30/04/2011

A NATUREZA QUE ME MASTURBA

Da Barra ao Campeche, de bike.




Voltei, mas não voltei. Tenho vivido mais na estrada, basicamente porque nada me prende, não tenho razão para ficar em lugar nenhum e ainda não achei meu lugar neste mundo...

Oh!

Sei que eu deveria me concentrar mais em São Paulo, mas não sei muito o que fazer por lá, não tenho o que fazer por lá e minha presença não é requisitada. Cheguei aqui em Florianópolis na quinta, debaixo de chuva e frio e me arrependi um pouco de ter vindo. Devia me concentrar mais em São Paulo, preciso procurar apartamento, tentar fortalecer laços... Mas logo passou.




Sexta fez um dia lindo de sol, eu pedalei da Barra da Lagoa (tendo de empurrar a bicicleta por dois morros) até o Campeche, tomei o melhor acaí do mundo e voltei. Isso já fez a viagem valer a pena. A natureza que me masturba. Vista linda que me faz companhia...

Açaí perfeito no Campeche, que uma menina linda me preparou. Numa realidade alternativa, eu me casei com ela e tivemos filhinhos caiçaras escorrendo para o mar.



Pensei em voltar e ficar por aqui de vez. Comprar uma casinha. Pensei... Ainda não desisti, mas praticamente. A verdade é que a vida de praia me é mais sedutora porque não me pertence, porque é passageira e não me basta, e se eu tivesse apenas isso seria uma condenação. Acho que a solução é essa mesmo, poder vir e poder voltar. Ter São Paulo como base - São Paulo que é minha verdadeira raíz, e que eu rejeito para não me enraizar - e poder ir para onde eu quiser: Florianópolis, Palmas, Porto Alegre, Helsinque...



Ou talvez um dia eu encontre meu verdadeiro lugar.

(Me lembrei de Adriana Calcanhotto: Onde, longe, Londres, Lisboa, ou na minha cama...)



Aqui a Barrinha continua a mesma, enraizada, ninguém nem percebeu que eu fui embora porque eu não conheço praticamente ninguém - Lembro quando ouvi os depoimentos dos vizinhos do atirador do Realengo - "Ele era um rapaz quieto, sempre caminhando sozinho, de cabeça baixa" - poderiam estar falando de mim...




Hoje, sábado, o dia amanheceu bonito, eu tentei mergulhar mas a água estava turva, tentei fazer kite mas o vento estava meia boca, comi um peixe na praia mas estava um pouco salgado demais. De tarde choveu, eu trabalhei, li e dormi.



A natureza às vezes também me broxa.

Só o uniforme, sem super-poderes.


Ontem fui prestigiar o "cinema catarinense", na estreia de "A Antropóloga" (de Zeca Pires), que tem o querido Pedro Pitta no elenco. É praticamente um filme de terror passado aqui em Florianópolis, na Costa da Lagoa, lugar lindo acessível só de barco. De repente vou lá amanhã, ver a natureza assombrada.

Volto para São Paulo na terça.

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...