Momento “eu sou rica! Rica!”
Estou tentando me conter. Faço uma viagem de 40 dias pelos países mais caros do mundo, então não dá para despirocar e baixar a Carolina Ferraz das compras e dos champagnes.
Mas dá pra ser feliz.
A linda Estocolmo.
Comparando com países que estive recentemente, como Alemanha e Espanha, é impressionante ver como o Brasil está caro... ou ao menos São Paulo. Até a Dinamarca, onde meu orçamento já começou a cambalear, está praticamente pau-a-pau com SP. Isso é que é viver num país emergente...
Mas chegando à Suécia, a coisa muda.
"Eu sou rica!"
País caro pra caralho. Caro-caro. Tentei trocar meus euros (por coroas suecas) em migalhas, porque só ia passar um dia lá, mas acabei apelando para cartão de crédito, de débito e para o calçadão.
Até agora tenho dado sorte nos hotéis. Conseguido quartos incríveis (como em Berlim) por preços razoáveis. Hotel na Europa não é barato, e eu já viajei de mochilão por aqui, dividindo quarto em albergue, agora não tenho mais idade pra isso. Para Estocolmo, não tinha conseguido reservar nada. Apelei para um “Bed & Breakfast”, mas acabei não achando o endereço e me vi rodando a cidade perdido, com uma mochila nas costas e uma mala pesada nas rodinhas.
Acabei entrando num hotelzinho antigo, três estrelas, que vi pela frente. Delícia. A recepcionista era uma velhinha fofíssima, me fez um belo desconto e me levou para um quarto enorme. Não paguei barato, mas valeu. (Quando eu terminar a viagem, faço um post de serviços, com nomes e preços de hotéis, ok?)
Minha vó sueca.
Vivendo o sonho do turista burguês, resolvi gastar também num restaurante, pedindo uma especialidade sueca: língua de rena com gelatina de raízes. A melhor língua de rena que eu já comi... hohoho. A carne era uma maciez só, parecia um filé... de língua de rena.
A garçonete: “Are you enjoying your meal, sir?”
Eu: “It tastes like I´m kissing a reindeer... in a good way.”
Beijo de língua no Rudolph.
Depois do jantar, baladinha gay. E toma os preços mais caros que já vi na vida. Tipo dose de vodca por 50 reais (e dose sueca, não aquelas doses da Loca em que a Arethusa vira a garrafa no seu copo olhando para o horizonte.) Assim fica difícil ser feliz.
Mas os meninos eram bem bonitos, o lugar era bonito e o som era bacana. Pena que fechava às 3h, pelas leis de Estocolmo.
Quando voltei pro hotel, a velhinha estava acordada, e veio correndo atrás de mim. “Sir, sir, have you decided which tea would you like for breakfast?”
Dez horas da manhã uma camareira entrou com uma bandeja, me servindo o café da manhã no quarto.
Ricaaaaaa! (a jaquetinha Jacko não foi uma boa escolha para o navio, me confundiram com membros da tripulação.)
Agora estou no navio para a Finlândia - passo os próximos 9 dias lá. Embarquei quatro da tarde, o navio chega em Helsinque dez da manhã. É um navio enorme, com cassino, boate, restaurantes e lojas Tax Free. Peguei uma cabine individual por... 65 euros, veja só. Achei bem razoável. Dá para continuar vivendo a Carolina.
Minha cabine tem mais três camas-beliche vazias... Preciso arrumar algum náufrago urgente.
E sexta na Dinamarca...
O final de semana na Suécia foi gostoso. Terceira vez que venho pra cá, na verdade (porque é o melhor ponto de partida para a Finlândia). Estocolmo é uma cidade linda, moderna, cheia de turistas e gente descolada. Talvez por isso ainda prefira Helsinque e Copenhague. A capital da Dinamarca é bem mais tranquila, mais provinciana, porém mais acolhedora, mais gostosa, gente mais simpática e queridinha.
E mais pé na jaca.
Os amiguinhos e os manequins.
Sexta passada em Copenhague tive uma noite ótima, encontrando os amigos que fiz durante a semana, vendo os adolescentes vomitando pelas ruas. Aqueles cenários tão escandinavos, lotado de gente surtada. Num determinado momento, vi um loirinho tão bonitinho, quase desmaiado na calçada; corri ao 7 Eleven, comprei uma água, uma coca e um chocolate, voltei e o sacudi.
Eu: “Drink it. It´s not gonna kill you.”
Ele abriu um sorriso bêbado: “Thank you. You not kill me,” e bebeu.
Vou pedir um desses de Natal...
O navio.
(pensando bem... já ganhei um assim. E quebrei.)
Minha cabine.
Fiquei com uma vontade de abrir essa porta para ver os cavalos... Mas daí lembrei daquela cena de "O Chamado," e a Samara em mim resolveu deixar quieto.
De noite, a petizada canta no Karaokê.
À bordo, neste exato instante.