Bem, amiguinhos, viajo hoje para a praia com o Daniel. Feliz Ano Novo e até.
30/12/2004
26/12/2004
2004 em Números e Letras.
Ahhh, 2004, 2004, ano em que fiz minha primeira lipo e minha plástica no nariz.
Haha, ok, ainda não foi neste ano. As conquistas não foram tão subcutâneas. Digo, conquistas conjunturais apenas, nenhuma mudança significativa no que eu sou e no que o mundo é pra mim. Foi só o ano de constatar que ninguém presta, muito menos eu. Ah, sinceramente, não aconteceu nada de importante para mim este ano, só dei prosseguimento ao que já havia sido começado brilhantemente em 2003.
Mas foi ótimo lançar "A Morte Sem Nome". E só.
E já que é final de ano, época de agradecer presentes, fazer retrospectivas, etc, coloco aqui a lista dos livros que gentilmente me enviaram, na ordem em que estão empilhados aqui do meu lado. Eu li todos, me senti na obrigação, já que me enviaram. Como eu disse no Itaú, às vezes eu tenho a sensação de que estou em frente aqueles brinquedos de parque de diversão, que os sapinhos colocam a cabeça pra fora e você tem de acertar cada um com marteladas na cabeça.
Vai aí os livros:
"Lâmina do Tempo" do Moacyr Moreira, um livro de contos delicados, bem suaves, destaque para "Pelada na Várzea". O Moacyr também deu uma ótima palestra no Lazar Segal e é gente boníssima. Eu comentei sobre esse livro dele no JB.
"Falo de Mulher" da Ivana Arruda Leite, uma das pessoas mais queridas da literatura atual. O conto que eu mais gosto dela está na revista "Ficções 11", "Mércurio Cromo", mas preciso ler mais.
"Domingo", romance do Francisco Slade. Já falei desse aqui, não? Uma história de crise afetiva de um matador. Bom saber que tem outros jovens fazendo romances, e romances bons.
O poeta Donizete Galvão me deu vários livros, mas só vou mencionar os dele próprio "Mundo Mudo" e "Do Silêncio da Pedra". Coisas lindas.
O Flávio Viegas Amoreira me mandou também vários livros dele, "A Biblioteca Submergida", a antologia "Caleidoscópio 2003" e o "Contogramas". Ele é quase impenetrável (ops!) mas, me esforçando para digerir os contogramas, descobri coisas interessantíssimas. Fora que ele me chamou de "o estilista belo", numa entrevista. Humm...
O Denny Yang eu ensaiei para conhecer pessoalmente, a gente fica na dança das cadeiras e nunca dá certo. Mas o destino tem de ser assim. Recebi o seu "Isabelle", romance bem "mal do século", e aí está sua beleza. Menino com formação cultural excepcional.
Tony Monti me mandou "O Mentiroso", título que mantém sempre uma dúvida sobre os contos "orgânicos" do livro. Valeu.
Também da coleção rocinante, o Julián Fuks me deu seu "Fragmentos de Alberto, Ulisses, Carolina e Eu". Na verdade, eu abri a porta aqui de casa e dei de cara com o Julián e seus 2,15m. Eu só não fiquei completamente surpreso porque é isso que eu faria (só que tenho 1,77m). E o livro tem coisas ótimas.
Ah, ah... esse Valério Oliveira... Me mandou "Sobras do Subsolo", que eu adorei, apesar de não entender nada de poesia. Mas ele é um patife...
Hum, e o "Livro Zero" do Alexandre Plosk, hein? Um dos melhores romances que li este ano. Enfim alguém que tem uma HISTÓRIA pra contar, e uma história completamente absurda. Recebi da Planeta.
O Marcelo Moutinho me mandou o seu "Memórias dos Barcos", um primo carioca do livro do Moacyr Moreira. Contos delicados, suabilíssimos...
O amigo do Moutinho, Flávio Izhaki, me mandou o "Prosas Cariocas", organizados pelos dois. São contos sobre bairros do Rio de Janeiro. E como eu não entendo nada do Rio e sou avesso ao regionalismo, não gostei de tudo. Mas os que transcenderam...
O Heitor Ferraz me deu o livro de contos da Verônica Stigger, "O Trágico e Outras Comédias". A Verônica inclusive participou da mesma mesa que eu no Itaú Cultural. Bem, é um livro divertido...
E a querida Vange Leonel me mandou o seu "Balada para as Meninas Perdidas". Apesar de eu ser praticamente uma menina perdida, não me identifiquei muito. É um livro para "meninas que amam meninas", lindinho para as tais.
O grande Nelson de Oliveira eu só conheci pessoalmente neste final de ano. Mas recebi dois livros dele em 2004 "O Pequeno Dicionário de Percevejos" e "Sólidos Gozosos & Solidões Geométricas". É um mestre.
No começo do ano ganhei o "Vida Dura", da Cláudia Tages. Enfim uma mulher que escreve sobre universo masculino de forma convincente.
Acabei de ler "A Razão Selvagem" do mineiro Francisco de Morais Mendes. Tem contos ótimos, ótimos mesmo. O conto "Apartamentos" podia até entrar nos meus "favoritos de todos os tempos.
E por último, recebi o "Vida de Gato", da Clarah Averbuck, o diário de uma garota esperta.
Não coloquei aqui os livros que eu TIVE de comprar, só os que recebi de presente. Também não coloquei os que recebi em originais (porque ninguém que ler aqui vai poder comprar) e nem os de autores estrangeiros e/ou mortos. Mas agradeço especialmente ao Lú Gastão por ter me apresentado ao Macedo Miranda.
O que fica evidente? Veja quantas, quantas, quantas pessoas estão lançando livros de contos. Essas pessoas têm de se puxar para não passar despercebidas. Pessoalmente, eu prefiro ler romances, mas adorei receber todos esses livros aqui. Podem continuar mandando.
De Natal, o Daniel (Luciancencov) foi quem me deu os melhores presentes, um livro do Giger, aquele do Dráuzio que eu não queria comprar, mas queria ler, e o cd da Björk, que eu só tinha em MP3, além de outras coisas que eu não posso dizer...
Minha mãe me deu neste Natal alguns inéditos e alguns que eu já tinha lido, mas ainda não tinha em casa. "O Beijo da Mulher Aranha", do Manuel Puig, "Trópico de Capricôrnio", do Henry Miler e "O Desconsolado" do Kazuo Ishiguro.
Eu, como estou paupérrimo e sem esperanças, dei a todos flores e mudas que germinarão trazendo frutos.
Ah, o destino também me trouxe um animal de estimação, a Creolinda, uma lagartixinha que agora mora no meu apartamento. Ela até já derrubou um dos meus quadros, quebrou o vidro. Ah, que peraltinha...
Ahhh, 2004, 2004, ano em que fiz minha primeira lipo e minha plástica no nariz.
Haha, ok, ainda não foi neste ano. As conquistas não foram tão subcutâneas. Digo, conquistas conjunturais apenas, nenhuma mudança significativa no que eu sou e no que o mundo é pra mim. Foi só o ano de constatar que ninguém presta, muito menos eu. Ah, sinceramente, não aconteceu nada de importante para mim este ano, só dei prosseguimento ao que já havia sido começado brilhantemente em 2003.
Mas foi ótimo lançar "A Morte Sem Nome". E só.
E já que é final de ano, época de agradecer presentes, fazer retrospectivas, etc, coloco aqui a lista dos livros que gentilmente me enviaram, na ordem em que estão empilhados aqui do meu lado. Eu li todos, me senti na obrigação, já que me enviaram. Como eu disse no Itaú, às vezes eu tenho a sensação de que estou em frente aqueles brinquedos de parque de diversão, que os sapinhos colocam a cabeça pra fora e você tem de acertar cada um com marteladas na cabeça.
Vai aí os livros:
"Lâmina do Tempo" do Moacyr Moreira, um livro de contos delicados, bem suaves, destaque para "Pelada na Várzea". O Moacyr também deu uma ótima palestra no Lazar Segal e é gente boníssima. Eu comentei sobre esse livro dele no JB.
"Falo de Mulher" da Ivana Arruda Leite, uma das pessoas mais queridas da literatura atual. O conto que eu mais gosto dela está na revista "Ficções 11", "Mércurio Cromo", mas preciso ler mais.
"Domingo", romance do Francisco Slade. Já falei desse aqui, não? Uma história de crise afetiva de um matador. Bom saber que tem outros jovens fazendo romances, e romances bons.
O poeta Donizete Galvão me deu vários livros, mas só vou mencionar os dele próprio "Mundo Mudo" e "Do Silêncio da Pedra". Coisas lindas.
O Flávio Viegas Amoreira me mandou também vários livros dele, "A Biblioteca Submergida", a antologia "Caleidoscópio 2003" e o "Contogramas". Ele é quase impenetrável (ops!) mas, me esforçando para digerir os contogramas, descobri coisas interessantíssimas. Fora que ele me chamou de "o estilista belo", numa entrevista. Humm...
O Denny Yang eu ensaiei para conhecer pessoalmente, a gente fica na dança das cadeiras e nunca dá certo. Mas o destino tem de ser assim. Recebi o seu "Isabelle", romance bem "mal do século", e aí está sua beleza. Menino com formação cultural excepcional.
Tony Monti me mandou "O Mentiroso", título que mantém sempre uma dúvida sobre os contos "orgânicos" do livro. Valeu.
Também da coleção rocinante, o Julián Fuks me deu seu "Fragmentos de Alberto, Ulisses, Carolina e Eu". Na verdade, eu abri a porta aqui de casa e dei de cara com o Julián e seus 2,15m. Eu só não fiquei completamente surpreso porque é isso que eu faria (só que tenho 1,77m). E o livro tem coisas ótimas.
Ah, ah... esse Valério Oliveira... Me mandou "Sobras do Subsolo", que eu adorei, apesar de não entender nada de poesia. Mas ele é um patife...
Hum, e o "Livro Zero" do Alexandre Plosk, hein? Um dos melhores romances que li este ano. Enfim alguém que tem uma HISTÓRIA pra contar, e uma história completamente absurda. Recebi da Planeta.
O Marcelo Moutinho me mandou o seu "Memórias dos Barcos", um primo carioca do livro do Moacyr Moreira. Contos delicados, suabilíssimos...
O amigo do Moutinho, Flávio Izhaki, me mandou o "Prosas Cariocas", organizados pelos dois. São contos sobre bairros do Rio de Janeiro. E como eu não entendo nada do Rio e sou avesso ao regionalismo, não gostei de tudo. Mas os que transcenderam...
O Heitor Ferraz me deu o livro de contos da Verônica Stigger, "O Trágico e Outras Comédias". A Verônica inclusive participou da mesma mesa que eu no Itaú Cultural. Bem, é um livro divertido...
E a querida Vange Leonel me mandou o seu "Balada para as Meninas Perdidas". Apesar de eu ser praticamente uma menina perdida, não me identifiquei muito. É um livro para "meninas que amam meninas", lindinho para as tais.
O grande Nelson de Oliveira eu só conheci pessoalmente neste final de ano. Mas recebi dois livros dele em 2004 "O Pequeno Dicionário de Percevejos" e "Sólidos Gozosos & Solidões Geométricas". É um mestre.
No começo do ano ganhei o "Vida Dura", da Cláudia Tages. Enfim uma mulher que escreve sobre universo masculino de forma convincente.
Acabei de ler "A Razão Selvagem" do mineiro Francisco de Morais Mendes. Tem contos ótimos, ótimos mesmo. O conto "Apartamentos" podia até entrar nos meus "favoritos de todos os tempos.
E por último, recebi o "Vida de Gato", da Clarah Averbuck, o diário de uma garota esperta.
Não coloquei aqui os livros que eu TIVE de comprar, só os que recebi de presente. Também não coloquei os que recebi em originais (porque ninguém que ler aqui vai poder comprar) e nem os de autores estrangeiros e/ou mortos. Mas agradeço especialmente ao Lú Gastão por ter me apresentado ao Macedo Miranda.
O que fica evidente? Veja quantas, quantas, quantas pessoas estão lançando livros de contos. Essas pessoas têm de se puxar para não passar despercebidas. Pessoalmente, eu prefiro ler romances, mas adorei receber todos esses livros aqui. Podem continuar mandando.
De Natal, o Daniel (Luciancencov) foi quem me deu os melhores presentes, um livro do Giger, aquele do Dráuzio que eu não queria comprar, mas queria ler, e o cd da Björk, que eu só tinha em MP3, além de outras coisas que eu não posso dizer...
Minha mãe me deu neste Natal alguns inéditos e alguns que eu já tinha lido, mas ainda não tinha em casa. "O Beijo da Mulher Aranha", do Manuel Puig, "Trópico de Capricôrnio", do Henry Miler e "O Desconsolado" do Kazuo Ishiguro.
Eu, como estou paupérrimo e sem esperanças, dei a todos flores e mudas que germinarão trazendo frutos.
Ah, o destino também me trouxe um animal de estimação, a Creolinda, uma lagartixinha que agora mora no meu apartamento. Ela até já derrubou um dos meus quadros, quebrou o vidro. Ah, que peraltinha...
23/12/2004
NOTÍCIAS FRESCAS DE ÚLTIMA HORA COM KIWI
Ops, é véspera de véspera de Natal, estou tomando vinho de Kiwi (é pior do que parece) e nem deveria estar aqui. Mas como eu sou desocupado (e obsessivo) vai aí: Feliz Natal, afinal.
Tinha uma notícia para contar, mas eu achava que era segredo. Como o Marcelino (Freire) divulgou num jornal do Ceará e já está na rede, posso dizer. Eu e ele estamos organizando uma antologia de contos gays.
Não, nada de putaria, homoerotismo ou essas coisas hormonais. A intenção é pegar contos FODA de autores brasileiros FODA, de todos os tempos, que tratem desse tema. Pra servir de bom exemplo pra garotada, sabe? Um "Para Gostar de Ler" com purpurina. Já temos vários nomes de contos e autores, mas até confirmarmos os direitos e tal, é melhor eu não mencionar ninguém.
Fui tendo essa idéia aos poucos, lendo bons contos com essa temática espalhados por aí. Comentei com o André Takeda (que é MACHO, até onde eu saiba) sobre isso, depois com o Evandro Affonso Ferreira (que também é MACHÃO), até que chegou aos ouvidos do Marcelino e ele topou organizar comigo. Fechamos a parceria no Itaú Cultural. Ele inclusive levou a idéia para sua nova editora, a Record. Deve sair por lá no segundo semestre de 2005, se tudo der certo...
Fora isso, que mais? Sei lá. Ah, a assessoria da Planeta falou que deve sair algo sobre mim na revista "Quem". Haha. É verdade. Eu também não acredito, só por isso anuncio aqui, para que se alguém viu/ver me avisar. Eu tento manter meu clipping bem recheado. E já fiz fotos pra eles sim, mas faz tempo...
Eu volto semana que vem, porque não consigo desplugar. E comento sobre todos os livros que recebi este ano.
Valeu!
Ops, é véspera de véspera de Natal, estou tomando vinho de Kiwi (é pior do que parece) e nem deveria estar aqui. Mas como eu sou desocupado (e obsessivo) vai aí: Feliz Natal, afinal.
Tinha uma notícia para contar, mas eu achava que era segredo. Como o Marcelino (Freire) divulgou num jornal do Ceará e já está na rede, posso dizer. Eu e ele estamos organizando uma antologia de contos gays.
Não, nada de putaria, homoerotismo ou essas coisas hormonais. A intenção é pegar contos FODA de autores brasileiros FODA, de todos os tempos, que tratem desse tema. Pra servir de bom exemplo pra garotada, sabe? Um "Para Gostar de Ler" com purpurina. Já temos vários nomes de contos e autores, mas até confirmarmos os direitos e tal, é melhor eu não mencionar ninguém.
Fui tendo essa idéia aos poucos, lendo bons contos com essa temática espalhados por aí. Comentei com o André Takeda (que é MACHO, até onde eu saiba) sobre isso, depois com o Evandro Affonso Ferreira (que também é MACHÃO), até que chegou aos ouvidos do Marcelino e ele topou organizar comigo. Fechamos a parceria no Itaú Cultural. Ele inclusive levou a idéia para sua nova editora, a Record. Deve sair por lá no segundo semestre de 2005, se tudo der certo...
Fora isso, que mais? Sei lá. Ah, a assessoria da Planeta falou que deve sair algo sobre mim na revista "Quem". Haha. É verdade. Eu também não acredito, só por isso anuncio aqui, para que se alguém viu/ver me avisar. Eu tento manter meu clipping bem recheado. E já fiz fotos pra eles sim, mas faz tempo...
Eu volto semana que vem, porque não consigo desplugar. E comento sobre todos os livros que recebi este ano.
Valeu!
21/12/2004
OCIOSOS, OBSESSIVOS E SANTIFICADOS.
Eu estava no Ibirapuera, cercado pelos patos. Eu adoro patos. Então pensava em esganar um deles para minha ceia de reveillon. E nesse clima de fim de ano, me surgiram questões super natalinas.
Por que as pessoas chegam e falam: "Ah, eu queria tanto escrever um livro", quando na verdade o que elas queriam mesmo era PUBLICAR um livro, mas não têm saco para escrever. E outras dizem: "Ah, eu também adoro escrever, mas não consigo sentar e fazer um livro. Não tenho tempo." Ou "Não tenho cabeça." Mas se elas adorassem escrever mesmo, elas teriam tempo e cabeça. Afinal, elas têm tempo para beber de madrugada e dizer essas coisas, não é? E se escrever é um prazer, por que não faz parte das horas de lazer?
Ou por que outras pessoas têm a visão exatamente contrária, são escritores publicados, dizem amar o que fazem, mas quando nos encontram de madrugada, ou nas férias, ou nos feriados falam que "não quero falar de literatura", "não quero falar de trabalho" sendo que isso deveria ser um prazer para eles, como falar de futebol?
Mas então por que outras pessoas tiram férias, feriados, se demitem exatamente para ter mais tempo para escrever, para "terminar meu romance", sendo que elas jamais ficarão oito horas por dia escrevendo "seu romance"? Sendo que você pode gerar um romance de trezentas páginas em cinco meses, escrevendo apenas duas páginas por dia. E você pode escrever facilmente duas páginas em uma hora.
E sabendo esse mínimo de matemática, apesar de serem pessoas das Humanas, por que as pessoas acham muita rapidez escrever um romance por ano, sendo que, se alguém se considera escritor, deveria estar escrevendo ininterruptamente? Ou não deveria? Pois se alguém é escritor, não é por ter mais facilidade em escrever, criar, narrar, se expressar? Ou será que, mesmo para o escritor, escrever é um processo doloroso, mas com resultados geniais? Ou escritor é como um santo que realiza meia dúzia de milagres durante a vida mas morre com o título?
Ou se é tão rápido e fácil escrever um romance, por que um escritor não vai aprender a tocar piano de verdade, ou pesquisar a vida dos répteis, ou colocar azulejos em piscinas durante o resto do tempo? Por que alguém diz ser "escritor" sendo que essa é uma atividade que consome tão pouco tempo da sua vida prática e menos ainda da vida de seus leitores? E no resto do tempo em que essa pessoa não está escrevendo ele pode apenas pensar no ato consumado e a consumar? Então o escritor é apenas alguém que conquistou pela arte o privilégio de ser ocioso? Ou o escritor é alguém que a sociedade não quer para nenhum outro tipo de trabalho? É um condenado? Um desprezado?
