31/10/2009

SATYRIANAS

Eu e Rodolfo, do Satyros.


Ivana.


A mesa: eu, Contardo Caligaris, Ivana Arruda Leite, Carlos Hee e Marcelo Rubens Paiva. (As fotos todas foram passadas pela querida Ivana).


O debate hoje foi bem bacana, lotadaço (surpreendentemente para um debate sábado ao meio dia) com grande participação do público, discussões acaloradas e trocas de opiniões. Bem melhor do que aquele padrãozinho tão comum de cada escritor vendendo seu peixe.


Agora estou indo viajar. Mas você que fica por aqui, confira a programação das Satyrianas.

28/10/2009

SATYRIANAS

É neste final de semana, o grande festival do Satyros com uma maratona de peças, debates, música e o caralho (isso, tem isso também).

Vou estar lá dia 31 de outubro, sábado, 12h, num debate com Ivana Arruda Leite, Carlos Hee e Contardo Caligaris, mediados por Marcelo Rubens Paiva. Lá na Praça Rosevelt.

(meu debate era dia 1 de novembro, mas terei de viajar e eles me passaram para dia 31. NÃO VOU ESTAR NO DIA 1, aviso).

Você pode ver a programação toda no site (mas minha participação ainda está errada por lá, ok?)

http://satyros.uol.com.br/noticia.asp?id_destaque=1

E lembro que na próxima semana, dia 06 e 07 de novembro vou estar na FREEPORTO (não é Fliporto, é FREE) no Recife.

26/10/2009

BRETT'S BACK

Eu ainda acredito no britpop. E ainda amo esse homem.

Ok, ok, sei que a cada quinzena Brett Anderson e Suede pipocam por aqui de algum modo, em algum post, mas Brett está de disco novo, e embora não haja grandes motivos para comemorar, é impossível eu não comentar...


Bela capa.

Slow Attack (belo título) é seu terceiro álbum solo, depois de acabar com o Suede e com a breve The Tears (que trouxe o tão esperado -por mim, pelo menos- reencontro dele com o guitarrista gênio-deus-monstro Bernard Butler, e que não foi lá essas coisas). O primeiro solo foi uma transição do brit-glam-pop que costumava fazer para um som mais intimista, composto exclusivamente de baladas, e com bons momentos como o single “Love is Dead” e “Song for My Father” (que abrem e fecham o disco, respectivamente). O segundo álbum solo, Wilderness, é uma porra. Lento, chato, caindo de vez no “chamber pop”, aquele som intimista e melancólico feito tão bem por gente como Rufus Wainwright e Antony and the Johnsons, mas que com o Brett não dá muito certo porque ele não é um grande pianista, não é tão refinado musicalmente e sua voz está longe de ser o que já foi (é constrangedor ouvi-lo cantando hoje coisas como “The Wild Ones”, tendo de suprimir os falsetes).

Mas enfim... eu amo ele mesmo assim.

Slow Attack talvez seja o melhor dos três álbuns. Um pouco menos minimalista e mais pop do que os anteriores, embora siga na mesma linha. O primeiro single, “The Hunted” é ótimo. Quase chega ao nível de um Suede (quase). Há também bons momentos como a pastoral “Wheatfilelds”, a cinematográfica “Swans” e a robótica “Julian’s Eyes”. Me parece que Brett está ensaiando uma volta de vez ao pop (inclusive ele tem falado sobre uma reunião do Suede...). Eu vou continuar esperando. E amando esse homem.

Confira o clipe de “Hunted”:






Falando em homens que amamos, ontem fui (finalmente) ver o Alberto Guzik no Monólogo da Velha Apresentadora, do Marcelo Mirisola, com Chico Ribas. Ótima montagem sempre no limite entre desmontar a personagem no ator (até pela caracterização mínima no figurino) e com uma crítica-sátira feroz sobre velhos ideais, velhos preconceitos, velhos valores que ainda rastejam (pelo bem e pelo mal) em artistas sobreviventes da velha-guarda.


