Vanessa "Ludov" Krongold, eu, Giu e amigas , antes de um show...
"Aquele agora-ou-nunca ficou para trás", canta Vanessa na faixa "Sobrenatural" do novo álbum do Ludov. De fato, Ludov está de volta, mas sem o sentimento de urgência ou de ansiedade que caracteriza tantas bandas, que não têm nada além de um belo clipe a oferecer. O Disco Paralelo é um novo caminho, uma nova possibilidade, dentre várias abertas com garra por essa banda, que já provou o que precisava provar e já mostrou que sabe o que faz.
Mas não, não vamos dizer que eles estão mais "maduros", que horror! Estão apenas mais livres. Depois de anos cantando juntos, passando por diversas bandas e diversas encarnações, Vanessa Krongold (vocal), Mauro Motoki (guitarra, teclado), Habacuque Lima (guitarra, baixo) e Paulo Chapolin (bateria), já sabem o que querem, como fazer, e não poderiam deixar de ser autênticos, mesmo que não quisessem.
"Não somos uma família feliz, somos uma família", explica Mauro. E como toda família, criam, contornam e conquistam juntos; sabem que a alternativa mais difícil seria a separação. Assim, depois da saída do antigo baixista, Eduardo Filomeno, que foi estudar no exterior, a banda aproveitou para tornar seu trabalho mais enxuto, se assumir como um quarteto e trabalhar mais profundamente o potencial de cada um de seus membros.
Abrem o disco à toda, com "Ciência", um pop desafiador que mostra ao mesmo tempo entusiasmo e segurança e dá bem o tom do disco. Na música seguinte a letra deixa claro, "essa cidade não conhecerá meu fim", Ludov marca sua presença. Há faixas mais lentas e tensas, como "Conversas em Lata", e mesmo lisérgicas, como "Delírio", em que Mauro assume com propriedade os vocais. Faixas como "A Espera" e "Urbana" reafirmam o estilo Ludov de mudar de andamento durante a música, com energia e inventividade. E não faltam as candidatas a hits, como "Rubi" e "Refúgio". No final, temos um álbum completo, com tudo o que um bom disco precisa.
E para mim, pessoalmente, é com grande alegria que recebo este novo trabalho, como amigo e fã, que há mais de dez anos conheceu um japonês que mandava muito na guitarra. Um outro sujeito que, além da guitarra, mandava ver na poesia. E uma ruiva (ok, ela já foi ruiva) com a voz mais bela da minha geração. Fica claro para mim porque continuei ouvindo, torcendo, gostando. E agora? Agora Vanessa canta: "o meu agora é daqui pra frente." - Texto meu para o release do cd novo do Ludov, Disco Paralelo.
Ludov de disco novo, eu cobrindo a SPFW e as crianças morrendo na África. Tudo em seu devido lugar. Ou não?