RESENHANDO O CUMPLEAÑOS
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Grandes comemorações de aniversário. Estou descobrindo que é possível ser feliz na terceira idade. Sexta eu estava bem bonzinho em casa, pensando em passar a virada tranquilo, mas decidi ir ao Sonar. Evento muito legal, principalmente pelo show do Kraftwerk, com um telão em 3D atrás, pontuando com imagens o som matemático do grupo.
Foi também uma ótima opção de comemoração, porque pude encontrar TODO MUNDO por lá, por acaso. Fui solito-solito, e acho que muitas vezes é melhor sair sozinho mesmo. Não entendo essa crise de auto-estima que o povo tem, de não poder ser visto sozinho em público. Eu encontrava o pessoal, vinha a pergunta: "veio com quem?" Eu dizia que tinha vindo sozinho e o povo se compadecia: "Fica com a gente então." Eu ficava meia hora em cada "núcleo", até ouvir um "preciso ir ao banheiro" ou "vou pegar uma bebida, você fica aqui?" Daí eu dava um perdido e ia para o próximo círculo. Deu para colocar muita conversa em dia, rever muita gente querida.
Só fica um pouco difícil acompanhar esse ritmo da "noite paulistana" a seco. Esse povo todo é muito chapado, muita bala, muita cocaína, e eu já tive mais do que a minha cota e hoje em dia tenho meio pânico em passar por essa "montanha russa de sentimentos". Se eu tomo alguma coisa, fico destruído (é a idade, é a idade). Prefiro a felicidade e o desânimo em parcimônia. Sexta nem beber eu estava bebendo, e foi interessante conversar com aquele povo todo pastilhado numa "superioridade sóbria"; preciso fazer isso mais vezes.
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Os excessos ficam no prato.
Sábado que foi propriamente meu aniversário, convidei os amigos mais próximos para um jantar. Queria uma coisa comidona, gente falando alto e cantando parabéns, então tive a ideia do Outback. Eu nunca tinha comido lá, e não achei a comida muito boa não. É gorda e não muito saborosa. Mas valeu bem pelo clima todo do lugar - a cada cinco minutos alguma mesa cantava parabéns - e pelos amigos, é claro.
De lá esticamos de novo para o Sonar, mas dessa vez não foi tão divertido. Eu já tinha comido muito, bebido muito, não estava lá com muito pique e não durei muito. É a idade, é a idade...
Aos poucos vou reencontrando meu lugar em São Paulo. Bem ou mal, é aqui que morei a maior parte da vida, é aqui que estão minhas raízes e a maior parte dos meus amigos. Também é muito legal poder sair sozinho - não só na noite, mas até numa volta no quarteirão - e encontrar gente querida. Sempre cruzo com alguém que me chama para um café, ou ao menos rende uma conversa de dez minutos numa esquina. A solidão é mais viável em São Paulo.