A PENA, A ESPADA E A FRUTICE
Ui! Coluna social do Estadão, hoje, foto minha e da minha mãe assinando livros na Casa do Saber.
E já estava quase me esquecendo, a queridíssima Renatinha Simões, apresentadora do Multishow, que esteve no meu lançamento, avisou que falou do livro em seu programa, que vai ao ar hoje, 23h45, com reprise nos dias 01/04, 8h30 e 13h30, e 02/04, 12h.
Ontem fui ver "Herói", do chinês Zhang Yimou. É lindo, lindíssimo, lutas impressionantes, pra calar a boca de quem gosta daquele pastiche tosco do Tarantino (Kill Bill? Pfffff...). A fotografia é mesmo impressionante, exagerada até, cinema ultra plástico. Mas só. Quer dizer, só não, já é quase mais do que o suficiente. O problema do filme talvez seja a filosofia. Sabe como é, aquele lado burro do Oriente (talvez o lado que o Ocidente mais tenha se apropriado, exatamente por ser o mais burro e mais fácil de se entender), aquelas filosofias Ying & Yang que hoje se encontram em qualquer livro de auto-ajuda. "O verdadeiro guerreiro não precisa de espada, porque luta pela paz". Pois é, o filme fala demais. Nesse ponto, a poesia hermética de "Dolls" (Kitano) dá de dez. E, isolando-se apenas as lutas, "O Tigre e o Dragão" também é melhor.
Mas valeu. Meu filme oriental favorito (que talvez seja meu FAVORITO ABSOLUTO) continua sendo... "Adeus Minha Concubina".
31/03/2005
30/03/2005
DAMASCOS ASSASSINOS
Ai, que loucura...
O lançamento ontem foi meio insano – insano de bom – muuuuuuita gente. Fiquei lá até as 23h. Minha mãe trouxe o povo fino e endinheirado. Eu levei o povo moderno e descolado. No final, acabei vendendo TODOS os livros. Algumas pessoas, como minha avó, não conseguiram comprar.
Para quem foi e não conseguiu comprar, peço desculpas e prometo autógrafo.
Não que eu seja bestseller, longe disso, é só que a Editora não contava com meu turbo nas vendas. Foi mancada. O estoque deles mesmo, na Editora – para imprensa – já acabou. Eles já pediram mais no distribuidor para continuar a divulgação.
Vamos ver se essa intensidade se mantém...
Valeu a todo mundo que foi ontem, mesmo só dar um "oi". Fiquei bem feliz. Velhos amigos de infância, de faculdade, a familinha, o povo das trevas... Só não puxo orelha de quem não foi porque eu passaria vergonha com a falta do livro...
Agora começa a etapa sulista da FERIADO DE MIM MESMO WORLD TOUR, em abril, em Porto Alegre, de onde sigo direto para... FLORIPA!!!
Ai, que loucura...
O lançamento ontem foi meio insano – insano de bom – muuuuuuita gente. Fiquei lá até as 23h. Minha mãe trouxe o povo fino e endinheirado. Eu levei o povo moderno e descolado. No final, acabei vendendo TODOS os livros. Algumas pessoas, como minha avó, não conseguiram comprar.
Para quem foi e não conseguiu comprar, peço desculpas e prometo autógrafo.
Não que eu seja bestseller, longe disso, é só que a Editora não contava com meu turbo nas vendas. Foi mancada. O estoque deles mesmo, na Editora – para imprensa – já acabou. Eles já pediram mais no distribuidor para continuar a divulgação.
Vamos ver se essa intensidade se mantém...
Valeu a todo mundo que foi ontem, mesmo só dar um "oi". Fiquei bem feliz. Velhos amigos de infância, de faculdade, a familinha, o povo das trevas... Só não puxo orelha de quem não foi porque eu passaria vergonha com a falta do livro...
Agora começa a etapa sulista da FERIADO DE MIM MESMO WORLD TOUR, em abril, em Porto Alegre, de onde sigo direto para... FLORIPA!!!
29/03/2005
É HOJE! Lançamento de "Feriado de Mim Mesmo" e "Resposta", na Casa do Saber - Mário Ferraz, 414, travessa da Cidade Jardim. Começa as 19h e não deve ir muito além das 22h, porque é horário de livraria.
Preparei um CD de trilha com pérolas, "Le Kitsch C'est Chic": Cauby, Bowie, Françoise Hardy, Rufus, Nelson Ned, Suede, Nina Simone e muitos outros.
Cada um que aparecer fará uma begônia florescer em meu coração ; )
No Estadão saíram notas sobre o lançamento em dois lugares. Na coluna do César Giobbi, falando do lançamento da minha mãe comigo. E em outra nota, falando do meu lançamento com minha mãe, ou vice-versa.
Preparei um CD de trilha com pérolas, "Le Kitsch C'est Chic": Cauby, Bowie, Françoise Hardy, Rufus, Nelson Ned, Suede, Nina Simone e muitos outros.
Cada um que aparecer fará uma begônia florescer em meu coração ; )
No Estadão saíram notas sobre o lançamento em dois lugares. Na coluna do César Giobbi, falando do lançamento da minha mãe comigo. E em outra nota, falando do meu lançamento com minha mãe, ou vice-versa.
28/03/2005
NO FUNDO DO POÇO
Ok, como eu só tenho comentado tosqueira aqui... eu fui ver “O Chamado 2”.
Todo mundo sabe que sou fã daquela menina, Samara, a morta-viva presa num poço. Acho o primeiro filme (e a versão americana mesmo, do Verbinski) uma pérola. Tem uma das melhores cenas de horror de todos os tempos. Tem um vídeo surrealista inserido que é melhor do que “O Cão Andaluz”. E a premissa já é genial, a história de morrer sete dias depois de assistir uma fita.
Li também o romance do Koji Suzuki, no qual o filme original foi baseado. O livro é bem bom, mas menos assustador. Trata toda a questão mais de uma maneira metafísica do que sobrenatural. O vídeo é mais propagador de um vírus do que de uma maldição. E a história da Samara/Sadako é completamente diferente.
Agora resolveram foder com tudo e fazer esse “Chamado 2”. Transformaram a menina num demônio televisivo, com novas motivações e nenhuma coerência. A verba estava mais polpuda, então meteram CGI, efeitos bizarros e uma avalanche de situações absurdas.
O primeiro filme se concentrava na fita. E a partir dela ia se extraindo todas as outras imagens e a própria explicação do filme. Tinha um enredo simples e eficiente, que ia se revelando aos poucos. Nessa segunda parte, fizeram um pouco de tudo. É “O Exorcista” meets “A Hora do Pesadelo” meets “A Profecia”. E “O Chamado” não se encontra.
Para não dizer que o filme é de todo mal, começa muito bem. Mostra como a maldição da fita se alastrou, e como a protagonista do filme anterior (Naomi Watts) se torna paranóica e arrependida por ter liberado o espírito por aí. Mas isso logo termina. Acho que o roteirista quis sumir com a premissa da “fita assassina” por ela estar se tornando retrô. Afinal, cada vez tem menos gente com videocassete no Estados Unidos. Mas eles podiam ter explorado isso, imagine. Uma pessoa tenta passar a fita pra frente (para se livrar da maldição, é preciso mostrar a fita para outra pessoa), mas não consegue, porque agora todo mundo só tem DVD em casa, haha. Seria ótimo.
Pelo visto, essa história de Hollywood chamar diretores japoneses para refilmar suas próprias obras não está dando certo. Bem, cá pra nós eu também não gosto muito das versões originais japonesas. Só fico com medo de pensar o que virá com Walter Salles refilmando “Dark Water”. Aliás, será que os americanos o chamaram porque acham que o Brasil também fica na Ásia?
Ok, como eu só tenho comentado tosqueira aqui... eu fui ver “O Chamado 2”.
Todo mundo sabe que sou fã daquela menina, Samara, a morta-viva presa num poço. Acho o primeiro filme (e a versão americana mesmo, do Verbinski) uma pérola. Tem uma das melhores cenas de horror de todos os tempos. Tem um vídeo surrealista inserido que é melhor do que “O Cão Andaluz”. E a premissa já é genial, a história de morrer sete dias depois de assistir uma fita.
