dá, se coloca “Fulano é escritor e...” (jornalista, publicitário, tradutor, professor.) Ser um escritor nunca basta, as pessoas precisam comer.

2) Daí, tem o Marcelino que, além de um grande escritor, movimenta a cena literária em eventos, promovendo novos autores e levando sua obra para os mais obscuros recantos do país. Seu lema é trazer a literatura para mais perto do povo, ao lado do chopp. Admiro. Mas não gosto de chopp. E escrevo antes de tudo para poder trabalhar sozinho, para poder fazer do meu modo. Prefiro passar a noite escrevendo um romance do que discutindo literatura em mesa de bar. O que acontece é que Marcelino acaba promovendo minha obra e a literatura contemporânea como um todo, mas tem cada vez menos tempo para ler, para escrever sua própria. Algumas pessoas até olham para mim em tom de zombaria – “haha, cinco romances publicados em sete anos?”. Sim. Era isso o que eu estava fazendo, escrevendo. Por que um ator pode terminar uma peça, uma novela, e começar outra, mas o escritor precisa de anos e anos de gap entre suas obras? Meus últimos livros levaram dois, três anos na escrita, mas estou sempre escrevendo. Estou sempre com um livro em mãos. Todas as noites tenho algo a acrescentar. Então minha posição sobre a visão do Marcelino é que eu admiro... mas não recomendo.

3) Por fim, Ivana e Cynthia disseram um pouco o que eu queria dizer. Por isso mesmo é importante a posição do Ademir e do Marcelino. O escritor precisa encontrar meios, antes de tudo, para realizar sua atividade solitária (e a analogia com a masturbação não é mera piada...). Precisa encontrar espaço e tempo, e isso muitas vezes significa dinheiro. Depois, precisa encontrar meios de levar essa literatura às pessoas, seja pessoalmente, seja através do Marcelino (hihihi), seja em eventos de mesa de bar, seja em palestras na Casa do Saber. Ou em blogs, bienais, cinemas, teatros e o caralho.

Porque por mais que a gente pense e repense nossa cultura, por mais que a gente escreva e reescreva sobre a SUA vida, por mais que o Milton Hatoum até seja considerado “Sir” por aqui, o país inteiro vai continuar dando muito mais importância ao Ronaldo... “Fenômeno”.

13/04/2009

DE VOLTA AO UNDERGROUND

Nesta semana, dias 15, 16 e 17, acontece no Sesc Ipiranga o "Crônicas da Cidade", um evento bem inusitado que apresenta filmes nacionais seguidos da palestra de um escritor.

Eu participo no primeiro dia, quarta-feira agora, com o filme "Jogo Subterrâneo", de Roberto Gervitz. A escolha do filme não foi feita por mim - e eu não tenho exatamente clara qual seria minha intersecção com o filme - mas isso tornou o evento mais instigante para mim e estou preparando algo bacana. Fora que o filme em si é beeeeeeeem legal, vale a pena ir nem que seja só para assistir. Filme nacional sem medo de ser universal.

Também é uma forma de encontrar leitores por aí (principalmente aqueles que moram perto do Ipiranga). Aproveitem, porque tenho feito cada vez menos eventos e cada vez tenho menos vontade de fazer, principalmente aqui em São Paulo.

Os filmes começam sempre às 19h. Veja abaixo a programação, que ainda conta com os grandes Antônio Prata e Nina Lemos.


Jogo Subterrâneo - Dia(s) 15/04 Quarta, às 19h.

Uma inusitada história de amor começa quando Martin, engenheiro responsável pela modernização do metrô de Buenos Aires, encontra um manuscrito no departamento de achados e perdidos da companhia. Nesse manuscrito, um homem narra o jogo ao qual se submete para encontrar a mulher de sua vida. Um jogo cujo campo é o emaranhado das linhas do metrô da cidade. Se, ao entrar em um vagão, ele localizar uma mulher que o atraia, deverá torcer para que ela cumpra o mesmo trajeto por ele traçado para si, o mesmo destino. Só assim, terá o direito de abordá-la. Com Felipe Camargo, Maria Luísa Mendonça e Júlia Lemmertz. Direção de Roberto Gervitz. Duração: 107min. Após a exibição do filme, haverá um bate-papo com o escritor e blogueiro Santiago Nazarian, autor do livro Feriado de Mim Mesmo. Retirar ingressos com 1h de antecedência na Bilheteria da Unidade. Auditório.

Não recomendado para menores de 16 anos

Grátis


Não por Acaso - Dia(s) 16/04 Quinta, às 19h.

