24/08/2015
O VILAREJO
Numa época incerta, num vilarejo indefinido do leste europeu, o frio e a fome desolam a população. Confrontados com a escassez, os piores instintos humanos vêm à tona, evocando horrores dignos de demônios. É esse o mote do novo "romance episódico" de Raphael Montes, querido amigo e irmãozinho.
Estruturalmente pode ser visto como um livro de contos, no entanto o universo comum e a recorrência de personagens faz com que as histórias se relacionem e se complementem, ganhando um significado maior se lidas em conjunto.
Li já há alguns meses e me impressionei novamente com o talento de Raphael como contador de histórias. Para mim também é sempre um alívio, por eu incensá-lo desde o início (a primeira resenha do primeiro livro dele - Suicidas - foi daqui deste blog), poder confirmar que eu estava certo, não foi apenas uma aposta ou uma promessa; Raphael faz bonito.
Emulando autores clássicos de terror pulp, como Lovecraft e Poe, com algo dos contos de fadas mais sombrios de Andersen, O Vilarejo diferencia-se bastante da produção autoral de Raphael, afastando-o da realidade burguesa carioca. Talvez não seja o melhor livro dele (por não ter identidade tão própria), mas é meu favorito.Tudo é muito bem amarrado, as histórias têm algo de arquetípico, o universo é fabulesco (e fabuloso). E com cenas chocantes de tortura, estupro e canibalismo, Raphael faz jus ao título de "príncipe dos horrores".
O lançamento em São Paulo é amanhã, terça dia 25, na Livraria Cultura da Companhia das Letras, no Conjunto Nacional. Sai pelo Suma das Letras, o selo pop da Companhia.