Li também o romance do Koji Suzuki, no qual o filme original foi baseado. O livro é bem bom, mas menos assustador. Trata toda a questão mais de uma maneira metafísica do que sobrenatural. O vídeo é mais propagador de um vírus do que de uma maldição. E a história da Samara/Sadako é completamente diferente.
Agora resolveram foder com tudo e fazer esse “Chamado 2”. Transformaram a menina num demônio televisivo, com novas motivações e nenhuma coerência. A verba estava mais polpuda, então meteram CGI, efeitos bizarros e uma avalanche de situações absurdas.
O primeiro filme se concentrava na fita. E a partir dela ia se extraindo todas as outras imagens e a própria explicação do filme. Tinha um enredo simples e eficiente, que ia se revelando aos poucos. Nessa segunda parte, fizeram um pouco de tudo. É “O Exorcista” meets “A Hora do Pesadelo” meets “A Profecia”. E “O Chamado” não se encontra.
Para não dizer que o filme é de todo mal, começa muito bem. Mostra como a maldição da fita se alastrou, e como a protagonista do filme anterior (Naomi Watts) se torna paranóica e arrependida por ter liberado o espírito por aí. Mas isso logo termina. Acho que o roteirista quis sumir com a premissa da “fita assassina” por ela estar se tornando retrô. Afinal, cada vez tem menos gente com videocassete no Estados Unidos. Mas eles podiam ter explorado isso, imagine. Uma pessoa tenta passar a fita pra frente (para se livrar da maldição, é preciso mostrar a fita para outra pessoa), mas não consegue, porque agora todo mundo só tem DVD em casa, haha. Seria ótimo.
Pelo visto, essa história de Hollywood chamar diretores japoneses para refilmar suas próprias obras não está dando certo. Bem, cá pra nós eu também não gosto muito das versões originais japonesas. Só fico com medo de pensar o que virá com Walter Salles refilmando “Dark Water”. Aliás, será que os americanos o chamaram porque acham que o Brasil também fica na Ásia?
26/03/2005
NOSTALGIA DO VINIL
Ai, que velocidade...
Quinta fui numa festinha na casa de um amigo. Uma petizada alcoolizada sacudindo os piercings ao som do morro. Tudo muito lindo, mas me senti tão velho, nos meus 27 anos. Não foi um sentimento ruim, não. Foi como observar um buffet de sorvetes, depois de sair de uma churrascaria. A gente fica admirando os sabores, mas não dá vontade de tirar nem uma casquinha...
O creme não compensa.
No meu tempo... No meu tempo as festas tinham leitura de Rimbauld e se comia brie com damasco... Haha.
Quarta passada eu fui ao programa do Kid Vinil, na Brasil 2000, falar sobre meu lançamento. O Kid foi muito gente fina, rolou até uma sessão nostalgia, com duas pérolas do britpop: Suede e Pulp.
Lembro que eu costumava ouvir o programa do Kid em 95, quando a internet ainda engatinhava e eu me esparramava nas franjas. Tudo o que eu queria era ser brit. A música "Common People", do Pulp, eu ouvi pela primeira vez no programa dele. Liguei pra rádio e pedi, porque era tão difícil ouvir no Brasil um single recém-lançado na Inglaterra, vejam só. "Common People" acabou virando um hino do Britpop. A letra é ótima, quase uma crônica, ele conversando com uma estrangeira que quer viver "como uma pessoa normal" em Londres. Vai um trechinho:
She Said:
I wanna live like common people
I wanna do what every common people do
Wanna sleep with common people
Wanna sleep with common people like you
What else, could I do?
I said: "I see what I can do."
I took her to a supermarket
I don’t know why, but I had to start it somewhere
So I started it there
I said: "Pretend you got no money"
She just laughed and said: "You’re so funny"
I said: "Yeah? I can’t see anyone else smilling in here"
Are you sure...
You wanna live like common people?
You wanna see what every common people see?
You wanna sleep with common people?
You wanna sleep with common people like me?
But she didn’t understand
She just smiled and held my hand.
Pra terminar, saiu hoje na Folha uma resenha que fiz sobre o novo livro do Cadão Volpato, "Questionário". A Folha teve de fazer um pequeno corte, por causa de um anúncio que entrou de última hora. Mas nada doloroso. O livro é bem interessante, estruturado todo em perguntas e respostas. Assinantes do Uol podem ler a crítica aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2603200522.htm
Depois falo da Samara.
Ai, que velocidade...
Quinta fui numa festinha na casa de um amigo. Uma petizada alcoolizada sacudindo os piercings ao som do morro. Tudo muito lindo, mas me senti tão velho, nos meus 27 anos. Não foi um sentimento ruim, não. Foi como observar um buffet de sorvetes, depois de sair de uma churrascaria. A gente fica admirando os sabores, mas não dá vontade de tirar nem uma casquinha...
O creme não compensa.
No meu tempo... No meu tempo as festas tinham leitura de Rimbauld e se comia brie com damasco... Haha.
Quarta passada eu fui ao programa do Kid Vinil, na Brasil 2000, falar sobre meu lançamento. O Kid foi muito gente fina, rolou até uma sessão nostalgia, com duas pérolas do britpop: Suede e Pulp.
Lembro que eu costumava ouvir o programa do Kid em 95, quando a internet ainda engatinhava e eu me esparramava nas franjas. Tudo o que eu queria era ser brit. A música "Common People", do Pulp, eu ouvi pela primeira vez no programa dele. Liguei pra rádio e pedi, porque era tão difícil ouvir no Brasil um single recém-lançado na Inglaterra, vejam só. "Common People" acabou virando um hino do Britpop. A letra é ótima, quase uma crônica, ele conversando com uma estrangeira que quer viver "como uma pessoa normal" em Londres. Vai um trechinho:
She Said:
I wanna live like common people
I wanna do what every common people do
Wanna sleep with common people
Wanna sleep with common people like you
What else, could I do?
I said: "I see what I can do."
I took her to a supermarket
I don’t know why, but I had to start it somewhere
So I started it there
I said: "Pretend you got no money"
She just laughed and said: "You’re so funny"
I said: "Yeah? I can’t see anyone else smilling in here"
Are you sure...
You wanna live like common people?
You wanna see what every common people see?
You wanna sleep with common people?
You wanna sleep with common people like me?
But she didn’t understand
She just smiled and held my hand.
Pra terminar, saiu hoje na Folha uma resenha que fiz sobre o novo livro do Cadão Volpato, "Questionário". A Folha teve de fazer um pequeno corte, por causa de um anúncio que entrou de última hora. Mas nada doloroso. O livro é bem interessante, estruturado todo em perguntas e respostas. Assinantes do Uol podem ler a crítica aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2603200522.htm
Depois falo da Samara.
24/03/2005
TROQUE SEU COELHO POR UMA CRIANÇA POBRE
Estava lendo sobre um filme tosco chamado "Creepshow", daqueles com várias histórinhas de terror, coisa e tal. Daí lembrei que uma das histórias é baseada num conto de Stephen King, que eu tenho em casa, "The Raft" ( A Jangada). Fui reler ontem.
Pô, deixem de meter o pau no King só porque ele é bestseller. Esse conto é incrível. História de um grupo de adolescentes que vão nadar num lago e sobem numa jangada ancorada bem no meio. Logo eles percebem a presença de algo estranho na água, como uma mancha de óleo, e ficam literalmente ilhados no meio do lago. Qualquer um que tenta nadar de volta à terra é devorado pela mancha. Gore total. Tem aqueles elementos arquetípicos de isolamento, claustrofobia, aliado a resgate de brincadeiras da infância.
Eu sempre sonhei em ser tragado por uma mancha de óleo assassina...
E esse conto lembra um pouco aquele outro livro dele, "Cujo", em que uma mulher fica presa dentro de um carro, com um cão raivoso esperando do lado de fora. Outro belo conto dele (que eu não me lembro o nome) é de um cara que vai comprar flores, compra um buquê enorme e todo mundo fica observando ele na rua, com um certo carinho e admiração melancólicos. E, no final, ele usa as flores para conquistar mulheres que ele vai matar (bem, na verdade, nem lembro se o conto é assim mesmo, mas é uma idéia legal, não? haha)
Claro que ele também produz grandes porcarias. Alguém que vende milhões quase nunca pode estar certo.