Um acidente de carro muda a vida de dois homens que gostam de levar a vida de forma programada. Com Rodrigo Santoro, Leonardo Medeiros, Cássia Kiss, Letícia Sabatella e Graziella Moretto. Direção: Philippe Barcinski. Duração: 99min. Após a exibição do filme haverá um bate-papo com o escritor Antônio Prata, cronista do jornal Estado de S.Paulo e autor do livro Pernas da tia Corália, entre outros. Auditório. Retirar ingressos com 1h de antecedência na Bilheteria da Unidade. Auditório.

Não recomendado para menores de 14 anos

Grátis

Nome Próprio - Dia(s) 17/04 Sexta, às 19h.

Camila tem a escrita como sua grande paixão. Intensa e corajosa, ela busca criar para si uma existência complexa o suficiente para que possa escrever sobre ela. Ela escreve compulsivamente em um blog, só que isto faz com que também fique isolada. Com Leandra Leal, Juliano Cazarré, Alex Didier. Direção: Murilo Salles. Duração: 130min. Após a exibição do filme, haverá um bate-papo com a jornalista e blogueira Nina Lemos, autora do Blog 02 Neurônios e do livro A Ditadura da Moda. Retirar ingressos com 1h de antecedência na Bilheteria da Unidade. Auditório.

09/04/2009

MOMENTO FOTOLOG


Bianca Bertolacini e Xico Sá.

A revista "Simples" está voltando com tudo. Depois de um bom tempo de periodicidade indefinida, ela promete vir bimestral, e recheadíssima de conteúdo.

Ontem foi a festa de lançamento da edição 45, no Sonique - novo bar "pré-balada" do queridíssimo Beto Lago. Tava cheio de gente bonita e malemolente. (Roubei as fotos do Flickr da revista, porque foi o Fábio quem tirou as fotos mesmo, então está todo mundo em casa. )


Eu, ligeiramente lubrificado.


Fábio e seu bico.


Quem cuida da Simples agora é a Editora Fina Flor, da serelepe Cristiane Lisbôa, que já publicou livros artesanais, com tiragem limitada, de autores como Xico Sá, Pinky Wainer e Andrea del Fuego.


Guima.

Thiago Ney, no som.

Agora você não encontra a Simples dando sopa por aí, não. Ela é entregue a um seleto mailing, de príncipes e princesas. Mas dá para achar algumas em livrarias por aí. E você pode sempre visitar o site... www.revistasimples.com.br

Além da responsabilidade desta revista cult em mãos, a Fina vai editar em breve no Brasil o conteúdo da revista Vice, uma das publicações mais cool do planeta.


Laura Wrona.

Pedro de Deus e sua patota.

Tatá Aeroplano.



Bianca e eu.

Só espero que agora com Cris crescendo como editora, o Brasil não perca uma grande escritora. A moça está devendo o próximo livro pra nós...

08/04/2009

NA LABUTA



Chegaram hoje aqui dois livros juvenis bem bacaninhas que traduzi para a Ática.


"Dizem que Sou Louco", do americano George Harrar, é um livro sobre o TOC, focado num adolescente de 15 anos que tem todo tipo de obsessão e sofre para se adaptar numa escola nova. Em alguns momentos dá vontade de surrar o protagonista, e eu quase desenvolvi TOC eu mesmo durante a tradução - hehe - mas acho que a intenção do livro é essa. É bem engraçado. E a edição ficou muito bonitinha, desde a capa até as ilustrações internas.

"Cacos de Vida", da inglesa Sally Grindley é uma espécie de "como nascem os anjos" indiano. Dois garotos que fogem da violência doméstica e têm de sobreviver nas ruas de uma grande cidade. É bem triste, extremamente bem escrito e tem aquela coisa de você perceber que os dramas e as soluções são os mesmos em qualquer parte do mundo. Fora que os dois meninos do livro foram muito bem estruturados, tem suas falhas de caráter e contradições internas. Bem bacana.

Tenho traduzido bastante. No momento, estou avançado num livro "praticamente de zumbis" e está entrando outro juvenil. Bom que tenho conseguido prazos (e pagamentos) mais razoáveis, porque já tive de traduzir livro de 500 páginas em dois meses... daí se torna um estorvo.

Meu método atualmente tem sido começar com uma tradução totalmente "rough", traduzir tudo direto, sem parar para olhar nada no dicionário, deixando em inglês o que eu não sei, o que tenho dúvida ou o que não me ocorre a melhor palavra. No final de cada semana, releio tudo o que fiz, acertando o texto, consultando os dicionários online e traduzindo as palavras que eu tinha dúvida. Mas sempre permanecem algumas dúvidas, que eu deixo marcadas no texto. No final de toda a tradução, eu pesquiso pontualmente essas palavras com mais avinco, pedindo ajuda aos universitários se for necessário. Por último, releio o livro todo, batendo o texto em português com o original.