Guzik é Guzik e "Febe Camacho".



Ontem na platéia tinha uma senhorinha que ficava sussurrando "ai, meu deus!" cada vez que a velha apresentadora falava dos viados, das negrinhas, dos mongolóides... Politicamente incorreto até o osso.

Final de semana que vem é o último, lá no Satyros. Ainda dá tempo...

Foto histórica por trazer (além do Bactéria e Marcelo Ariel) Mirisola e eu na mesma mesa. Gosto dos textos dele - de verdade. Apesar daquela controversa resenha que fiz de um livro dele na Folha, há alguns anos... Ele dá um bom inimigo...

Também fui ver “Um Homem Qualquer”, longa de estréia do Caio Vecchio, na Mostra Internacional de Cinema. Eu dei uma colaborada no roteiro, há alguns anos; lembro que suavizei um pouco o tom político, coloquei umas pitadas de humor, e foi bom ver que o humor foi bem incorporado no filme (que é uma viaaaaaaaaaagem...). Mas embora eu conste no catálogo da mostra como “roteirista”, já peguei o roteiro pronto, e só dei um tapinha. O mérito é todo do Caio. O filme é estrelado por Eriberto Leão, Nanda Costa e o grande Carlos Vereza e ainda há participações dos queridos Laerte Késsimos, Pedro Neschling e Bactéria.

Agora vou tentar não ver mais nada, nada, nada. Estou afogado de trabalhos aqui e não vou poder entrar devidamente no clima da Mostra. E a Mostra é assim. Ou você vê tudo, ou você não vê nada. Senão fica sempre aquela sensação de “estou perdendo algo muito importante...”





Para terminar, revi este final de semana (tx to Fábio), Bugcrush, curta dos mais creepies que já vi, e exatamente o tipo de coisa que eu queria ter escrito...

http://www.bugcrush.net/


22/10/2009

O AR SE ADENSA E SE ADENSA E NADA DESPENCA...

Eu e Marcelino, no mega palco do Sesc Campinas (cenografado por Manu Maltez).


Viagens sempre mexem comigo. Nos aeroportos, na rodoviária, assobiam meu nome e passam a mão na minha bunda.... É sempre sedutora e frágil essa posição de forasteiro. Eu gosto. Acho que fui feito para isso. Acho que cheguei lá. Acho que estou na idade, no físico e na situação financeira ideal para interpretar o típico forasteiro chegando num hotel, sabe? Apesar das tatuagens, um ser-humano-adulto-homem de verdade, que passa essa imagem de "estou fazendo algo muito importante" - o que quer que eu esteja fazendo - estou aqui a trabalho. Há poucos anos eu ainda me sentia desconfortável - como um adolescente que viajou escondido dos pais e não pode pagar a própria estadia, uma síndrome "Macaulay Culkin" (em "Esqueceram de Mim 2), ainda que tardia. Agora estou na idade de homem-adulto-fosteiro-confortável... Apesar das tatuagens.

Eu fui feito pra isso.

Ana Paula Maia e eu.

Os dois dias de debate-workshop no Sesc Campinas foram bacanas e intensos. Verdade que quase, quase fugi no último minuto, quando vi na rodoviária aquelas placas enormes no guichê de passagem escrito FLORIANÓPOLIS, mas resisti. Fui e voltei de Campinas, como um bom menino.


Leitoras lindas.


De certa forma, foi um evento literário bem diferente de qualquer outro que já fui. Senti que meu papel esperado lá era mais profissional e menos artístico, se é que as duas coisas realmente entram em conflito. Bem, para começar eu nem pude me vestir devidamente dândi, por causa do calor - haha - então ficou meu papel de semi-professor, numa semi-oficina onde conversei com os inscritos sobre a realidade do mercado literário: como publicar, como funciona a divulgação, distribuição, pagamento de direitos, traduções para o exterior, vendas de direitos, áreas de atuação, etc, etc. A conversa rendeu bem, esticamos além do horário... E eu vi que a coisa funcionou, apesar da minha inaptidão...

