EMO FAZ, EMO MOSTRA.
Ontem teve show do cantor britânico Patrick Wolf aqui em Helsinque. Gostava do álbum "Magic Position", mas há muito tempo que não acompanhava a carreira dele, não me empolgava; cheguei até a recusar quando me pediram para que o entrevistasse no Brasil, porque estava com muito trabalho (e o cachê era fraco...).
Mas achei que o show dele aqui seria um bom programa, uma forma também de conhecer o lendário clube "Tavastia" e a galerinha "indie" local. Convidei amigos, amigas, rolos, ficantes, ninguém quis ir. Estou acostumado a fazer essas coisas sozinho (bom... estou acostumado a fazer TUDO sozinho), então vamos lá.
Antes de o show começar, comecei a pensar que estava num show do Restart. Adolescentes e mais adolescentes de cabelos coloridos, muito mais meninas do que meninos, poucos gays (apesar do cantor ser assumido); uma petizada que se espremia no hall do Tavastia, enquanto Patrick Wolf ainda passava o som no palco lá dentro.
"É um cantor emo," caiu a minha ficha. Tudo fez sentido. Dessa nova geração, "de emos coloridos", mas um cantor emo, choroso, sentimental, bonitinho. Tudo bem, eu mesmo até simpatizo com o Restart; o show ainda pode ser divertido...
Patrick na harpa...
E Patrick é tudo isso, emo, choroso, sentimental, bonitinho (ok, mais ou menos) e muito mais. Bem, bem mais talentoso do que eu pensava, na verdade. Não acho a voz dele das mais agradáveis, mas ele tem voz, canta (e muito) e não só isso. No palco, toca piano, harpa, viola, violão, ukelele... é um músico de verdade. Todas as músicas tem um arranjos de cordas, para o repertório parecer mais sofisticado, mas é bem mais pop e não tão elaborado como o de outros cantores de "chamber pop", como Antony Hegarty e Rufus Wainwright, mas Patrick Wolf se encaixa melhor do que esses no quesito "músico completo."
Não só nossos emos, mas principalmente nossos "jovens cantores revelação da MPB" têm muito a aprender...
A comunicação dele com a plateia foi zero. "Good evening Helsinki", "Thank you" e "Happy independence day" foram as únicas frases que ele disse, além de apresentar a banda de cinco integrantes. Mas se encaixa no personagem de "sentimental introspectivo" e é perdoável, quando musicalmente tudo é tão bem executado.
Grande parte das canções foi do último álbum, "Lupercalia", que eu não conhecia, mas já comprei e é ótimo. Ele tem ficado melhor a cada disco, na real.
O show acabou quase meia noite, e voltei sozinho para casa, chorando, na neve - quase com um orgulho emo, não estivesse eu velhinho para isso, fosse eu um pouco mais colorido, e meu cabelo não estivesse tão comprido...
Fotinho de banheiro no Tavastia.
Set List