29/12/2006

ESGOTO A SOL ABERTO
(anúncio "fantasma" para trens do metrô. Criação: Santiago Nazarian e Taina Hageman)

Acabou o ano, os bancos fecharam, e um monte de gente não me pagou. Mas tudo bem, ano que vem serei bem mais rico, porque não perderei tempo lançando livros.

Isso aí, 2007 será ano de descanso da maratona de lançamentos, foco na produção e tempo livre todo gasto em videogame- nada de teatro, literatura, cinema!

Falando em cinema, tive a infelicidade de ver, como último filme do ano, "A Promessa" do Chen Kaige. Ele é diretor do filme mais maravilhoso de todos os tempos, meu favorito - "Adeus Minha Concubina" - e resolveu voltar integrado a essa onda de filmes gráficos com lutas mirabolantes. Fez feio. Passou longe de coisas como "Herói" e o "Clã das Adagas Voadoras". Apostou num CGI de 1,99, que faz com que muitas vezes pareça que estamos assistindo uma animação... e uma animação tosca. E não é só isso, uma história falsa, que parece ter sido costurada às pressas para justificar os (péssimos) efeitos. Tudo isso faz de "A Promessa" a maior decepção do ano.

Voltando às festividades, reveillon será um guarujazinho básico. Só para pular as sete ondas. Com a crise nos aeroportos desisti de Salvador, San Francisco e Madrid. Além do mais, meu quinto romance é litorâneo, e tem uma paisagem assim, meio Santos-Guarujá, então ano que vem terei muitas desculpas para me afogar...

E melhor me afogar desde já, porque esse post está das coisas mais bagaças...

Então feliz ano novo. Aproveitem as férias para ler "Mastigando Humanos", o melhor romance de 2006 com um réptil adolescente como protagonista.

Para finalizar, enfim, finalmente, terminando: A lista dos melhores livros que li em 2006 (não necessariamente lançados este ano e em ordem aleatória).

- "O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar" - Yukio Mishima

- "Pergunte ao Pó" - John Fante

- "Diana Caçadora"- Márcia Denser

- "Frisk" e "Try" - Dennis Cooper

- "Os Cantos de Maldoror" - Lautreamont

- "120 Dias de Sodoma" - Sade

- "A Menina do Outro Lado da Rua" - Laird Koenig

-"A Máquina de Ser" - João Gilberto Noll

- "Mãos de Cavalo" - Daniel Galera

- "The Night Listener" - Armistead Maupin

- "Lendo Tchekov"- Tchekov (com Janet Malcom)

- "A História Sexual da MPB" e "Bastidores" - Rodrigo Faour

- "Regurgitofagia" - Michel Melamed

- "Suede: Love & Poison" - David Barnett

- "Por que Sou Gorda, Mamãe" - Cíntia Moscovich

E sim, ainda tenho uma pilha de originais e livros presenteados que não consegui ler. A próxima da fila é Victoria Saramago com "Renée Esfacelada" (belo título).

Mas antes, praia.

Beijos.

22/12/2006

RUN, RUDOLPH, RUN!

(Não se enganem com o PB, essa era a rena do nariz vermelho)


Hum, bem, feliz Natal.

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?

Querem que eu desenvolva melhor o tema?

Hum, ok, deixa eu ver os melhores presentes que já ganhei do bom velhinho:

- Uma TV (este ano)
- Um iguana
- Um vertiplano (um helicóptero que voava em círculos preso a um cabo)
- Uma "jamanta eletrônica" (isso, uma jamanta que andava sozinha, cheia de carrinhos)
- O Castelo de Grayskull
- Um TCR
- O jogo do Freddy Krueger para NES
- O NES em si
- O forte dos Comandos em Ação
- O VHS da Elvira - "A Raínha das Trevas"

Isso é o que consigo lembrar agora. Estava pensando no quê? "Paz, amor e harmonia" eu nunca ganhei não haha. Nem mesmo "uma irmãzinha". Haha. Se bem que.. tenho uma irmã mais nova, mas não lembro que mês ela nasceu... Não sei quando ela faz aniversário... Bem, mas não foi presente. E eu nunca ganhei um dragão de controle-remoto!

E não tem nenhum livro não. Não consigo me lembrar de nenhum livro importante que eu tenha ganho de Natal. Acho até que todos meus livros mais importantes fui eu mesmo que comprei (sorry, Mom). Ok, ok, então coloco aqui quais são:

- The Complete Works of Oscar Wilde (ok, esse veio da minha mãe, mas não de Natal)
- Romances e Contos Reunidos - João Gilberto Noll (devida e carinhosamente autografado)
- Morangos Mofados - Caio Fernando Abreu (autografado e com coraçõezinhos, mas claro que não pra mim, achei num sebo)
- The Complete Saki
- The Sex Offender - Matthew Stadler (autografado para mim)
- Sarah - JT LeRoy (autografado para mim... sei lá por quem)
- Prosa Poética - Arthur Rimbaud (edição bilíngue... autografado pra mim!)
- A Crônica da Casa Assassinada - Lúcio Cardoso (edição crítica)
- The Aurum Film Encyclopedia: Horror
- Encyclopedia of Reptiles
- Immediate Fammily - Sally Mann
- Will You Be My Friend? - Chihiro Iwasaki
- Rapsódia Húngara - Zsolt Harsányi
- Os Desastres de Sofia - Condessa de Ségur

Acho que tá bom... Não é exatamente a lista dos meus livros favoritos, e sim de "edições favoritas". Eu não coloquei por, exemplo, todos meus Thomas Mann, que podem ser encontrados em bancas de rua. E também não tenho grandes raridades... Isso é com seu Mindlin.

E a cândida imagem lá de cima está no livro da Sally Mann. Foto dela.

Feliz Natal novamente. Sigo aqui trabalhando, ao som do DVD (na minha TV nova) com Rufus cantando "my phone's on viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii-brate".

Semana que vem coloco a lista das celebridades com quem já trepei. Hahaha.

18/12/2006

RUFUS, UMA MENINA LEVADA DA BRECA



Neste final de semana revi um dos filmes da minha infância: "Annie" baseado no musical da Broadway de mesmo nome.

Annie é uma menina peralta, traquinas e travessa, que mora num orfanato e sonha em encontrar seus pais verdadeiros. Até que um milionário de coração de pedra resolve adotá-la por uma semana - só para passar uma imagem pública mais humana - e a pimpolha acaba, por fim, amolecendo-o.

Pela foto aí de cima dá pra ter uma idéia de quão kitsch é o filme. Uma vaga idéia, na verdade, porque o filme se supera a cada segundo - como por exemplo na cena em que Annie canta "Tomorrow" com o presidente Roosevelt. Ou quando o milionário durão diz "eu amo apenas o dinheiro, o poder e o capitalismo", ferindo os sentimentos de sua fiel (e apaixonada) secretária.

Nem preciso dizer que já estou baixando as músicas para tocar no meu programa. Mas o que eu mais queria era ver Rufus Wainwright cantando "Tomorrow". É que eu estava assistindo um documentário sobre ele em DVD e em determinada passagem ele diz que passou a infância frustrado, sonhando interpretar a Annie no teatro. E a mãe dele, para dar corda, dizia que às vezes meninos interpretavam Annie. Imagine só, o Rufus gurizinho, de Annie... Depois não sabem porque ele virou "frutinha". Haha. Toma Rufus aí:


De qualquer forma, Rufus é o rei. Sou fã, fanático, apaixonado. E o som dele tem muito disso, de kitsch, de musical. Para quem não conhece, sugiro:

- Dinner at Eight
- Go or Go Ahead
- Art Teacher
- Imaginary Love
- Beauty Mark
- Greek Song

E já que estamos nas listas, mando agora as melhores peças do ano. Não sou especialista, por isso mesmo coloco aqui. Com certeza perdi muita coisa essencial, mas também vi muita coisa. Então vai as melhores das que eu assisti (exatamente nessa ordem de colocação):

1) Louise Borgeois: Faço, Desfaço, Refaço – Denise Stoklos
2) Inocência – Os Satyros
3) O que Você foi Quando Era Criança – Cia da Mentira
4) Casa - Denise Stoklos
5) A Vida na Praça Roosevelt – Os Satyros
6) 120 Dias de Sodoma – Os Satyros
7) Essa Nossa Juventude - de Laís Bodanzky
8) Br 3 – Teatro da Vertigem
9) Avenida Dropsie – Sutil Companhia de Teatro
10) Peça de Elevador – Cia Elevador de Teatro Panorâmico


Eu mesmo tinha planos de escrever uma peça, até comecei, mas ainda não me sinto capaz. Vou ter de continuar exercitando, quem sabe... Agora estou afogado em roteiros de cinema e meu próximo romance (que já está avançando...), então o teatro vai ter de esperar. Mas ano que vem devem surgir adaptações, aguardem, para os palcos de "Olívio" e "Mastigando Humanos", ao menos dois grupos já me procuraram nesse sentido.

Bem, o "Le Kitsch C’est Chic" amanhã não tem Rufus, não tem Annie, nem convidado algum. É um dos programas de férias, só com minha rápida apresentação e maior quantidade de músicas. Não percam porque tem coisas surreais como Carlos Sabará, Roxy Music, Wanusa, Cauby Peixoto e Jô Soares.

Beijos.

14/12/2006

CORDA NO PESCOÇO


(Legenda: "Meu passado gótico me condena... à pena de morte.")

Sonhei que eu tinha morrido. Me suicidado, na verdade. Ou não? Não. Isso não teria a menor graça. E a graça do sonho era essa: eu tinha morrido enforcado, mas ninguém sabia se era suicídio ou não. Estava em todos os jornais. Estava no Jornal Nacional, uh-lalá! Mas isso não por eu ser um "escritor famoso", apenas por ser um defunto enigmático. Assim:

Meu corpo foi encontrado enforcado num celeiro no interior de São Paulo. A corda amarrada numa viga alta de madeira. Eu pendurado, como os suicidas ficam. Mas uma dúvida no ar. Onde estava a escada?

Se eu mesmo tivesse me matado, teria de usar uma escada para amarrar a corda na viga, e depois saltar para meu corpo ficar pendurado lá de cima. Não havia. Se alguém havia retirado a escada, era um cúmplice – quem era? Ou podia ser assassinato.

Se fora assassinato, podiam ter me enforcado no chão, depois pendurado no alto, mas então haveria mais de uma marca de enforcamento no meu pescoço. Se fora outro tipo de homicídio, também haveria outras marcas. A não ser que alguém tivesse me obrigado a subir numa escada, colocar a corda no pescoço e saltar. Depois esse alguém retirou a escada. Suspeito...

Mas a verdade só eu sabia. E onde eu estava? Dormindo, no meu quarto, claro. Mas onde eu estava no sonho? Não estava. No sonho eu era apenas um espectador da minha própria morte na TV. E eu secretamente tinha a resposta para o dilema.

Eu abri uma escada, subi até a viga, amarrei a corda. Me segurei na viga com as mãos e peguei a escada com os pés. Com as mãos fui andando, segurando a escada com os pés e colocando-a num cantinho do celeiro. Depois a derrubei, para que ela ficasse fechada, no chão, longe de onde ficaria meu cadáver. Então, andando novamente com as mãos, voltei até onde estava amarrada a corda. Usei uma das mãos para colocá-la em volta do pescoço e... me soltei.

Presto!

Isso tudo também acabou sendo revelado na TV, descoberta de um perito criminal. A pergunta deles agora era: "quem eu estava tentando incriminar encobrindo meu próprio suicídio?"

Ninguém. Eu só fiz isso mesmo para aparecer no Jornal Nacional...

Ah, que bela história de Natal! Ei, não é conto não, não é literatura, é verdade! Quero dizer, é sonho. E conto num blog porque não daria mesmo um conto...