Sempre trevoso.

As duas mesas em que participei de noite também foram bastante "instrutivas", com Marcelino Freire apresentando minha obra e eu apresentando a obra de Ana Paula Maia. Pelo caráter do evento, ficou algo mais distante do "show", que ocorre algumas vezes, ficava claro que quem estava lá estava para ouvir de vida literária, embora não estivesse lá para ouvir sobre determinado escritor especificamente. E embora eu tenha encontrado leitores queridos (e fiéis), a maior parte era de curiosos, gente que se interessava por literatura em geral, e queria saber o que tínhamos a dizer. O que por um lado é bem bacana.
Mas acho que é sempre mais interesante encontrar os leitores que nos lêem...

E mais leitoras lindas.


Fora isso... Não deu muito tempo de sair em Campinas. Mas tomei três (ótimas) margaritas na noite de terça, em companhia de muitas (e lindas) meninas. Valeu.

Ana Paula serelepe.

Enfim... valeu bem o convite, sempre uma nova experiência, e não sei quanto ao Marcelino, não sei quanto à Ana Paula Maia , e pode parecer natural, contraditório ou complementar, mas quanto mais eu participo desses eventos, quanto mais viajo e discuto, quanto mais eu me divirto... mais eu sinto que a literatura está longe, aqui, trancada, me esperando em casa.

19/10/2009

"O HORROR, O HUMOR E O ESCRITOR"

(foto: Felipe Hellmeister)

"Pop, mórbido, humorado ou gótico, ele demonstra manejar habilmente uma qualidade que o destaca e o leva além da mera imagem."

Saiu este mês, na revista da Gol (isso da companhia aérea, por isso é especialmente legal, porque não se pode fugir; você está preso naquele tubo voador e precisa de alguma distração, editada pela Trip), um belo perfil meu de seis páginas, concentrado no último livro, com texto de Pedro Alexandre Sanches e fotos de Felipe Hellmeister (além de uma dúzia de fotos pessoais minhas, desde a infância).

Pedro Alexandre foi muito querido e generoso, tanto falando sobre o livro quanto falando sobre mim. Bom ver que ele entendeu a proposta e minhas intenções, tanto no terreno "pop", quanto no campo literário. E apesar de a matéria não ser uma "resenha" do livro, disserta sobre ele melhor do que quase tudo o que saiu até agora.

(Só tem um erro ao colocar este como meu quarto livro, mas eu mesmo já estou perdendo a conta... )

(foto: Felipe Hellmeister)



Tenho achado também um pouco contraditório essa questão toda de me colocar como "escritor pop". Eu assumo, venho trabalhando conscientemente nessa direção (de tentar unir o universo e as referências pop ao genuinamente literário nos meus livros), mas às vezes acho o termo meio paradoxal. Se é literatura, não pode ser pop, porque texto, leitura, e livros com alguma densidade não são exatamente populares...

Discuti isso inclusive numa entrevista recente para a Fashion TV (coisa que também é um pouco contraditória...)

As críticas em si sobre o livro novo têm sido mistas. Teve aquela na Folha, detonando o livro pelo que eu acho que são suas virtudes (definitivamente, Luis Augusto Fischer não entendeu o caráter alegórico e debochado da coisa...). Teve uma hiper elogiosa (apesar de curta), na Istoé; teve uma incrível do Eric Novello no Aquarrás; teve algumas regulares, e teve um punhado de cópias de releases e resumos do enredo sem expressar uma opinião clara.



De leitores tenho recebido coisas bem fofinhas, mas confesso que fiquei mais lisonjeado pelo telefonema da minha irmã mais velha, que está longe de ser fã dos meus livros e ficou bastante empolgada com esse.

Enfim, está tendo de tudo...


(Foto: Felipe Hellmeiser)

Acho essa divergência de opiniões positiva. O que me frusta mesmo é a crescente falta de opinião. Os cadernos literários minguando, as pessoas lendo cada vez menos...