Isso quando o prazo me permite...

Acho um trabalho gostoso. Gosto de trabalhar sozinho, aqui em casa, e sou disciplinado o suficiente para manter e entregar a tradução em dia. Fora que aprendo muito traduzindo, tanto de tradução em si, quanto da escrita como um todo. Às vezes eu gostaria de poder pegar os primeiros livros que traduzi (que nem tenho coragem de reler) e refazer a tradução hoje. É das coisas que sinto maior aperfeiçoamento em mim mesmo, a cada ano. E gosto de fazer traduções soltinhas, com um tom mais coloquial, isso sempre rola nos juvenis...

Mando então a listinha completa (se não esqueci de nenhum) dos livros que traduzi. Tem romances adultos, juvenis, até um "guia de estilo". Não posso dizer que gosto de todos, mas todos me ensinaram algo (oh!). A lista vai dos mais recentes aos primeiros.

“A Vida Secreta dos Apaixonados” – Simon Van Booy
“Cacos de Vida” – Sally Grinder
“Dizem que Sou Louco” – George Harrar
“O Sonâmbulo” – Jonathan Barnes
“Os Filhos do Imperador” – Claire Messud
“Siri” – Rachel Cohn
“Pão de Mel” – Rachel Cohn
“Este Livro vai Salvar Sua Vida” – A.M Homes
“O Violino Voador” – Siobhan Parkinson
“Alguma Coisa Invisível” – Siobhan Parkinson
“Maldito Coração” – J.T LeRoy
“Fan-Tan” – Donald Cammel e Marlon Brando
“Quando Eu era o Tal” – Sam Kashner
“Metrossexual – Guia de Estilo” – Michael Flocker

06/04/2009

TORRE DE MENINOS


Estamos chegando lá...

Meu “novo” romance sai mesmo em junho, pela Record. Já foi revisado e agora estamos acertando os últimos detalhes de diagramação, orelha...

É novamente um romance de formação, mas desta vez focado na passagem da infância para a adolescência. Sete meninos na puberdade, que moram num daqueles prédios inclinados de frente para o mar, se apaixonam por uma jovem professora; aquele tipo de mulher que engloba os traços de mãe, mulher, namorada, pelo qual todo menino se fascina em algum ponto da vida.

O drama e a graça do livro é que a professora é uma canalha infanticida.

Foi uma delícia fazer, apesar de todos os percalços e mudanças de editora. Foram mais de dois anos escrevendo, relendo, revisando. Terminei com 550 mil toques, que deve dar algo entre 300 e 400 páginas.

O livro tem 21 capítulos, dividido em três partes (a primeira de apresentação dos meninos, a segunda da relação deles com a professora e a última do genocídio em si). Cada abertura de capítulo e de segmento virá com uma ilustração de Alexandre Matos.


O que mais? Não acho que o livro represente uma grande ruptura em relação aos meus anteriores. Se "Mastigando Humanos" irrompeu como o mais pop e bem humorado dos meus romances, este acho que tem um pouco do clima de cada um. É a consolidação de um estilo, o meu estilo. Talvez seja algo entre "A Morte Sem Nome" e "Mastigando Humanos", mais narrativo do que o primeiro, mas menos lúdico do que o segundo, embora ainda com um senso de humor mordaz.


Ainda não sei a agenda de lançamentos. Dependo muito também dos convites para Bienais, Feiras do Livro e eventos pelo Brasil. Quem tiver propostas...
Aqui em São Paulo estou pensando ainda em alternativas para fazer um evento bacana, sair do tradicional coquetel em livraria...


Para esquentar os tamborins, apresento os sete meninos, sete protagonistas. Não há personagem principal no livro – nem mesmo o menino cego – os sete são igualmente importantes, embora eu tenha meus favoritos...

O Mestiço Cego: O corpo do Mestiço sim... cheirava. Glândulas despertas, começavam a funcionar. Era suor, suor frio, suor quente. Era seu nariz que se prolongava sobre si e aspirava o próprio corpo, sentindo a própria adolescência. Eram os braços que cresciam, para cima das panelas, as travessas da mãe, e o obrigavam a comer, engordurar-se, compensar em comida toda a carência, o abandono, o medo de ser engolido pela professora, pelos crocodilos, pelas topadas da vida. E a gordura que circulava em seu sangue sentia-se em sua boca, irrompia em espinhas. O shoyu que ingerira salgava sua pele, suas sobrancelhas agridoces, seu cabelo empastelado. O restaurante podia estar limpo, puro, desinfetado, mas o menino cego sentia ainda em si – e apenas em si – o cheiro de tudo o que os pais serviam aos clientes.

