95, O ANO DO POP ROCK.
Hum, vamos começar com as listas (o Jaspion vai gostar disso). Vai aí minhas músicas pop favoritas (internacionais).
Legend in My Living Room (92) – Annie Lennox (Escócia)
Sempre fui fã de Eurythmics (ALIÁS, vi hoje o filme deles dirigido pelo Amos Gitai). O trabalho solo da Annie Lennox está cada vez pior. Música de consultório de dentista. Mas o primeiro solo – Diva – tem coisas bem boas, apesar do tom "pop de meia idade". Na minha opinião, "Legend in My Living Room" é uma das melhores letras dela. Fala do lado relativo da fama (para os escritores, é mais relativo ainda). Ela conta que comeu o pão que o diabo amassou, quando começou a carreira em Londres, mas que "sabia que seria uma lenda...na minha própria sala de estar".
Mathilde (67) – Scott Walker (EUA)
Tudo bem, essa música é do Jacques Brel. Eu tenho a versão dele também, e prefiro bem mais a do Scott Walker. O arranjo de trompetes de Wally Stott é um primor, me faz lembrar as "baladas dos cossacos", músicas tradicionais russas, músicas de cavalaria. Fora que o vozeirão do Scott dá de dez no Jacques. Eu comprei todo o catálogo dele quando eu estava na Europa. E depois que você ouve uma música como "Mathilde" de madrugada, num navio indo para a Finlândia, não dá para não se apaixonar...
The Motel (95) – David Bowie (Inglaterra)
Essa não é das músicas mais famosas do Bowie. Também não deve estar entre as favoritas dos fãs, mas provavelmente é a minha. Esse album de 95 -"Outside" - eu considero um dos melhores da carreira dele. Certamente é o mais sombrio. Todas as faixas contam uma história meio "snuff", de uma menina que foi seqüestrada e assassinada como uma forma de arte. A produção é do Brian Eno, e uma das melhores coisas do album é o piano jazzístico do Mike Garson (que participa também de vários outros albuns do Bowie). Esta faixa, em específico, começa lenta, meio sem forma, com pianos e vocais esparsos e vai ganhando corpo aos poucos...
Les Histories D’A (86) – Rita Mitsouko (França)
Ah, essa é uma das minhas bandas favoritas. Aliás, é uma dupla. Um casal francês –Catherine Ringer e Fred Chichin - que antes de tocar fazia filmes pornográficos experimentais. Hum, eu queria ver a Catherine gemer. Que voz tem essa mulher! Nessa música, ela conta diversas histórias de amor trágicas e conclui no refrão: "as histórias de amor terminam mal, em geral."
Imaginary Love (98) – Rufus Wainwright (Canadá)
Hum, é difícil escolher uma música só do Rufus. Quase que eu pus "Dinner at Eight", do último album, mas esta também é uma pérola. Ele canta o primeiro verso, depois repete tudo uma oitava acima. E ele tem essa coisa de cocainômaco, né? emenda um verso no outro, não dá uma pausa na música inteira. Até no final, quando a letra termina, ele dá um jeito de soltar uns gemidos e terminar junto com a banda, ahah. Esse Rufus é mesmo um serelepe!
Sixteen Days (95) – Lori Carson (EUA)
Lori Carson é pouco conhecida. ALIÁS, tão pouco que o penúltimo album ela gravou sozinha, fez as fotos da capa e vendeu pela página da internet. Mas o album "Stars", que tem essa música, é um pouco mais pop. ALIÁS, tem a dosagem perfeita de pop, folk e new age (Ultimamente ela está new age demais, eu só escuto o último cd dela para dormir). "16 Days" é a faixa que abre "Stars". Atmosférica, melancólica e aconchegante. Lori tem ótimas letras sobre crises afetivas e relacionamentos bizarros.
John I Love You (95) – Sinéad O’Connor (Irlanda)
Também é foda escolher uma faixa da Sinéad. Ela tem as músicas mais bonitas do mundo pop. Claro que ela é louca, depressiva e obsessiva com a idéia de maternidade, mas para quem não é filho dela isso é até mais legal. Ela abandonou a música faz um ano. E chegou a escrever uma carta aos fãs dizendo que "se encontrassem ela na rua, mudassem de calçada, fingissem que não a conheciam". Haha. "John I Love You" é do album "Universal Mother", o melhor dela, na minha opinião. Ela estava com a voz mais suave, mas ainda poderosa.
So Young (93) – Suede (Inglaterra)
Ah, Suede é minha banda. Quando eu era um adolescente nerd, descobrindo o sexo e as drogas, Brett Anderson e seus amigos me mostraram um novo mundo de possibilidades, ambigüidades e androginia. Essa música, do primeiro album, fala tudo o que eu sentia na época "We’re so young and so gone, let’s chase the dragon from our home." O melhor foi conhecer a banda em 2002, quando eu trabalhava em Londres. Cumprimentei Brett Anderson (vocal), conversei um pouco com o Simon (bateria) e bati altos papos (e fotos) com Bernard Butler (o primeiro guitarrista). Na minha página do Orkut tem uma foto minha com o Butler.
Arms of Cicero (93) – Sex Gang Children (Inglaterra)
Sex Gang Children é das poucas bandas góticas que existe até hoje, desde o começo dos anos 80. No começo eles eram mais punks e toscos, mas bem divertidos. Hoje em dia o som está mais melancólico e "gótico fino" (se é que isso é possível com os vocais esganiçados do Andy). "Arms of Cicero" é dessa segunda fase, com arranjo de cordas e tudo mais. Eu também conheci a banda em Londres. Eles inclusive me convidaram para trabalhar com eles (mas eu ganhava mais como barman). O Andy é gente finíssima, mas completamente diferente do que eu esperava. Quem imagina que um gótico glamuroso iria ficar me perguntando sobre "futebol"?
2HB (72) – Roxy Music (Inglaterra)
Brian Eno é foda. Ainda mais quando ele contaminava o romantismo kitsch do Brian Ferry. Essa música, do primeiro Roxy Music, é uma mistura de glam, ambient e jazz. No "solo" de teclados desalinhados, entra um sax com um verso de "As Times Goes By". A letra inclusive faz referência ao filme "Casablanca". Um luxo só.
Conclusões? Músicas de mulheres sofredoras e rapazes afetados.