Falando em vender milhões, comecei uma campanha de páscoa: "Troque seu Coelho por uma criança pobre". Eu preciso mais de vocês do que o mago da ABL.
(Minha academia pode não ser imortal, mas fica aberta 24 horas.)
Feliz Páscoa e cuidado com a Samara.
Estava lendo sobre um filme tosco chamado "Creepshow", daqueles com várias histórinhas de terror, coisa e tal. Daí lembrei que uma das histórias é baseada num conto de Stephen King, que eu tenho em casa, "The Raft" ( A Jangada). Fui reler ontem.
Pô, deixem de meter o pau no King só porque ele é bestseller. Esse conto é incrível. História de um grupo de adolescentes que vão nadar num lago e sobem numa jangada ancorada bem no meio. Logo eles percebem a presença de algo estranho na água, como uma mancha de óleo, e ficam literalmente ilhados no meio do lago. Qualquer um que tenta nadar de volta à terra é devorado pela mancha. Gore total. Tem aqueles elementos arquetípicos de isolamento, claustrofobia, aliado a resgate de brincadeiras da infância.
Eu sempre sonhei em ser tragado por uma mancha de óleo assassina...
E esse conto lembra um pouco aquele outro livro dele, "Cujo", em que uma mulher fica presa dentro de um carro, com um cão raivoso esperando do lado de fora. Outro belo conto dele (que eu não me lembro o nome) é de um cara que vai comprar flores, compra um buquê enorme e todo mundo fica observando ele na rua, com um certo carinho e admiração melancólicos. E, no final, ele usa as flores para conquistar mulheres que ele vai matar (bem, na verdade, nem lembro se o conto é assim mesmo, mas é uma idéia legal, não? haha)
Claro que ele também produz grandes porcarias. Alguém que vende milhões quase nunca pode estar certo.
Falando em vender milhões, comecei uma campanha de páscoa: "Troque seu Coelho por uma criança pobre". Eu preciso mais de vocês do que o mago da ABL.
(Minha academia pode não ser imortal, mas fica aberta 24 horas.)
Feliz Páscoa e cuidado com a Samara.
22/03/2005
VITRINE E VINIL
O livro já está na roda. "Feriado de Mim Mesmo" já pode ser encontrado por aí, inclusive em algumas vitrines de livraria... Mas para quem conseguir segurar a ansiedade, o melhor é comprar nos lançamentos, assim vocês me dizem "oi" e eu faço uma dedicatória bonitinha.
De novo:
SP: 29 de março @ Casa do Saber - Mário Ferraz 414 - 19h
RS: 16 de abril @ Botequim das Letras - 17h
RJ: 13 de maio @ Bienal - Estande da Planeta - 17h
Ainda estou pra marcar Curitiba. Para outras cidades, podemos conversar...
Amanhã, quarta, vou estar às 19h no programa do Kid Vinil, na Brasil 2000 FM (107,3), falando sobre o lançamento.
E hoje Nelly Moretzsohn me enviou o link para um artigo que escreveu sobre mim no site Opinião Cultural: http://www.opiniaocultural.com.br/livros.htm
Por enquanto, tchau.
O livro já está na roda. "Feriado de Mim Mesmo" já pode ser encontrado por aí, inclusive em algumas vitrines de livraria... Mas para quem conseguir segurar a ansiedade, o melhor é comprar nos lançamentos, assim vocês me dizem "oi" e eu faço uma dedicatória bonitinha.
De novo:
SP: 29 de março @ Casa do Saber - Mário Ferraz 414 - 19h
RS: 16 de abril @ Botequim das Letras - 17h
RJ: 13 de maio @ Bienal - Estande da Planeta - 17h
Ainda estou pra marcar Curitiba. Para outras cidades, podemos conversar...
Amanhã, quarta, vou estar às 19h no programa do Kid Vinil, na Brasil 2000 FM (107,3), falando sobre o lançamento.
E hoje Nelly Moretzsohn me enviou o link para um artigo que escreveu sobre mim no site Opinião Cultural: http://www.opiniaocultural.com.br/livros.htm
Por enquanto, tchau.
20/03/2005
DIGERINDO DANNY THOMAS
Acabei mais um trabalhinho para a Planeta. Na verdade, o complemento de uma tradução que eu já tinha feito, do livro "When I Was Cool" (que em portuguës será "Quando Eu era o Tal").
Já falei do livro aqui, são memórias de um ex-aluno do (poeta beat) Allen Ginsberg. No livro, ele adora colocar referências obscuras a poemas, filmes e personagens norte-americanos. Enfatizei à Planeta a necessidade de um trabalho complementar à tradução, com notas de rodapé. E é isso o que eu estava fazendo.
Para vocês terem uma idéia de como é, há um trecho em que ele cita uma "Stage Deli", em Nova Iorque. Conta que foi lá com um amigo e que "I had Danny Thomas".
Por mais que se entenda inglês e que se traduza, continua não fazendo sentido. "Eu tive Danny Thomas", "Eu estava com Danny Thomas" ou "Eu pedi Danny Thomas"? Pesquisar quem foi Danny Thomas, um comediante americano, ajudou um pouco. Mas eu só entendi o que ele queria dizer depois que consultei o cardápio da própria Deli. Daí você entende que todos os pratos de lá têm nomes de atores. Então ele quis dizer que pediu um prato chamado Danny Thomas (mas não me pergunte que prato é, ele não está mais disponível). É esse tipo de coisa que entrará como nota de rodapé.
Gosto de trabalhos assim, você acaba ampliando seu repertório. Estou numa fase boa de trabalhos, que espero que dure por mais um tempinho. Além desse, estou fazendo um freela para a Abril e um texto de encomenda pra Folha, crítica de um livro que eles me mandaram (quando sair, digo qual é o livro. É de um autor brasileiro contemporâneo).
O meu próprio livro começa a ser distribuído para os jornalistas esta semana. A assessora de imprensa da Planeta me mandou a lista dos jornalistas que receberão. São quase 70, e ela sempre vai aumentando. Dá uma ansiedade, mas as resenhas vão se movendo como placas tectônicas ao longo do ano. Espero que causem terremotos, tsunamis... Bem, ao menos um tremor 7.0 na escala Richter.
Acabei mais um trabalhinho para a Planeta. Na verdade, o complemento de uma tradução que eu já tinha feito, do livro "When I Was Cool" (que em portuguës será "Quando Eu era o Tal").
Já falei do livro aqui, são memórias de um ex-aluno do (poeta beat) Allen Ginsberg. No livro, ele adora colocar referências obscuras a poemas, filmes e personagens norte-americanos. Enfatizei à Planeta a necessidade de um trabalho complementar à tradução, com notas de rodapé. E é isso o que eu estava fazendo.
Para vocês terem uma idéia de como é, há um trecho em que ele cita uma "Stage Deli", em Nova Iorque. Conta que foi lá com um amigo e que "I had Danny Thomas".
Por mais que se entenda inglês e que se traduza, continua não fazendo sentido. "Eu tive Danny Thomas", "Eu estava com Danny Thomas" ou "Eu pedi Danny Thomas"? Pesquisar quem foi Danny Thomas, um comediante americano, ajudou um pouco. Mas eu só entendi o que ele queria dizer depois que consultei o cardápio da própria Deli. Daí você entende que todos os pratos de lá têm nomes de atores. Então ele quis dizer que pediu um prato chamado Danny Thomas (mas não me pergunte que prato é, ele não está mais disponível). É esse tipo de coisa que entrará como nota de rodapé.
Gosto de trabalhos assim, você acaba ampliando seu repertório. Estou numa fase boa de trabalhos, que espero que dure por mais um tempinho. Além desse, estou fazendo um freela para a Abril e um texto de encomenda pra Folha, crítica de um livro que eles me mandaram (quando sair, digo qual é o livro. É de um autor brasileiro contemporâneo).
O meu próprio livro começa a ser distribuído para os jornalistas esta semana. A assessora de imprensa da Planeta me mandou a lista dos jornalistas que receberão. São quase 70, e ela sempre vai aumentando. Dá uma ansiedade, mas as resenhas vão se movendo como placas tectônicas ao longo do ano. Espero que causem terremotos, tsunamis... Bem, ao menos um tremor 7.0 na escala Richter.