Aliás, estava debatendo um pouco sobre isso com a (poeta) Ana Rüsche. Ela aproveitava um comentário do Galera sobre o "O Labirinto do Fauno" para questionar em seu blog o valor do fantástico e da ficção nos tempos atuais. E eu fui obrigado a levantar mais uma vez minha bandeira.

Essa história de dizer que "a vida real é mais estranha do que a ficção" é coisa para quem não tem imaginação. (aliás, eu disse essa frase textualmente no meu debate com o Karim Ainöuz). Você vê, basta colocar um jacarézinho falante num livro para adultos que você já se afastou milhas e milhas das possibilidades que a realidade (e o realismo) oferece.

E Ana Rüsche colocou esse questionamento em seu blog exatamente por concordar comigo. "Tenho grandes certezas que apenas contando de maneira ficcional certas coisas é que as pessoas perceberão a própria realidade como fictícia - é uma ferramenta para desburocratizar olhos já treinados para julgar tudo como normal."- me disse ela por email, de uma forma sintética que eu nunca conseguiria.

É claro que a ficção é construída à partir do real, de valores reais, até de fatos reais. Mas só com a distorção, exagero, alegoria e superação propostos pela ficção é que ainda se pode compreender o mundo atual em sua plenitude. E essa história de que "todas as histórias já foram contadas" é coisa de quem tem menos imaginação ainda. Ou então isso já poderia ser dito na antiguidade grega (tudo já foi contado). Ou então na Bíblia (tudo já foi contado). Ou então com Shakesperare (tudo já foi contado). Então, meus queridos, deixem de preguiça e de reality show e vão procurar suas histórias.

Hoje, inclusive, fui assistir ao "O Labirinto do Fauno". Faz parte dessa nova onda de filmes que criam paralelos entre um mundo fantástico e uma realidade histórica-política, como o (péssimo) "Dama na Água" e o (excelente) "Taxidermia" (do húngaro György Pálfi - exibido na última Mostra de Cinema de SP).

Na minha opinião, "O Labiritino do Fauno" não é nem péssimo nem excelente. É um filme inventivo, com grande criatividade (e violência) gráfica, a serviço de conceitos mais do que desgastados. É filme para circuitão mesmo, tanto quanto "Dama na Água", mas ao menos consegue ser bem mais impactante visualmente. Ruim mesmo é a atriz mirim do filme, dá vontade socar...

Já "Taxidermia" (que por não ser "circuitão" ainda não entrou em cartaz, e talvez nunca entre) trabalha de forma semelhante esse paralelo fantástico com a história recente da Hungria, mas apostando bem mais no nonsense (e na escatologia), sem mensagens óbvias e panfletárias como os filmes de Shymalan e Del Toro.

Ai, hoje tô chato... crítico... chato...


Ok, pra finalizar. Mudando um pouco de assunto - mas não muito - tem um texto meu neste terceiro número da revista Joyce Pascowitch. Só nos conhecemos pessoalmente há alguns meses, mas a Joyce sempre deu força para meu trabalho, então fico mais do que feliz de escrever na revista dela. Até porque, é glamuuuuuuuuuuuuuur...


O texto é uma crônica sobre a atual "revitalização do Centro de SP", com ensaio fotográfico de João Bittar. Dou um trecho:

A cidade toda se inclina para o Centro. Não é difícil vê-lo como o ralo, escoamento, pelo centro estar no final de uma descida. Descendo todas as ruas – consolações, angélicas, augustas – terminamos nele como no fim da linha. Mas como o começo de tudo, o Centro também nos deu essa opção: recomeçar. Girando em sentido horário, abaixo do equador, chegamos a novos tempos. Novos centros filtram São Paulo. E se não nos entregam uma cidade mais pura, ao menos, mais fácil de todo mundo se encontrar.

Eu não. Que tenho andado trancadinho aqui em casa. Assistindo o DVD do Cauby. Esse sim que é surreal. Confiram.

PS - Quem ganhou a promoção "Coelhinho da Páscoa" do meu programa foi Ivana Arruda Leite, uma ouvinte fiel. O coelhinho foi interpretado por Laerte Késsimos.

11/12/2006

COELHINHO, SE EU FOSSE COMO TU...

Bom velhinho o caralho! Mandei email, liguei pra assessoria, tentei de todas as formas convidar o velho Santa pro meu "Le Kitsch C'est Chic"de Natal e nada. Nem resposta tive. Gordo escroto. Azar o dele. Consegui coisa melhor. O convidado do meu programa desta semana é o... COELHINHO DA PÁSCOA. Isso mesmo, ele estava de boa neste final de ano e bateu um papo bem descontraído comigo.

Na seleção musical, temos clássicos natalinos em versões kitsch. Tem dueto da Cindy Lauper com o Frank Sinatra, os Hanson num medley de Natal, Bing Crosby, as Ronettes e o mocinho aí de cima, JORDY, cantando uma música natalina bilingüe (porque ele já era poliglota aos três anos).

Falando em Jordy, olha ele aí embaixo também:

Ele cresceu (mas ainda não muito), voltou a cantar e - previsivelmente - está processando seus pais. Pode deixar que assim que eu conseguir uma música dessa nova fase dele, toco no meu programa. Deve ser coisa kitsch finéeeeeeerrima. (será que o Milton Nascimento já o redescobriu?)

E o programa de amanhã também tem uma promoção. O primeiro que descobrir quem interpreta o Coelhinho da Páscoa ganha um livro meu, de presente de Natal. Basta escrever para o meu santiagonazarian(arroba)gmail.com

Para ouvir, amanhã, terça, 18h e 23h no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

Esse deve ser o último programa do ano com convidados. À partir da semana que vem, começo especiais com muita música e pouco blablablá. Sem convidados, só eu apresentando as faixas. Em meados de janeiro, quando as pessoas voltarem das férias, volta o programa com convidados.

Eu mesmo ainda não sei se terei férias... Oh, a literatura nunca me dá descanso... Mas quem sabe no reveillon? Reveillon em SP é deprê... Tem proposta? Quero viver o verão. pago academia o ano todo pra quê?

06/12/2006

CONTORCENDO SUCESSOS, PRESSIONANDO INTENÇÕES...

("Faz biquinho, Santi, que o trem tá passando...")

Haha. Não é biquinho não, é só a urgência metropolitana que me fez franzir... na foto.

Começaram as listas de "melhores do ano" e estou tendo algumas boas surpresas. A maior delas foi uma matéria na revista Criativa (?) sobre as "Doze Maiores Ousadias do Ano". Eu estou lá (com essa foto), falando de "Mastigando Humanos". Fui esperto quando coloquei a palavra "ousado" na orelha (claro, eu mesmo faço minhas orelhas, acha que vou deixar mané enfiar o dedo no meu tímpano?). Na mesma matéria tem Juliana Paes sem calcinha, Felipe Massa na Fórmula Um e a gurizada do "Tapa na Pantera".

(Até hoje eu não vi ese tapa, porque meu PC não se acerta com o Youtube, mas devo resolver isso este mês. Já vi outro curta do Esmir {o diretor} e gostei bastante. Além dele ser queridíssimo.)

Pois então, o "Tapa na Pantera" também está em destaque na Istoé Gente desta semana. E lá estou eu novamente, em segundo lugar nos melhores livros do ano (o primeiro é o Loyola). Eles também citam gente bacana como o Galera e a Márcia -"Deborah Blando do Mal" - Denser.

Então aproveito e divulgo minha lista de fim de ano:

- Um PC novinho com gravador de DVD e o caraleo.
- Uma TV de plasma.
- Um colchão de casal novo (que com o meu antigo já posso montar um banco de esperma)
- Um Playstation 3 (mas o "2" já serve)
- Um serviço geral de eletricista (no apartamento, tolinho)

Hehe. Ok, lista dos "melhores do ano" eu ainda não me arrisquei a fazer. Até porque, este ano fiquei menos ligado no que estava saindo em literatura e música do que no ano passado. Mas já coloco a lista do cinema (em ordem aleatória):

- Bubble (Soderberg)
- As Chaves de Casa (Amélio)
- Impulsividade (Mills)
- O Sabor da Melancia (Ming-Liang)
- Abismo do Medo (Marshall)
- Taxidermia
- Serpentes à Bordo
- Pop Music (Bagher)
- Something to Remind Me
- Viagem Maldita

Será que esqueci de algo? - Ah, o que você esperava, Almodóvar?

Atualmente tenho sofrido de prazer é com um cd duplo do Roxy Music que comprei. Isso sim é que é glam. Isso sim é que é Kitsch e Chic. Escute o Brian Ferry cantando uma versão de 9 minutos para "A Song for Europe" que você terá um orgasmo comigo. (Ok, vou tentar colocar no meu próximo programa de rádio).

Ontem sonhei que tinha um enxame de lagartos e sapinhos aqui no meu apê. E eu tentava arrumar um lugar para guardá-los e criá-los em segurança...

03/12/2006

FESTA EM FAMÍLIA

(Elisa e Santiago Nazarian, por Luciancencov)


Heya, recentemente saiu o resultado do edital de Incentivo à Criação Literária do Estado de São Paulo (ou algo assim). São várias bolsas concedidas a escritores que apresentaram projetos para desenvolver romances, livros de contos, poesia etc. O prêmio é 20 mil reais, a ser divido entre escritor e editora responsável pelo projeto. O escritor ganha uma graninha e a editora tem as despesas de publicação do livro cobertas.

Entre vários e queridos contemplados está minha mãe, Elisa Nazarian, com um projeto para livro de poesia.

Maravilha, finalmente dona Elisa sairá do armário e publicará seu segundo livro. Ela estreou ano passado, com a novela em prosa poética "Resposta", publicada pela Ateliê Editorial. Claro que ela escreve há muito mais tempo do que eu, só não tinha coragem de publicar, e não tinha formatado seus escritos como livro. Mas com "Resposta" começou muito bem, conquistou leitores entusiasmados e viu que o olhar do público não mata nem seca (mas às vezes chega quase...).

Para quem não leu o livro dela, recomendo. Claro, tanto que até assino o texto de orelha. Mas não procurem semelhanças. Nem comparações. Realmente não tem nada a ver. Com certeza minha mãe foi minha grande influência para escrever e para ler, mas principalmente pelo amor à literatura, pela quantidade imensa de livros que sempre teve em casa, pela importância que ela dava a isso. Em temática e estilo, sempre fomos drasticamente diferentes. Acho até que, nesse campo temático, sempre fui mais próximo do meu pai, que é artista plástico. Ele sim, sempre retratou mulheres derramadas, à beira do suicídio, corpos em decomposição, figuras macabras...

Só mesmo quando comecei a andar com minhas próprias pernas (e ler com os próprios olhos) que consegui encontrar na biblioteca da minha mãe meus livros essenciais... livros que ela mesma nunca me indicaria.
Pois bem, ano que vem, quem quiser novidades nazarianas, terá o novo livro de Elisa Nazarian – um livro de poemas - provavelmente no primeiro semestre, novamente pela Ateliê Editorial. Meu quinto romance (que já está em processo), só em 2008, e provavelmente segundo semestre. Segundo semestre de 2008. Dois anos. (Prazo razoável, vai?).

Nesse edital que minha mãe ganhou, também foram contempladas escritoras queridas como Andréa del Fuego, Índigo e Cristiane Lisbôa. A Cris inclusive foi indicada por mim (tinha disso, os projetos tinham de ser indicados por "personalidades do meio cultural"). Vai lançar, também pela Ateliê Editorial, um romance com toques biográficos... (não AUTO-biográficos, não). Em breve vocês saberão mais, pelo blog dela.

Fiquei sabendo também, pelos bastidores, que essa história do prêmio ser dividido com a editora deu muito bafafá. Muita editora safada querendo faturar em cima, roubar o prêmio todo, pegar uma parte maior do que suas despesas de publicação. Coisa feia.

