Gostei bem de “Ensaio Sobre a Cegueira”. Achei bonito, meio insano, embora tenha algumas coisas que me incomodem.
Não tinha lido o livro. Mas acho que a idéia básica é algo bem arquetípico, o confronto da teoria do bom selvagem. Tira-se um pilar de organização da nossa sociedade (no caso, a visão) e qual se torna a nova configuração? Repetem-se as estruturas de poder, de dominação? Ou a sociedade tem uma nova chance de corrigir seus erros e se tornar mais humana?
Essa discussão está presente em livros como “O Senhor das Moscas” (com crianças perdidas numa ilha deserta, organizando sua hierarquia), “A Revolução dos Bichos” (com os animais repetindo estruturas humanas de poder) e até nos bons filmes de zumbi. Aliás, “Ensaio Sobre a Cegueira” me lembrou bem filmes como “Extermínio” e “Madrugada dos Mortos”, não só pela formação dos grupos, a visão apocalíptica das cidades, mas pela própria animalização do homem. Os cegos de Fernando Meirelles são uma espécie de zumbis.
Também me lembrou do último Shyamalan, “Fim dos Tempos”, principalmente no desenvolvimento progressivo do apocalipse, e na sua regressão repentina. Mas o filme do Shymalan é uma bomba, risível de tão caricatural.
Aliás, o que me incomoda no filme de Meirelles também são algumas atuações, ou talvez a direção de atores. Fica num registro absurdo um pouco bizarro... bizarro talvez no questionável, questionável talvez por não ser inteiramente sério, mas também passar longe da sátira. De qualquer forma, é um filme bem forte, bonito, que cutuca e incomoda.
Saímos do cinema eu, Fábio e meu amigo Charly Braun, todos meio como zumbis, tateando perdidos pelo shopping fechado.
Agora quero ver o remake de “Funny Games”. Mas revi a versão original há poucas semanas, daí me deu preguiça (principalmente por saber que é uma refilmagem quadro a quadro).
As novidades em geral na minha vida estão escassas. Ando bem trancado em casa, fazendo leitura crítica para algumas editoras, terminando a tradução de um juvenil, formatando projetos paralelos. Minha vida literária anda bem burocrática – revendo contratos, fechando propostas, revisando textos antigos. Quando eu puder dar novidades do livro novo, dou aqui. Por enquanto, tem vários contos saindo em antologias mundo a fora, e eu até tenho me perdido no que já foi publicado.
Esta semana recebi a antologia lançada em portugal pela Pitanga, de micro-contos de autores de língua portuguesa. Embora eu seja meio avesso a esse formato, meu conto acabou sendo o mais micro da antologia: “Esqueça a poesia, chame a polícia.” (só isso, esse é o conto). Acho que eu pensei que havia uma limitação de caracteres e me baseei no mínimo. Mas há coisas de um parágrafo, dois parágrafos na antologia. E autores bacanas.
Não tinha lido o livro. Mas acho que a idéia básica é algo bem arquetípico, o confronto da teoria do bom selvagem. Tira-se um pilar de organização da nossa sociedade (no caso, a visão) e qual se torna a nova configuração? Repetem-se as estruturas de poder, de dominação? Ou a sociedade tem uma nova chance de corrigir seus erros e se tornar mais humana?
Essa discussão está presente em livros como “O Senhor das Moscas” (com crianças perdidas numa ilha deserta, organizando sua hierarquia), “A Revolução dos Bichos” (com os animais repetindo estruturas humanas de poder) e até nos bons filmes de zumbi. Aliás, “Ensaio Sobre a Cegueira” me lembrou bem filmes como “Extermínio” e “Madrugada dos Mortos”, não só pela formação dos grupos, a visão apocalíptica das cidades, mas pela própria animalização do homem. Os cegos de Fernando Meirelles são uma espécie de zumbis.
Também me lembrou do último Shyamalan, “Fim dos Tempos”, principalmente no desenvolvimento progressivo do apocalipse, e na sua regressão repentina. Mas o filme do Shymalan é uma bomba, risível de tão caricatural.
Aliás, o que me incomoda no filme de Meirelles também são algumas atuações, ou talvez a direção de atores. Fica num registro absurdo um pouco bizarro... bizarro talvez no questionável, questionável talvez por não ser inteiramente sério, mas também passar longe da sátira. De qualquer forma, é um filme bem forte, bonito, que cutuca e incomoda.
Saímos do cinema eu, Fábio e meu amigo Charly Braun, todos meio como zumbis, tateando perdidos pelo shopping fechado.
Agora quero ver o remake de “Funny Games”. Mas revi a versão original há poucas semanas, daí me deu preguiça (principalmente por saber que é uma refilmagem quadro a quadro).
As novidades em geral na minha vida estão escassas. Ando bem trancado em casa, fazendo leitura crítica para algumas editoras, terminando a tradução de um juvenil, formatando projetos paralelos. Minha vida literária anda bem burocrática – revendo contratos, fechando propostas, revisando textos antigos. Quando eu puder dar novidades do livro novo, dou aqui. Por enquanto, tem vários contos saindo em antologias mundo a fora, e eu até tenho me perdido no que já foi publicado.
Esta semana recebi a antologia lançada em portugal pela Pitanga, de micro-contos de autores de língua portuguesa. Embora eu seja meio avesso a esse formato, meu conto acabou sendo o mais micro da antologia: “Esqueça a poesia, chame a polícia.” (só isso, esse é o conto). Acho que eu pensei que havia uma limitação de caracteres e me baseei no mínimo. Mas há coisas de um parágrafo, dois parágrafos na antologia. E autores bacanas.
Ah...
Tenho pensado mesmo que a “paz é melhor do que a felicidade”, embora esse seja um pensamento meio melancólico, talvez até depressivo. Nesta semana, entrevistei uma “celebridade” para uma revista, e fiquei com inveja de mim mesmo, neste frio, com a possibilidade de viver trancado em casa, trabalhando escondido.
Não quero mais ter vontades...
Sinto-me como a formiga no inverno. Mas sei que quando o verão voltar, vou querer é ser cigarra...