19/12/2011

...E A RETROSPECTIVA PESSOAL

Cheguei ao topo em 2011... ao menos ao topo do globo.

2011 foi um ano... intenso, sem dúvida. Vendo assim, de fora, de cima, pelo blog, poderia facilmente passar como o melhor ano da minha vida - teve vários momentos grandiosos - mas ainda acho que 2010 foi melhor. Este ano também trouxe muito estresse, algumas experiências pesadas e uma sensação generalizada de "inferno astral" (ou "crise existencial") que ainda não passou.

Saí de Floripa porque não tinha mais o que fazer lá, voltei pra São Paulo sem conseguir me reencaixar, vim pra Finlândia meio tentando descobrir um novo rumo, e ainda não sei...

Tudo isso foi possível graças a umas boladas de dinheiro, mas profissionalmente falando o ano foi uma merda. As traduções foram regulares, pagando mal, e só. Pouquíssimas oportunidades, pouquíssimos convites, pouquíssimos eventos literários. PORNOFANTASMA teve uma ótima aceitação em geral, mas numa escala de repercussão infinitamente menor do que em livros como Mastigando Humanos e Feriado de Mim Mesmo. Tudo bem que livro de contos em geral têm menos prestígio, mas é tão frustrante sentir aos 34 anos que não há mais para onde crescer profissionalmente. Lançar "mais um" livro (que as pessoas vêem mesmo como "mais um")? Não acho que o que eu tenho a dizer interesse às massas, nem ao povinho literato. Talvez interesse a VOCÊ, se você está aqui, mas você já está aqui, como eu disse, não há mais muito a conquistar. Continuar com uma fila de traduções para pagar as contas? Tudo tem me parecido bem sem sentido, e eu tenho apenas me esforçado para aproveitar a vida - em grande estilo, é verdade, e desesperadamente - sem uma real função neste planeta.

Enfim, ISSO é o que se pode chamar de crise existencial. Ou "crise do existencialismo bizarro", para ficar (como sempre) no meu universo pessoal.

Mas, depois do desabafo, vamos à vida que aproveitei em 2011...

Virando para 2011 com Strausser e Simone.

Foi um longo verão em Floripa, de novembro (2010, quando voltei do Japão) até abril. Lá dava para aproveitar a vida sem pensar, mas não poderia durar para sempre...

Curso de scuba dive no começo do ano.

Se tem uma coisa de que me orgulho nesta vida é ter aproveitado cada fase e cada oportunidade ao máximo. Foi com esse espírito que vivi como "garoto de praia", em um ano que passei em Florianópolis. Além do curso de scuba, pratiquei kite surf, pulei de parapente e explorei grande parte da ilha de bicicleta. Florianópolis permanece no meu coração como "lugar que mais amo no planeta", embora seja um amor não correspondido.

Carnaval eu ainda estava lá (com Renatinha Simões e Cris Lisbôa).


Depois que voltei a São Paulo... saí de São Paulo. Viajei bastante, principalmente a lazer. E visitar minha irmã Nina no Tocantins, em abril, foi das grandes viagens do ano.

Deixando as piranhas roerem nossas unhas.


E o lançamento/aniversário.

O lançamento de PORNOFANTASMA em maio foi carinhoso, pelos queridos que souberam que era meu aniversário e me deram lindos presentes, mas esteve longe de ser um grande evento. E não largo o rancor pela falta de força de amigos cujos espetáculos, discos, livros, shows, peças, carreiras e o caralho (principalmente), eu divulgo incessantemente por aqui e pelo FB - sou uma pessoa rancorosa, eu sei.

Com Ana Paula Maia.

Em junho teve debate com Ana Paula Maia em BH, foi um evento muito bacana e bem organizado, e finalmente uma oportunidade de conhecer a capital mineira.


Com Ivana Arruda Leite.


Teve também um debate com Ivana Arruda Leite no Festival do Conto de Jaraguá do Sul, outra viagem delícia. E foi só, os dois únicos eventos literários de que participei no Brasil.

E de novo com o Gordo.

Teve também minha quarta entrevista no Programa do Jô. Ele sempre dá força para meus lançamentos, sei que é ele pessoalmente quem faz questão de me convidar, e o espaço que ele me deu desta vez, numa entrevista de quase meia hora, em que falei bastante do PORNOFANTASMA, não tem preço. Sinto amoooor.


"Feriado de Mim Mesmo", a peça.

A estreia, em agosto, no Rio, do espetáculo teatral "Feriado de Mim Mesmo", dirigido pelo Fabiano de Freitas, foi uma ótima surpresa. Só fui conferir mesmo na estreia e achei lindo-lindo; muito fiel ao texto, mas ao mesmo tempo com uma montagem original, essencialmente teatral. Espero que no próximo ano a peça viaje e vá a São Paulo.


Com Moreno Veloso e João Gilberto Noll.

Em setembro estive no FILBA, Festival Literário de Buenos Aires. Minha mesa com o Noll e o Moreno foi bacana, e ainda participei de uma segunda. Mas o melhor de voltar à Argentina foi rever minha querida amiga Romina.

Apresentando minha obra em Frankfurt.

Em outubro teve as duas datas de apresentação da minha obra na Alemanha, que me trouxeram de volta para a Europa. Minha carreira internacional engatinha com a participação em algumas antologias e os direitos de romances vendidos para alguns países. Mas é bem complicado vender um "escritor brasileiro" que não trata especificamente de "temas brasileiros." Talvez eu devesse passar a próxima temporada numa favela carioca?


Ou me perder de vez na Rússia?

Conheci três países novos em 2011: Estônia, Noruega e Rússia. A Rússia virou outra paixão (não-correspondida) e pude voltar neste final de semana. Provavelmente o próximo país novo na minha lista será a Hungria, no começo do próximo ano. Andei pesquisando a Islândia também, mas as passagens (daqui de Helsinque) são mais caras. Acho que, além desses, os países que agora eu mais quero conhecer são a Austrália e a Armênia, mas não será tão cedo...


Fechando o ano com chave de ouro, com Suede, em São Petersburgo.

Planos para 2012? Sinceramente, não sei. Estou com este apartamento em Helsinque, traduzindo, escrevendo e queimando economias. Devo voltar ao Brasil em março, mas não sei muito para quê - você pode ir pensando numa boa proposta para me fazer. Tem o Garotos Malditos, meu livro para adolescentes contemplado com o Petrobrás Cultural, que está entregue e deve sair no segundo semestre - mas ainda que escrever seja uma delícia, há muito eu sei como é frustrante publicar, ainda mais um livro juvenil.

De qualquer forma, ainda há muito a fazer, ainda há muito a fazer. Estou pensando em criar renas, ou virar canibal, transexual performático, ou apicultor vivendo só de mel. Sim, ainda há muito a fazer, ainda há muito a fazer...


Entre o mar, uma ciclovia e o cemitério.

NESTE SÁBADO!