Eu mesmo nunca participei desses editais. Nunca consigo formar um projetinho, acho que fico com um certo receio de perder minha independência. Besteira. Preciso começar a aprender a entrar no esquema. Meus livros também nunca nascem de projetos. Nascem de pequenas idéias que vão se desenvolvendo ao decorrer do processo, não consigo formar uma idéia consistente do que será um livro, antes de acabá-lo. Além do mais, acha que alguém daria prêmio para um projeto que dissesse: "Meu romance tratará dos dilemas e contestações da adolescência através das memórias de um jacaré de esgoto"? Hahaha.

Bem, bem, estou de volta a terreno urbano. Passei dez dias entre lobisomens e sacis-pererês, fazendo pesquisa para um projeto (veja só) de um longa metragem. Esta semana vai estar corrida colocando em dia minhas traduções, meu novo romance e o programa de web-rádio.

A convidada da próxima terça do Le Kistch C'est Chic é Adrienne Myrtes, que acaba de lançar o livro de contos "A Mulher e o Cavalo", bem a calhar com meus atuais cenários. Não percam.

E estou tentando marcar com a assesoria do bom velhinho uma entrevista no meu programa, ainda este mês. Me disseram que o Coelhinho da Pascoa está bem folgado, mas chega desses animais rurais por um tempo. Até estudei finlandês, quero falar com o velho Santa. Em último caso, pode ser um daqueles veadinhos, uma das renas, tudo menos os duendes. Duende é pra quem ouve reggae.

29/11/2006

ASSOBIANDO E CHUPANDO CANA

Hum, não tenho foto para colocar, você vai ficar magoado>

Na verdade, não tenho nem ponto de interrogação, como pode ver aí em cima, mal tenho acentos e assento aqui numa Lan House, plugando meu laptop. Meu não, que meus computadores são sujinhos mas sempre têm todos os caracteres (sou eu mesmo que os negligencio, de vez em quando...). Mas o laptop que me enviaram é assim, meio enigmático sem interrogações...

Neste momento estou em Capivari, mas passei o dia hoje em Rafard. Que cidade fenomenal. Parece cidade fantasma. Como é perto de outras maiores, todo mundo passa o dia fora, trabalha, estuda, se diverte, mas ainda sobram uns aposentados, um velho cinema desativado (e em ruínas), uma cara de cidadezinha desocupada. Linda. Rafard tem 8 mil habitantes. E tem muita cidadezinha pequena que tem apenas cara de periferia. Essa não, é repleta de árvores, cobras, chupacabras e sacis-pererês, então me dá mais do que inspiração. Melancólica. Bucólica. Insólita. Etérea. (hum, isso tá com cara de letra de banda elektro...)

Visitei a biblioteca da cidade também. Imaginem só, uma micro-biblioteca numa cidade de 8 mil habitantes e tinha praticamente as obras completas de... Não, não eram as minhas, ainda (prometi a eles que vou mandar, e vou mesmo, imagina, que delícia, chegar em livro nesses lugares), é algo PIOR, ou melhor. MELHOR, no mau sentido. Ou no bom. SADE. Eles têm as obras completas do Marquês de Sade lá. Esquisito, não é> Ah, tinha a Márcia Denser também. Deve ter algum degenerado na cidade que faz essas diações...

Eu costumo dizer que o que forma o cenário das cidades são as pessoas. Mas não é bem verdade, talvez seja só para justificar eu não fotografar paisagens (bem, não fotografo mais nada, afinal). O que talvez eu sinta é que se apaixonar por uma cidade tem muito a ver com se apaixonar por alguém. Nem precisa ser alguém concreto, mas uma possibilidade. Além daquela porta, na rua de cima, por trás de qual janela aparecerá aquele que poderei chamar de amor>

Ah... hahah. Não levem a sério, nem interrogação eu tenho. Não me faço mais essa pergunta. Já encontrei o amor, dentro do açucareiro...

... e as formigas comeram tudo.

Bem, mas aqui quem cantam as cigarras, cigarras. E elas me gritam: TRABALHAR!

Beijos.

23/11/2006

RÉPTEIS SOB CONTROLE

(Legenda: "O gordo boiava na superfície, comia yakissoba e admirava a vista quando o jacaré se preparava para saltar sobre ele..".)

Amanhã viajo pro norte de SP e sul de Minas para pesquisa do argumento de um longa que estou escrevendo. Fico uns dez dias. Sempre que começam essas viagens me sinto meio melancólico, mas como dessa vez vai uma equipe comigo, acho que não vou poder aproveitar a melancolia ao máximo ligando meu discman e vendo novos cenários com a trilha de sempre: Bowie no mar. Suede na serra. Suede no mar. Marina em Ipanema. Marina na serra. Suede no mar...

Tenho escrito umas coisas de mar também. Sim. Cinema tem sido mais rural. Literatura mais litorânea. Será que abandonei de vez meu urbanismo? Oh, passe asfalto sobre mim, passe com o rolo compressor, haha. Me cimente em concreto antes que eu afunde no pixe. Cubra a terra molhada, antes que eu possa germinar...

Isso é Lorena ou outro Plágio de Mim Mesmo?

Hum, bom que hoje rio de minhas antigas tragédias...

Depois da entrevista no Jô esta semana, veio mais uma avalanche de emails e scraps. E vários perguntando onde se compra meus livros. Eu digo: LIVRARIA. É uma loja onde costuma se vender livros. As que são realmente do ramo, aceitam encomendas. Mas existem também as virtuais, de internet, que entregam em casa. Nessas, você certamente achará meus livros. Os três mais recentes, provavelmente. São de editoras grandes. O primeiro é mais difícil. Eu tenho, mas não estou mais vendendo. Pelo menos por um tempo...

E as traduções continuam. Ao menos no final do ano, engatou. Uma atrás da outra e várias ao mesmo tempo. Vou poder fazer gluglu neste Natal. Mas queria comprar um pônei. E um Playstation Três. E um blackberry da Hello Kit. E um dragão de controle remoto. ALIÁS, outro dia vi um dragão de controle remoto. O que é isso, gente, um DRAGÃO DE CONTROLE REMOTO!!! Depois eu digo que as crianças (ricas) de hoje em dia são mais felizes. Estou quase fazendo um filho (homem) só pra poder comprar um dragão de controle remoto. Mas vai que ele prefere um pônei, um blacberry da Hello Kit ou uma casa de praia da Barbie...

[Considerando que minha última namorada (fêmea) queria que nosso filho chamasse Dominique...]

Bem, o "Le Kitsch C’est Chic" da semana que vem é com a sensacional banda Jumbo Elektro. Tatá Aeroplano e Gunter Richard Sarfert conversaram comigo e botaram coisas bossíssimas (bossíssimas) para tocar. Terça, 18h no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr (com reprise terça, 23h).

Então tchau, beijinhos, vou fazer as malas. (Vê como eu sou chato por Internet? Por isso é muito melhor me ler em papel do que esperar meus scraps...)

20/11/2006

MASTIGANDO O GORDO


(minha entrevista do ano passado no Jô, em foto de Ray Güde Mertin)


Amanhã, terça, no meu programa de webrádio -"Le Kitsch C’est Chic" - tem entrevista com o Rodrigo Faour, que fez a biografia do Cauby e acaba de lançar "A História Sexual da MPB". Naquele horário, naquela URL (18h e 23 no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr )

Sábado fui assistir a Denise Stoklos fazendo "Mary Stuart". Como eu amo essa mulher (a Denise, não a Mary). Ela faz em teatro muito do que eu quero fazer em literatura. Essa arte do excesso e do minimalismo, de desafiar os limites, de sublinhar o essencial, da estética descompromissada. Quando eu crescer, quero ser que nem ela. Então deixei de presente para ela um "A Morte Sem Nome", edição portuguesa. Eu não poderia pensar em pessoa mais perfeita para entregar isso.

Hoje gravei novamente o Programa do Jô. Vai ao ar hoje mesmo! Então provavelmente você está lendo isso
depois de ver o programa. AGORA COMPRE O LIVRO! MASTIGANDO HUMANOS. Hehehe. Você vai se divertir, tenho certeza, confie em mim, é só 25 pila, fácil de achar, compre o livro. DEPOIS, você pode me mandar um email bem carinhoso. Mas compre o livro antes.

Para quem não viu o programa, foi legal. O outro foi mais divertido, mas esse foi bem mais focado no livro, que é o que importa. Cristiane Lisboa e Marco Túlio foram comigo. Marco Túlio apareceu. O chato é que provavelmente vai passar na alta madrugada, considerando o tempo que Suzana Vieira ocupou em dois blocos...

(Para quem quiser conhecer melhoro trabalho do Marco Túlio, ilustrador: fotolog.net/myfriendgoo )

E esqueci de avisar. Ontem discotequei na festa "Rebel", do Fabiano Liporoni. Para ser bem sincero, não tenho mais nenhum tesão de discotecar. O tipo de música que eu mais escuto hoje, toco no meu programa de rádio. Rock e música eletrônica para mim estão ainda estacionados em 2002, não tenho me atualizado muito. Então não tenho mais aquele pique de mostrar coisas novas, de botar a pista para dançar com últimos hits. E as antigas que eu queria tocar, já toquei.

De qualquer forma, é uma festa legal para a petizada. Tinha um povinho interessante. E eu toquei o de sempre (daqui de casa): Suede, Strokes, Stone Roses, Gary Gliter, Marilyn Manson, Cascaveletes...

Se querem mudanças, mudei. Mudei radicalmente, até. Substancialmente, eu diria. Irreversivelmente. Comprei um celular. O PRIMEIRO. Sim, o PRIMEIRO celular que tive na vida. Resisti bravamente por todos esses anos. Cheguei até a trabalhar dois anos com a Telefônica Celular no Rio Grande do Sul. Fiz conteúdo para a Vivo, mas eu mesmo nunca tive um aparelho. Achava chique – hehe. Achava exótico, não ter. Mas já estava virando palhaçada. Principalmente pela Telefônica sempre boicotar minha linha fixa.

Então aqui estou eu, com meu aparelhinho microscópico, pretinho da Nokia. Claro, tinha de dar dinheiro aos meninos carentes da Finlândia...

Mas não vou te dar o meu número não. Email é mais higiênico.

Esta semana viajo para o interiorrrrrr, para pesquisa de argumento de um longa. O trabalho anda puxado, mas ainda consigo dar umas pitadas diárias no meu "próximo romance". Sem pressa. Está sendo tão gostoso. Acho que vai ficar tão bom. Gosto tanto desse processo de escrever novos livros, que se eu conseguir manter o ritmo lento e constante, para mim é melhor. Você sabe, não quero uma ejaculação prematura.

16/11/2006

O BROTO DO JACARÉ

Antes de mais nada, segunda agora, dia 20, gravo nova entrevista no Programa do Jô. Disseram que provavelmente vai ao ar na segunda mesmo, então já aviso aqui. Se confirmarem outra data, aviso novamente.

Final de ano está uma correria absurda. Não tanto pela vida de escritor, porque essa chega no máximo a passos de jabuti (I wish, hohoho), mas pelo programa de rádio, mil traduções (algumas com prazos surreais), o argumento de um longa metragem e ainda artigos. Parece que chegaram de uma vez os trabalhos que não tive o ano inteiro. Estou sendo obrigado até a acordar antes das 9h da manhã, vejam só. Madrugada para mim. Mas antes das 3 não dá mesmo pra eu dormir...

Melhor assim. Ao menos termino o ano recheado, porque 2006 foi bem pesado: violência, desgraça e esforço.