Ai, ai, não sei não. Acho que todos estão mais preocupados com a morte dos ursos – dos patos – a vitória do Ronaldinho Gaúcho, presos no trânsito, as contas a pagar. Tão preocupados com a vida lá fora que nem ouvem seus ouvidos zumbindo. Uma coisa "Quasímodo" mesmo.
Meu ouvido zumbe o dia inteiro, por isso eu só saio de discman. Por isso nem sei para onde foram os patos – e o que a Marta tem com isso. Talvez por isso esteja fodido, e nem sei como pagar as contas. Ai, ai, sou um obsessivo, mas um obsessivo produtivo.
E Feliz Natal, au, au.
Eu estava no Ibirapuera, cercado pelos patos. Eu adoro patos. Então pensava em esganar um deles para minha ceia de reveillon. E nesse clima de fim de ano, me surgiram questões super natalinas.
Por que as pessoas chegam e falam: "Ah, eu queria tanto escrever um livro", quando na verdade o que elas queriam mesmo era PUBLICAR um livro, mas não têm saco para escrever. E outras dizem: "Ah, eu também adoro escrever, mas não consigo sentar e fazer um livro. Não tenho tempo." Ou "Não tenho cabeça." Mas se elas adorassem escrever mesmo, elas teriam tempo e cabeça. Afinal, elas têm tempo para beber de madrugada e dizer essas coisas, não é? E se escrever é um prazer, por que não faz parte das horas de lazer?
Ou por que outras pessoas têm a visão exatamente contrária, são escritores publicados, dizem amar o que fazem, mas quando nos encontram de madrugada, ou nas férias, ou nos feriados falam que "não quero falar de literatura", "não quero falar de trabalho" sendo que isso deveria ser um prazer para eles, como falar de futebol?
Mas então por que outras pessoas tiram férias, feriados, se demitem exatamente para ter mais tempo para escrever, para "terminar meu romance", sendo que elas jamais ficarão oito horas por dia escrevendo "seu romance"? Sendo que você pode gerar um romance de trezentas páginas em cinco meses, escrevendo apenas duas páginas por dia. E você pode escrever facilmente duas páginas em uma hora.
E sabendo esse mínimo de matemática, apesar de serem pessoas das Humanas, por que as pessoas acham muita rapidez escrever um romance por ano, sendo que, se alguém se considera escritor, deveria estar escrevendo ininterruptamente? Ou não deveria? Pois se alguém é escritor, não é por ter mais facilidade em escrever, criar, narrar, se expressar? Ou será que, mesmo para o escritor, escrever é um processo doloroso, mas com resultados geniais? Ou escritor é como um santo que realiza meia dúzia de milagres durante a vida mas morre com o título?
Ou se é tão rápido e fácil escrever um romance, por que um escritor não vai aprender a tocar piano de verdade, ou pesquisar a vida dos répteis, ou colocar azulejos em piscinas durante o resto do tempo? Por que alguém diz ser "escritor" sendo que essa é uma atividade que consome tão pouco tempo da sua vida prática e menos ainda da vida de seus leitores? E no resto do tempo em que essa pessoa não está escrevendo ele pode apenas pensar no ato consumado e a consumar? Então o escritor é apenas alguém que conquistou pela arte o privilégio de ser ocioso? Ou o escritor é alguém que a sociedade não quer para nenhum outro tipo de trabalho? É um condenado? Um desprezado?
Ai, ai, não sei não. Acho que todos estão mais preocupados com a morte dos ursos – dos patos – a vitória do Ronaldinho Gaúcho, presos no trânsito, as contas a pagar. Tão preocupados com a vida lá fora que nem ouvem seus ouvidos zumbindo. Uma coisa "Quasímodo" mesmo.
Meu ouvido zumbe o dia inteiro, por isso eu só saio de discman. Por isso nem sei para onde foram os patos – e o que a Marta tem com isso. Talvez por isso esteja fodido, e nem sei como pagar as contas. Ai, ai, sou um obsessivo, mas um obsessivo produtivo.
E Feliz Natal, au, au.
17/12/2004
O PEQUENO CONTO QUE SORRI.
Veja só como são as coisas. A bela Renata Miloni, que eu conheci no Itaú Cultural, fez um comentário no post passado sobre meu "Pequeno Conto que Sorri". E só assim fiquei sabendo que ele estava no ar. Vai aí o link:
http://www.patife.art.br/especial_encontros_santiago.php
Veja só como são as coisas. A bela Renata Miloni, que eu conheci no Itaú Cultural, fez um comentário no post passado sobre meu "Pequeno Conto que Sorri". E só assim fiquei sabendo que ele estava no ar. Vai aí o link:
http://www.patife.art.br/especial_encontros_santiago.php
16/12/2004
ELA FOI E ME DEIXOU
Começaram as listas de "melhores do ano". Eu, como estou sempre defasado, lendo o que foi lançado século passado, não ousaria criar a minha. Mas acabei de ver "A Morte Sem Nome", no Jornal do Comércio de Pernambuco, citado em primeiro lugar. Vai aí:
JORNAL DO COMMERCIO, RECIFE (PE), 14/12/2004 Coluna Escrita, Schneider Carpeggianni
OS DEZ LIVROS QUE MARCARAM 2004
A Morte Sem Nome (Santiago Nazarian) - A história de uma suicida serial (!!!) que procura as diversas possibilidades de uma morte perfeita e nada silenciosa, escrita por um dos nomes mais interessantes da nova literatura brasileira.
Os outros autores citados são Gabriel García Marquez, Márcia Denser, Adam Thirlwell, Azar Nafisi, (a queridíssima) Cíntia Moscovich, José Eduardo Agualusa, Jhumpa Lahiri e Fabrício Carpinejar.
Bom saber que Lorena está indo aonde eu ainda não fui. Quem sabe não rola um convite para eu conhecer o nordeste qualquer dia desses? Não, não conheço nada.
Começaram as listas de "melhores do ano". Eu, como estou sempre defasado, lendo o que foi lançado século passado, não ousaria criar a minha. Mas acabei de ver "A Morte Sem Nome", no Jornal do Comércio de Pernambuco, citado em primeiro lugar. Vai aí:
JORNAL DO COMMERCIO, RECIFE (PE), 14/12/2004 Coluna Escrita, Schneider Carpeggianni
OS DEZ LIVROS QUE MARCARAM 2004
A Morte Sem Nome (Santiago Nazarian) - A história de uma suicida serial (!!!) que procura as diversas possibilidades de uma morte perfeita e nada silenciosa, escrita por um dos nomes mais interessantes da nova literatura brasileira.
Os outros autores citados são Gabriel García Marquez, Márcia Denser, Adam Thirlwell, Azar Nafisi, (a queridíssima) Cíntia Moscovich, José Eduardo Agualusa, Jhumpa Lahiri e Fabrício Carpinejar.
Bom saber que Lorena está indo aonde eu ainda não fui. Quem sabe não rola um convite para eu conhecer o nordeste qualquer dia desses? Não, não conheço nada.
14/12/2004
VERÃO NOS PULMÕES
Ai, ai, meu "sonho de uma noite de verão" já começou. Minha mãe mora no interior, mas tá vendendo uma casa com piscina no Jardim Paulistano, aqui em São Paulo (oh, pros endinheirados...). Eu fiquei lá no final de semana tostando feito um tomate assassino. Mas agora que o hidratante sossegou minha cutis, o cheiro dele me traz lembranças mais dolorosas...
"daquele cheiro,
daquele pandeiro,
daquele Rio de Janeiro,
daquele seu verde olhar brasileiro, que era meu."
Ahah, ok, isso é Eduardo Dussek. "Olhar Brasileiro". Ele é genial. Só não entrou no meu TOP 10 nacional porque eu só descobri isso semana passada.
Mas, voltando ao verão, vai dando uma melancolia... Essa coisa de final de ano, reveillon, verões mais felizes (porque sempre parece que o verão passado foi mais feliz... Bem, no meu caso, o retrasado, faz tempo que não tenho verão).
E eu que estou queimadinho, malhadinho, cabelinho compridinho, cheio de tatuagens (isso é o início de um classificado) e nem tenho praia. Não que praia seja minha praia, mas a gente também tem inveja da felicidade dos outros, não é? Acho que foi minha irmã que disse que adoraria gostar de panetone. E eu queria aproveitar mais o salgado... do mar.
O melhor do verão mesmo são as noites.
Tive dois reveillons tão legais em Santa, em 2001 e 2002 na casa da minha queridinha Letícia Peroni. Dois carnavais em Floripa também, um deles numa casa que aluguei com os guris de Porto Alegre, Fernando e Otávio. Teve o carnaval de 2003 no Rio, em que meu ex-patrão de Londres, o Tommy, pagou tudo, inclusive o hotel. E desde então é só fumaça nos meus pulmões.
Hum, é, dei umas escapadinhas para o apartamento do Daniel no Guarujá.
Agora estou tão pobre, tão pobre, tãaaaaaaaaaao pobre, que nem sei se vou poder pagar o ingresso para 2005. Preciso arrumar um trabalho urgentemente. Meu reveillon está em aberto, sim. Eu pensei em fazer uma festa lá na casa vazia da minha mãe, já que tem piscina e nada pra roubar/quebrar/queimar/derreter/absorver. Mas sei lá, todo mundo vai viajar. E eu precisava juntar uma galera para agilizar a festa (oh, aqui tem uma proposta implícita).
Vai então um som tradicional de ano novo:
"In case I stand a little chance
here comes the jackpot question in advance,
what are you doing New Year’s, New Year’s Eve?
What are you doing in New Year’s Eve?"
Só sei que até o carnaval eu vou ser feliz! Vou fazer que nem fiz no meu primeiro verão em Porto Alegre. Mandei email para todo mundo do meu trabalho dizendo que cada um teria a obrigação de me levar para conhecer uma praia do sul a cada final de semana. Deu certo (tudo bem, não foi todo mundo). Ah, mas agora eu nem tenho trabalho...
Que post inútil.
Bem, eu tenho um conto chamado "Verão nos Pulmões", que escrevi há um bom tempo, mas ainda gosto bastante. Só que não vou colocar aqui. Vou tentar vender pra algum lugar e pagar uma viagem pra praia. Não foi o Allen Ginsberg que escreveu um poema sobre ter sido roubado em 60 dólares e recebeu $400 por ele? Haha! Quero uma queimadura de terceiro grau!!!
Ai, ai, meu "sonho de uma noite de verão" já começou. Minha mãe mora no interior, mas tá vendendo uma casa com piscina no Jardim Paulistano, aqui em São Paulo (oh, pros endinheirados...). Eu fiquei lá no final de semana tostando feito um tomate assassino. Mas agora que o hidratante sossegou minha cutis, o cheiro dele me traz lembranças mais dolorosas...
"daquele cheiro,
daquele pandeiro,
daquele Rio de Janeiro,
daquele seu verde olhar brasileiro, que era meu."
Ahah, ok, isso é Eduardo Dussek. "Olhar Brasileiro". Ele é genial. Só não entrou no meu TOP 10 nacional porque eu só descobri isso semana passada.
Mas, voltando ao verão, vai dando uma melancolia... Essa coisa de final de ano, reveillon, verões mais felizes (porque sempre parece que o verão passado foi mais feliz... Bem, no meu caso, o retrasado, faz tempo que não tenho verão).
E eu que estou queimadinho, malhadinho, cabelinho compridinho, cheio de tatuagens (isso é o início de um classificado) e nem tenho praia. Não que praia seja minha praia, mas a gente também tem inveja da felicidade dos outros, não é? Acho que foi minha irmã que disse que adoraria gostar de panetone. E eu queria aproveitar mais o salgado... do mar.
O melhor do verão mesmo são as noites.
Tive dois reveillons tão legais em Santa, em 2001 e 2002 na casa da minha queridinha Letícia Peroni. Dois carnavais em Floripa também, um deles numa casa que aluguei com os guris de Porto Alegre, Fernando e Otávio. Teve o carnaval de 2003 no Rio, em que meu ex-patrão de Londres, o Tommy, pagou tudo, inclusive o hotel. E desde então é só fumaça nos meus pulmões.
Hum, é, dei umas escapadinhas para o apartamento do Daniel no Guarujá.
Agora estou tão pobre, tão pobre, tãaaaaaaaaaao pobre, que nem sei se vou poder pagar o ingresso para 2005. Preciso arrumar um trabalho urgentemente. Meu reveillon está em aberto, sim. Eu pensei em fazer uma festa lá na casa vazia da minha mãe, já que tem piscina e nada pra roubar/quebrar/queimar/derreter/absorver. Mas sei lá, todo mundo vai viajar. E eu precisava juntar uma galera para agilizar a festa (oh, aqui tem uma proposta implícita).
Vai então um som tradicional de ano novo:
"In case I stand a little chance
here comes the jackpot question in advance,
what are you doing New Year’s, New Year’s Eve?
What are you doing in New Year’s Eve?"
Só sei que até o carnaval eu vou ser feliz! Vou fazer que nem fiz no meu primeiro verão em Porto Alegre. Mandei email para todo mundo do meu trabalho dizendo que cada um teria a obrigação de me levar para conhecer uma praia do sul a cada final de semana. Deu certo (tudo bem, não foi todo mundo). Ah, mas agora eu nem tenho trabalho...
Que post inútil.
Bem, eu tenho um conto chamado "Verão nos Pulmões", que escrevi há um bom tempo, mas ainda gosto bastante. Só que não vou colocar aqui. Vou tentar vender pra algum lugar e pagar uma viagem pra praia. Não foi o Allen Ginsberg que escreveu um poema sobre ter sido roubado em 60 dólares e recebeu $400 por ele? Haha! Quero uma queimadura de terceiro grau!!!
13/12/2004
MALDIÇÕES DE BERÇO
Já podem ir marcando na agenda. O lançamento do meu terceiro romance, "Feriado de Mim Mesmo" (Ed Planeta) está marcado para dia 29/03/05, na Casa do Saber, em SP. E em maio na Bienal do Rio.
Aqui em SP, farei o lançamento com a minha mãe, Elisa Nazarian, que estará lançando "Resposta", seu primeiro livro, pela Atelier Editorial. O livro dela é um longo poema em prosa poética sobre as contradições de um relacionamento homem-mulher. Eu assino a orelha. Mais pra frente eu coloco o texto aqui.
Por enquanto, vai a minha lista dos "favoritos do terror e suspense":
"Halloween" de John Carpenter (EUA) -1978
Um clássico. É o filme que deu sequência a "Jasons", "Freddys" e outros monstros mascarados. É lento, meio sem sentido, mas com um clima todo especial. Trama: assassino mascarado mata mulheres gostosonas na noite de Halloween. Só isso. E já tá ótimo. Eu tenho o cd com a trilha aqui, que tem quase todo o áudio do filme, as falas, os gritos e tudo mais. Ótimo para os vizinhos ficarem com suspeitas em relação a mim.
"A Nightmare on Elm Street" de Wes Craven (EUA) -1984
O filme que criou Freddy Krueger! E que me criou na adolescência também. Eu adorava. Ainda adoro. Ainda quero uma luvinha decente do Freddy (vocês podem colocar na lista de compras de Natal). A idéia do monstro que ataca nos pesadelos é simples e ótima, não é a toa que gerou 7 continuações. E eu torci pro Freddy quando ele lutou com o Jason.
"Rosemary’s Baby" de Roman Polansky (EUA) -1968
O filme que criou Charles Manson! Sataníssimo, maleficíssimo, funestíssimo! Nunca mais comi uma mousse de chocolate da mesma forma (e também aprendi a expressão "undertaste" com esse filme). O mais legal foi uma versão dublada em francês e legendada em espanhol (ou ao contrário?) que eu vi em Paris, numa noite escabrosa...
"Tesis – Morte ao Vivo"de Alejandro Almenabar (Espanha) -1996
Parece que o Almenabar dirigiu esse filme quando tinha 22 anos, ou algo assim. Depois ficou famoso, rico, foi pra Hollywood, mas não perdeu a mão (dirigiu "Os Outros", com a Nicole Kidman). Este filme é uma peróla sobre produções "snuff" (aquelas em que se tortura e mata pessoas de verdade). Uma garota que faz uma tese de faculdade sobre "violência nos meios de comunicação" acaba descobrindo um fita dessas e investiga de onde veio. Um grande filme de suspense, em que você fica até o fim na dúvida sobre "quem é o culpado".
"O que Aconteceu com Baby Jane" de Robert Aldrich (EUA) - 1962
"Misery", o filme baseado no livro de Stephen King, parece uma nova versão desse, não? A história de duas irmãs que foram atrizes famosas, uma na infância e outra mais recentemente, mas que se encontram decadentes, morando juntas e combatendo seus fantasmas. Bete Davis está magnífica como a pré-Macaulay Culkin, haha. Show de bola.
"O Chamado" de Gore Verbinski (EUA) - 2002
Ah, todo mundo sabe que sou fã desse filme. Aliás, sou fã do Verbinski também. Aquele outro filme dele, "Os Piratas do Caribe", também é divertidíssimo, lindíssimo, tudo o que se espera de um filme de pirata. Este é mais do que eu esperava de um filme de terror. Trouxe novas imagens para o gênero, a essa altura do campeonato. A figura da menina com o cabelo cobrindo o rosto já está sendo copiado em outros filmes. Tudo bem que é uma refilmagem de um filme japonês, mas eu prefiro mesmo essa versão americana, que é mais racional, mais assustadora e com uma direção de arte mil vezes superior.
"O Massacre da Serra Elétrica" de Tobe Hopper (EUA) - 1974
Filme totalmente insano sobre uma família de canibais. Tem uma refilmagem de 2003, mas ainda não estreou no Brasil e eu nunca vi. O original é antológico, podreira mesmo. Ainda assim, não apela para a escatologia nem para cenas de gore explícito. Tá tudo na loucura da trama, como no personagem do "vovô" que é praticamente uma múmia e se alimenta de sangue humano.
"The Evil Dead" de Sam Raimi (EUA) - 1981
Um dos mais assustadores que eu já vi. Foi feito de maneira amadora, por um grupo de amigos de vinte e poucos anos. A história é das mais banais. Jovens numa cabana no meio da floresta são possuidos por demônios e começam a se matar uns aos outros. Mas o filme é tão escabroso, tão sangrento e tão neurótico que se torna obra de arte. E hoje em dia o diretor está fazendo "homens-aranhas" e afins.
"Audition" de Takeshi Miike (Japão) - 1999
Ah, já falei demais desse filme. Taí: mezzo-comédia romântica, mezzo-terror terrível medonho. Um cineasta viúvo faz testes com atrizes para um suposto filme, mas na verdade ele procura uma esposa, e acaba encontrando uma garota linda, tímida e disponível. Conforme o romance vai avançando, a menina se revela uma louca psicótica que corta membros (línguas, dedos, pés) de seus amantes e os mantém presos dentro de um saco. Cenas explícitas, sim, de arrepiar.
"Funny Games" de Michael Haneke (Áustria) – 1998.
Esse filme é outro chumbaço. Poderia entrar na minha lista dos mais pesados. É só sordidez, violência e desesperança. Dois jovens torturam uma família, de todas as formas possíveis, durante um final de semana. O filme ainda tem toques de metalingüagem e ironia. E sei lá mais o que. Ah, vou alugar "A Pequena Sereia".
Já podem ir marcando na agenda. O lançamento do meu terceiro romance, "Feriado de Mim Mesmo" (Ed Planeta) está marcado para dia 29/03/05, na Casa do Saber, em SP. E em maio na Bienal do Rio.
Aqui em SP, farei o lançamento com a minha mãe, Elisa Nazarian, que estará lançando "Resposta", seu primeiro livro, pela Atelier Editorial. O livro dela é um longo poema em prosa poética sobre as contradições de um relacionamento homem-mulher. Eu assino a orelha. Mais pra frente eu coloco o texto aqui.
