07/12/2011

EMO FAZ, EMO MOSTRA.

Patrick Wolf: É, os emos deles são mais talentosos do que os nossos...


Ontem teve show do cantor britânico Patrick Wolf aqui em Helsinque. Gostava do álbum "Magic Position", mas há muito tempo que não acompanhava a carreira dele, não me empolgava; cheguei até a recusar quando me pediram para que o entrevistasse no Brasil, porque estava com muito trabalho (e o cachê era fraco...).

Mas achei que o show dele aqui seria um bom programa, uma forma também de conhecer o lendário clube "Tavastia" e a galerinha "indie" local. Convidei amigos, amigas, rolos, ficantes, ninguém quis ir. Estou acostumado a fazer essas coisas sozinho (bom... estou acostumado a fazer TUDO sozinho), então vamos lá.

Antes de o show começar, comecei a pensar que estava num show do Restart. Adolescentes e mais adolescentes de cabelos coloridos, muito mais meninas do que meninos, poucos gays (apesar do cantor ser assumido); uma petizada que se espremia no hall do Tavastia, enquanto Patrick Wolf ainda passava o som no palco lá dentro.

"É um cantor emo," caiu a minha ficha. Tudo fez sentido. Dessa nova geração, "de emos coloridos", mas um cantor emo, choroso, sentimental, bonitinho. Tudo bem, eu mesmo até simpatizo com o Restart; o show ainda pode ser divertido...

Patrick na harpa...


E Patrick é tudo isso, emo, choroso, sentimental, bonitinho (ok, mais ou menos) e muito mais. Bem, bem mais talentoso do que eu pensava, na verdade. Não acho a voz dele das mais agradáveis, mas ele tem voz, canta (e muito) e não só isso. No palco, toca piano, harpa, viola, violão, ukelele... é um músico de verdade. Todas as músicas tem um arranjos de cordas, para o repertório parecer mais sofisticado, mas é bem mais pop e não tão elaborado como o de outros cantores de "chamber pop", como Antony Hegarty e Rufus Wainwright, mas Patrick Wolf se encaixa melhor do que esses no quesito "músico completo."

Não só nossos emos, mas principalmente nossos "jovens cantores revelação da MPB" têm muito a aprender...

A comunicação dele com a plateia foi zero. "Good evening Helsinki", "Thank you" e "Happy independence day" foram as únicas frases que ele disse, além de apresentar a banda de cinco integrantes. Mas se encaixa no personagem de "sentimental introspectivo" e é perdoável, quando musicalmente tudo é tão bem executado.

Grande parte das canções foi do último álbum, "Lupercalia", que eu não conhecia, mas já comprei e é ótimo. Ele tem ficado melhor a cada disco, na real.

O show acabou quase meia noite, e voltei sozinho para casa, chorando, na neve - quase com um orgulho emo, não estivesse eu velhinho para isso, fosse eu um pouco mais colorido, e meu cabelo não estivesse tão comprido...

Fotinho de banheiro no Tavastia.

Set List




NESTE SÁBADO!