Esta semana consegui dar umas breves escapadas para ver alguns filmes do Festival Mix Brasil. Sabendo evitar as produções "gay São Francisco", dá para garimpar belos, belos filmes. Fiquei bem surpreso com algumas coisas que vi este ano, em especial um filme Sueco/Finlandês chamado "Pop Music" - sobre a descoberta do rock (apesar do título) numa pequena comunidade religiosa escandinava - e o curta "Bugcrush", que vai provocar arrepios na minha mente por um bom tempo...

O "Le Kitsch C'est Chic" da próxima semana é com o Rodrigo Faour, jornalista especializado em MPB que escreveu a biografia do Cauby e agora está lançando o excelente "A História Sexual da MPB", livro obrigatório, que analisa a evolução da música brasileira (não só MPB, mas rock nacional, funk, etc) através do prisma sexual. Além de todas as curiosidades, o livro tem dezenas de fotos coloridas de capas de disco, muitas divertidíssimas, coisa para colecionador mesmo.

A entrevista com o Rodrigo vai ao ar naquele horário, 18h e 23h terça, no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

E ontem de noite me afundei no jacaré. Meu querido amigo Marcos Augustinas, que organizou com o Pazetto meu coquetel de lançamento aqui em São Paulo, recebeu remessas tardias da carne do bicho. O resultado foi um coquetel íntimo para seus amigos, com jacaré empanado, jacaré desfiado, torradinhas de jacaré. Agora sim posso dizer que me esbaldei. E sinceramente posso dizer que é minha carne favorita. Eu já adoro frango, e o jacaré é um frango mais leve, indo para o peixe. Se eu pudesse, comia isso todo dia.

Mas minha situação financeira também não está para tanto...

Para terminar, amanhã, sexta, vou estar de manhã USP, numa palestra para os alunos de Letras. Não é que esse jacaré chegou mesmo ao meio acadêmico?

13/11/2006

FAROESTE DE PANTALHA NA TERRA DA ESPANTALHA

Cíntia Moscovich e eu nos divertimos às pampas nos pampas de Porto Alegre. Debate divertidíssimo na Feira do Livro. E você diz que esses eventos são chatos? Pois bem, o público era formado basicamente por velhinhas. Estranho. Velhinhas. Será que era o público da Cíntia? Ou o povo dos livros em geral? Cadê meus leitores emos? Hehe. Depois, nos autógrafos, foi um pouco mais diversificado. Gente de todas as tribos, (só faltaram os índios). E o mais gostoso foi em seguida sair com leitores e amigos para beber no cais do porto, vendo a água e os barcos, cenário impossível para São Paulo (bem, verdade que o som estava um saco e só tinha "pinga com mel" para beber, mas valeu...).

Desta vez, Porto Alegre foi bem carinhosa comigo.

Decidi ser contido, não espremer até a última gota e me concentrar no debate, no lançamento e nos amigos. Nem na divulgação eu me esforcei. Estava um clima tão gostoso, um sol com aquele céu azul... que preferi ficar me bronzeando no Gasômetro. No dia do lançamento, por sorte, o tempo esfriou e pude me vestir decentemente...

E Porto Alegre continua tão faroeste...

Fiquei sabendo até que um ex-patrão meu de lá foi seqüestrado por índios! Sério! No "Morro do Osso"! Antigo "cemitério indígena"! Sério! Faroeste! Haha. É verdade. Parece que ele estava andando com uns cachorros no "Morro do Osso", onde fica um antigo cemitério indígena (!). Uns indiozinhos apareceram e quiseram brincar com os cachorros, ele mandou as crianças se afastarem, porque os cachorros eram perigosos. Daí chegaram os pais índios e o mantiveram refém, porque acharam que ele estava ameaçando as crianças. Ele escapou por pouco do caldeirão.

Sempre falei que Porto Alegre era faroeste...

Eu, que estava com minha pistola de caubói bem guardada, fui dançar cancan num saloon com minhas queridas amigas. Sábado de noite me vi sozinho num bar com cinco mulheres lindas, todas acima dos trinta, e solteiras.... Fiquei pensando como tinha isso por lá. Como tem mulher solteira, dando sopa em Porto Alegre. Será que é a fama de cidade gay que procede? Não, pior que nem é esse o problema. A questão é outra, que há muito eu já tinha notado. Há um ABISMO entre os homens e as mulheres do Rio Grande do Sul. Sim, os gaúchos que me perdoem, mas enquanto as gaúchas são bonitas, charmosas, modernas e descoladas, os guris são uns bangolés, machistas, conversadores, manés. Isso inclui até os gays, uns baitas de uns recalcados. Provavelmente os homens um pouco mais abertos (ops!) acabam saindo do RS... Fica aqui a minha dica para HTs paulistanos, cariocas e eticéteras que estejam procurando novos cenários e novas conquistas... Vamos colonizar o RS!

(Haha, enquanto isso, meu amigo Fernando me fala por MSN: "Que feio, comeu tantos pratos típicos e agora vai
cuspir?")

Voltei hoje de noite pra SP lendo o livro da Cíntia no avião: "Por que sou gorda, mamãe?", recém lançado pela Record. Tem um certo humor cruel que dá peso no livro, em todos os sentidos. Ainda estou começando, mas já recomendo.

Terça agora tem Le Kitsch C’est Chic com o Multiplex. Com o vocalista, na verdade, Leandro Cunha. Tocamos coisas bem legais como Scott Walker, Brian Ferry, Klaus Nomi e bandinhas dos anos 60. Terça, 18h e 23h no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

09/11/2006

O ARTISTA ALÉM DO REAL

"Essa é atual realidade do cinema brasileiro: esqueceu-se totalmente o lúdico, o alegórico, o salto além. Não que não existam belas produções que procuram mostrar a realidade brasileira (o próprio Madame Satã). Mas, ao meu ver, já é mais do que hora do cinema brasileiro transcender. Nossos cineastas são a elite econômica e intelectual fascinada por suas empregadas domésticas, por locações no nordeste ou em favelas cariocas."

O que vai ter gente me xingando por esse texto... Mas que ao menos alguns aprendam o recadinho. Está no Portal Literal, meio um resumo do que disse no meu seminário na Puc-Rio. Uma crítica ao realismo no cinema e na literatura brasileira atuais. O link:

http://portalliteral.terra.com.br/

No Portal Literal também tem uma entrevista com o Botika, um jovem autor carioca que lançou seu primeiro romance pela Azougue. Nunca li. Fui apresentado só de passagem, mas basta ler três linhas do texto dele ("Búfalo", lá no Portal) que já se vê que o cara sabe o que está fazendo. Pois é, é tanta gente nova, tantos textos que me mandam e tanta bobagem... Daí a gente vê que para reconhecer um novo escritor basta uma espiadinha. Dá uma espiadinha nesse Botika, lá no Portal.

Também está no ar uma entrevista bem divertida que dei para o Armazém Literário.

A frase "todos os prazeres são orais" sintetiza bem o sentimento que rege o livro. É um livro muito sexual. Mas pelo fato do protagonista ser um jacaré, isso é colocado como uma necessidade de comida. É uma alegoria óbvia, sim, mas muito verdadeira, porque o prazer do sexo tem muito a ver com introjetar o outro, colocá-lo para dentro, incorporá-lo, seja você ativo ou passivo, homem ou mulher.

Dá para ler na íntegra no: http://www.armazemliterario.com.br/

E recebi esta semana (finalmente) a edição portuguesa de A MORTE SEM NOME. Ficou linda. Eles se basearam na ilustração da mulher de costas (que é do meu pai) e colocaram uma foto semelhante, só que mais "cinematográfica". O mais interessante foi as páginas pintadas de vermelho (nas bordas). Bem sangrento... E tem uma apresentação do escritor português José Luís Peixoto. Trecho:

"As páginas deste livro, aos poucos, constróem um muro à nossa volta. Tijolo após tijolo, palavra após palavra, dentro de nós."

E não se esqueçam de que neste sábado estarei em Porto Alegre, na Feira do Livro, em debate com Cinthia Moscovich, 17h, na Sala "O Retrato" do CEE Érico Veríssimo. Em seguida teremos lançamento e autógrafo do livro.

Bem, esta semana está uma loucura, corridíssima. Parece que depois da eleição todo mundo se lembrou que precisa de tradução e textos mil. Então, beijos.

06/11/2006

A VIDA ESPERNEANDO ENTRE MEUS DENTES


Nunca consigo postar convites num tamanho decente aqui. Este é da minha irmãzinha (espiritual) Cristiane Lisbôa, que lança um livro que mistura receitas e prosa, tudo de altíssimo nível. Amanhã, terça, 20h, no Duplex Bistrot (Melo Alves 445, em SP).

Não costumo divulgar lançamentos aqui, para não ficar como o Marcelino, escravo da agenda. O blog dele (eraodito.blogspot.com) cumpre muito bem essa função, de divulgar o que está acontecendo no meio literário. Mas ele faz isso por boa vontade, apenas, e se não consegue avisar sobre algum lançamento, o povo cai matando. Então que caiam nele, hehe, que meu blog é só pra bobagens...

O lançamento da Cris eu divulgo com prazer. Até porque, ela deu uma grande força no meu. Ela promete quitutes finos, nada de carne de jacaré.

Falando em quitutes, eu mesmo tenho me aprimorado bastante na cozinha. Não acreditam? Nah, acho que sou até melhor como cozinheiro do que como barman. Semana passada fiz um marreco recheado para amigos, que foi uma das melhores coisas que comi (o marreco, não os amigos). Mas veja que engraçado, à mesa tínhamos um russo, um judeu, um coreano e um armênio...

Como não ganho dinheiro na cozinha, tenho corrido nos caracteres para tentar fechar o rombo recente na minha conta bancária. Freelas vêm de todos os lados (e, infelizmente, muitos dão o truque e não me pagam!). O mais interessante tem sido o argumento de um filme "fantástico" e a tradução de dois livros juvenis para a Nova Fronteira. Espero que isso me ajude a fechar o ano em positivo, porque 2006 foi dos mais malditos.

Bem, minha agenda pessoal:

O "Le Kitsch C'est Chic" desta semana será com a Lilian (ex do Leno) . Musa da Jovem Guarda, que teve sucessos como "Pobre Menina", "Devolva-me" (regravado pela Calcanhotto) e "Eu sou rebelde porque o mundo quis assim.."

Além de Jovem Guarda, e duplas como Sony & Cher, o programa terá artistas gaúchos que Lilian está regravando, como Júpiter Maçã e Wander Wilder.

Para ouvir: www.mixbrasil.com.br/radiomixbr Terça, 18h e 23h.

Falando em artistas gaúchos, sexta vou pra Porto Alegre. Sábado participo de um debate na Feira do Livro, ao lado da grande Cínthia Moscovich.

Taí:

Debate: sábado, 11 de novembro,17h, com Cinthia Moscovich
Sala: Sala O Retrato Local: Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo
Feira do Livro de Porto Alegre
O lançamento é depois disso, umas 19h.

Divulguem, espalhem. Quero ver todos lá. Depois podemos cair na noite...

Beijos.

01/11/2006

O RIO DE JANEIRO CONTINUA EMO

Bela viagem. Voltei hoje.

Toda vez que chego no Rio me sinto meio melancólico. Talvez seja o rolar das ondas, o tom dos funcionários dos hotéis, que sempre parecem cuspir em hóspedes fuleiros como eu e dizem internamente: "Não queremos gente da sua laia por aqui. Este é um ambiente para turistas medalhões." O Rio turístico é caro demais, os táxis, hotéis, balada, comida em Ipanema. Como alguém pode pagar VINTE reais numa micro-pizza brotinho? E desta vez eu fui mais do que quebrado, com meu cartão bloqueado, montes de gente que não pagou meus freelas, sofrendo com as beldades de Ipanema como Aschenbach em Veneza...

Ao menos tinta ainda não me escorre dos cabelos.