Por enquanto, vai a minha lista dos "favoritos do terror e suspense":
"Halloween" de John Carpenter (EUA) -1978
Um clássico. É o filme que deu sequência a "Jasons", "Freddys" e outros monstros mascarados. É lento, meio sem sentido, mas com um clima todo especial. Trama: assassino mascarado mata mulheres gostosonas na noite de Halloween. Só isso. E já tá ótimo. Eu tenho o cd com a trilha aqui, que tem quase todo o áudio do filme, as falas, os gritos e tudo mais. Ótimo para os vizinhos ficarem com suspeitas em relação a mim.
"A Nightmare on Elm Street" de Wes Craven (EUA) -1984
O filme que criou Freddy Krueger! E que me criou na adolescência também. Eu adorava. Ainda adoro. Ainda quero uma luvinha decente do Freddy (vocês podem colocar na lista de compras de Natal). A idéia do monstro que ataca nos pesadelos é simples e ótima, não é a toa que gerou 7 continuações. E eu torci pro Freddy quando ele lutou com o Jason.
"Rosemary’s Baby" de Roman Polansky (EUA) -1968
O filme que criou Charles Manson! Sataníssimo, maleficíssimo, funestíssimo! Nunca mais comi uma mousse de chocolate da mesma forma (e também aprendi a expressão "undertaste" com esse filme). O mais legal foi uma versão dublada em francês e legendada em espanhol (ou ao contrário?) que eu vi em Paris, numa noite escabrosa...
"Tesis – Morte ao Vivo"de Alejandro Almenabar (Espanha) -1996
Parece que o Almenabar dirigiu esse filme quando tinha 22 anos, ou algo assim. Depois ficou famoso, rico, foi pra Hollywood, mas não perdeu a mão (dirigiu "Os Outros", com a Nicole Kidman). Este filme é uma peróla sobre produções "snuff" (aquelas em que se tortura e mata pessoas de verdade). Uma garota que faz uma tese de faculdade sobre "violência nos meios de comunicação" acaba descobrindo um fita dessas e investiga de onde veio. Um grande filme de suspense, em que você fica até o fim na dúvida sobre "quem é o culpado".
"O que Aconteceu com Baby Jane" de Robert Aldrich (EUA) - 1962
"Misery", o filme baseado no livro de Stephen King, parece uma nova versão desse, não? A história de duas irmãs que foram atrizes famosas, uma na infância e outra mais recentemente, mas que se encontram decadentes, morando juntas e combatendo seus fantasmas. Bete Davis está magnífica como a pré-Macaulay Culkin, haha. Show de bola.
"O Chamado" de Gore Verbinski (EUA) - 2002
Ah, todo mundo sabe que sou fã desse filme. Aliás, sou fã do Verbinski também. Aquele outro filme dele, "Os Piratas do Caribe", também é divertidíssimo, lindíssimo, tudo o que se espera de um filme de pirata. Este é mais do que eu esperava de um filme de terror. Trouxe novas imagens para o gênero, a essa altura do campeonato. A figura da menina com o cabelo cobrindo o rosto já está sendo copiado em outros filmes. Tudo bem que é uma refilmagem de um filme japonês, mas eu prefiro mesmo essa versão americana, que é mais racional, mais assustadora e com uma direção de arte mil vezes superior.
"O Massacre da Serra Elétrica" de Tobe Hopper (EUA) - 1974
Filme totalmente insano sobre uma família de canibais. Tem uma refilmagem de 2003, mas ainda não estreou no Brasil e eu nunca vi. O original é antológico, podreira mesmo. Ainda assim, não apela para a escatologia nem para cenas de gore explícito. Tá tudo na loucura da trama, como no personagem do "vovô" que é praticamente uma múmia e se alimenta de sangue humano.
"The Evil Dead" de Sam Raimi (EUA) - 1981
Um dos mais assustadores que eu já vi. Foi feito de maneira amadora, por um grupo de amigos de vinte e poucos anos. A história é das mais banais. Jovens numa cabana no meio da floresta são possuidos por demônios e começam a se matar uns aos outros. Mas o filme é tão escabroso, tão sangrento e tão neurótico que se torna obra de arte. E hoje em dia o diretor está fazendo "homens-aranhas" e afins.
"Audition" de Takeshi Miike (Japão) - 1999
Ah, já falei demais desse filme. Taí: mezzo-comédia romântica, mezzo-terror terrível medonho. Um cineasta viúvo faz testes com atrizes para um suposto filme, mas na verdade ele procura uma esposa, e acaba encontrando uma garota linda, tímida e disponível. Conforme o romance vai avançando, a menina se revela uma louca psicótica que corta membros (línguas, dedos, pés) de seus amantes e os mantém presos dentro de um saco. Cenas explícitas, sim, de arrepiar.
"Funny Games" de Michael Haneke (Áustria) – 1998.
Esse filme é outro chumbaço. Poderia entrar na minha lista dos mais pesados. É só sordidez, violência e desesperança. Dois jovens torturam uma família, de todas as formas possíveis, durante um final de semana. O filme ainda tem toques de metalingüagem e ironia. E sei lá mais o que. Ah, vou alugar "A Pequena Sereia".
10/12/2004
POR QUEM OS GATOS MIAM
Meu conto "Quasímodo"já está no ar no "Portal Literal", num especial de 2 anos do site. Dá pra ler no:
http://portalliteral.terra.com.br/index.htm
Voltando às listas, vai agora a dos meus filmes favoritos. Não coloquei nenhum nacional. E fiz uma lista separada só para filmes de terror, ehehehe, porque os critérios são outros. Primeiro vai essa:
"Adeus Minha Concubina" de Chen Kaige (China) -1993
Esse é provavelmente meu filme favorito DE TODOS OS TEMPOS. Eu até tenho a fita aqui em casa, aquela da Videoteca Folha. É a história de dois meninos que são criados desde pequenos para serem atores da Ópera de Pequim, um interpretando o rei e o outro a concubina. Claro que eles vivem em conflito de identidade com seus personagens e têm uma relação doentia um com o outro. É tudo tão bonito, a fotografia, as roupas, a história. O filme é longuíssimo e acompanha também a história da china no século vinte. Fora que eu acho o idioma uma graça, a coisa mais parecida miados de gato que há. Haha.
"Aconteceu na Suite 16" de Dominique Deruddere (Bélgica) -1996
Esse é pouco conhecido. Eu também tenho aqui em fita, mas comprei direto de uma distribuidora quando eu trabalhava numa livraria. E não é fácil de achar pra alugar. É um filme bem "wildeano", a história de um michê cafajeste que espanca e rouba mulheres. Um dia, numa fuga, ele se esconde num quarto de hotel (a suite 16), onde mora um velho paraplégico. O velho inicialmente é feito de refém, mas aos poucos vai virando a situação e dominando o petiz, que não tem lá muito cérebro. Um filme sobre a beleza e a juventude, e suas obsessões.
"Ed Wood" de Tim Burton (EUA) -1994
Ah, do Tim Burton eu gosto de vários (e desgosto de alguns). Eu poderia colocar também "Big Fish", que é lindinho e fabulesco. Mas esse eu acho que é mais representativo. A biografia do cineasta trash Edward D. Wood Jr, conhecido como "o pior diretor de todos os tempos". O papél título é de Johnny Depp. Martin Landau faz o Bela Lugosi. O filme todo é rodado em PB. O que mais eu poderia querer?
"Não Viver" de Hiroshi Shimizu (Japão) - 1997
Já falei desse aqui, não? É aquele dos japoneses que decidem morrer para as famílias ganharem o seguro de vida. Então armam uma viagem na qual o ônibus despencará de um penhasco no terceiro dia. Só que uma japonesinha serelepe teen entra no ônibus por engano e quer curtir a viagem. Eles não avisam nada, para usá-la de álibi na companhia de seguro – a única que não tem motivo para morrer – mas, ao mesmo tempo, ela vai mostrando a eles "belas razões para se viver". Não é piegas não. Tem um certo humor negro.
"Morte em Veneza" de Luchino Visconti (Itália) -1971
Ah, Tadzio. Acho que essa é a melhor adaptação de uma obra literária para o cinema. É bem fiel. As pequenas modificações não alteram em nada a essência da obra. O Tadzio das telas é exatamente o que você imagina do Tadzio das páginas. E toda aquela melancolia, aquela lentidão. É um filme para ser visto exatamente como faz o personagem principal, por fetiche, admirando a beleza, a fotografia, sem pressa de nada acontecer, mas com um certo desespero...
"O Anjo Exterminador" de Luis Buñuel (México) -1962
A idéia do filme é simples, maravilhosa e arquetípica: convidados não conseguem ir embora de uma festa. Nada os prende, não há barreira alguma ou coação, apenas um bloqueio psicológico que os mantém por dias e dias na mesma sala, sem conseguir sair de lá. Claro que é uma história absurda, claro que é uma obra surrealista, mas foge à lógica fragmentária do gênero. É comum nas obras surrealistas jogarem-se muitos elementos desconexos, como citações imagéticas, para se criar o estranhamento. Nesse filme isso é mais sutil, e eu considero isso um grande mérito. Do Bunuel eu também adoro "O Obscuro Objeto do Desejo".
"Amores Expressos" de Wong Kar Wai (Hong Kong) - 1993
Hum, também é difícil escolher um filme do Wong Kar Wai. Apesar dele não ter muitos, são todos lindos, modernos e poéticos. Esse foi o primeiro que eu vi. Talvez não seja o melhor, mas é o mais "meigo". Todos os personagens são ternos, bonitinhos, e ainda assim melancólicos, solitários. São duas histórias que semi-interagem. Não têm muito a ver uma com a outra, mas acontecem na mesma região de Hong Kong, na mesma época, divindo cenários.
"Adeus Dragon Inn" de Tsai Ming Liang (Taiwan) - 2003
Tsai Ming Liang é dos meus diretores favoritos. Talvez este seja o filme mais "difícil" dele. Nunca entrou em cartaz. Também não tem em vídeo, e PRECISA ser visto no cinema. Retrata a última sessão de um cinema decadente de Taiwan, que já teve seus dias de glória. Na platéia, circulam prostitutas, crianças, gays a caça e velhos atores. Os planos são longuíssimos. Muitas vezes estamos sentados no cinema olhando para a cara de atores que também estão sentados. Assistimos a eles assistindo um filme. É um exercício extremo de metalinguagem. Genial. Mas cansativo.
"Dogville" de Lars Von Trier (Dinamarca) - 2003
Esse todo mundo conhece, não? Acho que tem o melhor final que já vi num filme. Satisfez todos os meus desejos. E toda a estrutura do filme, aquele cenário, o tom de fábula, é muito inteligente. Eu gosto de todos os filmes dele que vi, mas acho que esse é mesmo meu favorito.
"O Processo" de Orson Welles (EUA) 1962
Já que tem de colocar Orson Welles, né? haha. Ok, deste filme eu gosto bastante. Tem um clima de pesadelo bem próximo do livro, apesar de tomar várias liberdades na trama. Na verdade, eu vi uma versão ainda melhor, na TV Senado, acreditem ou não. Era uma montagem meio teatral, com atores de verdade, mas todo o cenário feito em computação. O cenário se movimentava, girava, rodava, enquanto os atores ficavam parados. Os atores eram multiplicados na tela, cada um dizendo uma parte do texto. Era uma coisa como eu nunca vi igual, super diferente e bem oportuna para a trama. Mas eu perdi o começo, nunca mais vi, nem sei de quem é, nem se tem para alugar. Se alguém souber...
Ah, o Jaspion, aquele japa-gaúcho falseta que foi meu namorado, foi para o Paraguai e para quem eu dediquei "A Morte", criou uma comunidade "Eu Amo Fazer Listas" no Orkut. Ele é o rei de fazer de fazer essas listas. Quero dizer, o príncipe herdeiro... de Nick Hornby.
Meu conto "Quasímodo"já está no ar no "Portal Literal", num especial de 2 anos do site. Dá pra ler no:
http://portalliteral.terra.com.br/index.htm
Voltando às listas, vai agora a dos meus filmes favoritos. Não coloquei nenhum nacional. E fiz uma lista separada só para filmes de terror, ehehehe, porque os critérios são outros. Primeiro vai essa:
"Adeus Minha Concubina" de Chen Kaige (China) -1993
Esse é provavelmente meu filme favorito DE TODOS OS TEMPOS. Eu até tenho a fita aqui em casa, aquela da Videoteca Folha. É a história de dois meninos que são criados desde pequenos para serem atores da Ópera de Pequim, um interpretando o rei e o outro a concubina. Claro que eles vivem em conflito de identidade com seus personagens e têm uma relação doentia um com o outro. É tudo tão bonito, a fotografia, as roupas, a história. O filme é longuíssimo e acompanha também a história da china no século vinte. Fora que eu acho o idioma uma graça, a coisa mais parecida miados de gato que há. Haha.
"Aconteceu na Suite 16" de Dominique Deruddere (Bélgica) -1996
Esse é pouco conhecido. Eu também tenho aqui em fita, mas comprei direto de uma distribuidora quando eu trabalhava numa livraria. E não é fácil de achar pra alugar. É um filme bem "wildeano", a história de um michê cafajeste que espanca e rouba mulheres. Um dia, numa fuga, ele se esconde num quarto de hotel (a suite 16), onde mora um velho paraplégico. O velho inicialmente é feito de refém, mas aos poucos vai virando a situação e dominando o petiz, que não tem lá muito cérebro. Um filme sobre a beleza e a juventude, e suas obsessões.
"Ed Wood" de Tim Burton (EUA) -1994
Ah, do Tim Burton eu gosto de vários (e desgosto de alguns). Eu poderia colocar também "Big Fish", que é lindinho e fabulesco. Mas esse eu acho que é mais representativo. A biografia do cineasta trash Edward D. Wood Jr, conhecido como "o pior diretor de todos os tempos". O papél título é de Johnny Depp. Martin Landau faz o Bela Lugosi. O filme todo é rodado em PB. O que mais eu poderia querer?
"Não Viver" de Hiroshi Shimizu (Japão) - 1997
Já falei desse aqui, não? É aquele dos japoneses que decidem morrer para as famílias ganharem o seguro de vida. Então armam uma viagem na qual o ônibus despencará de um penhasco no terceiro dia. Só que uma japonesinha serelepe teen entra no ônibus por engano e quer curtir a viagem. Eles não avisam nada, para usá-la de álibi na companhia de seguro – a única que não tem motivo para morrer – mas, ao mesmo tempo, ela vai mostrando a eles "belas razões para se viver". Não é piegas não. Tem um certo humor negro.
"Morte em Veneza" de Luchino Visconti (Itália) -1971
Ah, Tadzio. Acho que essa é a melhor adaptação de uma obra literária para o cinema. É bem fiel. As pequenas modificações não alteram em nada a essência da obra. O Tadzio das telas é exatamente o que você imagina do Tadzio das páginas. E toda aquela melancolia, aquela lentidão. É um filme para ser visto exatamente como faz o personagem principal, por fetiche, admirando a beleza, a fotografia, sem pressa de nada acontecer, mas com um certo desespero...
"O Anjo Exterminador" de Luis Buñuel (México) -1962
A idéia do filme é simples, maravilhosa e arquetípica: convidados não conseguem ir embora de uma festa. Nada os prende, não há barreira alguma ou coação, apenas um bloqueio psicológico que os mantém por dias e dias na mesma sala, sem conseguir sair de lá. Claro que é uma história absurda, claro que é uma obra surrealista, mas foge à lógica fragmentária do gênero. É comum nas obras surrealistas jogarem-se muitos elementos desconexos, como citações imagéticas, para se criar o estranhamento. Nesse filme isso é mais sutil, e eu considero isso um grande mérito. Do Bunuel eu também adoro "O Obscuro Objeto do Desejo".
"Amores Expressos" de Wong Kar Wai (Hong Kong) - 1993
Hum, também é difícil escolher um filme do Wong Kar Wai. Apesar dele não ter muitos, são todos lindos, modernos e poéticos. Esse foi o primeiro que eu vi. Talvez não seja o melhor, mas é o mais "meigo". Todos os personagens são ternos, bonitinhos, e ainda assim melancólicos, solitários. São duas histórias que semi-interagem. Não têm muito a ver uma com a outra, mas acontecem na mesma região de Hong Kong, na mesma época, divindo cenários.
"Adeus Dragon Inn" de Tsai Ming Liang (Taiwan) - 2003
Tsai Ming Liang é dos meus diretores favoritos. Talvez este seja o filme mais "difícil" dele. Nunca entrou em cartaz. Também não tem em vídeo, e PRECISA ser visto no cinema. Retrata a última sessão de um cinema decadente de Taiwan, que já teve seus dias de glória. Na platéia, circulam prostitutas, crianças, gays a caça e velhos atores. Os planos são longuíssimos. Muitas vezes estamos sentados no cinema olhando para a cara de atores que também estão sentados. Assistimos a eles assistindo um filme. É um exercício extremo de metalinguagem. Genial. Mas cansativo.
"Dogville" de Lars Von Trier (Dinamarca) - 2003
Esse todo mundo conhece, não? Acho que tem o melhor final que já vi num filme. Satisfez todos os meus desejos. E toda a estrutura do filme, aquele cenário, o tom de fábula, é muito inteligente. Eu gosto de todos os filmes dele que vi, mas acho que esse é mesmo meu favorito.
"O Processo" de Orson Welles (EUA) 1962
Já que tem de colocar Orson Welles, né? haha. Ok, deste filme eu gosto bastante. Tem um clima de pesadelo bem próximo do livro, apesar de tomar várias liberdades na trama. Na verdade, eu vi uma versão ainda melhor, na TV Senado, acreditem ou não. Era uma montagem meio teatral, com atores de verdade, mas todo o cenário feito em computação. O cenário se movimentava, girava, rodava, enquanto os atores ficavam parados. Os atores eram multiplicados na tela, cada um dizendo uma parte do texto. Era uma coisa como eu nunca vi igual, super diferente e bem oportuna para a trama. Mas eu perdi o começo, nunca mais vi, nem sei de quem é, nem se tem para alugar. Se alguém souber...
Ah, o Jaspion, aquele japa-gaúcho falseta que foi meu namorado, foi para o Paraguai e para quem eu dediquei "A Morte", criou uma comunidade "Eu Amo Fazer Listas" no Orkut. Ele é o rei de fazer de fazer essas listas. Quero dizer, o príncipe herdeiro... de Nick Hornby.
08/12/2004
O BOZO QUE VEIO DO INFERNO
A caravana da alegria já passou. Foi só um ataque de serotonina.
Para resgatar as trevas em meu coração, me lembrei dum filme que aluguei outro dia com o Daniel (ok, EU aluguei e o obriguei a assistir). É o “Palhaço Assassino” (“Clown House”) do Victor Salvia.
Calma, calma, leia até o fim, vai ficar bom.
Tudo bem, não é um filme bom (se bem que é capaz de entrar na lista do Carlão Reichenbach como um dos “melhores filmes de todos os tempos”, haha), mas tem algo de bem bizarro nele. A história é aquela coisa que você imagina, um bando de psicopatas vestidos de palhaços invadem uma casa onde moram três garotos adolescentes. A tosqueira é tanta que os garotos se livram dos palhaços em “grand clown style”, ou seja, eles usam truques idiotas de circo para vencer os psicos.
Mas o filme tem um leve toque surreal-onírico que o torna interessante. Eu não sabia exatamente o que era, até ler a biografia do diretor...