17/03/2005
POLEGARES OPOSITORES
Ontem, depois de passar na Editora, fui no Sesc Consolação assistir aos debates de Márcia Denser com Clarah Averbuck e Marcelo Mirisola com Reinaldo Moraes.
Ai, ai, é tão doloroso.
A gente se acha tão especial, acha que tem um trabalho único, daí vê todos os escritores buscando o mesmo espaço, o mesmo reconhecimento. Contando as mesmas vantagens, expondo o mesmo orgulho.
E basta expor nosso orgulho para ele se tornar vergonha...
Fora que sou obrigado a ouvir coisas como "o Escritor tem de..." ou "todo escritor é..." da boca de outros escritores, e não concordar. Pensar, "não é bem assim", "não, meu processo é diferente", ou "não tem nada a ver".
Como o Reinaldo Moraes, que disse ontem que "o bom é ter escrito. Escrever é chato, doloroso." Já ouvi a mesma coisa da boca do Cuenca. Não concordo. O bom é escrever, viver a história, conviver com o personagem. Sempre que termino um romance, me dá um vazio, fico sem saber o que fazer. Depois vou batalhar a publicação/divulgação, porque quero continuar vivendo aquela história, ao menos falando sobre ela em entrevistas, ao menos lendo sobre ela em resenhas...
Mas enfim, cada escritor tem seu processo. Eu não posso colocar meu processo como regra, nem eles podem colocar os deles. Por isso não acredito em oficinas literárias.
A Márcia Denser também disse ontem que "só começou a escrever de primeira depois dos 35 anos". Que antes reescrevia, repensava, corrigia. Que é preciso maturidade e segurança para escrever de primeira.
Também não concordo. Acho que esse "ímpeto" de escrever pode ser bem característico da juventude, dos românticos apaixonados que escrevem de forma derramada (e ainda assim, literária, rica, bela). Eu escrevo assim, de primeira. Só releio meus livros para corrigir os erros mais evidentes.
E ontem também teve o Mirisola fazendo tipo. "Eu odeio escrever. Escrevo só porque não sei fazer outra coisa. Não queria ser escritor. Não vejo valor na literatura..."
Nessas horas, Clarah Averbuck bêbada e serelepe é perfeita. Ela ficou na platéia batendo boca com ele.
É mais ou menos sobre essas coisas que trata meu conto "Seis Dedos para Contar", que vocês podem ler aí do lado, no link ‘Formigas no Açúcar". O orgulho de cada um sobre seus próprios dedos. Eu, cortando os dedos da concorrência...
"Tínhamos todos seis dedos em cada mão. Além disso, quase nada em comum."
E agora meus cinco dedos estão ensangüentados na capa do "Feriado". Vai entender minha fixação com isso. Talvez tenha vindo do piano. Mas conheci um vietnamita uma vez que disse que eu tinha "flores nos dedos" (ui...) e que eu iria criar algo muito importante.
Como tantos outros...
Ontem, depois de passar na Editora, fui no Sesc Consolação assistir aos debates de Márcia Denser com Clarah Averbuck e Marcelo Mirisola com Reinaldo Moraes.
Ai, ai, é tão doloroso.
A gente se acha tão especial, acha que tem um trabalho único, daí vê todos os escritores buscando o mesmo espaço, o mesmo reconhecimento. Contando as mesmas vantagens, expondo o mesmo orgulho.
E basta expor nosso orgulho para ele se tornar vergonha...
Fora que sou obrigado a ouvir coisas como "o Escritor tem de..." ou "todo escritor é..." da boca de outros escritores, e não concordar. Pensar, "não é bem assim", "não, meu processo é diferente", ou "não tem nada a ver".
Como o Reinaldo Moraes, que disse ontem que "o bom é ter escrito. Escrever é chato, doloroso." Já ouvi a mesma coisa da boca do Cuenca. Não concordo. O bom é escrever, viver a história, conviver com o personagem. Sempre que termino um romance, me dá um vazio, fico sem saber o que fazer. Depois vou batalhar a publicação/divulgação, porque quero continuar vivendo aquela história, ao menos falando sobre ela em entrevistas, ao menos lendo sobre ela em resenhas...
Mas enfim, cada escritor tem seu processo. Eu não posso colocar meu processo como regra, nem eles podem colocar os deles. Por isso não acredito em oficinas literárias.
A Márcia Denser também disse ontem que "só começou a escrever de primeira depois dos 35 anos". Que antes reescrevia, repensava, corrigia. Que é preciso maturidade e segurança para escrever de primeira.
Também não concordo. Acho que esse "ímpeto" de escrever pode ser bem característico da juventude, dos românticos apaixonados que escrevem de forma derramada (e ainda assim, literária, rica, bela). Eu escrevo assim, de primeira. Só releio meus livros para corrigir os erros mais evidentes.
E ontem também teve o Mirisola fazendo tipo. "Eu odeio escrever. Escrevo só porque não sei fazer outra coisa. Não queria ser escritor. Não vejo valor na literatura..."
Nessas horas, Clarah Averbuck bêbada e serelepe é perfeita. Ela ficou na platéia batendo boca com ele.
É mais ou menos sobre essas coisas que trata meu conto "Seis Dedos para Contar", que vocês podem ler aí do lado, no link ‘Formigas no Açúcar". O orgulho de cada um sobre seus próprios dedos. Eu, cortando os dedos da concorrência...
"Tínhamos todos seis dedos em cada mão. Além disso, quase nada em comum."
E agora meus cinco dedos estão ensangüentados na capa do "Feriado". Vai entender minha fixação com isso. Talvez tenha vindo do piano. Mas conheci um vietnamita uma vez que disse que eu tinha "flores nos dedos" (ui...) e que eu iria criar algo muito importante.
Como tantos outros...
15/03/2005
O CARRO DA MANGA CHEGOOOOOOU!
Viva! Recebi ontem em casa meu primeiro exemplar de "Feriado de Mim Mesmo", ficou lindo-lindo, minha mão sangrenta estampada na capa, imagem quiromâncica, masturbatória, e meta-ficctícia, hohoho. Amanhã passo na Editora para pegar minha cota e conversar sobre a divulgação.
Para quem não sabe, o padrão é a editora dar uma cota de 20 livros ao autor. Só isso (a não ser em acordos especiais, ou quando o autor paga pela edição). A Planeta investe bem na divulgação, então para jornalistas, resenhistas e etc eles mesmo enviam livros. Também enviam alguns para minha agente na Alemanha (que negocia as traduções para outras línguas e edições portuguesas). Mas mesmo assim, meus 20 livros acabam rapidinho (família, amigos próximos – bem próximos - colegas, relações de trabalho, paqueras...). Quando eu preciso de mais para consumo próprio, tenho de comprar (com 50% de desconto do preço das livrarias).
E é claro que sempre tem uns pintas por aí pedindo livro de presente...
Eu daria. Aliás, daria para todo mundo – ops! - (afinal, a Planeta me paga adiantamento, hehehe), mas não posso. E os amigos de verdade devem ajudar o pobre escritor, ao invés de pedir cortesia. Não é barato, não, 32 pila. Mas sempre vejo os camaradas gastando essa grana em CD, cerveja, sorvetes...
O importante é que leiam. Peçam emprestado (para outra pessoa), xeroquem, tanto faz. Só não deixem Dan Brown sair vitorioso novamente.
Viva! Recebi ontem em casa meu primeiro exemplar de "Feriado de Mim Mesmo", ficou lindo-lindo, minha mão sangrenta estampada na capa, imagem quiromâncica, masturbatória, e meta-ficctícia, hohoho. Amanhã passo na Editora para pegar minha cota e conversar sobre a divulgação.
Para quem não sabe, o padrão é a editora dar uma cota de 20 livros ao autor. Só isso (a não ser em acordos especiais, ou quando o autor paga pela edição). A Planeta investe bem na divulgação, então para jornalistas, resenhistas e etc eles mesmo enviam livros. Também enviam alguns para minha agente na Alemanha (que negocia as traduções para outras línguas e edições portuguesas). Mas mesmo assim, meus 20 livros acabam rapidinho (família, amigos próximos – bem próximos - colegas, relações de trabalho, paqueras...). Quando eu preciso de mais para consumo próprio, tenho de comprar (com 50% de desconto do preço das livrarias).
