Com Liandro Lindner, jornalista.
Nazarian: Liandro, me diz aí: o último livro, ou um dos livros recentes que você leu...
Lindner: Li A Maquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe e O Evangelho Segundo a Carne, de Guilherme Junqueira, estou terminando Clube dos Imortais de KizzyYsatis e paralelo lendo com calma “A Montanha Mágica” do Thomas Mann.
Nazarian: Lendo tudo-ao-mesmo-tempo-agora-assim?
Lindner: Não, um depois do outro. A Montanha Magica que é de mais fôlego, estou lendo devagar e paralelo. li “a maquina”, “o evangelho” e “o clube” nesta ordem.
Nazarian: Não tinha lido A Montanha Mágica ainda?
Lindner: Não. Estou na metade. Você já leu?
Nazarian: Li sim, talvez meio novo, talvez eu devesse reler. Achei um pouco cansativo, mas lembro de umas passagens bem bonitas, mais emotivas, dos "olhos quirquizes" e tal. Prefiro na verdade as coisas mais curtas do Mann, como Tônio Kroeger, Morte em Veneza, adoro os contos dele em Os Famintos.
Lindner: “Morte em Veneza” eu li também há muitos anos; existem alguns livros que acho que vale reler de tempos em tempos; como Cem anos de Solidão, O Lobo da Estepe… São os chamados “livros de formação”. Incluiria Crime e Castigo do Dostoiévski na lista.
Nazarian: Do Hesse eu colocaria Demian, é um ótimo livro para o final da adolescência.
Lindner: Este acho muito bom, foi dos livro que mais presenteei. Tem uma parte do“Montanha” que acho muito boa, quando o médico fala da origem da doença, das batalhas dentro de nós entre o amor e a contenção e que o amor negligenciado eclode metamorfoseado de outra forma: a forma de doença.
Nazarian: Eu acho que o Mann pesa um pouco quando o texto se torna muito dissertativo, muito filosófico, e pouco narrativo.
Lindner: Na real é uma técnica, né? Acho que hoje pouco utilizada, mas que me agrada muito; o detalhe da cena descrita e sua divagação filosófica faz parte, eu acredito, de um tipo de autor. Proust é famoso por seus parágrafos imensos e pela riqueza de detalhes. No fundo é um estilo de narrativa. Os autores contemporâneos, em geral, acredito, tem um estilo narrativo mais rápido e com mais intensidade nos diálogos. Nem bom, nem ruim apenas diferente.
“A Montanha Mágica”, do alemão vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Thomas Mann, foi publicado em 1924. Narra a visita do jovem Hans Castorp a um sanatório nos Alpes Suíços, de onde se torna cada vez mais difícil ele sair. Publicado no Brasil pela Nova Fronteira.