Até minha sombra tem nariz empinado. |
Lembro que li em algum lugar que a maioria dos acidentes acontece dentro de casa. Penso se este confinamento não vai gerar uma onda de suicídios, homicídios, overdoses.
Estamos todos confinados, mas o meu prédio está estranhamente silencioso – não tem festa, não tem briga, não tem música; penso se estão todos mortos.
Já escrevi sobre isso: “Não é possível que o apocalipse seja assim, tão silencioso.Costumávamos ouvir rojões na avenida Paulista. O mundo comemorando, torcidas e foliões festejando, e nós achando que eles estavam apenas tudo implodindo. Como uma partida da Copa do Mundo pode gerar mais ruído do que o Armagedom?”
Mas as pessoas estão mais interessadas no meu projeto fitness do que na minha escrita. Me chamem de biscoteiro, mas é só dar uma olhada no meu feed e vocês vêem tantos trechos de livros, lançamentos, lembranças literárias – ninguém dá a mínima.
Então estou mais ansioso pela reabertura da minha academia do que pelo lançamento do livro novo.
Para curar a ansiedade, só a vodca. Tenho teclado com amigos tão loucos de álcool, de pó, subindo pelas paredes e se queimando nas redes. Eu felizmente não uso tóxicos há anos, e tenho conseguido beber só aos finais de semana – é a vaidade que me salva. Mas bebo BEM.
Ontem fiquei teclando e bebendo até cansar. Cansei de beber e me forcei a pegar no sono. Acordei 5 da manhã e acha que eu estava de ressaca? Acha que eu estava acabado? Estava pilhado, entumescido, pronto para comer o bairro e correr pela Paulista.
Como quem tem cachorro pode levar pra passear, caguei num saquinho plástico, saí na rua e fiquei gritando: “Toby! Toby! Volta aqui, seu maroto!” Assim corri por duas horas pelos Jardins.