25/11/2005

SENTADO NA SARJETA, OLHANDO AS ESTRELAS

Está todo mundo falando bem deles, então vou ser só mais um.

Comprei o cd do Cansei de Ser Sexy. Só o nome dessa banda eu já acho genial. Ótimo. E o cd é ótimo também. Um rock com influências pesadas de elektro e technopop dos anos 80. Isso não faz com que seja exatamente um cd de elektrorock; elektro costuma ser mais simples, mais cru (tipo Peaches, Miss Kitten), e o Cansei de Ser Sexy tem uma produção mais elaborada, timbres complexos, nada daquela tosqueira.

As letras são divertidas, a maioria em inglês (com sotaque carregado, mas quem tem problema com sotaque não deveria escutar nem Björk) e alguns trechos, gírias e expressões em português, direto do "mundinho underground". Aliás, é legal ver como o Cansei vai além do seu berço underground e consegue conciliar isso com um puro pop mainstream, para ser tocado em rádio. É raro o povo hypado do mundinho paulistano ter um trabalho minimamente consistente (bem, é raro esse povo ter um "trabalho", pra começo de conversa). Então eles têm mais um motivo para se vangloriar.

Cheguei a vê-los ao vivo uma vez só, ano passado, na Galeria Olido. Gostei do show. (A vocalista) Lovefoxxx tem uma presença incrível de palco, parece uma criança de sete anos anfetaminada. E eles mandam bem, entregam o que propõem.

Quem cuida de tudo é o Adriano Cintra (baterista, produtor, guitarrista e compositor), um cara que está há anos na cena rock alternativa, e que eu conheço desde os tempos em que eu tocava teclado no Viva Violet (faz teeeempo). Nunca fomos próximos, mas ele sempre foi um sujeito simpático. Então fico feliz pelo sucesso deles.

As melhores faixas do álbum, na minha opinião são "Fuckoff Is Not the Only Thing You Have to Show" (que abre o disco com tecladinhos Depeche Mode), "Let’s Make Love and Listen Death From Above" (com uma pegada hiphop), "Alcohol" (que parece trilha de parque de diversões), "Music is My Hot Sex" (que lembra glam rock, tipo Joan Jet ou Gary Glitter) e o hit "Superafim" ("superafim, superafim, superafim de mim"). E eles ainda terminam com uma baladinha country.

O único porém é que o álbum tem faixas demais, apesar de ser curto na duração, e acaba ficando um pouco cansativo de ser escutado inteiro de uma vez só. Mas tá valendo. Eu daria uma nota 8.

E ontem fui no lançamento do livro "Contos Sobre Tela", onde uma pá de escritores da "nova geração" escreve contos baseados em quadros da arte brasileira. Eu ainda não li, mas os autores são fodões, tipo Nelson de Oliveira, Cuenca, Carpinejar, Ivana Arruda Leite e Ana Paula Maia (que dedicou seu conto a mim).

Pois é, a resistência prossegue, a nova literatura vai esticando seus tentáculos e os imortais pouco a pouco vão morrendo.

NESTE SÁBADO!