Mas minha sorte mudou logo. Numa voltinha pelo Posto Nove encontrei amigos e amigos de amigos e quando vi já tinha convite para Tim Festival, Beastie Boys, Caetano Veloso e o caraleo. Impressionante a quantidade de gente que encontrei por lá. Leitores, amigos, famosos. Leitores amigos. Amigos famosos. Famosos leitores. E escritores e aloprados. Valeu por isso, porque das bandas mesmo eu não gostei de nenhuma. NENHUMA.

De qualquer forma, fiquei lisonjeado que Caê me homenageou com uma canção: "Eu jacaré, tu onça."

O debate ontem na Puc foi interessante. Eu e o Karim Ainouz (diretor de "Madame Satã") discordamos radicalmente. Ele fazia uma defesa do realismo no cinema, uma busca de retratar as questões sociais, a verdadeira identidade do povo brasileiro, algo por aí. Para mim isso não faz o menor sentido, e parece ser tudo o que TODOS os cineastas estão fazendo. Chega de realidade. Cadê o cinema lúdico, alegórico, fabulesco, fantástico? Cadê a sublimação da realidade? E não falo isso como defesa do cinema de entretenimento, não, pelo contrário. Só acho que está mais do que na hora do cinema brasileiro ir além, bem além da realidade e ampliar seu universo, seus temas e contestações....

Bem, mas um portal me pediu um texto sobre esse tema, sobre a questão do realismo e o que debatemos na PUC (e eles vão pagar pelo texto... espero). Então não vou entrar muito no que eu disse lá, por aqui. Assim que o portal colocar no ar eu aviso e passo o link.

Posso falar do lançamento pós-debate, do coquetel. Não teve carne de jacaré, mas vários outros animaizinhos... Várias comidinhas, bebidas, coquetel de primeira, não esperava. Melhor do que qualquer livraria faria. Quem não foi, perdeu. Eu mesmo achei que seria um pouco sem graça fazer o lançamento na Puc, mas foi incrível.

E claro que tudo isso se deveu aos leitores queridos que foram, levaram o livro, tiraram fotos, depois me embebedaram e me jogaram na sarjeta com os bolsos revirados. Só me lembro de sair de lá da Puc acompanhado de DOZE emos... Haha. Brincadeira, nem todos emos, mas éramos mesmo treze no Halloween. E foi divertido, não foi?

Ai, isso está virando diário de viagem...

Fiz dois programas no Rio. Um de rádio - "Música e Letra", na MPB FM – e um de TV – "Super Tudo", que tem uma apresentadora lindíiiiiiissima, vocês conhecem? Ela é meio emo também... haha.

Termino colocando os destaques que vi na mostra: "Taxidermia", "Não Quero Dormir Sozinho" e "The Night Listener". No Rio também vi a pré-estréia de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias"... Bela fotografia.

Semana que vem tem o capítulo Porto Alegre. Feira do Livro, dia 11. Te vejo lá.

27/10/2006

MAIS QUERO CAVALEIRO QUE ME DECAPITE DO QUE MULA SEM CABEÇA



Cena de "The Legend of Sleepy Hollow", o desenho animado da Disney de 1949 inspirado num conto do Washington Irwin. Todo o desenho é narrado pelo Bing Crosby e ele canta todas as músicas (que são incríveis). Era um dos meus desenhos favoritos quando eu era uma criança gótica, o que me tornou uma criança colonizada que queria implantar o Halloween no Brasil. Na época, ninguém sabia o que era. Me lembro de andar com um amigo pela nossa vizinhança no Jardim América (ui, ui), vestidos com máscaras, tocando campainhas, pedindo doces, e o povo simplesmente batia a porta na nossa cara. Hoje em dia o Halloween está mais do que implantado, pelo menos aqui em São Paulo. Sempre digo que as crianças de hoje são mais felizes... as crianças ricas ao menos. É só dar um pulo numa loja de brinquedos hoje em dia e se vê o por quê.

Sim, esse desenho aí inspirou o (terrível) filme "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" do Tim Burton. Acredite se quiser, o desenho é bem mais fiel ao conto original, e há vários indícios de que a inspiração principal do filme foi mesmo o desenho. Tim Burton praticamente copia alguns planos. E não podemos esquecer de que ele começou sua carreira como animador da Disney. Tudo explicado.

(Sou fã do Tim Burton sim, por isso mesmo posso reconhecer as merdas que ele faz, como "Sleepy Hollow".)

E já que hoje em dia podemos comemorar o Halloween, fiz um programa especial do "Le Kitsch C’est Chic", para o dia 31. Para começar, a presença da "bruxa" Cristiane Lisbôa, lendo feitiços, receitas e poções mágicas. Depois, coloquei coisas ultra especiais, como o próprio Bing Crosby cantando a música do desenho, Jô Soares cantando a música do "Vampiro", o tema do Halloween, do Ed Wood, e muito mais. Imperdível. Vocês sabem, no Mix Brasil, terça 18h com reprise às 23h.

E por ironia pura, vou passar este Haloween no Rio, lançando "Mastigando Humanos" numa Universidade, num seminário sobre "Realismo".

Se ainda não sabem:
Debate na Puc-Rio: Terça, 31 de outubro, 15:45.
Seguido de coquetel e lançamento: 18h.

É aberto ao público, por favor, venham, depois vocês me levam a um baile de Halloween aí pelo Rio, ok?

A Mostra está a toda aqui em SP, mas não estou conseguindo acompanhar. Ao menos vi o novo do Tsai Ming-Liang, "Não Quero Dormir Sozinho". É impressionante como me identifico com esse china. Essa vida vertical degradada, individualismos forçados no coletivo, paredes rachadas. Bem, todo mundo que tem vazamento no apartamento poderia se identificar com ele...

Hoje vi também "The Night Listener", adaptação do romance de Armistead Maupin, publicado aqui no Brasil como "O Ouvinte Noturno"(isso eu acabei de descobrir pesquisando na net, porque pensava em sugerir o romance para a Nova Fronteira, para eu traduzir). A adaptação para o cinema não é das mais caprichosas, as relações entre os personagens se estabelecem muito rapidamente e parecem falsas. De qualquer forma, a história é genial, lembra muito, muito a "Verdadeira História de JT Leroy", ou seja, uma velha escritora que inventa e se passa por um personagem adolescente que foi vítima de abusos. O filme é isso, um escritor/radialista (vivido por Robin Willians, vejam só) que tenta descobrir a verdade sobre esse personagem, se é apenas invenção dessa mulher ou se existe de fato. E fica a dúvida se Laura Albert (a verdadeira autora por trás de JT) se inspirou no romance de Maupin ou não.

Apesar de eu também ser escritor, também ter um programa de rádio e de ter sido pessoalmente enganado pelo "JT LeRoy", não me identifiquei muito com o Robin Willians não... haha

Feliz Halloween pra vocês e boa viagem pra mim.

23/10/2006

SUCESSO É PARA OS FRACOS!



(Karine Alexandrino - a Mulher Tombada - e Eu)

É dela a ótima frase título do meu post. E ela foi minha entrevistada desta semana no ‘Le Kitsch C’est Chic". Eu também fui o entrevistado do programa de TV dela, "Liqüidificador", que vai ao ar no Norte e Nordeste. Para quem chegou hoje, Karine Alexandrino é uma cantora kitsch-chique com dois álbuns lançados. E quem quiser saber mais, escute a entrevista no meu programa. Falamos bobagens, futilidades, música, literatura e colocamos coisinhas legais para tocar. Yoko Ono, Jane Birkin, Roxy Music, Robertinho do Recife e David Bowie (fazendo "Volare"), além do próprio som da Karine.

Serviço: Le Kitsch C’est Chic – Terça 18h, reprise 23h no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

Olha o que a Ivana (Arruda Leite) falou sobre o programa:

Acabei de ouvir o programa do Santiago Nazarian na Rádio Mix e não agüentei esperar até amanhã pra contar ao mundo o quanto o programa é legal. Acho que nem ele sabe que é tão legal. Uma das coisas mais delicadas e deliciosas que já ouvi na internet.

Semana que vem estou no Rio. Domingo agora, para ser mais exato. Vou participar de um seminário na Puc e aproveitar para lançar "Mastigando Humanos". Então peguem aí caderninho para anotar o lançamento:

Dia 31/10 – Terça, no Auditório de RDC da Puc Rio:
Debate 15:45: - Karim Ainouz (cineasta) - Renato Cordeiro Gomes (professor da Puc)
- Santiago Nazarian (jacaré) - Mediados por Maria Fernanda Abreu.
Depois vem o coquetel de encerramento e lançamento do livro: 18:30.


Não é uma grande ironia eu lançar "Mastigando Humanos" no Rio de Janeiro dentro de uma Universidade, no Halloween, num debate sobre "Realismo"?

Participei final de semana passado do "Balada Literária", evento de lançamentos e debates literários espalhados pela zona "Oeste" de São Paulo. Conclusões? As mesmas de sempre. Um bando de frustrados. Sim, UM BANDO DE FRUSTRADOS, e eu bem que gostaria de dizer que não sou. Digo, participei de uma mesa de respeito, com Sérgio Sant’Anna e Nelson de Oliveira, mediados por Xico Sá, e o que mais se ouviu foi como escritor é fodido, como a literatura não tem espaço, como tudo é difícil... Fiquei aqui pensando que há poucas classes tão frustradas como a de escritores. UM BANDO DE FRUSTRADOS! Literatos

Fazer o quê, se Godzilla insiste em tombar nossos prédios?

Ainda assim, tem gente querendo mexer no nosso queijo, não é? Nossas míseras resenhas e cadernos literários provocam. Como disse sabiamente Sergio Sant’Anna, há muita gente ainda mais frustrada por aí, escritores de feriado prolongado, jornalistas que nunca conseguiram publicar seu primeiro livrinho, ou publicaram mas não conseguiram ascender à condição de resenhistas anônimos. Para esses, os escritores em destaque (isso é um paradoxo?) incomodam.

É isso, isso, mais do que o amor à literatura, é a inveja alheia que não nos faz desistir...

Mas as resenhas lindinhas continuam saindo. Recebi uma do Rascunho, escrita pelo Suênio Campos de Lucena (que vem acompanhando, mastigando e digerindo todos os meus livros). Trecho:

Nazarian vem melhorando mais e mais, depurando sua linguagem e temas. E o que poderia parecer menos ousado ocorre justamente o contrário – em Mastigando humanos, sobretudo, pelo aparente absurdo e inverossimilhança de sua empreitada ao criar este jacaré. (...) Cremos que esse livro flagra o "amadurecimento" do autor, quando ele alcança seu melhor momento.

Também estou no primeiro número da Revista Joyce Pascowich e na Rolling Stones. Mas só deixo de ser frustrado quando for capa da Caras.

20/10/2006

OU NÃO SER?


Know how to make a knot?
"I know a few"
I only need one. Hangman’s.
"I know the sailor’s hitch. Do you want to see it?"
No, my child. I want to see you make the hangman’s, very pretty, well done, tight. Otherwise, I will ask your brother.
Seraphim picked up the rope and silently started to make a serious knot. It took longer than I thought it should. Nine years old, small hands, fooling me. He could not satisfy me. I took the rope from his hands and thanked him, throwing away my cigarette butt.


(de "Nameless Death", uma "sample traduction" de "A Morte Sem Nome", meu romance traduzido para o inglês por Lidia Luther. Agora só falta vender e publicar...)

Lorena avança e se afoga além mar. Esta semana recebi meu primeiro email de um leitor português. Parece que o livro acaba de sair por lá. Eu ainda não vi. Recebi contrato e grana da editora portuguesa há ANOS (dois, para ser mais preciso), mas o bichinho mesmo só saiu agora. Ainda me orgulha tanto... E na realidade é o primeiro romance que escrevi, há quase seis anos...