E é claro que sempre tem uns pintas por aí pedindo livro de presente...
Eu daria. Aliás, daria para todo mundo – ops! - (afinal, a Planeta me paga adiantamento, hehehe), mas não posso. E os amigos de verdade devem ajudar o pobre escritor, ao invés de pedir cortesia. Não é barato, não, 32 pila. Mas sempre vejo os camaradas gastando essa grana em CD, cerveja, sorvetes...
O importante é que leiam. Peçam emprestado (para outra pessoa), xeroquem, tanto faz. Só não deixem Dan Brown sair vitorioso novamente.
14/03/2005
ENQUANTO VOCÊ SORRI, UMA CRIANÇA ESTÁ SENDO ESTUPRADA
Finalmente o Thomas atualizou o Horóscopo Terrorista:
www.horoscopoterrorista.blogspot.com
É um troço bem tosco, trash e escatológico. Mas eu incentivo com louvor, porque vai contra a imbecilidade do esoterismo (ops!), da auto-ajuda e das frases prontas.
E FERIADO DE MIM MESMO já pode ser encomendado nos sites da Saraiva e Livraria Cultura (links ao lado). Eu mesmo ainda não vi o livro pronto...
Finalmente o Thomas atualizou o Horóscopo Terrorista:
www.horoscopoterrorista.blogspot.com
É um troço bem tosco, trash e escatológico. Mas eu incentivo com louvor, porque vai contra a imbecilidade do esoterismo (ops!), da auto-ajuda e das frases prontas.
E FERIADO DE MIM MESMO já pode ser encomendado nos sites da Saraiva e Livraria Cultura (links ao lado). Eu mesmo ainda não vi o livro pronto...
11/03/2005
THE ART OF PARTIES*
Hoje na Folha saiu uma pequena matéria sobre o Tetine, o album novo, a coisa funk e tudo mais. Eu cheguei em casa e coloquei o anterior deles, "Men In Uniform", enquanto guardava as compras do supermercado.
Daí fiquei pensando na idiotice do funk, na genialidade do elektro e nessa coisa "filhos do milho", da sua mente dilatando e se tornando "uma flor de isopor" (como Antonio Prata descreve a pipoca) saca?
Ei, eu não quis dizer que minha mente dilatada me fez entender a genialidade do funk, nem que a Folha me explicou.
Mas pensava em toda questão Cruzada Conteudista – nas terias de Stephen Hawking e profecias de Oral Roberts, hahaha – essa coisa de procurar sempre sentido, conteúdo e valor. Enquanto o Tetine repetia durante uma música inteira:
"Doing the catwalk is much harder than acting".
Eu sempre detestei música eletrônica, até 2002. Quando eu fui pra Europa, e morei um tempinho em Paris com "comerciantes informais de guloseimas", minha espiga cerebral pipocou definitivamente e eu pude comprender uma grande genialidade escondida até então.
A música eletrônica faz sentido.
Imagine-se às 11h da manhã em Porte D’Aubervilliers, Grande Paris, sacudindo ao som de "White Horse".
Todos os seus critérios se tornam químicos e orgânicos. E você acredita que acabou de ouvir o verso mais genial da poesia:
"If you wanna ride, ride the white horse"
E não deixa de ser. Genial. Porque atinge sinapses, sentidos e objetivos de uma forma que só essas idiotices conseguem. Na época, eu bem que tentei sofisticar a piração com indie rock e coisas do gênero, mas não funcionou. Só a música eletrônica tem a arte de fritar o cérebro.
Fritou legal. Não alterou em nada minha literatura. Não mudou meu cotidiano. Mas se eu tomo cafeína demais... se eu fico muito tempo sem comer... se eu fecho a porta do banheiro olhando para a maçaneta...
Agora eu entendo. E posso chegar à minha casa vindo do supermercado sóbrio-sóbrio e ficar escutando "Doing the catwalk is much harder than acting".
Eu nunca entenderia totalmente a dinâmica de uma festa sem passar por isso... mas também, para que entender a dinâmica de uma festa?
* Ei, detesto títulos em inglês, mas quem conhece David Sylvian...
Hoje na Folha saiu uma pequena matéria sobre o Tetine, o album novo, a coisa funk e tudo mais. Eu cheguei em casa e coloquei o anterior deles, "Men In Uniform", enquanto guardava as compras do supermercado.
Daí fiquei pensando na idiotice do funk, na genialidade do elektro e nessa coisa "filhos do milho", da sua mente dilatando e se tornando "uma flor de isopor" (como Antonio Prata descreve a pipoca) saca?
Ei, eu não quis dizer que minha mente dilatada me fez entender a genialidade do funk, nem que a Folha me explicou.
Mas pensava em toda questão Cruzada Conteudista – nas terias de Stephen Hawking e profecias de Oral Roberts, hahaha – essa coisa de procurar sempre sentido, conteúdo e valor. Enquanto o Tetine repetia durante uma música inteira:
"Doing the catwalk is much harder than acting".
Eu sempre detestei música eletrônica, até 2002. Quando eu fui pra Europa, e morei um tempinho em Paris com "comerciantes informais de guloseimas", minha espiga cerebral pipocou definitivamente e eu pude comprender uma grande genialidade escondida até então.
A música eletrônica faz sentido.
Imagine-se às 11h da manhã em Porte D’Aubervilliers, Grande Paris, sacudindo ao som de "White Horse".
Todos os seus critérios se tornam químicos e orgânicos. E você acredita que acabou de ouvir o verso mais genial da poesia:
"If you wanna ride, ride the white horse"
E não deixa de ser. Genial. Porque atinge sinapses, sentidos e objetivos de uma forma que só essas idiotices conseguem. Na época, eu bem que tentei sofisticar a piração com indie rock e coisas do gênero, mas não funcionou. Só a música eletrônica tem a arte de fritar o cérebro.
Fritou legal. Não alterou em nada minha literatura. Não mudou meu cotidiano. Mas se eu tomo cafeína demais... se eu fico muito tempo sem comer... se eu fecho a porta do banheiro olhando para a maçaneta...
Agora eu entendo. E posso chegar à minha casa vindo do supermercado sóbrio-sóbrio e ficar escutando "Doing the catwalk is much harder than acting".
Eu nunca entenderia totalmente a dinâmica de uma festa sem passar por isso... mas também, para que entender a dinâmica de uma festa?
* Ei, detesto títulos em inglês, mas quem conhece David Sylvian...
10/03/2005
FILHOS DO MILHO
Eu pisava nos grãos, no chão, grãos de milho. Deixados não sei por quem, não sei por que, para pombas que pousariam quando fôssemos embora. Quando o sol varresse as ruas, nos limpasse das sarjetas, e desaguássemos em bocas-de-lobo. Mas naquele momento as bocas eram outras, de noite. E o fogo dentro de mim fazia com que cada grão pipocasse quando eu pisava Eu pisava.
E eu sorria. Pois assim o álcool me fazia. Tarde demais para pipocas mas ainda cedo para pombas. Alimentaríamos outras. Nós, os grãos dourados da civilização, espalhados pela rua como pássaros ciscando. Nossos corpos se dilatando, amanteigados e salgados, uma dor que chamam de delícia. Meu cérebro pulsava em cada sinapse como se a genialidade não encontrasse mais espaço. Se eu despejasse, seria apenas vômito. Mais ainda era cedo. E era tarde. Era tarde demais.
Para voltar atrás.
Meu apartamento há dois metros de mim. Longe. Bastava virar uma esquina para sair de uma zona nobre para minha miséria. Praticamente, bastava apenas minha intenção. A intenção de todos nós. A fome com minha vontade de pipocar. Sal nas minhas costas. O calor, e o suor, o sal sobre minha língua dizendo para eu provar.
Como todo mundo tem preguiça de ler na tela, vou deixar só esse trecho do conto. Afinal guardo sempre o melhor para quem está dispostos a pagar... ops!
Vocês também podem ler os restos nos grãos jogados no chão da Frei Caneca... da Augusta...