Victor Salvia foi preso logo depois de lançar esse filme. Foi descoberto que ele abusou sexualmente dos meninos e filmou tudo. Ou seja, a história dos palhaços em parte era verdadeira. Isso torna “Palhaço Assassino” praticamente um “snuff” lançado comercialmente!
Agora quer o endereço de onde eu aluguei? Haha. Não sei se é fácil de achar. Aqui numa locadora da Peixoto Gomide tem – VHS, claro.
Victor Salvia saiu da cadeia anos depois e voltou ao estrelato com “Olhos Famintos” (“Jeepers Creepers”), filme de terror que foi produzido por Francis Ford Copolla. A metade inicial do filme até que é boa, depois vira uma tosqueira. Ele se esforçou muito para criar um super-vilão como o Freddy, Jason e afins.
Esse filme também é protagonizado por um rapazola petiscável. Depois de amargar na cadeia Victor Salvia passou a trabalhar com “barely legal”.
Sabendo dessas histórias do diretor, os filmes deles ganham uma nova visão. Parecem todos uma grande alegoria de seus próprios desejos, fetiches e perversões. Não que se tornem filmes bons, mas com certeza se tornam mais assustadores.
Nessa etapa da “cruzada da sordidez”, quais são os filmes/livros mais pesados que vocês conhecem?
Filmes é fácil: “Saló” – do Pasolini (que também abusou de jovenzinhos, e foi assassinado por isso), é o principal, não dá para contestar. O filme é um terror terrível medonho, apesar da soberba cinematografia. Vocês sabem, é aquele sobre um grupo de fascistas que leva adolescentes para um castelo e os tortura de todas as formas, de maneira explicita.
Pior que eu fui assistir com uma menina em Porto Alegre que ficou o filme inteiro falando no celular...
Outro é “Requiem para um Sonho”, do Darren Aronofsky Foi o filme que me fez passar mais mal. Ele tem um efeito entorpecente impressionante (ou então eu tive alguma crise psíquica no meio da sessão). É um filme que reproduz no espectador o efeito avançado de drogas como heroína no cérebro.
Em terceiro deve vir “Audition”, do Takeshi Miike (que, ALIÁS, ei vi numa sessão do Carlão Reichenbach, no Cinesesc). Já falei deste filme aqui, não? Durante uma hora e meia o filme é uma comédia romântica super fofinha, depois entra num clima de pesadelo impressionante, daqueles que abre portas do seu inconsciente e coloca um gato miando lá dentro. Eu nunca vi nenhuma obra “carinhosa” ter esse poder.
Será mesmo que só é possível causar um impacto dessa magnitude no espectador com fontes funestas? Ou eu que sou insensível ao canto das cotovias?
Não, eu nunca chorei com E.T.
A caravana da alegria já passou. Foi só um ataque de serotonina.
Para resgatar as trevas em meu coração, me lembrei dum filme que aluguei outro dia com o Daniel (ok, EU aluguei e o obriguei a assistir). É o “Palhaço Assassino” (“Clown House”) do Victor Salvia.
Calma, calma, leia até o fim, vai ficar bom.
Tudo bem, não é um filme bom (se bem que é capaz de entrar na lista do Carlão Reichenbach como um dos “melhores filmes de todos os tempos”, haha), mas tem algo de bem bizarro nele. A história é aquela coisa que você imagina, um bando de psicopatas vestidos de palhaços invadem uma casa onde moram três garotos adolescentes. A tosqueira é tanta que os garotos se livram dos palhaços em “grand clown style”, ou seja, eles usam truques idiotas de circo para vencer os psicos.
Mas o filme tem um leve toque surreal-onírico que o torna interessante. Eu não sabia exatamente o que era, até ler a biografia do diretor...
Victor Salvia foi preso logo depois de lançar esse filme. Foi descoberto que ele abusou sexualmente dos meninos e filmou tudo. Ou seja, a história dos palhaços em parte era verdadeira. Isso torna “Palhaço Assassino” praticamente um “snuff” lançado comercialmente!
Agora quer o endereço de onde eu aluguei? Haha. Não sei se é fácil de achar. Aqui numa locadora da Peixoto Gomide tem – VHS, claro.
Victor Salvia saiu da cadeia anos depois e voltou ao estrelato com “Olhos Famintos” (“Jeepers Creepers”), filme de terror que foi produzido por Francis Ford Copolla. A metade inicial do filme até que é boa, depois vira uma tosqueira. Ele se esforçou muito para criar um super-vilão como o Freddy, Jason e afins.
Esse filme também é protagonizado por um rapazola petiscável. Depois de amargar na cadeia Victor Salvia passou a trabalhar com “barely legal”.
Sabendo dessas histórias do diretor, os filmes deles ganham uma nova visão. Parecem todos uma grande alegoria de seus próprios desejos, fetiches e perversões. Não que se tornem filmes bons, mas com certeza se tornam mais assustadores.
Nessa etapa da “cruzada da sordidez”, quais são os filmes/livros mais pesados que vocês conhecem?
Filmes é fácil: “Saló” – do Pasolini (que também abusou de jovenzinhos, e foi assassinado por isso), é o principal, não dá para contestar. O filme é um terror terrível medonho, apesar da soberba cinematografia. Vocês sabem, é aquele sobre um grupo de fascistas que leva adolescentes para um castelo e os tortura de todas as formas, de maneira explicita.
Pior que eu fui assistir com uma menina em Porto Alegre que ficou o filme inteiro falando no celular...
Outro é “Requiem para um Sonho”, do Darren Aronofsky Foi o filme que me fez passar mais mal. Ele tem um efeito entorpecente impressionante (ou então eu tive alguma crise psíquica no meio da sessão). É um filme que reproduz no espectador o efeito avançado de drogas como heroína no cérebro.
Em terceiro deve vir “Audition”, do Takeshi Miike (que, ALIÁS, ei vi numa sessão do Carlão Reichenbach, no Cinesesc). Já falei deste filme aqui, não? Durante uma hora e meia o filme é uma comédia romântica super fofinha, depois entra num clima de pesadelo impressionante, daqueles que abre portas do seu inconsciente e coloca um gato miando lá dentro. Eu nunca vi nenhuma obra “carinhosa” ter esse poder.
Será mesmo que só é possível causar um impacto dessa magnitude no espectador com fontes funestas? Ou eu que sou insensível ao canto das cotovias?
Não, eu nunca chorei com E.T.
06/12/2004
CARAVANA DA ALEGRIA
Outro dia eu estava em casa às 4:30 da manhã ouvindo ABBA atentamente...
Ah, pára com isso, ABBA é legal. Eu nem sou de "Disco", mas quando você conhece um pouco a cultura escandinava, ABBA faz muito mais sentido, haha. Toda essa coisa "kitsch higiênica" – ou um "proto-almodovarismo ingênuo", haha. Aliás, ABBA é uma banda sueca, mas tem uma banda Finlandesa chamada Ultra Bra que vai pela mesma linha, e é das poucas que canta em finlandês que eu gosto.
Mas eu estava escutando ABBA naquela madrugada para descobrir se "Dancing Queen" era a música mais alegre do mundo. É que eu estava nessa pilha da "arte carinhosa", com a revelação que tive na Bienal e postei aqui no post passado, coisa e tal.
Também estava chocado com minha mãe, que havia dito que "Dance Me to the End of Love", do Leonard Cohen era a "música mais feliz que ela já tinha escutado". Leonard Cohen? Pode? Eu gosto, mas aquela música é uma depressão só...
Daí entrei nessa cruzada da bondade e comecei a escavar os discos, os livros ("Pequeno Príncipe"? Claro que não!) gentis. O mais preocupante é que não consegui encontrar nenhuma obra essencialmente sorridente. Mesmo "Dancing Queen" do ABBA tem umas quedas de acordes depressivas... Talvez um "drama" que a impeça de salvar Maysa, haha.
Daí lembrei que o Cardigans (outra banda sueca) disse a mesma coisa sobre sua própria música, "Carnival", quando contestados sobre sua "alegria excessiva". Eles diziam que "no fundo, há um acorde depressivo".
Aliás, essa foi também uma questão que o Marcelo Rubens Paiva me fez, quando me entrevistou pra (resenha da "Morte" na) Folha.
"Depressão virou a regra nos tempos de hoje?"
Minha resposta (integral) foi a seguinte:
"Na Literatura? Acho que sempre foi. A arte sempre se alimenta dos conflitos, né? Não consigo lembrar de nenhum grande livro "alegre". Pessoalmente, (hoje em dia) eu não sou uma pessoa deprimida. Um pouco melancólico, entediado talvez. Mas é só bater alguma crise para eu enfiar o dedo na ferida, e tirar um conto, ou um romance... "
E agora eu persigo a felicidade, veja só.
Me lembrei também de uma aula teórica de acordes que fiz quando estudava piano, em que o professor explicava a reação que cada tipo de acorde provocava (alegria, tristeza, medo, etc, mas eu não me lembro mais de nada). É interessante isso, hein? O que faz um som ser percebido como "triste" ou "alegre"? É uma questão cultural ou instintiva? Preciso que um antropólogo/psicólogo visite meu "Vermelho" e explique.
Voltando aos "mais alegres do mundo", tiro ABBA e coloco "Alright" do Supergrass. Essa música não tem nenhum traço de depressão... mas tem ironia, daí não vale. Sambinhas? Todo samba parece ser a celebração da fossa. Aliás, se pensarmos bem, toda celebração parece ser um ato de desespero perante a constatação da inevitável condenação humana (ui!).
Talvez a alegria só esteja com a Xuxa Meneguel (mas eu ainda prefiro ela dançando de ursinho com o Nobuyoshi Araki em "Amor Estranho Amor", haha).
Em livro, sei lá, "O Manual do Escoteiro Mirim" serve?
Bem, bem, eu não vim para responder nada. Para alegrar seus corações, mando o link de www.roqueealfredo.com.br. Esqueça Simpsons, "Happy Tree Friends", South Park e todas essas bobagens. "Roque e Alfredo" é o melhor desenho animado já criado! E é Made in Brazil! Meu episódio favorito é o da estrelinha, "Insanus". Vocês podem assistir no site, é levinho.
Também podem opinar aí embaixo. Quais são "as obras mais alegres criadas pela humanidade"?
Outro dia eu estava em casa às 4:30 da manhã ouvindo ABBA atentamente...
Ah, pára com isso, ABBA é legal. Eu nem sou de "Disco", mas quando você conhece um pouco a cultura escandinava, ABBA faz muito mais sentido, haha. Toda essa coisa "kitsch higiênica" – ou um "proto-almodovarismo ingênuo", haha. Aliás, ABBA é uma banda sueca, mas tem uma banda Finlandesa chamada Ultra Bra que vai pela mesma linha, e é das poucas que canta em finlandês que eu gosto.
Mas eu estava escutando ABBA naquela madrugada para descobrir se "Dancing Queen" era a música mais alegre do mundo. É que eu estava nessa pilha da "arte carinhosa", com a revelação que tive na Bienal e postei aqui no post passado, coisa e tal.
Também estava chocado com minha mãe, que havia dito que "Dance Me to the End of Love", do Leonard Cohen era a "música mais feliz que ela já tinha escutado". Leonard Cohen? Pode? Eu gosto, mas aquela música é uma depressão só...
Daí entrei nessa cruzada da bondade e comecei a escavar os discos, os livros ("Pequeno Príncipe"? Claro que não!) gentis. O mais preocupante é que não consegui encontrar nenhuma obra essencialmente sorridente. Mesmo "Dancing Queen" do ABBA tem umas quedas de acordes depressivas... Talvez um "drama" que a impeça de salvar Maysa, haha.
Daí lembrei que o Cardigans (outra banda sueca) disse a mesma coisa sobre sua própria música, "Carnival", quando contestados sobre sua "alegria excessiva". Eles diziam que "no fundo, há um acorde depressivo".
Aliás, essa foi também uma questão que o Marcelo Rubens Paiva me fez, quando me entrevistou pra (resenha da "Morte" na) Folha.
"Depressão virou a regra nos tempos de hoje?"
Minha resposta (integral) foi a seguinte:
"Na Literatura? Acho que sempre foi. A arte sempre se alimenta dos conflitos, né? Não consigo lembrar de nenhum grande livro "alegre". Pessoalmente, (hoje em dia) eu não sou uma pessoa deprimida. Um pouco melancólico, entediado talvez. Mas é só bater alguma crise para eu enfiar o dedo na ferida, e tirar um conto, ou um romance... "
E agora eu persigo a felicidade, veja só.
Me lembrei também de uma aula teórica de acordes que fiz quando estudava piano, em que o professor explicava a reação que cada tipo de acorde provocava (alegria, tristeza, medo, etc, mas eu não me lembro mais de nada). É interessante isso, hein? O que faz um som ser percebido como "triste" ou "alegre"? É uma questão cultural ou instintiva? Preciso que um antropólogo/psicólogo visite meu "Vermelho" e explique.
Voltando aos "mais alegres do mundo", tiro ABBA e coloco "Alright" do Supergrass. Essa música não tem nenhum traço de depressão... mas tem ironia, daí não vale. Sambinhas? Todo samba parece ser a celebração da fossa. Aliás, se pensarmos bem, toda celebração parece ser um ato de desespero perante a constatação da inevitável condenação humana (ui!).
Talvez a alegria só esteja com a Xuxa Meneguel (mas eu ainda prefiro ela dançando de ursinho com o Nobuyoshi Araki em "Amor Estranho Amor", haha).
Em livro, sei lá, "O Manual do Escoteiro Mirim" serve?
Bem, bem, eu não vim para responder nada. Para alegrar seus corações, mando o link de www.roqueealfredo.com.br. Esqueça Simpsons, "Happy Tree Friends", South Park e todas essas bobagens. "Roque e Alfredo" é o melhor desenho animado já criado! E é Made in Brazil! Meu episódio favorito é o da estrelinha, "Insanus". Vocês podem assistir no site, é levinho.
Também podem opinar aí embaixo. Quais são "as obras mais alegres criadas pela humanidade"?
04/12/2004
O PROFESSOR DE ARTE
Hum, não falei do novo cd do Rufus Wainwright, falei? Baixei semana passada.
"Want Two" é mesmo um b-side de "Want One", o album que ele havia lançado no ano passado. Esse novo vem também com um DVD ao vivo, mas eu ainda não vi porque só tenho minha cópia em CD-R. Quem quiser me dar um oficial de Natal será recompensado com meus serviços... Ops! Mas aviso que o album não é barato... Meus serviços tampouco.
Enfim, "Want Two". Tem faixas ótimas como "The One You Love", "The Art Teacher" e "Old Whores Diet". Muitas delas eu já tinha em versões ao vivo, também baixadas da net. Destaque para "Little Sister", que no album ganhou arranjo "renascentista" de cordas.
A última faixa, "Old Whores Diet" tem praticamente só uma frase que se repete na música inteira (e a música tem uns 8 minutos). O arranjo lembra um pouco "David Byrne" (que ALIÁS, eu encontrei uma vez na rua, em Londres, quando eu estava quebrando o pau com o Patryk. Nós literalmente caímos sobre ele. Coisas de UK...).
Acho que minha favorita do album é mesmo "The Art Teacher", que ele já tinha lançado em single. A letra é bem Rufus, mas parece mais prosa do que poesia. Vai aí um trecho:
There I was in uniforms
Looking at the art teacher
I was just a GIRL then
Never had a love since then
He was not that much older than I was
He had taken our class to the Metropolitam Museum
He asked what our favorite work of art was
I never could have tell him it was him...
Professor de arte? Sei, sei...
Isso me lembra da Bienal, que eu fui semana passada, finalmente. Na verdade, ainda não vi nada direito. Eu estava num estado de perturbação mental – que seria descrita pelo meu professor de finlandês como possessão demoníaca – então varri o prédio inteiro em pouco mais de uma hora. Do que lembro? Um tigre subindo num elefante, tambores, a família do Chucky... Tinha também um professor de arte mostrando as obras para seus alunos, sim. Mas os alunos eram bem mais interessantes do que ele...
Ah... Ah...
Mas processando toda essa pós-modernidade no meu moedor mental, o saldo foi positivo. Eu sempre saía das Bienais tão deprimido, achando tudo tão perverso. Queria ver passarinhos voando - e dessa vez eu vi! Quero dizer, achei as obras menos perversas, mais doces, bem-humoradas. Será que isso significa que a arte moderna se curou do mal de século? Há esperança para nós? Os artistas (plásticos ou não) que me respondam.
Hum, não falei do novo cd do Rufus Wainwright, falei? Baixei semana passada.
"Want Two" é mesmo um b-side de "Want One", o album que ele havia lançado no ano passado. Esse novo vem também com um DVD ao vivo, mas eu ainda não vi porque só tenho minha cópia em CD-R. Quem quiser me dar um oficial de Natal será recompensado com meus serviços... Ops! Mas aviso que o album não é barato... Meus serviços tampouco.
Enfim, "Want Two". Tem faixas ótimas como "The One You Love", "The Art Teacher" e "Old Whores Diet". Muitas delas eu já tinha em versões ao vivo, também baixadas da net. Destaque para "Little Sister", que no album ganhou arranjo "renascentista" de cordas.
A última faixa, "Old Whores Diet" tem praticamente só uma frase que se repete na música inteira (e a música tem uns 8 minutos). O arranjo lembra um pouco "David Byrne" (que ALIÁS, eu encontrei uma vez na rua, em Londres, quando eu estava quebrando o pau com o Patryk. Nós literalmente caímos sobre ele. Coisas de UK...).
Acho que minha favorita do album é mesmo "The Art Teacher", que ele já tinha lançado em single. A letra é bem Rufus, mas parece mais prosa do que poesia. Vai aí um trecho:
There I was in uniforms
Looking at the art teacher
I was just a GIRL then
Never had a love since then
He was not that much older than I was
He had taken our class to the Metropolitam Museum
He asked what our favorite work of art was
I never could have tell him it was him...
Professor de arte? Sei, sei...
Isso me lembra da Bienal, que eu fui semana passada, finalmente. Na verdade, ainda não vi nada direito. Eu estava num estado de perturbação mental – que seria descrita pelo meu professor de finlandês como possessão demoníaca – então varri o prédio inteiro em pouco mais de uma hora. Do que lembro? Um tigre subindo num elefante, tambores, a família do Chucky... Tinha também um professor de arte mostrando as obras para seus alunos, sim. Mas os alunos eram bem mais interessantes do que ele...
Ah... Ah...
Mas processando toda essa pós-modernidade no meu moedor mental, o saldo foi positivo. Eu sempre saía das Bienais tão deprimido, achando tudo tão perverso. Queria ver passarinhos voando - e dessa vez eu vi! Quero dizer, achei as obras menos perversas, mais doces, bem-humoradas. Será que isso significa que a arte moderna se curou do mal de século? Há esperança para nós? Os artistas (plásticos ou não) que me respondam.
02/12/2004
PEQUENAS HISTÓRIAS DE OLHO GRANDE
Semana passada dois sites me pediram contos. Mandei "O Pequeno Conto que Sorri" para o Patife e "Quasímodo" para o Portal Literal. Assim que estiverem no ar eu coloco os links aqui.
Não tenho muitos contos circulando, também é raro me pedirem. Estava fazendo um inventário do que foi espalhado.