O Andrógino Apático: O Andrógino desviou-se de sua imagem refletida no espelho. Olhou mais de perto, os ossos agarrados à pele de seu rosto. De fato, como bem planejara, a pele delineava os ossos no rosto, nas mandíbulas e nas maçãs proeminentes, como bom andrógino, como bom menino. A pele era pálida, como planejara, e doentia, de uma maneira que ele não esperava. Não apenas branca, não imaculada, marcada com veias rebeldes que ainda inchavam, azulavam, esverdeavam, e, num canto ou outro do rosto, tornavam sua pele amarelada. A pele agarrava-se aos ossos, mas sob ela também crescia algo mais, negro, rastejava, como bicho geográfico. Ele temia, mas sabia muito bem o que era. Então se escondia por trás da franja. A franja ainda o protegia. Não bastava ser magro. Não bastava ser pálido. Sempre haveria um bicho geográfico a crescer sobre seus ossos. A correr sob sua pele. A mudar as cores do rosto. Ainda bem que a franja continuava por lá.

O Narciso Vesgo: Ele acordou e se olhou no espelho e não se sentiu satisfeito – porque afinal o narcisismo não é apenas a adoração própria, mas a administração constante dessa adoração, que pode levantar exasperações como: “Oh, meu Deus, meu amor, meu querido, você não está tão bem hoje quanto poderia estar. Nós sabemos que você poderia estar melhor. Nós sabemos que sua franja poderia cair para outro lado. Nós sabemos, então, o que faremos? O que eu faço? Oh, meu Deus, meu amor, meu querido, como posso me arrastar por este dia assim, longe da perfeição heróica que eu sei, eu sinto, existe dentro de mim? Oh, meu deus, meu amor, meu querido, como posso atravessar este espelho e fazer com que todos vejam o que está escondido lá dentro? O que eu já vi tantas vezes, tantas outras, mas nunca na vez certa, nunca no momento exato, nunca quando eu me arrisco, quando eu mais preciso. Quando eu mais preciso essa franja cai assim, para o lado errado. Quando eu mais preciso, eu não consigo. Como posso mostrar a eles minha verdadeira face se nem você, oh, meu amor (Meu Deus!) meu querido, pode hoje refletir o que eu sinto?”

O Gordo Histérico: O Gordo foi rolando até o telefone fazer o pedido. Tinha de tomar cuidado, pela inclinação do prédio, por suas formas arredondadas, poderia ser ejetado ao menor deslize. Não seria um acidente fatal, claro – os próprios suicidas já haviam desistido de se jogar daquele prédio; para conseguir afundar no mar teriam de ter os bolsos pesados, uma mochila nas costas, e só aqueles sem nada a carregar é que desejam a morte – mas o Gordo também não queria se manchar de óleo, (por tantos acidentes e acasos), não queria ser jogado como uma bexiga cheia d’água no mar. Segurou-se firme nos móveis, com os dedos amanteigados, até deixar-se cair ao lado do telefone, no sofá. “Vou pedir meia catupiry, meia champignon, pode ser? Vou pedir meio a meio, não é assim que você gosta?” O Gordo perguntava, já com o telefone na orelha, soprando seu hálito lácteo de gato.


O Negro Ejetado: Desistira de ir às aulas. Ele não conseguia se adaptar. Sempre se sentira estranho – excluído – entre os meninos, e agora sentia que a própria professora o inferiorizava: “Rapaz, pode apagar o quadro-negro? Mocinho, traz uma água para mim? Menino, tire um xérox deste exercício para seus colegas”, sempre sem chamá-lo pelo nome, sempre lhe pedindo favores. Sempre solicitando seus serviços, enquanto continuava a aula para os outros meninos. Os outros meninos podiam até sentir inveja. Os outros meninos podiam até se oferecer para apagar o quadro, trazer uma água, tirar xérox, mas ele sentia que era preterido exatamente por não lhe ser dada a oportunidade, a oportunidade de se oferecer. Para ele, era um serviço. Aquela era a sua tarefa. Lhe era negada a oportunidade de surpreender a professora, de agradá-la, ele só poderia atender ao que ela lhe solicitava.


