08/04/2009

NA LABUTA



Chegaram hoje aqui dois livros juvenis bem bacaninhas que traduzi para a Ática.


"Dizem que Sou Louco", do americano George Harrar, é um livro sobre o TOC, focado num adolescente de 15 anos que tem todo tipo de obsessão e sofre para se adaptar numa escola nova. Em alguns momentos dá vontade de surrar o protagonista, e eu quase desenvolvi TOC eu mesmo durante a tradução - hehe - mas acho que a intenção do livro é essa. É bem engraçado. E a edição ficou muito bonitinha, desde a capa até as ilustrações internas.

"Cacos de Vida", da inglesa Sally Grindley é uma espécie de "como nascem os anjos" indiano. Dois garotos que fogem da violência doméstica e têm de sobreviver nas ruas de uma grande cidade. É bem triste, extremamente bem escrito e tem aquela coisa de você perceber que os dramas e as soluções são os mesmos em qualquer parte do mundo. Fora que os dois meninos do livro foram muito bem estruturados, tem suas falhas de caráter e contradições internas. Bem bacana.

Tenho traduzido bastante. No momento, estou avançado num livro "praticamente de zumbis" e está entrando outro juvenil. Bom que tenho conseguido prazos (e pagamentos) mais razoáveis, porque já tive de traduzir livro de 500 páginas em dois meses... daí se torna um estorvo.

Meu método atualmente tem sido começar com uma tradução totalmente "rough", traduzir tudo direto, sem parar para olhar nada no dicionário, deixando em inglês o que eu não sei, o que tenho dúvida ou o que não me ocorre a melhor palavra. No final de cada semana, releio tudo o que fiz, acertando o texto, consultando os dicionários online e traduzindo as palavras que eu tinha dúvida. Mas sempre permanecem algumas dúvidas, que eu deixo marcadas no texto. No final de toda a tradução, eu pesquiso pontualmente essas palavras com mais avinco, pedindo ajuda aos universitários se for necessário. Por último, releio o livro todo, batendo o texto em português com o original.

Isso quando o prazo me permite...

Acho um trabalho gostoso. Gosto de trabalhar sozinho, aqui em casa, e sou disciplinado o suficiente para manter e entregar a tradução em dia. Fora que aprendo muito traduzindo, tanto de tradução em si, quanto da escrita como um todo. Às vezes eu gostaria de poder pegar os primeiros livros que traduzi (que nem tenho coragem de reler) e refazer a tradução hoje. É das coisas que sinto maior aperfeiçoamento em mim mesmo, a cada ano. E gosto de fazer traduções soltinhas, com um tom mais coloquial, isso sempre rola nos juvenis...

Mando então a listinha completa (se não esqueci de nenhum) dos livros que traduzi. Tem romances adultos, juvenis, até um "guia de estilo". Não posso dizer que gosto de todos, mas todos me ensinaram algo (oh!). A lista vai dos mais recentes aos primeiros.

“A Vida Secreta dos Apaixonados” – Simon Van Booy
“Cacos de Vida” – Sally Grinder
“Dizem que Sou Louco” – George Harrar
“O Sonâmbulo” – Jonathan Barnes
“Os Filhos do Imperador” – Claire Messud
“Siri” – Rachel Cohn
“Pão de Mel” – Rachel Cohn
“Este Livro vai Salvar Sua Vida” – A.M Homes
“O Violino Voador” – Siobhan Parkinson
“Alguma Coisa Invisível” – Siobhan Parkinson
“Maldito Coração” – J.T LeRoy
“Fan-Tan” – Donald Cammel e Marlon Brando
“Quando Eu era o Tal” – Sam Kashner
“Metrossexual – Guia de Estilo” – Michael Flocker

ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...