Em livro, tenho o "Pó de Vidro e Veneno de Cobra", que saiu na Ficções-12, um conto sobre "o efeito da cocaína na fosseta loreal das serpentes", ou algo assim. Tem "A Mulher Barbada", escrito em Parati para o "Parati Para Mim", que teve uma divulgação maciça na época e sobre o qual a Beatriz Resende escreveu no JB: "Nazarian faz uma experiência radical de escrita literária. (...) Terminado o conto me ficou um conto travado, mas muito forte, de ter saboreado esse fruto incomum, que é o literário em estado puro."
Tem também o "microconto" dos "Cem Menores Contos do Século". É assim: "Só tiro o dedo da boca para furar seus olhos". Só isso. Pra falar a verdade, eu não gosto muito. Eu tinha mandado outros dois para o Marcelino, mas por alguma razão ele escolheu esse. Os outros eram:
"Esqueça a poesia. Ela vai me matar. Chame a polícia."
E
"Em poucas palavras, o poeta vira publicitário."
Ahaha, ok, esse último eu confesso que escrevi de sacanagem.
Fora isso, parece que o Bruno Saito (Folha) colocou um conto meu, "Garotos Podres", numa revista da USP há milênios, mas eu nunca vi. É um conto quase da minha "pré-história constitucional", 1998, na verdade, mas eu ainda adoro, então ACABEI DE COLOCAR LÁ NO LINK "FORMIGAS NO AÇÚCAR".
Tenho também o "594 Formigas no meu Açúcar", que estava num site gótico (e talvez ainda esteja), que também é bem antigo... e não tão bom.
Mas o estoque de contos aqui de casa é imenso. 46, na verdade. Daria um livro com mais de duzentas páginas. Eu estou juntando, e quando der um livro com mais de 300, eu publico. : ) Vira e mexe eu os reuno e os registro.
Aliás, uma das perguntas que fizeram no "Encontros de Interrogação" do Itaú foi sobre isso, o espaço do conto e do romance na cena contemporânea brasileira. Eu continuo achando que romance tem mais mercado. É tanto escritor novo lançando coletâneas de contos, que acabam passando despercebidos. Romance tem mais impacto. Fora que escrever romance é muito mais gostoso, você carrega a história, os personagens com você por muito mais tempo...
Mas já li vários livros de contos maravilhosos. "Os Famintos", do Thomas Mann, é uma antologia com coisas que ele produziu durante toda a vida. Tem contos que ele escreveu ainda bem jovem, como "O Pequeno Sr. Friedmann", "O Caminho do Cemitério" e "O Menino Prodígio". Todos eles têm aqueles valores Mannianos, que podem ser encontrados nos romances mais famosos dele, como "A Montanha Mágica" e "Morte em Veneza". E ainda têm um clima mais romântico e ingênuo que ele foi perdendo com a idade (ou talvez com o Nobel, haha).
Outro que gosto bastante é o Saki (pseudônimo de Hector Hugh Munro). Não sei se ele tem alguma coisa em português. Eu tenho as obras completas em inglês. São contos curtíssimos, sátiras da sociedade inglesa no começo do século vinte, com um humor "dandy" bem wildeano. Ele também tem algumas coisas de terror/fantasia, mas sempre com esse olhar "glam".
Dos nacionais, (o livro de contos) "Morangos Mofados" do Caio Fernando Abreu já é um clássico. Outro dia estava conversando com o Ismael sobre isso. Não dá para ignorar "Pela Passagem de Uma Grande Dor", "Aqueles Dois" e mesmo "Sargento Garcia". Mas eu não sou fã incondicional do Caio, não. Nesse mesmo livro tem o conto "Diálogo", que eu acho uma idiotice. E o romance "Onde Andará Dulce Veiga", cá entre nós, eu também não agüento...
Recentemente comecei a me aprofundar na obra da Clarice. Descobri "Felicidade Clandestina", "A Quinta História", "O Crime do Professor de Matemática" e outros contos delicados e importantes. Mas é por causa de coisas como "Aniversário" (que eu coloquei aqui no site) ou de "O Primeiro Beijo", que a imagem dela nunca será imaculada para mim. Clarice tambem pisa na bola e deixa pra história. No cômputo total da obra, prefiro a Lygia, "As Formigas", "Verde Lagarto Amarelo", "Seminário dos Ratos"...
Tem também o "Noite na Taverna", do Álvares de Azevedo, que nenhum gótico pode desprezar; "Contos Novos" do Mário de Andrade; alguns contos do Moacyr Scliar. Mas talvez o meu livro de contos nacionais favorito seja "O Cego e a Dançarina" do João Gilberto Noll, especialmente "Alguma Coisa Urgentemente", "Miguel, Miguel, Não Tens Abelhas e Vendes Mel" e "O Meu Amigo", esse último talvez seja MEU CONTO FAVORITO DE TODOS OS TEMPOS.
Bem, o livro está esgotado há tempos, mas pode ser encontrado dentro do volume "Romances e Contos Reunidos" do Noll, lançado pela Cia das Letras, e quem estiver muito curioso consegue ler numa livraria, porque esse conto é curto. "O Meu Amigo".
Outro dos meus favoritos é o conto do Paulo Henriques Britto – "O Companheiro de Quarto", que pode ser lido no site da Editora 7 Letras.
Dos mais atuais, o Marcelino Freire, com seus "Balé Ralé" e "Angu de Sangue" faz a diferença. Eu prefiro o "Angu", mas os dois livros tem uma linguagem bem interessante, sonora, um ritmo dinâmico. Parecem mesmo contos para se ler em voz alta.
Que mais de novo? Teve a revista "Ácaro", do Paulo Werneck e do Chico Mattoso, que trouxe contos ótimos da "minha geração", contos para ser lido em revista mesmo, mas só durou dois números. De qualquer forma, elas ainda podem ser encontradas pelas FNACS por aí. A primeira tem um conto que eu adoro do Antônio Prata, chamado "Flexibilidade".
Hum, muitos outros. Sempre chegam livros aqui em casa. E eu comento quando é oportuno. O último que ganhei foi o "Pequeno Dicionário de Percevejos" das mãos (e da autoria) do Nelson de Oliveira, mas não li ainda. Estou lendo o romance "Boquinhas Pintadas", do Manuel Puig, que ganhei do Donizete Galvão, além de me aprofundar nos estudos de herpetologia e finlandês.
Ah, e ainda quero encontrar as páginas para ser feliz...
Semana passada dois sites me pediram contos. Mandei "O Pequeno Conto que Sorri" para o Patife e "Quasímodo" para o Portal Literal. Assim que estiverem no ar eu coloco os links aqui.
Não tenho muitos contos circulando, também é raro me pedirem. Estava fazendo um inventário do que foi espalhado.
Em livro, tenho o "Pó de Vidro e Veneno de Cobra", que saiu na Ficções-12, um conto sobre "o efeito da cocaína na fosseta loreal das serpentes", ou algo assim. Tem "A Mulher Barbada", escrito em Parati para o "Parati Para Mim", que teve uma divulgação maciça na época e sobre o qual a Beatriz Resende escreveu no JB: "Nazarian faz uma experiência radical de escrita literária. (...) Terminado o conto me ficou um conto travado, mas muito forte, de ter saboreado esse fruto incomum, que é o literário em estado puro."
Tem também o "microconto" dos "Cem Menores Contos do Século". É assim: "Só tiro o dedo da boca para furar seus olhos". Só isso. Pra falar a verdade, eu não gosto muito. Eu tinha mandado outros dois para o Marcelino, mas por alguma razão ele escolheu esse. Os outros eram:
"Esqueça a poesia. Ela vai me matar. Chame a polícia."
E
"Em poucas palavras, o poeta vira publicitário."
Ahaha, ok, esse último eu confesso que escrevi de sacanagem.
Fora isso, parece que o Bruno Saito (Folha) colocou um conto meu, "Garotos Podres", numa revista da USP há milênios, mas eu nunca vi. É um conto quase da minha "pré-história constitucional", 1998, na verdade, mas eu ainda adoro, então ACABEI DE COLOCAR LÁ NO LINK "FORMIGAS NO AÇÚCAR".
Tenho também o "594 Formigas no meu Açúcar", que estava num site gótico (e talvez ainda esteja), que também é bem antigo... e não tão bom.
Mas o estoque de contos aqui de casa é imenso. 46, na verdade. Daria um livro com mais de duzentas páginas. Eu estou juntando, e quando der um livro com mais de 300, eu publico. : ) Vira e mexe eu os reuno e os registro.
Aliás, uma das perguntas que fizeram no "Encontros de Interrogação" do Itaú foi sobre isso, o espaço do conto e do romance na cena contemporânea brasileira. Eu continuo achando que romance tem mais mercado. É tanto escritor novo lançando coletâneas de contos, que acabam passando despercebidos. Romance tem mais impacto. Fora que escrever romance é muito mais gostoso, você carrega a história, os personagens com você por muito mais tempo...
Mas já li vários livros de contos maravilhosos. "Os Famintos", do Thomas Mann, é uma antologia com coisas que ele produziu durante toda a vida. Tem contos que ele escreveu ainda bem jovem, como "O Pequeno Sr. Friedmann", "O Caminho do Cemitério" e "O Menino Prodígio". Todos eles têm aqueles valores Mannianos, que podem ser encontrados nos romances mais famosos dele, como "A Montanha Mágica" e "Morte em Veneza". E ainda têm um clima mais romântico e ingênuo que ele foi perdendo com a idade (ou talvez com o Nobel, haha).
Outro que gosto bastante é o Saki (pseudônimo de Hector Hugh Munro). Não sei se ele tem alguma coisa em português. Eu tenho as obras completas em inglês. São contos curtíssimos, sátiras da sociedade inglesa no começo do século vinte, com um humor "dandy" bem wildeano. Ele também tem algumas coisas de terror/fantasia, mas sempre com esse olhar "glam".
Dos nacionais, (o livro de contos) "Morangos Mofados" do Caio Fernando Abreu já é um clássico. Outro dia estava conversando com o Ismael sobre isso. Não dá para ignorar "Pela Passagem de Uma Grande Dor", "Aqueles Dois" e mesmo "Sargento Garcia". Mas eu não sou fã incondicional do Caio, não. Nesse mesmo livro tem o conto "Diálogo", que eu acho uma idiotice. E o romance "Onde Andará Dulce Veiga", cá entre nós, eu também não agüento...
Recentemente comecei a me aprofundar na obra da Clarice. Descobri "Felicidade Clandestina", "A Quinta História", "O Crime do Professor de Matemática" e outros contos delicados e importantes. Mas é por causa de coisas como "Aniversário" (que eu coloquei aqui no site) ou de "O Primeiro Beijo", que a imagem dela nunca será imaculada para mim. Clarice tambem pisa na bola e deixa pra história. No cômputo total da obra, prefiro a Lygia, "As Formigas", "Verde Lagarto Amarelo", "Seminário dos Ratos"...
Tem também o "Noite na Taverna", do Álvares de Azevedo, que nenhum gótico pode desprezar; "Contos Novos" do Mário de Andrade; alguns contos do Moacyr Scliar. Mas talvez o meu livro de contos nacionais favorito seja "O Cego e a Dançarina" do João Gilberto Noll, especialmente "Alguma Coisa Urgentemente", "Miguel, Miguel, Não Tens Abelhas e Vendes Mel" e "O Meu Amigo", esse último talvez seja MEU CONTO FAVORITO DE TODOS OS TEMPOS.
Bem, o livro está esgotado há tempos, mas pode ser encontrado dentro do volume "Romances e Contos Reunidos" do Noll, lançado pela Cia das Letras, e quem estiver muito curioso consegue ler numa livraria, porque esse conto é curto. "O Meu Amigo".
Outro dos meus favoritos é o conto do Paulo Henriques Britto – "O Companheiro de Quarto", que pode ser lido no site da Editora 7 Letras.
Dos mais atuais, o Marcelino Freire, com seus "Balé Ralé" e "Angu de Sangue" faz a diferença. Eu prefiro o "Angu", mas os dois livros tem uma linguagem bem interessante, sonora, um ritmo dinâmico. Parecem mesmo contos para se ler em voz alta.
Que mais de novo? Teve a revista "Ácaro", do Paulo Werneck e do Chico Mattoso, que trouxe contos ótimos da "minha geração", contos para ser lido em revista mesmo, mas só durou dois números. De qualquer forma, elas ainda podem ser encontradas pelas FNACS por aí. A primeira tem um conto que eu adoro do Antônio Prata, chamado "Flexibilidade".
Hum, muitos outros. Sempre chegam livros aqui em casa. E eu comento quando é oportuno. O último que ganhei foi o "Pequeno Dicionário de Percevejos" das mãos (e da autoria) do Nelson de Oliveira, mas não li ainda. Estou lendo o romance "Boquinhas Pintadas", do Manuel Puig, que ganhei do Donizete Galvão, além de me aprofundar nos estudos de herpetologia e finlandês.
Ah, e ainda quero encontrar as páginas para ser feliz...
30/11/2004
HORA EXTRA DE MIM MESMO
“Feriado de Mim Mesmo”, meu próximo romance, já foi revisado e diagramado. Ficou com 160 páginas (maior do que “Olívio”, menor do que “A Morte”), achei um tamanho bom para um romance contemporâneo, apesar dele ter uma estrutura mais próxima de novela (narrado linearmente – quase em tempo real – durante um curto espaço de tempo).
Como eu já falei, a foto de capa é assinada pelo Daniel Luciancencov e eu. Mas ainda não posso dizer o que é.
A orelha também já está pronta, mais uma vez escrita por mim mesmo (não me sinto confortável com alguém enfiando o dedo na minha orelha, heheeh). Ela já está há algum tempo aqui no site. Vocês podem ler, e ter mais detalhes do livro no link “Feriado de Mim Mesmo”, aí do lado.
Como eu sempre busco desafios pessoais ao escrever um romance, minha tentativa nesse foi de limpar um pouco o estilo, o exagero, e trabalhar mais os detalhes da trama. “Feriado de Mim Mesmo” tem um personagem só e se passa todo dentro de um apartamento. Ainda assim é um thriller, um livro de suspense, daqueles com final surpreendente.
O filme baseado no livro ainda não tem previsão de lançamento. Nem começou a ser rodado. Está em captação de recursos. Na verdade, a Eliane Caffé tinha lido “A Morte Sem Nome” e me chamou para escrever um roteiro original com ela. Eu já tinha escrito o “Feriado” e achei que daria um bom (e barato) filme. Dei os originais para ela ler e ela se empolgou em fazer a versão para cinema.
Tanto o livro como o roteiro foram escritos em cerca de vinte dias cada. Foi meu recorde de velocidade (“A Morte” foi escrita em quase um ano. “Olívio” levou 3 meses). Escrevi rápido por ser um livro linear de suspense, e eu queria saber o que iria acontecer.
O lançamento está previsto para março do ano que vem em SP e em maio na Bienal do Rio. Talvez eu faça Porto Alegre também.
E estou escrevendo um QUARTO romance sim, está bem avançado. Mas não vou dizer nada. Na melhor das hipóteses, ele será lançado em 2006.
Mas coloco novos contos por aqui ainda esta semana.
“Feriado de Mim Mesmo”, meu próximo romance, já foi revisado e diagramado. Ficou com 160 páginas (maior do que “Olívio”, menor do que “A Morte”), achei um tamanho bom para um romance contemporâneo, apesar dele ter uma estrutura mais próxima de novela (narrado linearmente – quase em tempo real – durante um curto espaço de tempo).
Como eu já falei, a foto de capa é assinada pelo Daniel Luciancencov e eu. Mas ainda não posso dizer o que é.
A orelha também já está pronta, mais uma vez escrita por mim mesmo (não me sinto confortável com alguém enfiando o dedo na minha orelha, heheeh). Ela já está há algum tempo aqui no site. Vocês podem ler, e ter mais detalhes do livro no link “Feriado de Mim Mesmo”, aí do lado.
Como eu sempre busco desafios pessoais ao escrever um romance, minha tentativa nesse foi de limpar um pouco o estilo, o exagero, e trabalhar mais os detalhes da trama. “Feriado de Mim Mesmo” tem um personagem só e se passa todo dentro de um apartamento. Ainda assim é um thriller, um livro de suspense, daqueles com final surpreendente.
O filme baseado no livro ainda não tem previsão de lançamento. Nem começou a ser rodado. Está em captação de recursos. Na verdade, a Eliane Caffé tinha lido “A Morte Sem Nome” e me chamou para escrever um roteiro original com ela. Eu já tinha escrito o “Feriado” e achei que daria um bom (e barato) filme. Dei os originais para ela ler e ela se empolgou em fazer a versão para cinema.
Tanto o livro como o roteiro foram escritos em cerca de vinte dias cada. Foi meu recorde de velocidade (“A Morte” foi escrita em quase um ano. “Olívio” levou 3 meses). Escrevi rápido por ser um livro linear de suspense, e eu queria saber o que iria acontecer.
O lançamento está previsto para março do ano que vem em SP e em maio na Bienal do Rio. Talvez eu faça Porto Alegre também.
E estou escrevendo um QUARTO romance sim, está bem avançado. Mas não vou dizer nada. Na melhor das hipóteses, ele será lançado em 2006.
Mas coloco novos contos por aqui ainda esta semana.
28/11/2004
A MULHER QUE EU NÃO FUI.
"A leitura angustia, levanta dúvidas. Mas, ao mesmo tempo, sublima sentimentos e cumpre bem o papel dos livros significativos - chegam na hora e libertam o inenarrável vazio preso no calabouço de cada alma." - A Voz Feminina de Nazarian, por Vivian Rangel
Resenha que saiu este sábado de "A Morte Sem Nome", no Jornal do Brasil. Veja só, seis meses depois do lançamento, a divulgação continua. Fora o JB, esta semana também saiu uma resenha do livro no Capitu, além da minha foto na matéria sobre os debates do Itaú, na Folha. E eu ainda descobri uma série de notas sobre o livro no Jornal do Comércio de Pernambuco. Bom saber que Lorena está indo longe.
Mas a crítica do JB sobre o livro não é inteiramente positiva. Ou eu não entendi direito: "O autor, com sua voz narrativa feminina, não se sai tão bem assim - Lorena oscila entre o masculino e o feminino e parece insatisfeita com a obrigação de escolher entre arquétipos delimitados pelo sexo."
Hum, isso é verdade, mas eu não vejo como um aspecto negativo. De qualquer forma, é uma crítica válida.
O que eu mais gostei mesmo foi de: "Apesar das inovações, o livro conserva uma atmosfera romântica - morte, bebida, solidão, depressão estão presentes."
Vocês podem ler a resenha inteiraaqui
"A leitura angustia, levanta dúvidas. Mas, ao mesmo tempo, sublima sentimentos e cumpre bem o papel dos livros significativos - chegam na hora e libertam o inenarrável vazio preso no calabouço de cada alma." - A Voz Feminina de Nazarian, por Vivian Rangel
Resenha que saiu este sábado de "A Morte Sem Nome", no Jornal do Brasil. Veja só, seis meses depois do lançamento, a divulgação continua. Fora o JB, esta semana também saiu uma resenha do livro no Capitu, além da minha foto na matéria sobre os debates do Itaú, na Folha. E eu ainda descobri uma série de notas sobre o livro no Jornal do Comércio de Pernambuco. Bom saber que Lorena está indo longe.
Mas a crítica do JB sobre o livro não é inteiramente positiva. Ou eu não entendi direito: "O autor, com sua voz narrativa feminina, não se sai tão bem assim - Lorena oscila entre o masculino e o feminino e parece insatisfeita com a obrigação de escolher entre arquétipos delimitados pelo sexo."
Hum, isso é verdade, mas eu não vejo como um aspecto negativo. De qualquer forma, é uma crítica válida.
