02/05/2012

O QUE ANDA LENDO?

Com Liandro Lindner, jornalista.

Nazarian: Liandro, me diz aí: o último livro, ou um dos livros recentes que você leu...

Lindner: Li A Maquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe e O Evangelho Segundo a Carne, de Guilherme Junqueira, estou terminando Clube dos Imortais de KizzyYsatis e paralelo lendo com calma “A Montanha Mágica” do Thomas Mann.

Nazarian: Lendo tudo-ao-mesmo-tempo-agora-assim?

Lindner: Não, um depois do outro. A Montanha Magica que é de mais fôlego, estou lendo devagar e paralelo. li “a maquina”, “o evangelho” e “o clube” nesta ordem.

Nazarian: Não tinha lido A Montanha Mágica ainda?

Lindner: Não. Estou na metade. Você já leu?

Nazarian: Li sim, talvez meio novo, talvez eu devesse reler. Achei um pouco cansativo, mas lembro de umas passagens bem bonitas, mais emotivas, dos "olhos quirquizes" e tal. Prefiro na verdade as coisas mais curtas do Mann, como Tônio Kroeger, Morte em Veneza, adoro os contos dele em Os Famintos.

Lindner: “Morte em Veneza” eu li também há muitos anos; existem alguns livros que acho que vale reler de tempos em tempos; como Cem anos de Solidão, O Lobo da Estepe… São os chamados “livros de formação”. Incluiria Crime e Castigo do Dostoiévski na lista.

Nazarian: Do Hesse eu colocaria Demian, é um ótimo livro para o final da adolescência.

Lindner: Este acho muito bom, foi dos livro que mais presenteei. Tem uma parte do“Montanha” que acho muito boa, quando o médico fala da origem da doença, das batalhas dentro de nós entre o amor e a contenção e que o amor negligenciado eclode metamorfoseado de outra forma: a forma de doença.

Nazarian: Eu acho que o Mann pesa um pouco quando o texto se torna muito dissertativo, muito filosófico, e pouco narrativo.

Lindner: Na real é uma técnica, né? Acho que hoje pouco utilizada, mas que me agrada muito; o detalhe da cena descrita e sua divagação filosófica faz parte, eu acredito, de um tipo de autor. Proust é famoso por seus parágrafos imensos e pela riqueza de detalhes. No fundo é um estilo de narrativa. Os autores contemporâneos, em geral, acredito, tem um estilo narrativo mais rápido e com mais intensidade nos diálogos. Nem bom, nem ruim apenas diferente.

“A Montanha Mágica”, do alemão vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, Thomas Mann, foi publicado em 1924. Narra a visita do jovem Hans Castorp a um sanatório nos Alpes Suíços, de onde se torna cada vez mais difícil ele sair. Publicado no Brasil pela Nova Fronteira.


ENTÂO VOCÊ SE CONSIDERA ESCRITOR?

Então você se considera escritor? (Trago questões, não trago respostas...) Eu sempre vejo com certo cinismo, quando alguém coloca: fulan...