E gente que continua falando "Prefiro Feriado de Mim Mesmo" - hahaha - um livro que escrevi em 20 dias (!), há seis anos...

(Mas eu entendo que "Feriado" é meu livro mais objetivo, menos subjetivo e menos pessoal - por mais que tenha forte relação com minha biografia, tem muito pouco do meu universo interno. Nesse ponto, O Prédio, o Tédio e o Menino Cego revela muito mais de quem eu sou e do que eu acredito.)



Enfim, punhetagens... Mas se te interessa meu ranking sobre meus próprios livros, eu colocaria assim:


1º - O Prédio, o Tédio e o Menino Cego
2º -
A Morte Sem Nome
3º - Mastigando Humanos
4º - Feriado de Mim Mesmo
5º -
Olívio

(Hum, então são cinco? Não esqueci de nenhum?)

18/10/2009

CORAÇÃO DE GEEK


Termina hoje (daqui a pouco-agora-já!) a 16a Fest Comix, uma feira de quadrinhos, games e camisetas para arrebentar cofrinhos (ops!) de geeks e nerds em geral.


Cheguei lá por acaso, passando na frente do Colégio São Luis, aqui do lado de casa, e não consegui mais sair. São revistas e mais revistas, ácaros e mais ácaros, além daqueles bonecos incríveis que teriam me tornado uma criança muito mais feliz se existissem quando eu era criança.

Cogitei levar só um Hulkzinho, um Sandman perdido, mas achei que se começasse a escolher um, não conseguiria mais parar de comprar. Além disso, eu tinha pilhas e pilhas de HQs do Hulk, Homem-aranha, X-men, e doei tudo quando saí da adolescência. Seria meio ridículo agora eu aos poucos começar a comprar tudo de volta (mas confesso que passei saudoso por várias e várias HQs e graphic novels que já foram minhas...).



Procurei a série Hellraiser, da Vertigo - da qual ainda tenho alguns números e que são bem melhores do que os filmes e do que os livros do Clive Barker em si - mas não achei e também fiquei com um certo medo de vasculhar com cuidado.


Achei algumas Fangorias jogadas por lá. E quase levei. Quase...

(Aos 15 anos de idade, cheguei a visitar a redação da Fangoria em Nova York. Achei que seria um paraíso à la Fest Comix, mas era uma redação como qualquer outra - com bons pôsteres na parede, ok - nem os números atrasados eu pude comprar lá. Só pude fazer uma encomenda para receber no Brasil.)


Voltei para casa meio nostálgico, meio amargurado, meio arrependido de não ter levado aquele Monstro do Pântano, aquela She-hulk... Mas agora já foi... Acabou... Fica para o próximo ano...


Haverá novas oportunidades para lamentar uma juventude que não é mais minha.


Para encerrar, a trilha do final de semana, bem a calhar. Cibo Mato:

13/10/2009

A MALDIÇÃO DAS OFICINAS

Semana que vem - terça e quarta, 20 e 21 - estarei no Sesc Campinas em dois projetinhos bem bacanas.

O primeiro foi convite do Marcelino Freire para participar do "Versões," encontro em que um escritor apresenta outro, fala sobre sua obra e faz uma espécie de "entrevista aberta."

Marcelino Freire escolheu a mim, e nosso bate-papo se dará na terça (20), às 20h.

No dia seguinte, no mesmo horário, é vez de eu escolher um autor e fazer um bate-papo com ele. Minha escolhida é Ana Paula Maia, grande escritora carioca que também estará lá. Acabei de ler o terceiro livro dela, Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos, reunião de duas novelas que são muito, muito, muito boas, divertidas e matadoras. Ana Paula explora o universo dos marginais, suburbanos, aqueles que vivem de moer os ossos e recolher o lixo dos outros. Seus diálogos são ótimos, seus personagens são ótimos, ela faz uma ótima apropriação do kitsch e dos clichês no que pode ser chamado de neo-pulp. Se o Brasil de fato tivesse uma indústria cultural, ela já estaria com seu direitos para cinema e TV todos vendidos.