O que eu mais gostei mesmo foi de: "Apesar das inovações, o livro conserva uma atmosfera romântica - morte, bebida, solidão, depressão estão presentes."
Vocês podem ler a resenha inteira
26/11/2004
PORQUE EU SOU POBRE, BALAS DE URSINHO ME PERTENCEM
Acabei de traduzir mais um livro para a Planeta, "When I Was Cool", do Sam Kashner. Ainda vamos definir o título em português. Ele deve ser lançado em março/abril.
É um livro de memórias "Beat". A história verdadeira de um garoto que foi estudar numa faculdade aberta por Allen Ginsberg, no final dos anos setenta. É bem interessante para quem gosta dos beatniks ou mesmo para quem quer conhecer mais. Ele dá um panorama da cena e da vida de seus professores, William Burroughs, Gregory Corso, Peter Orlovsky e o próprio Ginsberg.
Não sei se é anti-ético eu dizer isso, mas o autor é um nerd de marca maior, haha. Bem, ele faz questão de passar essa imagem. Um nerd que era fascinado pelos Beats e foi estudar com eles para tentar ser "cool". Logicamente, não conseguiu. Mas a grande graça do livro é essa, o contraste entre um adolescente tímido e sem talento com poetas gays malditos em final de carreira, que também não tinham idéia de como "ensinar poesia" e tentavam levá-lo para a cama.
Dessa leva "Beat", o meu favorito é o Burroughs mesmo. "Naked Lunch" é uma viagem psicodélica, quase incompreensível, mas ainda assim muito estimulante. "On the Road" do Kerouac eu acho "divertidinho". E aquela máxima dele "por eu ser pobre, tudo me pertence", praticamente criou o movimento hippie.
Eu me lembro de ter visto a encarnação viva desse espírito em Bremerhaven, uma cidadezinha no Norte da Alemanha, onde tive um namorado, Patryk Recovsky. Conhecemos uma mendiga que comeu todas as nossas balas de ursinho, hahah. Fiquei conversando com ela sobre Herman Hesse, Robert Musil e outros escritores alemães (sim, ela falava inglês, eu nunca consegui aprender uma palavra de alemão). E ela vinha com esse papo de que não precisava comprar cds, que ela andava na rua e de repente ouvia uma música que ela gostava tocando. Que tinha vontade de comer balinhas, e de repente aparecíamos nós com um saco. Hahah, cara de pau. O Patryk em si tinha um pouco esse espírito. Queria andar pelas ruas de Londres descalço. E, imagine só, um alemão de 17 anos levar para casa dos pais um brasileiro de 25 (eu), que ele mal conhecia. Afinal, eu também vivi esse clima "On the Road " durante meu longo mochilão. E dependi muito da bondade de estranhos...
Mas agora eu poderia colocar: "porque eu sou escritor, nada me pertence." Ah, sim, estou sempre no desespero atrás de freelas. Agora que terminei essa tradução, volto a mendigar balinhas de ursinho (e elas não são tão baratas no Brasil...). Este ano inteiro eu sobrevivi de brisa, do adiantamento dos meus livros ("A Morte Sem Nome" e "Feriado de Mim Mesmo"), traduções pra Planeta e freelas que fiz para Editora Abril, pra F Nazca e pra Eliane Caffé. O dinheiro de portugal e do roteiro ainda não entrou, talvez demore. E todo mês acho que a corda vai apertar no meu pescoço...
Se eu pudesse manter meus dedos parados, comeria os fungos que cresceriam entre eles. Hahah.
Acabei de traduzir mais um livro para a Planeta, "When I Was Cool", do Sam Kashner. Ainda vamos definir o título em português. Ele deve ser lançado em março/abril.
É um livro de memórias "Beat". A história verdadeira de um garoto que foi estudar numa faculdade aberta por Allen Ginsberg, no final dos anos setenta. É bem interessante para quem gosta dos beatniks ou mesmo para quem quer conhecer mais. Ele dá um panorama da cena e da vida de seus professores, William Burroughs, Gregory Corso, Peter Orlovsky e o próprio Ginsberg.
Não sei se é anti-ético eu dizer isso, mas o autor é um nerd de marca maior, haha. Bem, ele faz questão de passar essa imagem. Um nerd que era fascinado pelos Beats e foi estudar com eles para tentar ser "cool". Logicamente, não conseguiu. Mas a grande graça do livro é essa, o contraste entre um adolescente tímido e sem talento com poetas gays malditos em final de carreira, que também não tinham idéia de como "ensinar poesia" e tentavam levá-lo para a cama.
Dessa leva "Beat", o meu favorito é o Burroughs mesmo. "Naked Lunch" é uma viagem psicodélica, quase incompreensível, mas ainda assim muito estimulante. "On the Road" do Kerouac eu acho "divertidinho". E aquela máxima dele "por eu ser pobre, tudo me pertence", praticamente criou o movimento hippie.
Eu me lembro de ter visto a encarnação viva desse espírito em Bremerhaven, uma cidadezinha no Norte da Alemanha, onde tive um namorado, Patryk Recovsky. Conhecemos uma mendiga que comeu todas as nossas balas de ursinho, hahah. Fiquei conversando com ela sobre Herman Hesse, Robert Musil e outros escritores alemães (sim, ela falava inglês, eu nunca consegui aprender uma palavra de alemão). E ela vinha com esse papo de que não precisava comprar cds, que ela andava na rua e de repente ouvia uma música que ela gostava tocando. Que tinha vontade de comer balinhas, e de repente aparecíamos nós com um saco. Hahah, cara de pau. O Patryk em si tinha um pouco esse espírito. Queria andar pelas ruas de Londres descalço. E, imagine só, um alemão de 17 anos levar para casa dos pais um brasileiro de 25 (eu), que ele mal conhecia. Afinal, eu também vivi esse clima "On the Road " durante meu longo mochilão. E dependi muito da bondade de estranhos...
Mas agora eu poderia colocar: "porque eu sou escritor, nada me pertence." Ah, sim, estou sempre no desespero atrás de freelas. Agora que terminei essa tradução, volto a mendigar balinhas de ursinho (e elas não são tão baratas no Brasil...). Este ano inteiro eu sobrevivi de brisa, do adiantamento dos meus livros ("A Morte Sem Nome" e "Feriado de Mim Mesmo"), traduções pra Planeta e freelas que fiz para Editora Abril, pra F Nazca e pra Eliane Caffé. O dinheiro de portugal e do roteiro ainda não entrou, talvez demore. E todo mês acho que a corda vai apertar no meu pescoço...
Se eu pudesse manter meus dedos parados, comeria os fungos que cresceriam entre eles. Hahah.
24/11/2004
SE EU NÃO TE AMASSE TANTO...
Dobrando a esquina hoje vi essa placa na entrada da minha rua. "Se eu não te amasse tanto." Só isso, sem dedicatória nem assinatura. Claro que foi escrita para mim. Para quem mais seria? Minha rua só tem uns 15 prédios, 30 casas e algumas centenas de corações partidos...
Haha, mas eu cheguei a pensar... Não foi ninguém que passou por aqui não?
Falando em EGO de escritor, foi algo impressionante nas palestras do Itaú. A gente fica quietinho escrevendo em casa e nem percebe que essas doenças não são só nossas. Que há muitos outros com "seis dedos", escritores com as mesmas questões, as mesmas pretensões, os mesmos problemas. Por isso sempre acho tão interessante esses debates...
Ouvi coisas ótimas, outras nem tanto. É uma bobagem achar que os escritores só têm coisas interessantíssimas a dizer. Escritor só tem obrigação de ter coisas interessantíssimas para escrever ( e ainda assim, não me sinto com esse compromisso num blog, haha).
Acredito eu que a série de debates do Itaú Cultural não tinha a intenção/pretensão de trazer respostas, apenas de estimular a conversa entre escritores. Foi uma iniciativa maravilhosa e me senti honrado com o convite. Os temas expostos ganham uma dimensão única analisados por quem escreve, mas não é uma dimensão absoluta.
O tema da minha mesa, por exemplo – Cadê a Nova Clarice? Cadê o Novo Rosa? – certamente poderia ser discutido por críticos e acadêmicos que dariam um panorama mais verdadeiro da produção e da importância da literatura atual. Para falar da Clarice e do Rosa em si, há muitos especialistas maiores do que nós. Estamos trancados em casa, preocupados com nossa própria produção, não devemos olhar muito para os lados nem para trás. O peso do passado e a situação do presente devem ser observados, claro, mas pelo retrovisor, sem tirarmos o olho da estrada à frente.
Uma das perguntas que fizeram à minha mesa era de nossas "pretensões como escritores". Respondi que devem ser as maiores, obviamente. Devemos acreditar que poderemos ser os maiores, melhores, únicos, e trabalhar para isso. Eu deixei de tocar piano exatamente por isso. Meu sonho era ser maior do que Liszt, haha. Mas talvez ele tenha um peso muito grande sobre mim, e eu nunca me considerei minimamente talentoso como pianista.
Como escritor, acredito (e tenho de acreditar) que posso fazer algo realmente expressivo, mesmo que o tempo não esteja a meu favor, mesmo que a literatura hoje em dia não tenha o alcance que teve em outros dias...
Aliás, nenhuma arte tem. Isso eu também expus na minha mesa. Não surgirá outros Beatles, outro Picasso, porque o tempo não é para isso. O tempo é para verdades relativas, heróis segmentados, não absolutos. Com certeza muitas bandas tocam e compõem melhor do que os Beatles hoje, mas a oportunidade social que eles tiveram para transformar o mundo não irá aparecer tão cedo.
E eu me contento em ser o Guimarães Rosa de quem me ama : )
Quanto à Clarice, fiz questão de relativizar sua genialidade. Eu me esforcei muito para gostar dela. Hoje tem coisas que eu acho fabulosas, mas vai aí um motivo para odiá-la:
ANIVERSÁRIO - Clarice Lispector
Amanhã faz dez anos. Vou aproveitar bem este último dia de nove anos.
Pausa, tristeza:
- Mamãe, minha alma não tem dez anos.
- Quantos tem?
- Só uns oito.
- Não faz mal, é assim mesmo.
- Mas eu acho que se devia contar os anos pela alma. A gente dizia: aquele cara morreu com vinte anos de alma, mas era com setenta anos de corpo.
Arggggggggh! Esse é o conto todo. Haha. E foi esse conto que eu li na mesa. Veja só, se Clarice tivesse blog ela podia estar se queimando muito mais do que eu... Hahaa.
Para terminar meu "Relatório Itaú", coloco uma questão que fiz diretamente para o Ignácio de Loyola Brandão, na última mesa do encontro. Ele dizia que "o tempo é o senhor dos críticos", aquela história de que "os bons de hoje só serão conhecidos amanhã", etc etc. Mas a minha pergunta foi: "E os bons de ontem? Será que todos são conhecidos hoje? Não se suspeita de que muitos foram esquecidos para sempre, por falta de sorte, de oportunidade, de compreensão? E os bons de hoje, será que todos ficarão? Será que muitos não se perderão por aí?"
Nenhuma resposta concreta foi obtida, também nem era minha intenção. Mas gostei do Luís Vilela, que disse observar dezenas de "bons escritores" desaparecerem todos anos, sempre que há concursos de contos, de romances, e tem de se escolher apenas um vencedor. "Eu me lembro de livros maravilhosos que julguei em concursos anos atrás, mas que acabaram não ficando com o primeiro prêmio. Sempre procuro esses livros pelas livrarias, esperando que de alguma forma eles conseguiram ser publicados", disse ele.
E muitos escritores sem sorte acabam desistindo, se tornando políticos, traficantes, sendo atropelados pelo trem. Mas, também segundo Luís Vilela, "a vida pinça aqueles que ela quer que sejam sublinhados."
Dobrando a esquina hoje vi essa placa na entrada da minha rua. "Se eu não te amasse tanto." Só isso, sem dedicatória nem assinatura. Claro que foi escrita para mim. Para quem mais seria? Minha rua só tem uns 15 prédios, 30 casas e algumas centenas de corações partidos...
Haha, mas eu cheguei a pensar... Não foi ninguém que passou por aqui não?
Falando em EGO de escritor, foi algo impressionante nas palestras do Itaú. A gente fica quietinho escrevendo em casa e nem percebe que essas doenças não são só nossas. Que há muitos outros com "seis dedos", escritores com as mesmas questões, as mesmas pretensões, os mesmos problemas. Por isso sempre acho tão interessante esses debates...
Ouvi coisas ótimas, outras nem tanto. É uma bobagem achar que os escritores só têm coisas interessantíssimas a dizer. Escritor só tem obrigação de ter coisas interessantíssimas para escrever ( e ainda assim, não me sinto com esse compromisso num blog, haha).
Acredito eu que a série de debates do Itaú Cultural não tinha a intenção/pretensão de trazer respostas, apenas de estimular a conversa entre escritores. Foi uma iniciativa maravilhosa e me senti honrado com o convite. Os temas expostos ganham uma dimensão única analisados por quem escreve, mas não é uma dimensão absoluta.
O tema da minha mesa, por exemplo – Cadê a Nova Clarice? Cadê o Novo Rosa? – certamente poderia ser discutido por críticos e acadêmicos que dariam um panorama mais verdadeiro da produção e da importância da literatura atual. Para falar da Clarice e do Rosa em si, há muitos especialistas maiores do que nós. Estamos trancados em casa, preocupados com nossa própria produção, não devemos olhar muito para os lados nem para trás. O peso do passado e a situação do presente devem ser observados, claro, mas pelo retrovisor, sem tirarmos o olho da estrada à frente.
Uma das perguntas que fizeram à minha mesa era de nossas "pretensões como escritores". Respondi que devem ser as maiores, obviamente. Devemos acreditar que poderemos ser os maiores, melhores, únicos, e trabalhar para isso. Eu deixei de tocar piano exatamente por isso. Meu sonho era ser maior do que Liszt, haha. Mas talvez ele tenha um peso muito grande sobre mim, e eu nunca me considerei minimamente talentoso como pianista.
Como escritor, acredito (e tenho de acreditar) que posso fazer algo realmente expressivo, mesmo que o tempo não esteja a meu favor, mesmo que a literatura hoje em dia não tenha o alcance que teve em outros dias...
Aliás, nenhuma arte tem. Isso eu também expus na minha mesa. Não surgirá outros Beatles, outro Picasso, porque o tempo não é para isso. O tempo é para verdades relativas, heróis segmentados, não absolutos. Com certeza muitas bandas tocam e compõem melhor do que os Beatles hoje, mas a oportunidade social que eles tiveram para transformar o mundo não irá aparecer tão cedo.
E eu me contento em ser o Guimarães Rosa de quem me ama : )
Quanto à Clarice, fiz questão de relativizar sua genialidade. Eu me esforcei muito para gostar dela. Hoje tem coisas que eu acho fabulosas, mas vai aí um motivo para odiá-la:
ANIVERSÁRIO - Clarice Lispector
Amanhã faz dez anos. Vou aproveitar bem este último dia de nove anos.
Pausa, tristeza:
- Mamãe, minha alma não tem dez anos.
- Quantos tem?
- Só uns oito.
- Não faz mal, é assim mesmo.
- Mas eu acho que se devia contar os anos pela alma. A gente dizia: aquele cara morreu com vinte anos de alma, mas era com setenta anos de corpo.
Arggggggggh! Esse é o conto todo. Haha. E foi esse conto que eu li na mesa. Veja só, se Clarice tivesse blog ela podia estar se queimando muito mais do que eu... Hahaa.
Para terminar meu "Relatório Itaú", coloco uma questão que fiz diretamente para o Ignácio de Loyola Brandão, na última mesa do encontro. Ele dizia que "o tempo é o senhor dos críticos", aquela história de que "os bons de hoje só serão conhecidos amanhã", etc etc. Mas a minha pergunta foi: "E os bons de ontem? Será que todos são conhecidos hoje? Não se suspeita de que muitos foram esquecidos para sempre, por falta de sorte, de oportunidade, de compreensão? E os bons de hoje, será que todos ficarão? Será que muitos não se perderão por aí?"
Nenhuma resposta concreta foi obtida, também nem era minha intenção. Mas gostei do Luís Vilela, que disse observar dezenas de "bons escritores" desaparecerem todos anos, sempre que há concursos de contos, de romances, e tem de se escolher apenas um vencedor. "Eu me lembro de livros maravilhosos que julguei em concursos anos atrás, mas que acabaram não ficando com o primeiro prêmio. Sempre procuro esses livros pelas livrarias, esperando que de alguma forma eles conseguiram ser publicados", disse ele.
E muitos escritores sem sorte acabam desistindo, se tornando políticos, traficantes, sendo atropelados pelo trem. Mas, também segundo Luís Vilela, "a vida pinça aqueles que ela quer que sejam sublinhados."
23/11/2004
RESULTADOS, CONCLUSÕES E INTERFERÊNCIAS
Sim, sim, o Daniel Dutra de Barros, do Rio, ganhou a promoção.
Na verdade, eu tinha pensado em Lorena (SP) e Lusiânia (GO) – ambas com nomes alternativos em "L" (Letícia e Lívia), mas ele me surpreendeu com uma "Vitória" que eu nem lembrava.
Os que responderam depois, chegaram tarde. Não sabia dessa história de "Letícia" ser nome de cidade, mas, de qualquer forma, eu escrevi que eram DUAS personagens, e Letícia/Lorena é uma só.
Bem, bem, acabo de voltar do "Encontros de Interrogação" no Itaú Cultural. O meu debate em si foi bem interessante e lotado. Li um conto horrível da Clarice, dei a minha resposta para pergunta e falei um pouco sobre minhas ambições e predileções literárias... Assim que eu descansar a mente coloco mais considerações...
O encontro como um todo foi ótimo. Conheci o Luís Vilela, Nelson de Oliveira (que eu só havia conversado por emails), Daniel Galera – gente finíssima, João Filho, João Silvério Trevisan – também muito simpático, Ignácio de Loyola Brandão e outros mocinhos e mocinhas, além de reencontrar o pessoal: Joca, Ivana, Cuenca, Cecília, Marcelino. Também recebi outros convites - e livros - e armei novos projetos com essa "gente que faz".
Estou preparando umas leituras "com interferências" para breve. O Diogo de Nazaré está fazendo a produção de áudio. Está ficando bem interessante.
Outros dois contos devem sair por aí até o final do ano em sites literários. Quando tiver o link, aviso.
E por falar em link, ontem saiu uma resenha de "A Morte Sem Nome" no Capitu, assinada pela Ana Laura Diniz. Pra ler:
http://capitu.uol.com.br/P.asp?p=22,11,2004,2842
Saiu também ontem uma fotinho minha na Folha, numa matéria sobre os debates do Itaú. E por enquanto é só.
Sim, sim, o Daniel Dutra de Barros, do Rio, ganhou a promoção.
Na verdade, eu tinha pensado em Lorena (SP) e Lusiânia (GO) – ambas com nomes alternativos em "L" (Letícia e Lívia), mas ele me surpreendeu com uma "Vitória" que eu nem lembrava.
Os que responderam depois, chegaram tarde. Não sabia dessa história de "Letícia" ser nome de cidade, mas, de qualquer forma, eu escrevi que eram DUAS personagens, e Letícia/Lorena é uma só.
Bem, bem, acabo de voltar do "Encontros de Interrogação" no Itaú Cultural. O meu debate em si foi bem interessante e lotado. Li um conto horrível da Clarice, dei a minha resposta para pergunta e falei um pouco sobre minhas ambições e predileções literárias... Assim que eu descansar a mente coloco mais considerações...
