11/03/2005

THE ART OF PARTIES*

Hoje na Folha saiu uma pequena matéria sobre o Tetine, o album novo, a coisa funk e tudo mais. Eu cheguei em casa e coloquei o anterior deles, "Men In Uniform", enquanto guardava as compras do supermercado.

Daí fiquei pensando na idiotice do funk, na genialidade do elektro e nessa coisa "filhos do milho", da sua mente dilatando e se tornando "uma flor de isopor" (como Antonio Prata descreve a pipoca) saca?

Ei, eu não quis dizer que minha mente dilatada me fez entender a genialidade do funk, nem que a Folha me explicou.

Mas pensava em toda questão Cruzada Conteudista – nas terias de Stephen Hawking e profecias de Oral Roberts, hahaha – essa coisa de procurar sempre sentido, conteúdo e valor. Enquanto o Tetine repetia durante uma música inteira:

"Doing the catwalk is much harder than acting".

Eu sempre detestei música eletrônica, até 2002. Quando eu fui pra Europa, e morei um tempinho em Paris com "comerciantes informais de guloseimas", minha espiga cerebral pipocou definitivamente e eu pude comprender uma grande genialidade escondida até então.

A música eletrônica faz sentido.

Imagine-se às 11h da manhã em Porte D’Aubervilliers, Grande Paris, sacudindo ao som de "White Horse".
Todos os seus critérios se tornam químicos e orgânicos. E você acredita que acabou de ouvir o verso mais genial da poesia:

"If you wanna ride, ride the white horse"

E não deixa de ser. Genial. Porque atinge sinapses, sentidos e objetivos de uma forma que só essas idiotices conseguem. Na época, eu bem que tentei sofisticar a piração com indie rock e coisas do gênero, mas não funcionou. Só a música eletrônica tem a arte de fritar o cérebro.

Fritou legal. Não alterou em nada minha literatura. Não mudou meu cotidiano. Mas se eu tomo cafeína demais... se eu fico muito tempo sem comer... se eu fecho a porta do banheiro olhando para a maçaneta...

Agora eu entendo. E posso chegar à minha casa vindo do supermercado sóbrio-sóbrio e ficar escutando "Doing the catwalk is much harder than acting".

Eu nunca entenderia totalmente a dinâmica de uma festa sem passar por isso... mas também, para que entender a dinâmica de uma festa?

* Ei, detesto títulos em inglês, mas quem conhece David Sylvian...

TIREM AS CRIANÇAS DA SALA

(Publicado na Ilustríssima da Folha deste domingo) Do que devemos proteger nossas crianças? Como não ofender quem acredita no pecado? Que ga...