Falando em "não-ser", recebi esta semana (e já li) o novo livro de contos do Noll - "A Máquina de Ser". Tudo perfeito. O título, o texto, a capa... Olha a capa aí.



Putz, eu podia ficar um post inteiro só falando dessa capa (de Victor Burton). Diz tanto... E é ainda melhor ao vivo (bem, na verdade, na tela, é um pouco confusa). Minha única ressalva é esse logo deslocado da editora, devia estar nessa lombada da capa. De qualquer forma, essa capa... é de se falar: "seus putos, vocês trabalham com literatura há anos por que nunca pensaram nisso?" Tem tanto escritor aí que trabalha com isso, e que faz uma porcarias de capa... (eu bem que me esforço, embora não tenha talento gráfico nenhum, mas, acredito, bom gosto. Por isso cuspo em "Olívio").

Antes que me acusem de superficial, vamos para o miolo. Gosto tanto do Noll. gosto tanto dos contos do Noll. "O Cego e a Dançarina" é (ainda) meu livro brasileiro de contos favorito, de todos os tempos! Num patamar tão alto que seria pedir demais que "A Máquina de Ser" o superasse. Mas não que esteja numa prateleira abaixo, justamente o contrário. Talvez um pouco distante de imaturidades deliciosas que eu tanto prezo na escrita, nos autores e nos homens (hahaha).

"A Máquina de Ser" é uma seqüência de romances inférteis. Pois as narrativas vêm carregadas da densidade, do universo e das promessas que, já nas primeiras linhas, são frustradas. É sempre o começo do fim, o "não-ser", ou o ser apenas automatizado, arrastando-se nos créditos finais. E se em seus romances mais recentes Noll parece carregar um personagem que segue apenas esperando parar, nesses presentes textos ele pontua antes, transformando-os em contos. Uma seqüência de novos romances, novas possibilidades, que ele sabe que nunca trariam a salvação...

Nada, eu sabia que nada mais podia acontecer. Não tinha mais fôlego para fazer parte daqueles céleres animais.

(do conto "Alma Naval")

Ah, é triste mesmo, mas num tom bem melhor do que eu consigo explicar, hohoho. Uma coisa que dói nos ossos. Uma verdade assim, de não ser, sabe? Assim:

"Vivi tanto aquele dia que de mim escorreu sangue ao deitar."

(do conto dele, nesse livro, "Nado Livre")

Tem como eu não gostar?

Bem, hoje é tarde, amanhã o dia é cheio e meu iguana não me ama.

16/10/2006

PICOLÉ DE SANGUE FRIO


(Araki, meu filhote, by Luciancencov)

Ah, inércia, inércia, quanto mais nos movimentamos mais temos energia para prosseguir. Meus dias tem sido bem produtivos criativamente, vários projetinhos paralelos e um romance novo, que acabei de começar.

Não vou falar nada dele, não, porque se começar a soltar teasers agora vocês vão ter de agüentar isso por dois anos, haha. Então é melhor eu me conter. Até porque não quero lançar livro ano que vem, quero descansar dessa tensão e responsabilidade, que no final se somam principalmente em expectativas frustradas...

Então vamos ao teatro. Neste final de semana fui ver uma ótima montagem de "Toda Nudez Será Castigada", com a Armazém Companhia de Teatro, no Centro Cultural Vergueiro. Assisti também à pré-estréia da nova peça dos Satyros – "Inocência", que estréia nesta quinta. Estupenda. Eles inclusive foram meus convidados no programa Le Kitsch C’est Chic desta semana, Ivam Cabral e Laerte Késsimos. Além da entrevista, eles cantaram, pintaram e bordaram, levando coisas bem divertidas para tocar. Eu toquei, entre outras coisas, Rufus Wainwright (fazendo "My Funny Valentine"), Ney Matogrosso, Rocio Jurado, Doris Day e Sinéad O’Connor (fazendo "Chiquitita", do Abba). Eles levaram pérolas kitsch que não vou revelar aqui...

Vocês podem ouvir o programa amanhã, terça: 18h com reprise às 23h, no www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

Eu também escrevi um texto para o programa dessa peça nova deles. Reproduzo abaixo:

A vida continua na praça Roosevelt. Mesmo depois de morta – talvez suicídio, talvez assassinato – ela permanece vibrante nos sonhos e corpos (e que corpos – ulalá – haha!) da trupe dos Satyros. Não, não é como zumbis que se arrastam, pois não há nada de arrastado. Não é como fantasmas sem carne, ainda que assombre. É uma alma viajante, persistente, que não se apaga tão facilmente no final de um ato, numa saída de cena.

"Inocência" dá prosseguimento à parceria da dramaturga alemã Dea Loher com o grupo brasileiro. Se em "A Vida na Praça Roosevelt" ela fabulava as histórias que conheceu com o grupo, em "Inocência" parece ser o grupo que fabula as histórias de Loher. A mãe do assassino, os suicidas voadores, a stripper cega, o necrófilo autista, o imigrante ilegal, são arquétipos de que praça? Passageiros de qual meio? Vindos de qual mundo? É isso, uma fusão de mundos, gerando esse universo, expandindo os horizontes do Satyros, chegando até o oceano... E afundando.

Pois como todo universo complexo, há a densidade, o exagero, num tom que combina o kitsch e o macabro. Kitsch para rir das desgraças. Desgraça para levar o drama a sério. Ou talvez apenas uma poltrona estampada para tornar a viagem mais confortável. Feijoada servida durante o vôo. Eu gosto. Me acomodo. E ainda assim me perturbo, saio com os piores jetlags, algo inevitável ao viajar nessa companhia. (Oh, mas quem mandou eu me empanturrar? Aqui não se serve comida de avião.)

Sim, somos conduzidos, dirigidos, mesmo quando não flagrantemente interativos. Indo além do texto, além dos atores, além do som e da psicodelia visual, é a platéia que faz do Satyros os Satyros, mais do que em qualquer outro teatro. Nós somos dirigidos por eles. E assim eles nos deixam onde querem.

No final do percurso, fica essa constatação de um novo cenário (afinal, apenas a companhia aérea é a mesma). Para um grupo que sempre se aprofundou em questões da alma humana, "Inocência" revela: há um oceano na Praça Roosevelt. É lindo e é bravo.

(o elenco completo da peça)



Para saber mais: http://www.satyros.com.br

Mas não esqueci do meu jacaré não. A divulgação de "Mastigando Humanos" continua. Quarta, 22h, faço uma participação relâmpago no programa Saia Justa, na GNT. Acho que ficou bem divertido. Passa também em várias reprises, mas delas não sei o horário...

E neste final de semana participo da Balada Literária, sexta, 17h, na Livraria da Vila. Boa oportunidade de você aparecer, levar o livrinho para eu assinar ou mesmo comprar lá. Veja a programa completa do evento:

www.baladaliteraria.blogspot.com

Depois eu falo do lançamento no Rio (dia 31 de outubro) e em Porto Alegre (dia 11 de novembro).

10/10/2006

TOMEI UM CALMANTE, UM EXCITANTE, UM BOCADO DE GIM...



Eu, vestido de Cauby, por Luciancencov.

(ATENÇÃO, mudou horário) Hoje estréia meu programa semanal na web-rádio do Mix Brasil. LE KITSCH C’EST CHIC.

É um programa chique, cultural, com um convidado diferente toda semana, falando de literatura, música, teatro, etc. Entre a conversa, colocamos musiquinhas kitsch, boleros, samba-canção, tango, mambo e chachachás por aí...

No programa de estréia, o convidado foi o grande escritor MARCELINO FREIRE, Prêmio Jabuti deste ano com seu livro "Contos Negreiros. Marcelino colocou cantores como Bola de Nieve, Lula Penna e eu ainda acrescentei Grace Chang, Angela Rô Rô, Nina Simone, Bete Davis em "O que Terá Acontecido a Baby Jane"...

Vocês podem ouvir hoje, terça, no Mix, em dois horários.

Toda terça das 18h às 19h, reprise das 23h às 24h.
Para ouvir: www.mixbrasil.com.br/radiomixbr

O que você pode esperar ouvir por lá:

Cauby Peixoto, Maysa, Eduardo Dussek, Rocio Jurado, Sinéad O'Connor, Nelson Ned, Les Rita Mitsouko, Carmen Miranda, Ney Matogrosso, Antony and the Johnsons, Rufus Wainwright, Edith Veiga, Jane & Herondy, Klaus Nomi, Nelson Gonçalves, Julio Iglesias, Brian Ferry, Luis Miguel, Karine Alexandrino, Nubia Lafayete, Grace Jones, Billy Mckenzie, Real Madrid, Cindy Lauper, Edith Piaf, Nora Ney, Amanda Lear, Jacques Brel e coisas bem mais absurdas...

08/10/2006

CACHORRO-QUENTE PARA OS OLHOS É LINGUIÇA



Foto: Santiago Nazarian por Luciancencov...

Hahaha, se acha, se acha, zoeira... Esse aí é o Lee Williams, "a cara do britpop". Lembrei dele outro dia, vendo um clip do Pulp - "Babies" - ele é o kid called David do clipe. Daí fiz a relação e lembrei de que ele também está num clip do Suede - "Trash" - e na capa do cd "Coming Up". Além de modelo, fez alguns filmes, sendo o mais notório o PÉSSIMO "Wolves of Kromer", na qual ele faz uma espécie de lobisomen gay... Bonitinho, mas ordinário.

E daí? Coloquei aqui só para encher linguiça, enchendo os olhos.

Bem, tem alguns eventos surgindo aí. O primeiro deles é o "Balada Literária", organizado pelo Marcelino, no qual eu participarei dia 20 de outubro, 17h, na Livraria da Vila, num debate com André e Sérgio Sant'anna, Reinaldo Moraes e Nelson de Oliveira. Será que cabe todo mundo na mesma mesa? Eu sou magrinho...

Para saber a programação completa do evento: baladaliteraria.blogspot.com

Eu também estarei no Rio, no final do mês, entre o dia 29 e o dia 1. Vou a convite de uma universidade, participar de um seminário, mas devo aproveitar a estadia para lançar "Mastigando Humanos" por lá. Ainda não sabemos onde e como. Então, se você tem alguma proposta ou convite (de lançamento, querido), fale agora ou cale-se para sempre.

Assim que tivermos isso definido, aviso aqui e na comunidade.

E o lançamento em Porto Alegre será dia 11 de novembro, sábado, na Feira do Livro. Participarei às 17h de um debate com a grande Cíntia Moscovich, em seguida será o lançamento (lá pelas 19h).

Outras cidades? Nada marcado. Mas ainda estou caçando eventos, na esperança de chegar até ti...

De resto, fazendo umas traduções para a Bienal, um projetinho bem legal de algo que ainda não posso dizer, e caçando freelas como sempre. Não, não vivo de resenhas publicadas sobre meus livros.

02/10/2006

AS MINA, PÁ!

Antes que eu me esqueça, ninguém vai me arrumar ingressos para ver a estréia do Diogo Vilela fazendo Cauby! Cauby!??? Puxa, se tem alguém em São Paulo que merece ir sou eu!

Sábado fui no lançamento da Coleção Literatura Inclusa do Ateliê Casa Madalena, com textos de Cristiane Lisbôa, nas roupas e livretos.

Cristiane Lisbôa é a grande criadora da Fina Flor, uma micro editora fina, que faz livros com tiragens limitadíssimas, interferências a mão e mimos mil. Não, não se tratam apenas de livros de mesa de centro, são livros poemas lindíssimos, que ainda por cima têm a inteligência de virem com um plus.

