08/05/2012

INFERNO ASTRAL MY ARSE



Minha sobrinha Valentina.  


Esta semana faço 35 anos - já posso me considerar um senhor escritor? Acho que idade está na cabeça. Sim, idade está na cabeça. Você pode ter 40 anos com mente de 20... se for um retardado mental. Ha-ha. O importante é aproveitar ao máximo cada idade, cada fase e oportunidade, para não ficar correndo atrás do tempo perdido. Faço isso, mas daí não posso evitar a sensação de que não há muito mais a fazer, não há muitos sonhos a realizar, vai se acumulando uma preguiça, uma sensação de que tudo já foi visto...


E assim chega a Valentina, minha primeira sobrinha, filha da minha irmã mais velha. Nasceu semana passada - saudável-saudável, lindinha-lindinha. Já peguei no colo e ela nem chorou. Vai ser ótimo ver a menina crescer, se tornar uma menina de fato, mas não afasta a sensação de final da história. Quero dizer, Valentina tem pai e mãe, tem avós, segue com a ordem genealógica; utilidade eu não tenho na vida dela, posso esperar apenas ser uma distração positiva.


Pois é, o existencialismo bizarro permanece em mim...

Ao menos suavizou um pouco seu caráter de crise, não tem me atingido tanto como crise existencial. Tenho trabalhado muito, tenho recebido razoavelmente bem, e ainda que eu não consiga mais aproveitar São Paulo, tenho conseguido viajar regularmente.

Isso é vida.

Voltei a Florianópolis este final de semana. É lindo ver que posso sempre voltar. É lindo ver que ainda tenho uma vida lá. Cumprimento a mocinha do mercado, converso com a mocinha da farmácia, tenho uma familinha afetiva sempre pronta para me receber, encontro surfistas conhecidos e amigos de ocasião na praia. Dá saudades. Mas é uma vida bem restrita, que também não mais me bastaria. Funciona bem como uma vida paralela; a vida cultural e o trabalho estão em São Paulo.


Quem sabe não seja hora de eu também fazer um bebê? Tem planos para hoje à noite? Bem, se eu não consegui nem criar um iguana...

E ontem, em Floripa, fiz minha 15a tattoo (3a com a gatíssima Magéli): D.A.A.M.T. Quer saber? "Don´t ask about my tattoos" Meio para deixar o número novamente impar e me livrar da encheção de ter de diariamente explicar cada uma das outras. 


ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...