O bate-papo com Ana Paula Maia é quarta, 21/10, 20h.

E no meio disso... como não querem que eu fique batendo perna em Campinas... Tem a OFICINA DA MALDIÇÃO.

Isso, pediram que eu desse uma oficina lá no Sesc Campinas. E como não acredito em oficinas, cogitei recusar o convite, o encontro com Marcelino, com a Ana Paula, botar tudo a perder. Mas daí fiquei pensando no que me incomodava tanto essas oficinas literárias e a conclusão foi que... eu não vejo sentido. Quero dizer, não vejo sentido em ninguém escrever, a não ser que seja inevitável. Então se a pessoa não tem jeito, não consegue escrever e acha que precisa trocar o óleo, é melhor procurar mesmo outra coisa. Para que fazer oficina para algo que deveria ser uma maldição em sua vida?

Então resolvi discutir isso mesmo. Minha "oficina" será isso, uma discussão sobre esses processos de escrita e, principalmente, sobre as questões práticas que todo mundo quer saber: como publicar, como registrar meu livro, quanto ganha um autor, se as editoras lêem os originais, como são feitas as resenhas, distribuição, a importância ou não do agente, concursos literários, publicação no exterior, prêmios literários, etc, etc.

Assim, eu não preciso tentar ensinar ninguém a escrever, apenas dou a realidade do mercado (como autor, tradutor, parecerista e resenhista) para que VOCÊ reflita se quer mesmo atiçar a maldição.

(Falando nisso, é frustrante ver que, quanto mais eu publico, mais lanço livro e divulgo, mais chovem emails na minha caixa postal - e agora Facebook - de gente querendo que eu leia livros, dê minha opinião e indique editoras. Parece que a gente publica livros não para conquistar leitores, e sim atrair outros escritores. E isso porque já tenho de ler pilhas e pilhas de livros como trabalho - sim leitura crítica é um trabalho e as editoras pagam por isso. E ainda tenho de tirar o atraso de tantos clássicos... E ainda tenho de ler os livros de AMIGOS... Não consigo MESMO.)

(Ufa, falei!)

(É uma batalha sangrenta, eu sei.)

Bem, a OFICINA DA MALDIÇÃO (nome bobo...) acontece dia 21/10, às 14h no Sesc Campinas.

E em novembro tem uma porrada de coisas: debate na Satyrianas, mesa minha em Recife na Freeporto (não confundir com Fliporto), uma outra "oficina" de uma semana na Venezuela e a Balada Literária aqui em São Paulo, onde eu estarei mediando um bate-papo com um dos maiores escritores do universo.

Stay tuned.

11/10/2009

PRATO DO DIA

Marreco Imperialista com farofa de pão, arroz e couve (que Fábio batizou de "Marreco do Tio Sam" [ou San?]) O melhor prato que já fiz. O segredo: deixar marinando um dia em... Coca-cola. Receita minha, claro.
A trilha sonora do feriado é...


10/10/2009

LET'S CHASE THE DRAGON


So young..

...and so gone.

08/10/2009

ROMANCINHO FÚNEBRE

Deixa Ela Entrar

Confesso que me decepcionei. Tanto foi dito do filme sueco "Deixa Ela Entrar" (que passou numa porrada de mostras e finalmente estreou esta semana em SP) que esperava bem mais, ao menos uma novidade.

O filme é muito do que se viu por aí, mas com um ritmo truncado e um tom bem piegas, apesar de algumas boas idéias.




É um romancinho pré-púbere, de um menino solitário e perseguido pelos valentões da escola, que se apaixona por uma vampirinha. Daí você já pode imaginar quase tudo o que vai acontecer.

O filme tem o mérito de investir em algumas cenas de real violência, embora não seja em nenhum momento um filme de "medo". O foco central mesmo é o romance dos dois, a descoberta do amor, o despertar da masculinidade, blablablá, de maneira bem melosa, às vezes pretensamente artística (afinal, é um filme sueco) e abusando da beleza nórdica etérea do protagonista em contraste com a esquisitice latina-vampírica de sua amada dentuça. Tudo beeeeem artificial e pretensioso.