O Atleta Desprendido: Ela se encontrava entre as quatro paredes que faziam o menino ser o que ele era, refletiam o que ele era, eram extensão da personalidade do menino, a ponto das paredes já terem suas digitais e os móveis estarem impregnados com antigas células dissidentes de sua pele. Estava no quarto do menino. E tudo lá apontava para fora: os pôsteres de surfe, a prancha encostada num canto, o skate escorado para não rolar, a miniatura de um navio dentro de uma garrafa. Era isso, um navio, dentro de uma garrafa. O menino trancado dentro de um quarto que só apontava para fora, mas que estava com as janelas fechadas, a porta fechada, e o menino encerrado numa cama, sem querer sair. Aquilo assinalava como o menino era contraditório, como era contraditório ser menino, como ser menino é uma impossibilidade de ser, associada a uma enorme vontade, uma enorme potência, uma enorme latência que, ao se resolver em maturidade, só revela frustração e incapacidade.

O Junkie Iluminado: Engoliu as três pílula de uma vez. Sentiu-se melhor na mesma hora. De repente não eram as pílulas. De repente eram as pílulas. De repente eram as pílulas que empurravam a cocaína para baixo e reforçavam a dose em seu organismo. Fez com que o Junkie se calasse naquele exato instante. E naquele exato instante em que se calou sentiu ânsias. As pílulas querendo voltar. As pílulas querendo sair. Então passou. Sentiu-me melhor. Sentiu-se ótimo. Sentiu-se incrível. Será que as pílulas já haviam surtido efeito? E se ainda fossem surtir? E se já tivessem surtido? E se já tivessem deixado de surtir?

03/04/2009

LEMBRANÇA DE VIDAS PASSADAS



1 - Romântico Brega

Hoje é dia de amor, de conquistar seu coração
vou pra onde você for, vou pegar na sua mão
Que tal jantar comigo, depois sair para dançar?
Não quero ser seu amigo, hoje vou te conquistar.

Hoje é dia de paixão, fica comigo sem medo,
vou atingir seu coração disparando um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.


2 - Punk Raimundos

Hoje é dia de esporte, aventura agitação
aproveito a minha sorte, levo tudo na minha mão.
Vou correr de bicicleta, vou nadar e fazer trilha.
Vou viver como um atleta e dar tchau para a família.

Hoje eu quero viajar, pra me encontrar não tem segredo.
Não adianta procurar, é melhor mandar um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.

3 - Forro Preguiçoso

Hoje eu tô sossegado, na boa, sem encanação,
tenho uma gata do meu lado, basta eu estender a mão.
Hoje vou ficar na cesta, aproveitar para dormir,
Só se tiver uma festa, quem sabe, eu posso sair.

Hoje o sossego é santo, vou relaxar e dormir cedo.
Hoje fico no meu canto, só respondo por torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.

4 - Pop Tchutchuca

Hoje é dia de folia, de farra e curtição,
de fazer o que eu queria, então vem, me dê a mão.
Ai, será que ele me liga? Tô na dúvida, nem sei.
Pode até dar briga se souber com quem fiquei.

Hoje eu saio com o Tonho, com o Tico ou o Alfredo?
O Tiaguinho é um sonho e me mandou um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.

5 - Reggae

Hoje é dia de praia, pra mim já é verão,
tô deixando minha baia com a prancha na mão.
Vou pegar a freeway, num programa legal,
eu ainda nem sei meu destino final.

Hoje é dia de mar, sol, areia, rochedo;
quem quiser viajar, que me mande um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.

6 - Metal

Não quero papo contigo, cansei de enrolação,
se você é meu amigo, toca aqui na minha mão.
Vamos curtir adoidado, avisa se tiver a fim.
Quem não tá do meu lado, então tá contra mim.

Hoje é dia de ação, sou radical e não cedo.
Tá comigo meu irmão? Então me manda um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.


7 - Dance

Hoje quero boa vida: compra, clube, diversão,
quero ser bem servida e ter tudo bem a mão.
Quero ir para a piscina, algo light pra jantar,
convidar a Ana Cristina pra ir ao shopping passear.

Hoje eu quero renascer, ouvir fofocas, contar segredos,
se eu não puder atender, então me mande um torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.

8- MPB

Hoje eu quero te ver, te cantar esta canção,
espero por você, com o celular na mão.
Hoje eu vou te namorar, hoje a noite não tem fim.
Já te dei meu celular, agora é só ligar pra mim.

Hoje o que eu queria era te ver bem cedo.
Você tem todo o dia pra mandar o seu torpedo.

Loc: Sexta é dia de Torpedo. Dispare o seu. É fácil, é rápido, é da Telefônica Celular.


(Campanha de jingles que criei para a Telefônica Celular - atual Vivo - do Rio Grande do Sul, em 2001, quando trabalhava na agência Escala, em Porto Alegre. Ainda toca no shuffle do meu Ipod.)

NESTE SÁBADO!