E falando em Pomba, dores e delícias, Daniel fez um release sobre mim pro Grindzine - a revistinha do Grind - deste mês, com as fotos que a gente fez no Lord:
http://www.aloca.com.br/grindzine/71/especial.html
Eu pisava nos grãos, no chão, grãos de milho. Deixados não sei por quem, não sei por que, para pombas que pousariam quando fôssemos embora. Quando o sol varresse as ruas, nos limpasse das sarjetas, e desaguássemos em bocas-de-lobo. Mas naquele momento as bocas eram outras, de noite. E o fogo dentro de mim fazia com que cada grão pipocasse quando eu pisava Eu pisava.
E eu sorria. Pois assim o álcool me fazia. Tarde demais para pipocas mas ainda cedo para pombas. Alimentaríamos outras. Nós, os grãos dourados da civilização, espalhados pela rua como pássaros ciscando. Nossos corpos se dilatando, amanteigados e salgados, uma dor que chamam de delícia. Meu cérebro pulsava em cada sinapse como se a genialidade não encontrasse mais espaço. Se eu despejasse, seria apenas vômito. Mais ainda era cedo. E era tarde. Era tarde demais.
Para voltar atrás.
Meu apartamento há dois metros de mim. Longe. Bastava virar uma esquina para sair de uma zona nobre para minha miséria. Praticamente, bastava apenas minha intenção. A intenção de todos nós. A fome com minha vontade de pipocar. Sal nas minhas costas. O calor, e o suor, o sal sobre minha língua dizendo para eu provar.
Como todo mundo tem preguiça de ler na tela, vou deixar só esse trecho do conto. Afinal guardo sempre o melhor para quem está dispostos a pagar... ops!
Vocês também podem ler os restos nos grãos jogados no chão da Frei Caneca... da Augusta...
E falando em Pomba, dores e delícias, Daniel fez um release sobre mim pro Grindzine - a revistinha do Grind - deste mês, com as fotos que a gente fez no Lord:
http://www.aloca.com.br/grindzine/71/especial.html
07/03/2005
KIBE DE GENTE
Sonhei que estava na praia. E fui a um restaurante de comida japonesa que servia comida árabe (se nem os buffets hoje em dia têm alguma coerência, não se pode exigir isso do meu inconsciente).
Eu pedi um kibe cru.
A dona do restaurante, e cozinheira, era um tipo de ama-seca. Parecia uma antiga babá minha. Ela se sentou ao meu lado, foi bastante carinhosa, mas me deu umas mordidinhas no braço.
Achei aquilo tudo muito estranho. E enquanto ela preparava meu kibe, eu pensava: "Preciso sair daqui. Essa mulher é canibal. Ela vai me servir kibe de carne humana."
Isso é que dá ver os filmes vagabundos que vejo.
Sonhei que estava na praia. E fui a um restaurante de comida japonesa que servia comida árabe (se nem os buffets hoje em dia têm alguma coerência, não se pode exigir isso do meu inconsciente).
Eu pedi um kibe cru.
A dona do restaurante, e cozinheira, era um tipo de ama-seca. Parecia uma antiga babá minha. Ela se sentou ao meu lado, foi bastante carinhosa, mas me deu umas mordidinhas no braço.
Achei aquilo tudo muito estranho. E enquanto ela preparava meu kibe, eu pensava: "Preciso sair daqui. Essa mulher é canibal. Ela vai me servir kibe de carne humana."
Isso é que dá ver os filmes vagabundos que vejo.
05/03/2005
A CRUZADA CONTEUDISTA
Na Bravo deste mês saiu – além do meu livro novo - uma discussão sobre "a inteligência do funk carioca". Gente conceituada (ou quase), defendendo essa "manifestação cultural popular", falando da vanguarda, do descompromisso, do experimentalismo...
Acho tudo uma grande bobagem. O funk carioca não tem "sustância" alguma. Já ouviu? Já ouviu? Basta ouvir e perceber uma voz estridente berrando letras imbecis sobre uma batida tosca, geralmente sem acorde algum. Claro que seria tudo muito transgressor e muito experimental se quem estivesse fazendo isso fosse alguém que pesquisa o mínimo de música, mas não é assim que acontece. A arte "experimental", logicamente, é uma experiência, tentativa de um artista que vai para um lado, vai para o outro e busca diferentes possibilidades. Como algo pode ser "experimental" se não é uma experiência, se é apenas a manifestação de alguém que é INCAPAZ de fazer algo diferente?
Podem dizer que isso não faz diferença. Pois é uma "experimentação da música em si", não de um artista. Uma nova possibilidade aberta a todos por aqueles que talvez não tenham condições de fazer diferente. A questão é que, se o funk tivesse sido despertado por quem realmente entende de música, a tosqueira não teria uma justificativa apenas curricular, mas o background se refletiria de um jeito ou de outro na própria musica.
Quer um exemplo?
O Tetine, uma dupla REALMENTE experimental, que agora resolveu fazer funk. Tudo muito suspeito, sim, mas quando se houve se justifica. Isso porque eles sempre foram eletrônicos, sempre pesquisaram timbres e trabalharam letras bizarras, sempre tiveram um trabalho teatral, agora, vestiram a roupagem funk para um trabalho que continua sendo deles, continua sendo legítimo.
Há dois anos eles fizeram a mesma coisa com o elektro. Já eram eletrônicos, já eram bizarros, então só direcionaram o som para algo que estava na crista. Esse novo cd, "Bonde do Tetão", vai pela mesma linha. É uma paródia, uma sátira, feita por gente que sabe o que está fazendo.
E o resultado, soa diferente do funk carioca? Soa. É tosco. É imbecil. Mas tem sua inteligência. E não é só porque eu conheço o currículo deles (que já fizeram até performances baseadas em Brecht), mas porque os timbres e melodias (sim, elas estão lá) trazem muito mais imagens do que o som "vazio" dos morros do Rio. É como beber um vinho bom e um vinho barato. O efeito pode ser o mesmo, ficar bêbado, mas o vinho bom remeterá a muito mais sabores. E a ressaca certamente será diferente.
Outra banda que tinha seguido por esse linha era o De Falla. Que já era uma banda machista, já tinha a tosqueira do punk, só vestiu a roupagem funk e faturou com sua "Popozuda".
O Elektro, que estava em alta até pouco tempo, é um primo gringo do funk. Batidas eletrônicas secas, teclados baratos, letras escrachadas. Mas há uma pesquisa, há um resgate e há um avanço. Como alguém pode comparar Fischerspooner com MC Serginho? Chicks on Speed com Tati Quebra Barraco?
(Peaches eu já acho pior do que aquele "Funk da Pamonha". E olha que eu assisti um show dela ao vivo em Londres.)
Para dar um exemplo da "substância" no próprio "elektro made in Brazil", pegue o Multiplex. Tem a tosqueira, sim, tem o escracho, tem tecladinhos vagabundos, mas muita inteligência. Num de seus refrões, o vocalista Leandro Cunha canta: "Moderno vai/ moderno vem/ como é moderna a noite do meu bem". Tá falando do mundinho hype, tá passando uma mensagem aparentemente vazia, mas resgata uma música de Dolores Duran ("A Noite do Meu Bem"). Vai lá atrás para falar de modernidade. O cara conhece a história da música, sabe o que já foi feito, por isso pode seguir em frente.
Outra banda que eu tenho de admitir que tem seu mérito é o "Cansei de Ser Sexy" (só esse nome já merece louvor). Eles são descompromissados, são anárquicos, tocam três acordes, mas o conhecimento e o talento do baterista, produtor e mentor Adriano Cintra acaba sempre aparecendo de uma forma ou de outra.
É claro que eu adoro o trash. Ouço Nelson Ned, Cauby Peixoto, Eduardo Dussek. Mas esse povo tem no mínimo uma qualidade: voz. E trabalham com quem sabe tocar (apesar de terem um gosto discutível, o que deixa tudo mais divertido).
Podem me chamar de elitista, de ignorante e de conservador. Afinal, muita gente que defende o funk entende bem mais de música do que eu. Mas cada vez mais tenho vontade de montar no alto do meu cavalo e percorrer minha cruzada conteudista, degolando os bugres da nova era.
Na Bravo deste mês saiu – além do meu livro novo - uma discussão sobre "a inteligência do funk carioca". Gente conceituada (ou quase), defendendo essa "manifestação cultural popular", falando da vanguarda, do descompromisso, do experimentalismo...