Cristiane é assim, uma dessas pessoas que entendem e vivem a literatura, por isso conseguem expandi-la para além das páginas. Eu inclusive contei com sua valorosa colaboração na divulgação de "Mastigando Humanos". Foi dela a idéia (e a execução) dos braceletes numerados imitando couro de jacaré, e ela também que arrumou parte do meu figurino de réptil. Há quem torça o nariz e ache que os escritores devem se ater apenas ao papel. Então esses que mofem por aí, enquanto a gente desfila com nossa literatura pelas passarelas... haha.

Meu único pesar é ela ser tão boa escritora, porque gostaria de poder continuar contando com ela como editora:

"Por dentro ela gritava. Mas com ele falava baixo e calmo. No exato tom que inconscientemente todas as pessoas usam quando estão a segundos de começar o maior escândalo de suas vidas."

(do livro dela, "Deles e Quase o Resto". Sim, sim, ela é minha amiga. Tá pensando o quê? Escolho bem minhas amizade...)

E falando em meninas más, assisti duas vezes ao filme "Hard Candy" (que foi horrivelmente traduzido como "Menina Má.Com"). O tema, a estrutura e os atores já bastariam para me interessar. Mas o filme superou minhas expectativas, embora eu acho que deslize diversas vezes para o didatismo e a lição de moral.

É um thriller de dois personagens num ambiente fechado. Um fotógrafo de 32 anos que conhece uma menina de 14 num chat e a leva para casa. Ele é um pedófilo, ela é uma psicótica. O que temos então é uma mistura de "A Morte e a Donzela" com "Audition". A semelhança com "A Morte e a Donzela" inclusive é espetada de maneira ousada em determinada passagem do filme, quando a menina relembra o caso de pedofilia em que Polanski se envolveu. Há cenas agoniantes, a tensão se mantém durante o filme inteiro, mas as vezes parece um pouco mais longo do que o necessário. Além disso, frases como "eu sou todas as meninas que você já olhou" não precisavam ter entrado. De qualquer forma, o roteiro é extremamente bem escrito e os diálogos são incríveis, principalmente no começo, em que há aquele clima falso de pessoas que estão se conhecendo e querem impressionar uma à outra com sorrisos e frases de efeito. A menina, Ellen Paige (que fez a "Lince Negra" no último X-men) dá um show. Isso sim é interpretação para Oscar (passará longe, claro). Me lembrou um pouco Lou Taylor Pucci, de "The Thumbsucker", nessa coisa de adolescentes encenando adolescentes com um misto de prepotência e impotência. Aliás, o filme puxa mais para o cinema independente americano – "The Thumbsucker", "Bubble" - do que para o cinema de horror (ou de suspense). O diretor David Slade, já foi diretor de videoclipes (e fotógrafo? Provavelmente...), o filme tem sim alguns momentos clipados e uma preocupação excessiva com a fotografia que poderiam comprometer, mas as atuações são tão boas e os diálogos tão inteligentes, que no final tudo fica na medida certa.

Enfim, um excelente thriller, com o deslize de se preocupar muito em deixar uma "mensagem moral".

E já que estamos falando das minas, sexta passada gravei uma pequena participação... no programa "Saia Justa". Não me perguntem. Assim que eu souber quando vai ao ar coloco aqui.

Hoje tive chat-entrevista no IG e no Uol. Você esteve lá?

E, vejam que bonitinho, o Portal Literal fez uma enquete (e promoção) com seus leitores perguntando "qual é o jovem escritor de maior destaque dos últimos anos?" Ganhou o Marcelino Freire, claro, que não apenas tem livros incríveis, mas movimenta a cena e ajuda a divulgar vários novos escritores. Só que ele não é tão jovem não, tem até uns pés de galinha, velhaco, não achei justo. Já roubou a posteridade do Mirisola agora quer roubar minha juventude?!! Hehe, bem, eu fiquei em segundo. E o mais legal foi ler algumas das mensagens fofinhas de leitores que votaram em mim. Agora cadê minha medalha? Será que não tem prêmio em dinheiro? Tô precisando fazer um botox... Haha.



pic by Mix Brasil.

28/09/2006

AGORA A GENTE VAI CONHECER A MARIEL, QUE TEM 32 ANOS E DIZ: "NÃO TENHO MAIS TEMPO PRA LER PORQUE O VALDECY NÃO ME DÁ SOSSEGO."



Haha. Regininha sabe das coisas. Regina Volpato para presidente!

Falando em "para presidente", saiu esta semana na Folha minha escolha presidencial. Como de esperado, o texto foi editado, então colocado aqui na íntegra:

Tenho candidatos para todos os outros cargos. Para Presidente, tenho opção? Voto nulo, claro. Eu poderia votar na Heloísa Helena, nesse jogo de escolher o "menos pior", mas seria quase igual votar no Enéas por brincadeira. Ou aqueles questionamentos infantis: "você prefere morrer queimado ou comido por formigas?" Ah, não, não vamos juntar "A Escolha..." com "Os Desastres de Sofia".

Hehe. Eu votaria no Gabeira pra Presidente. Ele deveria ter se candidatado. Não ganharia, claro, mas ficaria em terceiro, subiria degraus para uma próxima eleição. Só que o PV tá falido, né? E acho que foi mais jogo ele se candidatar novamente a deputado, assim ao menos o partido dele tem chances de sobreviver...

Bem, para deputados e senadores temos váaaaaaarias opções, mas presidente....

Falando nisso, viram que o Mercadante citou meu livro?!! No último debate, na Globo, ele citou a frase de abertura de "Mastigando Humanos".

Eu fiz um longo caminho para chegar até aqui...

Será que eu o processo ou agradeço? Ele não deu os créditos. Não citou meu nome. De repente ele leu o livro e ficou no inconsciente, né? Vou deixar passar dessa vez...

A Revista Quem desta semana também me pediu um texto, que também foi editado bastante. Era uma "cesta básica de cultura", ou algo assim. Saiu com uma foto legal minha, antigona, que eu ainda não tinha visto. Vai aí também o texto integral que mandei pra eles:

Filme - "Morte em Veneza" de Luchino Visconti

1- Por que esse filme é marcante para você?
Assisti este filme pela primeira vez na TV, de madrugada, quando eu mesmo estava às voltas com a puberdade. Fiquei um pouco intrigado com a ambiguidade do filme, não conseguia entender exatamente se tratava de uma questão gay ou não e, claro, detestei o filme, achei chato, parado. Anos depois fui ler o romance de Thomas Mann e decidi rever o filme. Maravilhoso. Uma das melhores adaptações literárias para o cinema. Visconti foi totalmente fiel ao espírito de Mann e arrumou um Tadzio perfeito. Uma obra que trata da beleza e dos ideais da arte de forma cortante.

2- Tem alguma cena especial que deva ser citada?
A cena em que Aschenbach caminha para a praia e Tadzio passa girando entre os pilares. Uma fotografia belíssima que me impressionou quando finalmente fui ver no cinema.

3- Lembra da primeira vez que assistiu (as circunstâncias) ou se assistiu varias vezes?
Como eu disse assisti pela primeira vez na TV, quando eu mesmo tinha idade próxima do Tadzio. E continuo assistindo, me aproximando de Aschenbach, haha. A última vez foi no cinema, perto do reveillon, há uns dois anos. Eu já estava melancólico pela época do ano... quase me matei.

Disco - "Suede", da banda inglesa Suede.

1- Por que esse disco é marcante para você?
Hum, novamente vamos falar de ambiguidade. Ganhei este disco de uma namorada, quando eu tinha dezessete anos. Eu estava descobrindo o sexo, as drogas, toda a piração adolescente. E o disco falava exatamente disso. Lembro que eu me identificava tanto, tinha coisas tão pessoais lá, e coisas que eu não queria que todo mundo soubesse, que eu ficava constrangido de ouvir o disco alto.

2- Tem alguma faixa predileta?
A primeira, "So Young". Exatamente por esse lance de identificação. "We're so young and so gone, let's chase the dragon from our home". Fora as guitarras fodéeeeerrimas do Bernard Butler.

3- O álbum marcou em qual momento de sua vida (ou da vida do país)?
Ops, sempre respondo essa pergunta primeiro, né? Hehe. Marcou minha adolescência, em 94, 95. E em 2002 tive o prazer de conhecer a banda pessoalmente em Londres.

Livro - "The Picture of Dorian Gray", do Oscar Wilde

1- Por que esse livro é marcante para você?
Coloquei o nome em inglês porque li em inglês, também quando eu era adolescente. Foi uma descoberta de glamur na literatura. Quando li Wilde pela primeira vez pensei: "É isso o que eu quero fazer".

2- Leu mais de uma vez?
Sim. Li várias vezes. E há alguns anos comecei a traduzir, só por prazer mesmo. Mas é difícil e eu era um péssimo tradutor. Agora estou melhorando...

3- Qual é o grande achado do livro?
Assim como "Morte em Veneza", o livro também trata das questões da beleza e dos ideais da arte, só que de uma forma menos cerebral, mais dândi.

Filme/disco ou livro recente: "Abismo do Medo", filme de Neil Marshall.

Haha. Estou falando sério! Adoro filmes de terror, mas é difícil encontrar filmes realmente impactantes desse gênero ultimamente. "Abismo do Medo" consegue. Começa explorando toda a claustrofobia de uma caverna, o medo do escuro, da vertigem. Depois entra a parte sobrenatural mesmo, os monstros, o sangue, a violência explícita e chocante. Além disso, o filme tem um forte subtexto lésbico: Uma mulher perde marido e filha num acidente, então tenta superar o trauma se juntando a amigas "aventureiras" para explorar uma caverna "nunca penetrada pelo homem".

É isso. E antes que eu me esqueça, vou estar numa porrada de sites esses dias. Sexta-feira, vocês podem ouvir uma entrevista minha no programa Grind, na rádio do site Mix Brasil. Passa sexta às 16h, Segunda às 21h, Terça à 0h. Além do bate-papo, levo coisinhas divertidas para tocar: Suede, Eduardo Dussek, Multiplex...


Além disso:

Segunda-feira, 16h, estarei num chat no IG.

Segunda também, 19h, num chat no Uol.

Acho que esses chats colocam a entrevista por texto, áudio e vídeo. Apareçam, mandem perguntas, me xinguem, só não deixem a sala ficar vazia.

Por último, a revista Paradoxo publicou um ótimo perfil e resenha do meu livro novo, assinada pelo Fernando Oliveira. E mais interessante é a foto que eles usaram e mexeram. Acho que quiseram me deixar com cara de jacaré. Haha. Estou estranhíssimo. Photoshop sinistro.

"O que pareceria a primeira vista uma historinha infantil, se transforma num dos melhores romances do ano."- Fernando Oliveira, Revista Paradoxo.

Vai lá:

http://www.revistaparadoxo.com/materia.php?ido=3795

Tá bom, né? Depois falo sobre "Menina Má.Com" (péssimo título nacional para ‘Hard Candy"). Mas aviso: assistam.

25/09/2006

SANGRANDO EM MEU PEITO ESSE PÂNTANO



Marco Túlio batendo na mesa: "Quero minha parte dos direitos, porra!!!"

Hehe. Fotinho do lançamento, eu Marco Túlio e um mundo de gente.

Agora estou caçando outros lançamentos. Confirmado mesmo só a Feira do Livro de Porto Alegre. Você não me quer aí na sua cidade? Pois é, nem Rio de Janeiro foi ainda confirmado. A questão é que precisamos de eventos, Feiras, Bienais, Seminários. Fazer lançamento "a seco" em livraria só dá mesmo aqui em São Paulo. Aqui, amigos e parentes já garantem uma boa venda. Em outras cidades, que dependo exclusivamente dos leitores, é arriscado. Melhor então fazer dentro de um evento maior.

Pelo menos o romance está bem divulgado nos jornais aí pelo Brasil. Já li resenhas bem legais no Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Minas, Rio, Pará...

