BRANCO DE NEVE
Mamãe sempre disse que queria um filho com pele branca como a neve, lábios vermelhos como sangue e cabelos escuros como a asa da graúna.
Tem sido um inverno atípico. Só esta semana tivemos neve de fato em Helsinque. Escandinávia no inverno sem neve é foda. Já tem muito pouca luz, os dias são todos nublados e escuros, a cidade fica bem cinza, um clima bem deprê; a neve vem para trazer um pouco mais de luz, um pouco mais de branco, acaba trazendo um astral mais positivo...
Kamppi, um complexo de lojas e restaurantes no centro da cidade, onde fica minha academia.
Depois da nevasca de segunda, os dias foram esquentando, esquentando e a neve derreteu durante a semana. Ontem de noite estava levemente abaixo de zero, uma noite clara, eu rodei a cidade de bicicleta esperando pela neve. Hoje de manhã, acordei com Helsinque branquinha.
Saí de casa correndo para fotografar, nas poucas horas que temos de luz. Voltei para pegar as luvas. Saí esquecendo o gorro, e minhas orelhas foram queimando pelo caminho. Deixei assim mesmo...
Na frente de casa.
Fotografar neste gelo é foda. Tem de tirar a luva toda hora para ajustar a máquina, os dedos vão congelando. Na volta não conseguia nem pegar a chave para abrir a porta. Fora que já perdi uma máquina no verão passado pela areia de Florianópolis. Estou vendo quando vou perder essa pelo frio e a neve.
Branco de neve encontra uma casinha no meio da floresta: "Oh, que pequena, quem será que mora aqui?"
Depois, é correr para um banho quente.
Sadness is a blessing.