Com Ana Maria Santeiro, agente literária.
Nazarian: Ana. Então, o que está lendo?
Santeiro: Estou lendo dois originais.
Nazarian: Hum, mas sobre isso você pode falar?
Santeiro: Why not?
Nazarian: Podia ser algo sigiloso, escabroso, ou em processo sei lá. Mas me diz?
Santeiro: kkkkkkkkkkkk Não são. kkkkkkkkkkk. Estou lendo Claros Sussurros de Celestes Ventos do, Joel Rufino dos Santos. Um romance que é composto de novelas que podem ser lidas independentemente, e que se passa em torno do Cruz e Souza, Lima Barreto (de repente o nome dele me escapou) e a cena do país naquele tempo. Bem bonito.
Nazarian: Nunca li nada dele. Você agencia?
Santeiro: Estou começando agora. Mas sou amiga do Joel há mais de 30 anos.
Nazarian: Bah, então não vale!
Santeiro: hahahahaha.
Nazarian: Nah, pior que quem trabalha no meio não tem como escapar, né? Ou é amigo ou detesta a pessoa. Não dá pra ser totalmente imparcial...
Santeiro: Mas eu sou amiga de muita gente de quem em não curto especialmente a literatura. Não detesto ninguém
Nazarian: E o romance dele, já está vendido? Pode falar Tem data de lançamento e tal?
Santeiro: Não. Estou finalizando a leitura e vamos começar os trabalhos. O Joel é um autor reconhecido no universo dos livros para crianças, nos ensaios de história (ele é historiador) e também nos seus romances. Mas acho que está precisando de maior visibilidade como romancista.
Nazarian: Sempre há tempo, né? Felizmente, nesse mundo, sempre há tempo...
Santeiro: Sempre. E, como diz a Nélida Piñon, há que se fazer um pacto com o tempo. Ela é um exemplo disso. Aliás, ela é um desses casos de amor e ódio. Eu curto.
Nazarian: É, não adianta ter ansiedade, não é à toa que o maior prêmio literário se chama Jabuti.
Santeiro: kkkkkkkkkkkkkkk. a nossa ansiedade poderia ser menor se soubéssemos que há um público querendo consumir histórias em livro. E a batalha de todos é aumentar a aculturação da população brasileira. Acredito que se a sociedade brasileira entender que é através do conhecimento que se evolui, vai ser sopa no mel vender livro.
Nazarian: É, mas nisso de "histórias" eu discordo um pouco. Acho que o público quer mais é ler "mensagens". Querem "algo que acrescente", como se diz por aí. O espaço para a ficção pura é cada vez mais restrito. Acho que um livro como o Joel tem mais potencial, por ter raízes históricas, ligação com personagens reais.
Santeiro: O livro do Joel trabalha ficcionalmente os personagens da história, inclusive com nomes diferente, como um romance a clé..