Acho tudo uma grande bobagem. O funk carioca não tem "sustância" alguma. Já ouviu? Já ouviu? Basta ouvir e perceber uma voz estridente berrando letras imbecis sobre uma batida tosca, geralmente sem acorde algum. Claro que seria tudo muito transgressor e muito experimental se quem estivesse fazendo isso fosse alguém que pesquisa o mínimo de música, mas não é assim que acontece. A arte "experimental", logicamente, é uma experiência, tentativa de um artista que vai para um lado, vai para o outro e busca diferentes possibilidades. Como algo pode ser "experimental" se não é uma experiência, se é apenas a manifestação de alguém que é INCAPAZ de fazer algo diferente?
Podem dizer que isso não faz diferença. Pois é uma "experimentação da música em si", não de um artista. Uma nova possibilidade aberta a todos por aqueles que talvez não tenham condições de fazer diferente. A questão é que, se o funk tivesse sido despertado por quem realmente entende de música, a tosqueira não teria uma justificativa apenas curricular, mas o background se refletiria de um jeito ou de outro na própria musica.
Quer um exemplo?
O Tetine, uma dupla REALMENTE experimental, que agora resolveu fazer funk. Tudo muito suspeito, sim, mas quando se houve se justifica. Isso porque eles sempre foram eletrônicos, sempre pesquisaram timbres e trabalharam letras bizarras, sempre tiveram um trabalho teatral, agora, vestiram a roupagem funk para um trabalho que continua sendo deles, continua sendo legítimo.
Há dois anos eles fizeram a mesma coisa com o elektro. Já eram eletrônicos, já eram bizarros, então só direcionaram o som para algo que estava na crista. Esse novo cd, "Bonde do Tetão", vai pela mesma linha. É uma paródia, uma sátira, feita por gente que sabe o que está fazendo.
E o resultado, soa diferente do funk carioca? Soa. É tosco. É imbecil. Mas tem sua inteligência. E não é só porque eu conheço o currículo deles (que já fizeram até performances baseadas em Brecht), mas porque os timbres e melodias (sim, elas estão lá) trazem muito mais imagens do que o som "vazio" dos morros do Rio. É como beber um vinho bom e um vinho barato. O efeito pode ser o mesmo, ficar bêbado, mas o vinho bom remeterá a muito mais sabores. E a ressaca certamente será diferente.
Outra banda que tinha seguido por esse linha era o De Falla. Que já era uma banda machista, já tinha a tosqueira do punk, só vestiu a roupagem funk e faturou com sua "Popozuda".
O Elektro, que estava em alta até pouco tempo, é um primo gringo do funk. Batidas eletrônicas secas, teclados baratos, letras escrachadas. Mas há uma pesquisa, há um resgate e há um avanço. Como alguém pode comparar Fischerspooner com MC Serginho? Chicks on Speed com Tati Quebra Barraco?
(Peaches eu já acho pior do que aquele "Funk da Pamonha". E olha que eu assisti um show dela ao vivo em Londres.)
Para dar um exemplo da "substância" no próprio "elektro made in Brazil", pegue o Multiplex. Tem a tosqueira, sim, tem o escracho, tem tecladinhos vagabundos, mas muita inteligência. Num de seus refrões, o vocalista Leandro Cunha canta: "Moderno vai/ moderno vem/ como é moderna a noite do meu bem". Tá falando do mundinho hype, tá passando uma mensagem aparentemente vazia, mas resgata uma música de Dolores Duran ("A Noite do Meu Bem"). Vai lá atrás para falar de modernidade. O cara conhece a história da música, sabe o que já foi feito, por isso pode seguir em frente.
Outra banda que eu tenho de admitir que tem seu mérito é o "Cansei de Ser Sexy" (só esse nome já merece louvor). Eles são descompromissados, são anárquicos, tocam três acordes, mas o conhecimento e o talento do baterista, produtor e mentor Adriano Cintra acaba sempre aparecendo de uma forma ou de outra.
É claro que eu adoro o trash. Ouço Nelson Ned, Cauby Peixoto, Eduardo Dussek. Mas esse povo tem no mínimo uma qualidade: voz. E trabalham com quem sabe tocar (apesar de terem um gosto discutível, o que deixa tudo mais divertido).
Podem me chamar de elitista, de ignorante e de conservador. Afinal, muita gente que defende o funk entende bem mais de música do que eu. Mas cada vez mais tenho vontade de montar no alto do meu cavalo e percorrer minha cruzada conteudista, degolando os bugres da nova era.
03/03/2005
COMO TRAUMATIZAR SEU FILHO EM DEZ LIÇÕES
Acabei esta semana o livro "Por que a Criança Cozinha na Polenta", da romena Aglaja Veteranyi. O livro foi editado pelo Joca Terron, Nelson de Oliveira e Marcelino Freire, na DBA, parte da coleção Risco: Ruido, de textos experimentais ou "vanguardistas".
É realmente algo bem diferente. O diário de uma menina de circo, que viaja pela europa se apresentando com os pais. Tem um quê de absurdo, talvez algo do movimento "Pânico" do Arrabal e do Jodorowsky, um estilo de narrativa bem peculiar.
A história poderia ser tomada como clichê do surrealismo, toda esse lance circense, coisa e tal. Mas como a autora realmente foi criança de circo, o livro toma contornos de "memórias-oníricas", ganha mais veracidade. É um livro de metáforas bem coloridas, com frases ótimas, coisa de poesia. Algumas passagens lembram "O Diário de Lori Lambi", da Hilda Hilst.
Aproveitando o clima "infanticida", eu estava resgatando os bons livros infantis que tenho. Fiz uma listinha dos dez melhores, para colocar aqui no blog.
O Pequeno Vampiro - Angela Sommer Bonderburg: Poderia ter sido o Harry Potter da minha geração, se as crianças fossem mais góticas. A história de um menino que fica amigo de um vampiro, sai voando com ele pela noite e tudo mais. Tem vários volumes, "O Amor do Pequeno Vampiro", "O Pequeno Vampiro no Sítio", etc. Eu li e gostei de quase todos, quando eu tinha uns 10 anos.
Marcelo Marmelo Martelo - Ruth Rocha: Esse é pra crianças menores. Marcelo é um moleque pentelho que fica inventando nomes novos para as coisas. Tipo: cadeira = sentadeira, cachorro = latildo. Ele é meio esquizofrênico, gosto disso.
The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories - Tim Burton: Um livro de poemas para crianças góticas, escrito e desenhado pelo cineasta Tim Burton. Tem pérolas como: "The boy with nail in his eyes put up his aluminium tree / it looked pretty strange / but he couldn´t really see."
Pequena História de Amor - Marques Rebêlo e Arnaldo Tabaiá: Ah! Esse é uma doença, literalmente! Um João-de-barro fica doente e sua esposa, Joana de Barro, tem de comprar remédios para ele. Para isso, ela vai vendendo a luz de seus olhos para uma bruxa coruja, e fica cada vez mais cega. Um livro para ensinar crianças pequenas a questão do amor, da prostituição e das doenças sexualmente transmissíveis.
Os Desastres de Sofia - Condesa de Segür: Esse é um clássico total. Sofia, menina peralta, travessa, traquina, que mora numa mansão na França e apronta mil estripulias. Ela come a comida dos cavalos, fatia o peixinho dourado da mãe, derrete uma boneca no sol, e por aí vai. Frutice total. Glam para a petizada.
Will You Be My Friend? - Chihiro Iwasaki : Ahhhhh! Esse é arte! Livro lindíssimo, com ilustrações que parecem feitas direto no livro, com giz de cera. Uma pequena preciosidade que tenho em casa. A história de uma menina que tenta fazer amizades em seu novo bairro. Acho que nunca foi editado em português e deve estar há muito esgotado em inglês.
Eu Sou Construtor - Parick Mayers: desse eu já falei aqui, né? O valor da perseverança na história de um guri que sofre sabotagens deste mundo cruel que nos cerca.
Grimble - Clement Freud: Grimble é um garoto de dez anos que é criado por bilhetes. Os pais nunca estão em casa e só se comunicam com ele através de mensagens espalhadas pela casa. Ligeiramente surreal, bem terno, um pouquinho triste. Coisa do "neto do homem".