O encontro como um todo foi ótimo. Conheci o Luís Vilela, Nelson de Oliveira (que eu só havia conversado por emails), Daniel Galera – gente finíssima, João Filho, João Silvério Trevisan – também muito simpático, Ignácio de Loyola Brandão e outros mocinhos e mocinhas, além de reencontrar o pessoal: Joca, Ivana, Cuenca, Cecília, Marcelino. Também recebi outros convites - e livros - e armei novos projetos com essa "gente que faz".
Estou preparando umas leituras "com interferências" para breve. O Diogo de Nazaré está fazendo a produção de áudio. Está ficando bem interessante.
Outros dois contos devem sair por aí até o final do ano em sites literários. Quando tiver o link, aviso.
E por falar em link, ontem saiu uma resenha de "A Morte Sem Nome" no Capitu, assinada pela Ana Laura Diniz. Pra ler:
http://capitu.uol.com.br/P.asp?p=22,11,2004,2842
Saiu também ontem uma fotinho minha na Folha, numa matéria sobre os debates do Itaú. E por enquanto é só.
22/11/2004
PROMOÇÃO CULTURALÍSSIMA
Hey, hey, como anda o movimento? Faz tempo que não lanço uma promoção aqui, né? A última quem ganhou foi o Lu Gastão, um exemplar de "Olívio".
Queria sortear um "A Morte Sem Nome", mas fica pra próxima. Agora, tá valendo um cd-r com AS 20 MELHORES MÚSICAS POP DE TODOS OS TEMPOS, gravado por mim mesmo. Ganha quem responder corretamente primeiro aí no "comments/vermelho":
"Qual são as duas personagens minhas que têm nomes de cidades."
Eu mando o cd para qualquer lugar dentro do território nacional. As músicas são aquelas das listas (MPB e Pop Rock). Segue o track list:
1- David Bowie - The Motel
2- Scott Walker - Mathilde
3 - Mutantes - Panis et Circenses
4- Pato Fu - Eu
5- Marina Lima - Deixe Estar
6- Kid Abelha - Eu Contra a Noite (acústico)
7- Adriana Calcanhotto - Pelos Ares
8- Annie Lennox - Legend in My Living Room
9- Suede - So Young
10 - Sinéad O'Connor - John, I Love You
11- Angela Maria - Garota Solitária
12 - Les Rita Mitsouko - Les Histories D'A
13- Cidadão Instigado - Minha Imagem Roubada
14- Cauby Peixoto - Bastidores (ao vivo)
15- Roxy Music - H2B
16- Lori Carson - Sixteen Days
17- Nelson Ned - Meu Jeito de Amar
18- Sex Gang Children - Arms of Cicero
19- Júpiter Maçã - A Marchinha Psicótica
20 - Rufus Wainwright - Imaginary Love
É isso.
*'s
Hey, hey, como anda o movimento? Faz tempo que não lanço uma promoção aqui, né? A última quem ganhou foi o Lu Gastão, um exemplar de "Olívio".
Queria sortear um "A Morte Sem Nome", mas fica pra próxima. Agora, tá valendo um cd-r com AS 20 MELHORES MÚSICAS POP DE TODOS OS TEMPOS, gravado por mim mesmo. Ganha quem responder corretamente primeiro aí no "comments/vermelho":
"Qual são as duas personagens minhas que têm nomes de cidades."
Eu mando o cd para qualquer lugar dentro do território nacional. As músicas são aquelas das listas (MPB e Pop Rock). Segue o track list:
1- David Bowie - The Motel
2- Scott Walker - Mathilde
3 - Mutantes - Panis et Circenses
4- Pato Fu - Eu
5- Marina Lima - Deixe Estar
6- Kid Abelha - Eu Contra a Noite (acústico)
7- Adriana Calcanhotto - Pelos Ares
8- Annie Lennox - Legend in My Living Room
9- Suede - So Young
10 - Sinéad O'Connor - John, I Love You
11- Angela Maria - Garota Solitária
12 - Les Rita Mitsouko - Les Histories D'A
13- Cidadão Instigado - Minha Imagem Roubada
14- Cauby Peixoto - Bastidores (ao vivo)
15- Roxy Music - H2B
16- Lori Carson - Sixteen Days
17- Nelson Ned - Meu Jeito de Amar
18- Sex Gang Children - Arms of Cicero
19- Júpiter Maçã - A Marchinha Psicótica
20 - Rufus Wainwright - Imaginary Love
É isso.
*'s
18/11/2004
DUZENTOS DEDOS PRA TOCAR
Ah, fui ver a "Má Educação" do Almodovar. Não adianta, não consigo gostar dele. Sempre me parece uma novelona, um ritmo televisivo, uma minissérie de 20 capítulos condensada em duas horas. Esse até que tem algumas coisas interessantes, mas sei lá. Fora que não entendo como aquele anãozinho cucaracha do Gael virou simbol sexual. Sou mais o Nelson Ned, ahahha.
Bem, então continuo com as listas. Dessa vez dos clássicos. Não é minha especialidade, mas nada é minha especialidade (Hum, talvez eu devesse ter investido mesmo na publicidade, hahaha, onde se sabe de tudo e não se sabe de nada.)
Après Une Lecture du Dante – Franz Liszt (1811-1886)
Ahhhhh, Liszt é foda, fodíssimo. Foi por ele que eu resolvi estudar piano clássico – e por ele também que eu desisti. Ele tem todo aquele exagero, aquele virtuosismo do romantismo que eu adoro (e por isso ele foi muito criticado. Diziam que suas composições eram apenas uma demonstração de técnica, sem criatividade ou sentimento). Ele também é uma figura interessantíssima, lindíssima, cheias de demônios. Li três biografias dele. A melhor é a "Rapsódia Húngara", do Zsolt Harsányi, uma biografia romanceada que está mais do que esgotada e não é fácil achar em sebos. Bem, voltando à música, essa é uma das minhas favoritas, que ele compôs baseado na "Divina Comédia" de Dante. Tenho diversas execuções, inclusive com o Arnaldo Cohen, mas minha favorita é com o inglês Stephen Hough.
Dance Macabre – Camille Saint-Saëns (1835-1921)
Hum, essa eu ouvia desde pequenininho, num disco que herdei do meu pai. É uma coisa tri-gótica, uma história de caveiras tocando violino no cemitério, com doze badaladas e tudo mais. É perfeita para apresentar música clássica às crianças - crianças góticas, claro. O Liszt também fez uma transcrição dela para o piano, em que ele exagera os temas e os tornam bem mais complicados, ahaha.
Tzigane – Maurice Ravel (1875-1937)
Depois do Liszt, Ravel é meu compositor erudito favorito. Tem o "Bolero", "A Valsa’ e esse "Tzigane", outro ato de virtuosismo. Peça complicadíssima para piano e violino, baseada em músicas ciganas. Também tem um toque gótico – porque essas músicas clássicas pastorais e alegrinhas não são a minha.
Nocturne 10 – Frédéric Chopin (1810-1849)
Eu tirei uma foto em Paris no túmulo do Chopin com flores na boca. Não simpatizo muito com ele não, por causa da competição com meu Liszt, mas ele tem umas coisas bonitas, quando fica mais depressivo, como os "Noturnos". Este é cheio de codas, cria uma sensação meio esquisita, meio sonambulesca... Pena que é curtinho.
Piano Concerto No. 3 – Sergei Rachmaninov (1873-1943)
Dizem que é uma das obras de mais difícil execução para pianistas. Como eu mal toco o "bife", não posso avaliar. Essa eu conheci naquele filme "Shine", que eu não gosto muito, mas tá valendo pelas execuções. JAMAIS comprem a trilha sonora, que é cheia de heresias, picotando as músicas e colocando trechos sem sentido. O melhor é comprar um disco do próprio David Helfgott, como o que eu tenho em que ele toca esse concerto.
Cravo Bem Temperado – Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Esse é um salto lá pra trás, no barroco, um conjunto de peças para cravo que também são um ato extremo de virtuosismo. Fica meio cansativo de escutar depois de um tempo; o cravo solo ganha um tom de videogame 8-bits, hahaha, mas escutando as peças isoladas, tentando seguir os dedos de Bach no teclado, você tem um exercício audio-mental maravilhoso. Foi assim que eu tive meu primeiro ataque epilético.
Sinfonia no 5 – Gustav Mahler (1860-1911)
Bom, acho que essa só tem sentido depois de se assistir o filme "Morte em Veneza" do Visconti. Na verdade, o filme só usa o quarto movimento dessa sinfonia (e exaustivamente). A sinfonia ganha outra dimensão escutada inteira. Mesmo assim, escutando essa música é impossível não se lembrar de Tadzio... e de quando eu morri na praia.
Dança das Horas de "La Gioconda"– Amilcare Ponchielli (1834-1886)
Ah, essa eu peguei daquele desenho "Fantasia", do Walt Disney. Tinha umas coisas bem kitsch, como hipopótamos dançando balé com avestruzes. Cruzes! Ahaha. Mas a música é bonita, tem toda uma dramaticidade meio kitsch. Aliás, se formos ser rigorosos, toda música clássica tem algo de kitsch, não? Algo melodramático, exagerado, flamboyant.
24 Caprichos – Nicolo Paganini (1782-1840)
Esse cara tinha pacto com o demo! Paganini era um romântico maldito que levantou muitos boatos na época sobre ter vendido a alma para o diabo para dominar o violino. Esses "caprichos" dele são exercícios de técnica (como os de Bach no cravo). Muitas vezes me lembram a risada do Pica-pau, haha (tenho certeza de que o Walter Lantz tirou de lá). E como eu gosto dessas coisas excessivas, me delicio. Além do mais, Liszt pagava pau pra ele.
O Lago dos Cisnes – Pjotr Ilyitch Tchaikovsky (1840-1893)
Tchaikovsky é um desses compositores mais "alegrinhos", né? Que também teve sua música em desenhos animadinhos da Disney e tudo mais. O "Lago dos Cisnes" também não é especialmente exagerado ou "mórbido", mas tem um primeiro movimento que acabou sendo associado aos filmes de terror da década de 30, como o "Drácula" do Bela Lugosi. Teve também a história de ter sido criado como um ballet, mas era considerado complicado demais para se dançar. Por essas e outras, entra no meu top 10.
E não vamos esquecer que na próxima terça (23) eu vou estar num debate no Itaú Cultural, às 17 horas. Para ver a programação completa do evento, clique no:
http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2398
Ah, fui ver a "Má Educação" do Almodovar. Não adianta, não consigo gostar dele. Sempre me parece uma novelona, um ritmo televisivo, uma minissérie de 20 capítulos condensada em duas horas. Esse até que tem algumas coisas interessantes, mas sei lá. Fora que não entendo como aquele anãozinho cucaracha do Gael virou simbol sexual. Sou mais o Nelson Ned, ahahha.
Bem, então continuo com as listas. Dessa vez dos clássicos. Não é minha especialidade, mas nada é minha especialidade (Hum, talvez eu devesse ter investido mesmo na publicidade, hahaha, onde se sabe de tudo e não se sabe de nada.)
Après Une Lecture du Dante – Franz Liszt (1811-1886)
Ahhhhh, Liszt é foda, fodíssimo. Foi por ele que eu resolvi estudar piano clássico – e por ele também que eu desisti. Ele tem todo aquele exagero, aquele virtuosismo do romantismo que eu adoro (e por isso ele foi muito criticado. Diziam que suas composições eram apenas uma demonstração de técnica, sem criatividade ou sentimento). Ele também é uma figura interessantíssima, lindíssima, cheias de demônios. Li três biografias dele. A melhor é a "Rapsódia Húngara", do Zsolt Harsányi, uma biografia romanceada que está mais do que esgotada e não é fácil achar em sebos. Bem, voltando à música, essa é uma das minhas favoritas, que ele compôs baseado na "Divina Comédia" de Dante. Tenho diversas execuções, inclusive com o Arnaldo Cohen, mas minha favorita é com o inglês Stephen Hough.
Dance Macabre – Camille Saint-Saëns (1835-1921)
Hum, essa eu ouvia desde pequenininho, num disco que herdei do meu pai. É uma coisa tri-gótica, uma história de caveiras tocando violino no cemitério, com doze badaladas e tudo mais. É perfeita para apresentar música clássica às crianças - crianças góticas, claro. O Liszt também fez uma transcrição dela para o piano, em que ele exagera os temas e os tornam bem mais complicados, ahaha.
Tzigane – Maurice Ravel (1875-1937)
Depois do Liszt, Ravel é meu compositor erudito favorito. Tem o "Bolero", "A Valsa’ e esse "Tzigane", outro ato de virtuosismo. Peça complicadíssima para piano e violino, baseada em músicas ciganas. Também tem um toque gótico – porque essas músicas clássicas pastorais e alegrinhas não são a minha.
Nocturne 10 – Frédéric Chopin (1810-1849)
Eu tirei uma foto em Paris no túmulo do Chopin com flores na boca. Não simpatizo muito com ele não, por causa da competição com meu Liszt, mas ele tem umas coisas bonitas, quando fica mais depressivo, como os "Noturnos". Este é cheio de codas, cria uma sensação meio esquisita, meio sonambulesca... Pena que é curtinho.
Piano Concerto No. 3 – Sergei Rachmaninov (1873-1943)
Dizem que é uma das obras de mais difícil execução para pianistas. Como eu mal toco o "bife", não posso avaliar. Essa eu conheci naquele filme "Shine", que eu não gosto muito, mas tá valendo pelas execuções. JAMAIS comprem a trilha sonora, que é cheia de heresias, picotando as músicas e colocando trechos sem sentido. O melhor é comprar um disco do próprio David Helfgott, como o que eu tenho em que ele toca esse concerto.
Cravo Bem Temperado – Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Esse é um salto lá pra trás, no barroco, um conjunto de peças para cravo que também são um ato extremo de virtuosismo. Fica meio cansativo de escutar depois de um tempo; o cravo solo ganha um tom de videogame 8-bits, hahaha, mas escutando as peças isoladas, tentando seguir os dedos de Bach no teclado, você tem um exercício audio-mental maravilhoso. Foi assim que eu tive meu primeiro ataque epilético.
Sinfonia no 5 – Gustav Mahler (1860-1911)
Bom, acho que essa só tem sentido depois de se assistir o filme "Morte em Veneza" do Visconti. Na verdade, o filme só usa o quarto movimento dessa sinfonia (e exaustivamente). A sinfonia ganha outra dimensão escutada inteira. Mesmo assim, escutando essa música é impossível não se lembrar de Tadzio... e de quando eu morri na praia.
Dança das Horas de "La Gioconda"– Amilcare Ponchielli (1834-1886)
Ah, essa eu peguei daquele desenho "Fantasia", do Walt Disney. Tinha umas coisas bem kitsch, como hipopótamos dançando balé com avestruzes. Cruzes! Ahaha. Mas a música é bonita, tem toda uma dramaticidade meio kitsch. Aliás, se formos ser rigorosos, toda música clássica tem algo de kitsch, não? Algo melodramático, exagerado, flamboyant.
24 Caprichos – Nicolo Paganini (1782-1840)
Esse cara tinha pacto com o demo! Paganini era um romântico maldito que levantou muitos boatos na época sobre ter vendido a alma para o diabo para dominar o violino. Esses "caprichos" dele são exercícios de técnica (como os de Bach no cravo). Muitas vezes me lembram a risada do Pica-pau, haha (tenho certeza de que o Walter Lantz tirou de lá). E como eu gosto dessas coisas excessivas, me delicio. Além do mais, Liszt pagava pau pra ele.
O Lago dos Cisnes – Pjotr Ilyitch Tchaikovsky (1840-1893)
Tchaikovsky é um desses compositores mais "alegrinhos", né? Que também teve sua música em desenhos animadinhos da Disney e tudo mais. O "Lago dos Cisnes" também não é especialmente exagerado ou "mórbido", mas tem um primeiro movimento que acabou sendo associado aos filmes de terror da década de 30, como o "Drácula" do Bela Lugosi. Teve também a história de ter sido criado como um ballet, mas era considerado complicado demais para se dançar. Por essas e outras, entra no meu top 10.
E não vamos esquecer que na próxima terça (23) eu vou estar num debate no Itaú Cultural, às 17 horas. Para ver a programação completa do evento, clique no:
http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2398
16/11/2004
CAZUZA, RAUL, RENATO E CAETANO.
Ok, agora é a listinha dos meus favoritos MPB de TODOS OS TEMPOS DO MUNDO E DO UNIVERSO DE DEUS. E antes que o Jaspion volte aqui para me chamar de Nick Hornby, digo que ele, o Nick, só foi esperto de ganhar dinheiro com essas listas que todo adolescente sempre fez. Enfim, eu também nunca li Nick Hornby, não posso criticar, mas nunca contaminaria minha "LITERATURA" com essas coisas pop, haha. Pra isso servem os blogs...
Pelos Ares – Adriana Calcanhotto
Eu gosto de quase tudo da Adriana (e o que eu não gosto eu detesto). Na verdade, ela tem letras bem melhores do que esta, mas as imagens que esta música me traz são ótimas. É uma música-catálogo, né? Aquela coisa de lista: "bicicleta, planta, céu", que muitos compositores fazem hoje em dia. Só que me lembra uma instalação que vi numa Bienal dos anos 90, que era um barraco que eles explodiram, depois penduraram os caquinhos todos numa sala, como se estivéssemos no meio da explosão (alguém sabe o nome/lembra de quem é?). O arranjo dessa música me lembra bem o "Libertango", do Piazzolla, na versão da Grace Jones.
Mutantes – Panis et Circenses.
Esta é previsível, eu sei. Eu nem sou tão fã de Mutantes assim. Gosto, mas não demais. Mas esse album – Tropicália – é bem forte. Ouvia em LP da minha mãe, ainda criança. Eu poderia tirar mais duas músicas dele para meu top 10: "Lindonea" – com a Nara Leão, e "Baby" – com a Gal Costa, só que ia ficar muito repetitivo. Pena que o Caetano morreu tão jovem...
A Marchinha Psicótica – Júpiter Maçã
Ahhhhh, esse cara é muito bom, muito tosco, muito bom. Vi um show dele recentemente. Que maravilha, psicodelia pura. E o que é a letra dessa música: "doidão é apelido para a paranóia, toda a jibóia, toda a bóia toda a clarabóia", haha. É o tipo de imbecilidade genial. A música é um caldeirão de referências: Bob Dylan que se encontra com um alien que tinha cabeça de Woody Allen e barba de Allen Ginsberg. Haha.
Marina Lima – Deixe Estar
Eu só comecei a ouvir Marina Lima recentemente, por influência do Daniel (Luciancencov). Esse cd "Pierrot do Brasil", é ótimo. Totalmente deprê, ela sem voz nenhuma, recorre a co-incidência de teclados e backing vocals para manter a linha melódica, enquanto ela praticamente lê as letras. Parece que estamos espremendo a última gota do bagaço de uma fruta...azeda.
Nelson Ned – Meu Jeito de Amar
É sério, é sério. Ë bom pra caralho! Aliás, esse cd (que reúne dois discos do Nelson, "Tudo Passará" e "Meu Jeito de Amar") é um dos melhores da minha coleção. Tem uns arranjos absurdos de orquestra, tecladinhos assombrados e o Nelsinho cantando num vozeirão "tamanho não é documento, pelo menos tenho sentimento!" Haha. E essa música – Meu Jeito de Amar – tem a melhor letra gay que eu já vi. Nela ele conta que sente algo estranho por um amigo, mas não tem coragem de confessar. Daí no refrão entra a orquestra e ele diz que "como eu queria dar um beijo na sua boca e te fazer vibrar de amor". Haha, imagine só aquele Nelsinho...Eu não sei se ele é gay, talvez tenha sido só um "surto poético".