Para quem ainda não viu o livro, não leu, não sabe do que se trata, etc. Coloco aqui parte do que eu li no lançamento, uma apresentação dos personagens. Você sabe, o livro é narrado por um jacaré, se passa no esgoto, e todos os personagens têm nome de estações do metrô. Vai aí:

A vida nos esgotos das grandes cidades é muito rica. Pode-se conhecer a fundo poesia marginal, cultura underground, alta literatura e ciências biológicas. Não é a toa que nosso jacaré se tornou uma figura prodigiosa. Conheça então seus colegas do submundo.

Vergueiro: Antes que pudessem costurar sua boca, o sapo Vergueiro fugiu dos terreiros de macumba e se escondeu nos esgotos da grande cidade. Para comemorar sua independência, acendeu um cigarro, fumou em triunfo e zombaria. "Ei, você não está explodindo!" – se espantam os garotos de rua que passam hoje por lá. Não, com Vergueiro não tem esse papo furado.

Brás: Com esse pelo todo, com a umidade da fossa, é impossível um animal de sangue quente, como o cachorro Brás, não sentimentalizar. Isso se torna carência, a necessidade de estar aquecido, protegido, o pêlo afagado. Ele se apega a quem lhe dá segurança e os outros que sejam devorados! Não é a toa que o cachorro é tão leal, mesmo a um amigo jacaré...

Santana: Um grande tonel de óleo, uma lata velha despejada, mas com um certo charme, uma certa dignidade. Com seu ferro dentado, suas formas arredondadas, Santana tem o que é necessário para um réptil se apaixonar.

Tiradentes: Um homem, um esqueleto, uma lenda urbana. Descendo aos esgotos para catar latinhas, comprar bebidas e encher o refil, o velho Tiradentes acaba se parecendo mais com uma caveira. Mas não vamos nos deprimir. Afinal, as caveiras não estão sempre sorrindo?

Patriarca: Roedores! Seus dentes crescem infinitamente e eles precisam roer nossas carcaças para manter a ordem. Não importa se são ratos ou esquilos, afinal, um esquilo não é nada mais do que um rato com raízes rurais. O problema é quando se tornam autoritários, como o esquilo Patriarca, tentando comandar tudo no esgoto, organizar o inorganizável...

Ana Rosa: Com seus sapatinhos de crocodilo, todo final da tarde Ana Rosa alimenta o jacaré, jogando restos de yakissoba nas bocas-de-lobo. Não é o cardápio mais recomendado para um réptil, não é um alimento muito saudável. Mas quem sabe qual carne poderá ela oferecer, misturada a essa massa oriental?

Artur Alvin: Um rapaz se masturba no apartamento de cima, uma mulher ovula no apartamento de baixo. O resultado é uma criança, que desce pelos canos e desagua nos esgotos. Artur Alvin. Podemos dizer que a mistura não deu o pior dos resultados. Afinal, um menino com cabelos cor-de-mel e olhos amendoados tem tudo o que é preciso para abrir o apetite de um jacaré...


É isso. Nesse final de semana não fiz muita coisa. Fiquei como um bom réptil, deitado numa jacuzzi ao ar livre, no meio do campo, na casa da minha mãe, tomando caipirinha de manga, ouvindo Cauby Peixoto... Ah, sim, muito bem acompanhado.

A cuba libre da coragem em minhas mãos
A dama de lilás me machucando o coração...

21/09/2006

JACARÉ FELIZ E IGUANA INFLÁVEL


De tarde, caiu o mundo. Eu, que não rezo, tive de apelar para o sobrenatural. Não podia pedir para o Paulo Coelho fazer parar de chover, né? Afinal ele lança livro semana que vem, e pela minha antiga editora, mais do que concorrente. Então apelei para São Franz Liszt. Coloquei um cd dele e prometi a mim mesmo que não tirava até que parasse de chover.

Funcionou. No final da tarde o sol se abriu. E como se abriu...

O lançamento foi sensacional, incrível, inesquecível. Tanta gente amiga, querida, tanta gente que eu não conhecia, mas que foi lá me prestigiar pessoalmente. Teve gente que veio de Curitiba, do Rio de Janeiro, Ribeirão Preto...
Pena que nessa função de lançamento não dá para conversar muito, né? A gente vê tanta gente e só dá tempo de um beijinho, porque a fila atrás pressiona.

Mas tenho todos guardadinhos, nas fotos e no coração. Daniel Luciancencov vai me trazer um cd, então quem esteve por lá pode pedir que eu mando fotos.

Além dos autógrafos, teve uma rápida apresentação da editora e uma leitura minha. Gostaram? Agora é ler o livro...

Os canapés de jacaré estavam lá. Deliciosos. Tinha 4 tipos diferentes, preparados pela grande chef Fabiana Cesana do Sophia Bistrô, num coquetel organizado pelo Marcos Augustinas e o Carlos Pazetto. Eu mesmo só consegui provar um de cada, porque a função me impediu... Mas gostei. Quero mais!

Alguns dias antes do lançamento teve uma polemicazinha por causa dessa carne. Parece que uma imbecil protestou por estarmos servindo jacaré. Será que ela sabe que jacarés são criados em fazendas licenciadas pelo Ibama? Que são muito melhor tratados do que frangos de granja, por exemplo? Que inclusive parte da criação é devolvida ao habitat natural, contribuindo assim para manter a população de jacarés em bons níveis?

Mas tudo bem, no final deu tudo mais do que certo.

E valeu também pelos presentinhos que ganhei. Teve até uma "boneca inflável para iguana", presente do Donizete Galvão. Hahaha.

Bem, a divulgação do livro continua, continuam saindo resenhas ótimas. E fiquem atentos que logo vão ter umas coisas em TV e rádio. Assim que for confirmado aviso.

19/09/2006

PIPOCA, MEU BEM, PIPOCA, TEM PRO PAULISTA E TAMBÉM PRO CARIOCA.




A foto aí de cima é de uma dessas lendas não tão urbanas. Um explorador de cavernas que desapareceu numa expedição. Encontraram apenas sua máquina e essa última foto...

Provavelmente uma fraude, ok. Mas o interessante é que essa história gerou um belo filme. "Abismo do Medo", que já está em cartaz nos cinemas brasileiros, aposta nessa lenda. Inclusive o visual dos monstros é muito parecido. Mas pouca gente relacionou essa foto com o filme.

Dirigido pelo inglês Neil Marshall, "Abismo do Medo" é filme tenso e assustador, além de extremamente violento. A história tem um forte subtexto lésbico: uma mulher perde marido e filha num acidente. Um ano depois, tenta superar o trauma juntando-se a um grupo de amigas "aventureiras" para "explorar uma caverna desconhecida". Lésbico mesmo. E estranho ser dirigido por um homem. Porque não é um lésbico-fetichista, com mulheres semi-nuas se acariciando. É um lésbico para lésbicas, com mulheres fortes, companheiras, discutindo sobre feminismo e traição.

A primeira metade do filme é bem tensa, arrepiante, apostando no ambiente claustrofóbico da caverna, no medo da escuridão e de "algo que está por vir". Quando finalmente os monstros aparecem, o filme perde um pouco o clima, mas então choca pela violência gráfica explícita, com direito a fraturas expostas, olhos furados e canibalismo.

O resultado? O melhor filme de terror do ano. Seguido de perto de "The Hills Have Eyes – Viagem Maldita".


Agora, a porra é onde assistir esses filmes, né? Porque o Unibanco acha que Shyamalan é arte, mas monstros canibais não. Daí só passa no Metrô Santa Cruz, Metrô Tatuapé e o caralho. Ontem fui ver no Shopping Tatuapé – no caminho passei por todos os personagens do meu livro, haha – um terror em si. Não pude acreditar quando vi que vendem pipoca DENTRO da sala do cinema. Como isso é possível? Eu acho que até devia ser proibido comer pipoca em cinema, troço fedido, barulhento. Compra um halls, meu filho.

Hum... Estou conseguindo aparentar despreendimento?

Tá, vamos falar de "Mastigando Humanos", hehe. Estão pipocando mais matérias ótimas, no Estado de Minas, na Gazeta do Povo do Paraná. Essa última fez uma entrevista bem interessante comigo. Um trecho:

Se há três anos me dissessem que eu escreveria um livro com o Godzilla como personagem, eu diria que era besteira. Mas minha intenção foi desafiar essas minhas pólices, rigores, que também são um pouco as da literatura brasileira em geral. Afinal, como "jovem escritor" eu tenho obrigação de romper com paradigmas. Comecei vencendo os meus próprios.

(convém dizer que Godzilla faz apenas uma pequena participação no livro...)

Haha. Que chato, né? Alguém lê sobre meu livro no jornal, procura meu blog pra saber mais e eu falo sobre... a matéria no jornal. Bate-volta. Haha. Bem, bem, por isso fui explorar cavernas...

E o que eu estou lendo? Difícil. Estou há algumas semanas com "Ferdydurke", do polonês Witold Gombrowicz, avanço lentamente. Sei que é o que todo mundo está lendo, mas trata de uns temas parecidos com meu livro, a questão da maturidade, da "crise com o sistema de ensino". Eu mesmo tenho o sonho (pesadelo) recorrente que voltei para a escola. Só que não estou conseguindo muito sentar para ler. Fora que estou fechando a organização de uma antologia, pesquisando uns autores...

Bem, o lançamento é QUARTA AGORA, DIA 20, das 18:30 às 21:30 na LIVRARIA DA VILA - Fradique Coutinho 915, aqui em São Paulo. Vai ter um bate papo rapidinho, coquetel de carne de jacaré e tudo mais. Não precisa de convite para entrar. Apareçam e levem a família.

16/09/2006

CROCODILO? NÃAAAAAAAAAAAAAAAAO!!!






Opa, neste sábado pipocaram resenhas ótimas sobre "Mastigando Humanos". No Globo deu capa do caderno de literatura, inclusive com chamada na capa do jornal e matéria de duas páginas. Senti um tom levemente venenoso em algumas passagens, mas só o espaço já vale tudo, e a crítica da Beatriz Resende foi ótima:

"Dono de uma erudição extraordinária, Nazarian já surgiu premiado."

Quem vê pensa.

Miguel Conde, que assinou a matéria, se aprofundou bastante em alguns pontos. E eles ainda fizeram belas ilustrações do livro (cuidado, Marco Túlio, estão querendo roubar seu emprego...)


A Folha também publicou uma resenha legal. Não ótima, mas boa, assinada pelo Adriano Schwartz. Só tem um erro graaaaaaaaaaaaaave, colocam que o livro é narrado por um CROCODILO. Putz, que bangolice. O livro aponta váaaaaaaaaaaarias vezes a diferença. E nem existem crocodilos no Brasil. Sério, pode parecer bobagem, mas biologicamente trocar jacaré por crocodilo é mais errado do que dizer que um livro narrado por um homem foi narrado por um chimpanzé! E ISSO TAMBËM É DITO NO LIVRO! Hehe

Mas bobagens, valeu bem a resenha, tem um espaço legal e uma foto minha tirada na cobertura da Fabie.

Também saiu resenha na revista Época. Curtinha. Mas ótima, assinada pelo Guilherme Ravache. "A Obra comprova que Santiago é um dos mais inspirados autores da nova geração."

Muito obrigado.

O Mix Brasil colou no ar, na integra, a entrevista que fizemos para o videorelease do livro. São dez minutos, basicamente eu contando um pouco o processo do livro. Quem dirigiu e editou super bacana foi meu grande amigo Nicolas Graves. Para assistir só precisa de Media Player:

http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/10_113_52284.shtml

É isso. Espero que o livro continue bem, porque sou menino sensível, me magoo, me chateio e me suicido.

Ah, fui ver "Cachê" e não entendi o final.

NESTE SÁBADO!