Meu Amigo Pintor - Lygia Bojunga Nunes: Esse é outra doença. A história de um garoto amigo de um pintor que se suicida. Poético, mórbido e levemente gay.
Sangue Fresco - João Carlos Marinho: Vale a série toda, "Berenice Detetive", "O Caneco de Prata", etc, etc. A série sobre uma garotada paulistana que tem de enfrentar vilões do cotidiano. Tem momentos de puro "gore", como quando uma jibóia esmaga um garoto e o transforma em purê de batata.
Fora isso, muito "Hulk", "Homem-aranha" e "Tio Patinhas".
Acabei esta semana o livro "Por que a Criança Cozinha na Polenta", da romena Aglaja Veteranyi. O livro foi editado pelo Joca Terron, Nelson de Oliveira e Marcelino Freire, na DBA, parte da coleção Risco: Ruido, de textos experimentais ou "vanguardistas".
É realmente algo bem diferente. O diário de uma menina de circo, que viaja pela europa se apresentando com os pais. Tem um quê de absurdo, talvez algo do movimento "Pânico" do Arrabal e do Jodorowsky, um estilo de narrativa bem peculiar.
A história poderia ser tomada como clichê do surrealismo, toda esse lance circense, coisa e tal. Mas como a autora realmente foi criança de circo, o livro toma contornos de "memórias-oníricas", ganha mais veracidade. É um livro de metáforas bem coloridas, com frases ótimas, coisa de poesia. Algumas passagens lembram "O Diário de Lori Lambi", da Hilda Hilst.
Aproveitando o clima "infanticida", eu estava resgatando os bons livros infantis que tenho. Fiz uma listinha dos dez melhores, para colocar aqui no blog.
O Pequeno Vampiro - Angela Sommer Bonderburg: Poderia ter sido o Harry Potter da minha geração, se as crianças fossem mais góticas. A história de um menino que fica amigo de um vampiro, sai voando com ele pela noite e tudo mais. Tem vários volumes, "O Amor do Pequeno Vampiro", "O Pequeno Vampiro no Sítio", etc. Eu li e gostei de quase todos, quando eu tinha uns 10 anos.
Marcelo Marmelo Martelo - Ruth Rocha: Esse é pra crianças menores. Marcelo é um moleque pentelho que fica inventando nomes novos para as coisas. Tipo: cadeira = sentadeira, cachorro = latildo. Ele é meio esquizofrênico, gosto disso.
The Melancholy Death of Oyster Boy and Other Stories - Tim Burton: Um livro de poemas para crianças góticas, escrito e desenhado pelo cineasta Tim Burton. Tem pérolas como: "The boy with nail in his eyes put up his aluminium tree / it looked pretty strange / but he couldn´t really see."
Pequena História de Amor - Marques Rebêlo e Arnaldo Tabaiá: Ah! Esse é uma doença, literalmente! Um João-de-barro fica doente e sua esposa, Joana de Barro, tem de comprar remédios para ele. Para isso, ela vai vendendo a luz de seus olhos para uma bruxa coruja, e fica cada vez mais cega. Um livro para ensinar crianças pequenas a questão do amor, da prostituição e das doenças sexualmente transmissíveis.
Os Desastres de Sofia - Condesa de Segür: Esse é um clássico total. Sofia, menina peralta, travessa, traquina, que mora numa mansão na França e apronta mil estripulias. Ela come a comida dos cavalos, fatia o peixinho dourado da mãe, derrete uma boneca no sol, e por aí vai. Frutice total. Glam para a petizada.
Will You Be My Friend? - Chihiro Iwasaki : Ahhhhh! Esse é arte! Livro lindíssimo, com ilustrações que parecem feitas direto no livro, com giz de cera. Uma pequena preciosidade que tenho em casa. A história de uma menina que tenta fazer amizades em seu novo bairro. Acho que nunca foi editado em português e deve estar há muito esgotado em inglês.
Eu Sou Construtor - Parick Mayers: desse eu já falei aqui, né? O valor da perseverança na história de um guri que sofre sabotagens deste mundo cruel que nos cerca.
Grimble - Clement Freud: Grimble é um garoto de dez anos que é criado por bilhetes. Os pais nunca estão em casa e só se comunicam com ele através de mensagens espalhadas pela casa. Ligeiramente surreal, bem terno, um pouquinho triste. Coisa do "neto do homem".
Meu Amigo Pintor - Lygia Bojunga Nunes: Esse é outra doença. A história de um garoto amigo de um pintor que se suicida. Poético, mórbido e levemente gay.
Sangue Fresco - João Carlos Marinho: Vale a série toda, "Berenice Detetive", "O Caneco de Prata", etc, etc. A série sobre uma garotada paulistana que tem de enfrentar vilões do cotidiano. Tem momentos de puro "gore", como quando uma jibóia esmaga um garoto e o transforma em purê de batata.
Fora isso, muito "Hulk", "Homem-aranha" e "Tio Patinhas".
01/03/2005
O DRAGÃO SANTO DE SANTIAGO
Bomba! (hehe) Saiu na Bravo de março uma ótima resenha de página inteira de Luís Augusto Fischer sobre "Feriado de Mim Mesmo". Ele faz uma análise da história e do meu estilo e toca em alguns pontos importantes do "universo nazariano". O melhor é que, por ser um livro de suspense, ele não entrega o final.
"Feriado de Mim Mesmo" ainda não está aqui. O livro ainda está na gráfica e eu nem sei quando fica pronto (acho que a Planeta não quer me falar, para eu não ficar na pressão, heheh). Mas deve estar saindo por esses dias, afinal, a Bravo já está nas ruas e o livro já está sendo divulgado...
Saiu hoje também uma matéria no "O Globo" sobre o novo livro do Nick Hornby. Eu nunca li nada dele, não me interesso muito. Mas a coisa é que no livro ele analisa 31 músicas marcantes para ele. Por isso, o pessoal do Globo pediu a "31 personalidades" que dessem as músicas que marcaram suas vidas. Eu estou lá. Como eles colocaram uma versão bem editada do meu texto, vai aí o que eu mandei pra eles na íntegra:
"So Young – Suede (93): Quando eu era um adolescente nerd, descobrindo o sexo e as drogas, Brett Anderson e seus amigos me mostraram um novo mundo de possibilidades, ambigüidades e androginia. Eu era apaixonado por uma garota da minha escola e ela me deu o primeiro CD do Suede de presente. ‘So Young’ fala tudo o que eu sentia na época: ‘We´re so young and so gone, let´s chase the dragon from our home.’ "
Entre os outros que deram suas preferidas, está a querida Vanessa Krongold, vocalista do Ludov.
Bomba! (hehe) Saiu na Bravo de março uma ótima resenha de página inteira de Luís Augusto Fischer sobre "Feriado de Mim Mesmo". Ele faz uma análise da história e do meu estilo e toca em alguns pontos importantes do "universo nazariano". O melhor é que, por ser um livro de suspense, ele não entrega o final.
"Feriado de Mim Mesmo" ainda não está aqui. O livro ainda está na gráfica e eu nem sei quando fica pronto (acho que a Planeta não quer me falar, para eu não ficar na pressão, heheh). Mas deve estar saindo por esses dias, afinal, a Bravo já está nas ruas e o livro já está sendo divulgado...
Saiu hoje também uma matéria no "O Globo" sobre o novo livro do Nick Hornby. Eu nunca li nada dele, não me interesso muito. Mas a coisa é que no livro ele analisa 31 músicas marcantes para ele. Por isso, o pessoal do Globo pediu a "31 personalidades" que dessem as músicas que marcaram suas vidas. Eu estou lá. Como eles colocaram uma versão bem editada do meu texto, vai aí o que eu mandei pra eles na íntegra:
"So Young – Suede (93): Quando eu era um adolescente nerd, descobrindo o sexo e as drogas, Brett Anderson e seus amigos me mostraram um novo mundo de possibilidades, ambigüidades e androginia. Eu era apaixonado por uma garota da minha escola e ela me deu o primeiro CD do Suede de presente. ‘So Young’ fala tudo o que eu sentia na época: ‘We´re so young and so gone, let´s chase the dragon from our home.’ "
Entre os outros que deram suas preferidas, está a querida Vanessa Krongold, vocalista do Ludov.
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