O saldo final até que é um filme bem bonitinho. Não chega a ser um crepúsculo mirim. Mas está longe de justificar o hype - não é um bom filme de arte nem um bom filme de terror.

Agora... se você quer se preparar para uma bomba mesmo, prepara-se para o REMAKE DE A HORA DO PESADELO, que já está com trailer no Youtube.

Para começar... Veja o visual do novo Freddy Krueger (que não será feito pelo Robert Englund):


Uma coisa meio Labirinto do Fauno? Isso não é bom.

E clique aí embaixo para ver o trailer e começar a ter pesadelos...



04/10/2009

UM ESCRITOR, UMA PRODUTORA E UM JORNALISTA SE ENCONTRAM NUMA ESQUINA...


Fábio e eu, no drinque de domingo à noite ("Agora estou aqui, estudando as possibilidades, pacientemente, numa batida de maracujá. Vendo o mar ir e voltar, esperando você. Nós dois moramos no mesmo prédio, mas você nunca está em casa. Nós dois olhamos para a mesma praia, mas você faz parte dela. Nós dois queimamos sob o mesmo sol, mas você nem sente. Antigamente... " do meu conto Mar Negro)

Como é bom poder ver peças de amigos e realmente gostar. Neste domingo fui ver o querido André Coelho em "Henfil Já", uma montagem clownesca divertidíssima dos textos do Henfil. Previsível dizer que continuam hiper atuais - a censura sendo subtituída (ou revestida?) hoje pela "crise de conteúdo". Mas papo militante à parte, é uma peça realmente divertida e muito gostosa de se ver pela afinação dos três (ótimos) atores.


Serviço: "Henfil Já" - Rua Jaceguai 400, horários aí em cima. O ingresso é dez reais (inteira) e ainda tem um esquema de poder pagar com uma lata de leite. Checa lá.


Falando em crise de conteúdo, crise de mercado e o caralho, dia desses estava conversando sobre isso aqui no "baixo augusta". Encontrei um amigo jornalista numa esquina e estava comentando como tenho dado mais entrevistas e falado mais sobre meu próprio livro do que lido respostas da "crítica". Parece que hoje os jornalistas recebem o livro, não lêem e me procuram para que eu mesmo fale "o que pretendia com isso." O que é bastante frustrante para quem já passou três anos trabalhando no texto, e agora preferiria receber respostas.

E ele comentava como não existe mais mercado, como não há mais opinião, nem espaço para crítica, que tudo é volátil e baseado em eventos e entradas no Twitter.

Não é a toa que esse meu último lançamento foi o mais badalado, o mais noticiado, mais coberto por colunas sociais, mas se encerra por aí.

E conversando com esse jornalista na rua, chegou uma amiga produtora musical, depois um amigo ator, e fui apresentando um ao outro, e fomos formando uma roda de lamentações pela rua, os tópicos se repetindo, as impressões se reafirmando, a crise do conteúdo, o fim do mercado, e quando eu vi já era quase dez horas da noite e eu tive de correr porque o mercado ia fechar mesmo e eu precisava ainda comprar cogumelos para um estrogonofe...

(suspiro)

Enfim, tudo remete ao que eu disse naquele post do Cauby, alguns "centímetros" abaixo, e tudo se encaixa. Principalmente agora que traduzo uma biografia do Bowie, e percebo como tudo começou, nos anos 60, com o surgimento da cultura pop, a arte como bem de consumo e a sedimentação do mercado cultural, que agora acaba...

O título deste post sugere algo como uma fábula. Mas ainda estou pensando em qual é a lição de moral.

(Ps - sorry pela falta de chá-chá-chá por aqui ultimamente. Tenho trabalhado horrores - tudo intensamente baseado em conteúdo, tradução e avaliação de livros - e tenho me sentido bem desprendido da realidade do nosso dia-a-dia.)

NESTE SÁBADO!