Angela Maria – Garota Solitária
Ok, essa entra na linha do Nelson Ned. Adoro a Angela, essas músicas de fossa. E esta, em específico, tem uma das melhores letras. Ela fala que sofre por não ter um amor, que vive "sozinha sem um bem" e ataca no refrão. "Será que eu sou feia?" e o coro responde: "não é não senhor". E ela pergunta: "então eu sou linda?" e basicamente eles respondem: "também nem tanto", ahahah.
Bastidores – Cauby Peixoto
Continuando na linha "le kitsch c’est chic", Cauby, Cauby! Eu tenho muita coisa dele. Gosto de quase tudo, mas acho que essa é a música mais representativa. "Com muitos brilhos me vesti, depois me pintei, me pintei, me pintei". Glamour total! Letra do Chico Buarque. Eu vi um show dele em 2000, em Porto Alegre, mas foi meio deprê. Ele estava muito debilitado, cantando sentado, com ajuda para entrar e sair do palco. Mas a voz ainda estava poderosa.
Pato Fu – Eu
A melhor banda da atualidade? Prova de que é possível vender pop alternativo? Pato Fu é tão bom que a gente nem liga para a (falta de) voz da Fernanda Takai. O John também é foda, fodíssima, um puta guitarrista. Eles têm letras ótimas, insólitas. Esta, especificamente, é do Graforréia Xilarmônica (grande banda também), mas o Pato Fu deu uma boa recauchutada no arranjo, mais pesado, cheio de guitarras e timbres de theremim.
Cidadão Instigado – Minha Imagem Roubada
Acho que ninguém conhece essa banda. Quem me apresentou foi a (minha ex) Fabbie, que produz shows e festivais de rock. Eles são do Ceará e misturam algumas coisas regionais com rock progressivo, psicodelismo e experimentalismo. Da letra dessa música eu não posso falar muito, não entendo o que quer dizer, hehe, mas o arranjo é uma delícia, com uns tecladinhos kitsch e uma batidinha de bolero.
Kid Abelha – Eu Contra a Noite.
Eu nunca fui fã do Kid Abelha. Na verdade, só fui escutar mesmo recentemente, um dia que estava de bobeira e assisti o acústico pela TV. Eles têm umas puta letras. Acho que são as melhores letras do pop nacional. A Paula Toller também é o máximo, e eu adoro a voz dela. Esta música está no acústico e no album "Surf" (que tem aquela bagaceirice "Te Amo pra Sempre"). Ela tem uma coisa "surf music" sim, e é tão gostosa. A letra não é genial, eles têm melhores (e bem piores), mas é ok. O título parece título de conto meu. Eu escuto direto aqui em casa, por isso entra na lista.
Conclusões? Mulheres sofredoras e rapazes afetados. De novo!
Ok, agora é a listinha dos meus favoritos MPB de TODOS OS TEMPOS DO MUNDO E DO UNIVERSO DE DEUS. E antes que o Jaspion volte aqui para me chamar de Nick Hornby, digo que ele, o Nick, só foi esperto de ganhar dinheiro com essas listas que todo adolescente sempre fez. Enfim, eu também nunca li Nick Hornby, não posso criticar, mas nunca contaminaria minha "LITERATURA" com essas coisas pop, haha. Pra isso servem os blogs...
Pelos Ares – Adriana Calcanhotto
Eu gosto de quase tudo da Adriana (e o que eu não gosto eu detesto). Na verdade, ela tem letras bem melhores do que esta, mas as imagens que esta música me traz são ótimas. É uma música-catálogo, né? Aquela coisa de lista: "bicicleta, planta, céu", que muitos compositores fazem hoje em dia. Só que me lembra uma instalação que vi numa Bienal dos anos 90, que era um barraco que eles explodiram, depois penduraram os caquinhos todos numa sala, como se estivéssemos no meio da explosão (alguém sabe o nome/lembra de quem é?). O arranjo dessa música me lembra bem o "Libertango", do Piazzolla, na versão da Grace Jones.
Mutantes – Panis et Circenses.
Esta é previsível, eu sei. Eu nem sou tão fã de Mutantes assim. Gosto, mas não demais. Mas esse album – Tropicália – é bem forte. Ouvia em LP da minha mãe, ainda criança. Eu poderia tirar mais duas músicas dele para meu top 10: "Lindonea" – com a Nara Leão, e "Baby" – com a Gal Costa, só que ia ficar muito repetitivo. Pena que o Caetano morreu tão jovem...
A Marchinha Psicótica – Júpiter Maçã
Ahhhhh, esse cara é muito bom, muito tosco, muito bom. Vi um show dele recentemente. Que maravilha, psicodelia pura. E o que é a letra dessa música: "doidão é apelido para a paranóia, toda a jibóia, toda a bóia toda a clarabóia", haha. É o tipo de imbecilidade genial. A música é um caldeirão de referências: Bob Dylan que se encontra com um alien que tinha cabeça de Woody Allen e barba de Allen Ginsberg. Haha.
Marina Lima – Deixe Estar
Eu só comecei a ouvir Marina Lima recentemente, por influência do Daniel (Luciancencov). Esse cd "Pierrot do Brasil", é ótimo. Totalmente deprê, ela sem voz nenhuma, recorre a co-incidência de teclados e backing vocals para manter a linha melódica, enquanto ela praticamente lê as letras. Parece que estamos espremendo a última gota do bagaço de uma fruta...azeda.
Nelson Ned – Meu Jeito de Amar
É sério, é sério. Ë bom pra caralho! Aliás, esse cd (que reúne dois discos do Nelson, "Tudo Passará" e "Meu Jeito de Amar") é um dos melhores da minha coleção. Tem uns arranjos absurdos de orquestra, tecladinhos assombrados e o Nelsinho cantando num vozeirão "tamanho não é documento, pelo menos tenho sentimento!" Haha. E essa música – Meu Jeito de Amar – tem a melhor letra gay que eu já vi. Nela ele conta que sente algo estranho por um amigo, mas não tem coragem de confessar. Daí no refrão entra a orquestra e ele diz que "como eu queria dar um beijo na sua boca e te fazer vibrar de amor". Haha, imagine só aquele Nelsinho...Eu não sei se ele é gay, talvez tenha sido só um "surto poético".
Angela Maria – Garota Solitária
Ok, essa entra na linha do Nelson Ned. Adoro a Angela, essas músicas de fossa. E esta, em específico, tem uma das melhores letras. Ela fala que sofre por não ter um amor, que vive "sozinha sem um bem" e ataca no refrão. "Será que eu sou feia?" e o coro responde: "não é não senhor". E ela pergunta: "então eu sou linda?" e basicamente eles respondem: "também nem tanto", ahahah.
Bastidores – Cauby Peixoto
Continuando na linha "le kitsch c’est chic", Cauby, Cauby! Eu tenho muita coisa dele. Gosto de quase tudo, mas acho que essa é a música mais representativa. "Com muitos brilhos me vesti, depois me pintei, me pintei, me pintei". Glamour total! Letra do Chico Buarque. Eu vi um show dele em 2000, em Porto Alegre, mas foi meio deprê. Ele estava muito debilitado, cantando sentado, com ajuda para entrar e sair do palco. Mas a voz ainda estava poderosa.
Pato Fu – Eu
A melhor banda da atualidade? Prova de que é possível vender pop alternativo? Pato Fu é tão bom que a gente nem liga para a (falta de) voz da Fernanda Takai. O John também é foda, fodíssima, um puta guitarrista. Eles têm letras ótimas, insólitas. Esta, especificamente, é do Graforréia Xilarmônica (grande banda também), mas o Pato Fu deu uma boa recauchutada no arranjo, mais pesado, cheio de guitarras e timbres de theremim.
Cidadão Instigado – Minha Imagem Roubada
Acho que ninguém conhece essa banda. Quem me apresentou foi a (minha ex) Fabbie, que produz shows e festivais de rock. Eles são do Ceará e misturam algumas coisas regionais com rock progressivo, psicodelismo e experimentalismo. Da letra dessa música eu não posso falar muito, não entendo o que quer dizer, hehe, mas o arranjo é uma delícia, com uns tecladinhos kitsch e uma batidinha de bolero.
Kid Abelha – Eu Contra a Noite.
Eu nunca fui fã do Kid Abelha. Na verdade, só fui escutar mesmo recentemente, um dia que estava de bobeira e assisti o acústico pela TV. Eles têm umas puta letras. Acho que são as melhores letras do pop nacional. A Paula Toller também é o máximo, e eu adoro a voz dela. Esta música está no acústico e no album "Surf" (que tem aquela bagaceirice "Te Amo pra Sempre"). Ela tem uma coisa "surf music" sim, e é tão gostosa. A letra não é genial, eles têm melhores (e bem piores), mas é ok. O título parece título de conto meu. Eu escuto direto aqui em casa, por isso entra na lista.
Conclusões? Mulheres sofredoras e rapazes afetados. De novo!
14/11/2004
PIRANHAS ARRANCARAM MEUS OLHOS DOS LIVROS
Neste final de semana, fui para a casa da minha mãe no interior paulista. É uma casa super gostosa, no meio do mato, construída por ela mesma (ALIÁS, vai sair na Casa Cláudia – ou Casa & Jardim? - de janeiro).
O problema é que deixei de dirigir há alguns anos e sou meio perdidinho. Então acabei perdendo a saída e desci do ônibus DOZE quilômetros a frente. Tive de andar a pé duas horas pelas Castelo Branco, de mochila nas costas, para chegar até a casa da minha mãe. Mas foi bom, eu preciso mesmo de exercícios diários intensos para manter a cabeça em ordem...
Lá também pude relaxar com essas coizinhas boas do campo: lareira, nosso lindo pastor-alemão Tomé e os mais de QUATRO MIL livros que formam a biblioteca da minha mãe (outro dia até encontrei um vendedor da Livraria Cultura que comentou isso comigo. Parece que a "ficha" da minha mãe lá é de impressionar, haha).
Sempre eu colaboro para esvaziar um pouco as prateleiras dela, para que os livros não se tornem um vírus que tome conta de todos os cômodos. Dessa vez eu voltei com as Ficções Completas do Guimarães Rosa, em dois volume da Nova Aguilar. (o Guimarães nunca foi um dos meus heróis, por isso mesmo preciso ler mais...)
Lá eu li também outro conto fodíssimo do Paulo Henriques Britto, "O Companheiro de Quarto", publicado na revista literária Ficções 1. Não é porque ele acabou de ganhar o Portugal Telecom não. Os livros de poesia dele mesmo eu não conheço. Mas os contos que eu já li são estupendos (para ficar entre meus heróis, sim). Ele inclusive publicou um conto também na Ficções 12, em que eu participo com o meu conto "Pó de Vidro e Veneno de Cobra." E ainda impressiona como tradutor. Li uma ótima tradução dele para "A Artista do Corpo", novela do Don Delillo que ganhei de presente do (poeta) Donizete Galvão.
Enfim, como não consegui roubar essa Ficções 1 da minha mãe (ei, tem alguém da 7 Letras aí?), acabei achando o texto na net. Vocês podem ler "O Companheiro de Quarto", do Paulo Henriques Britto, no site da 7 Letras. Entre no www.7letras.com.br, clique em "ficções – 1, que o conto tá lá, na íntegra. Eu mesmo detesto ler contos na net, mas para quem curte, recomendo esse.
De resto, li algumas entrevistas com Burroughs e Ginsberg, fiquei vendo os documentários de répteis da National Geographic, um documentário sobre uma balsa que afundou na Estônia e o filme PIRANHAS 2 – ASSASSINAS VOADORAS – praticamente uma obra-prima do Escher, ahahah.
Neste final de semana, fui para a casa da minha mãe no interior paulista. É uma casa super gostosa, no meio do mato, construída por ela mesma (ALIÁS, vai sair na Casa Cláudia – ou Casa & Jardim? - de janeiro).
O problema é que deixei de dirigir há alguns anos e sou meio perdidinho. Então acabei perdendo a saída e desci do ônibus DOZE quilômetros a frente. Tive de andar a pé duas horas pelas Castelo Branco, de mochila nas costas, para chegar até a casa da minha mãe. Mas foi bom, eu preciso mesmo de exercícios diários intensos para manter a cabeça em ordem...
Lá também pude relaxar com essas coizinhas boas do campo: lareira, nosso lindo pastor-alemão Tomé e os mais de QUATRO MIL livros que formam a biblioteca da minha mãe (outro dia até encontrei um vendedor da Livraria Cultura que comentou isso comigo. Parece que a "ficha" da minha mãe lá é de impressionar, haha).
Sempre eu colaboro para esvaziar um pouco as prateleiras dela, para que os livros não se tornem um vírus que tome conta de todos os cômodos. Dessa vez eu voltei com as Ficções Completas do Guimarães Rosa, em dois volume da Nova Aguilar. (o Guimarães nunca foi um dos meus heróis, por isso mesmo preciso ler mais...)
Lá eu li também outro conto fodíssimo do Paulo Henriques Britto, "O Companheiro de Quarto", publicado na revista literária Ficções 1. Não é porque ele acabou de ganhar o Portugal Telecom não. Os livros de poesia dele mesmo eu não conheço. Mas os contos que eu já li são estupendos (para ficar entre meus heróis, sim). Ele inclusive publicou um conto também na Ficções 12, em que eu participo com o meu conto "Pó de Vidro e Veneno de Cobra." E ainda impressiona como tradutor. Li uma ótima tradução dele para "A Artista do Corpo", novela do Don Delillo que ganhei de presente do (poeta) Donizete Galvão.
Enfim, como não consegui roubar essa Ficções 1 da minha mãe (ei, tem alguém da 7 Letras aí?), acabei achando o texto na net. Vocês podem ler "O Companheiro de Quarto", do Paulo Henriques Britto, no site da 7 Letras. Entre no www.7letras.com.br, clique em "ficções – 1, que o conto tá lá, na íntegra. Eu mesmo detesto ler contos na net, mas para quem curte, recomendo esse.
De resto, li algumas entrevistas com Burroughs e Ginsberg, fiquei vendo os documentários de répteis da National Geographic, um documentário sobre uma balsa que afundou na Estônia e o filme PIRANHAS 2 – ASSASSINAS VOADORAS – praticamente uma obra-prima do Escher, ahahah.
11/11/2004
BATATINHA QUANDO NASCE
"Quando escrevemos versos aos vinte anos, é porque temos vinte anos; quando os escrevemos aos sessenta é porque somos poetas."
Hum, não sou muito de citações, mas achei essa – de Alain Borer - numa edição bilíngüe de Rimbaud e me pareceu bem oportuna...
Também não sou de poesia. Gosto de histórias, de criar personagens, mas é claro que já tive vinte anos e já fiz das minhas...
Navegando pela net, encontrei algumas. Acho todas bonitinhas, todas rimadinhas – se não consigo fugir das rimas nem na prosa...(ALIÁS, o Joca Terron me disse uma vez que odiava as rimas de "A Morte Sem Nome")
A primeira que encontrei foi uma que fiz para um site da Mariana D. Bandarra, de Porto Alegre. Ela me pediu um poema sobre o nariz (na época eu devo ter entendido que era sobre a cocaína). Saiu isso:
Fossa Nasal
O que m’escapa por entre os dedos
penetra-me pelo nariz,
inspira-me gozo e medo,
me forçando a continuar e insistir.
E o qu’eu fiz? É o que sempre faço.
O que faço é o que sempre me faz.
Reciclando entre beijos e abraços
a poesia que o papel não tem.
E a poesia que o papel não traz,
é fluido no meu nariz,
Se me ajuda como respiração,
se invade minha circulação,
se domina a minha razão,
tampouco me faz feliz.
Teve também uma que o (videomaker) Marcelo Garcia pediu para mim em Londres, sobre os estranhamentos com a língua e a cultura estrangeira. Parece que ele fez um vídeo em cima disso, mas eu não cheguei a ver. Aí vai a "poesia":
Vaca Amarela
Abro a boca e fecho os olhos
Falo alto pra engolir
Grito forte e sem sentido
Sem perigo de errar
E pra quem quiser ouvir,
já não basta escutar
abra a porta e baixe a guarda
venda os olhos e tire as calças
Abro a boca e fecho os olhos
Sugo a língua do estrangeiro
Como toda a bossa dela
Como quem fala primeiro
E pra meio entendedor
Me entrego por inteiro
Para quem não entendeu
Calaboca já morreu.
Tem também uma que eu tinha mandado pro site do Habacuque (Ludov), mas não encontrei mais. Lembro só do primeiro verso, e era bonitinho:
"A pena é mais forte do que a espada,
mas é a espada que está contra mim
É a espada que escapa aos meus dedos
Com pena de escreverem assim."
E o mais bonitinho, que escrevi em dor-de-cotovelo, era assim:
Morra, Plebeu!
Que nosso amor acabe de uma forma diferente.
Devagar, derrapando, de repente.
Mas que nosso amor não termine, não acabe simplesmente.
Que nosso amor morra atropelado por um trem,
Espancado, estendido, sem ninguém.
Mas que nosso amor não morra, não termine também.
E que ele me deixe, que ele parta, que ele vire uma nova esquina.
Em Madri, em Marrocos, n’Argentina.
Mas que nosso amor não seja apenas mais um amor que termina.
Ahhh, lendo esses "tesouros da minha juventude", eu só posso lamentar meu cinismo e minha frieza atuais. Haha!
"Quando escrevemos versos aos vinte anos, é porque temos vinte anos; quando os escrevemos aos sessenta é porque somos poetas."
Hum, não sou muito de citações, mas achei essa – de Alain Borer - numa edição bilíngüe de Rimbaud e me pareceu bem oportuna...
Também não sou de poesia. Gosto de histórias, de criar personagens, mas é claro que já tive vinte anos e já fiz das minhas...
Navegando pela net, encontrei algumas. Acho todas bonitinhas, todas rimadinhas – se não consigo fugir das rimas nem na prosa...(ALIÁS, o Joca Terron me disse uma vez que odiava as rimas de "A Morte Sem Nome")
A primeira que encontrei foi uma que fiz para um site da Mariana D. Bandarra, de Porto Alegre. Ela me pediu um poema sobre o nariz (na época eu devo ter entendido que era sobre a cocaína). Saiu isso:
Fossa Nasal
O que m’escapa por entre os dedos
penetra-me pelo nariz,
inspira-me gozo e medo,
me forçando a continuar e insistir.
E o qu’eu fiz? É o que sempre faço.
O que faço é o que sempre me faz.
Reciclando entre beijos e abraços
a poesia que o papel não tem.
E a poesia que o papel não traz,
é fluido no meu nariz,
Se me ajuda como respiração,
se invade minha circulação,
se domina a minha razão,
tampouco me faz feliz.
Teve também uma que o (videomaker) Marcelo Garcia pediu para mim em Londres, sobre os estranhamentos com a língua e a cultura estrangeira. Parece que ele fez um vídeo em cima disso, mas eu não cheguei a ver. Aí vai a "poesia":
Vaca Amarela
Abro a boca e fecho os olhos
Falo alto pra engolir
Grito forte e sem sentido
Sem perigo de errar
E pra quem quiser ouvir,
já não basta escutar
abra a porta e baixe a guarda
venda os olhos e tire as calças
Abro a boca e fecho os olhos
Sugo a língua do estrangeiro
Como toda a bossa dela
Como quem fala primeiro
E pra meio entendedor
Me entrego por inteiro
Para quem não entendeu
Calaboca já morreu.
Tem também uma que eu tinha mandado pro site do Habacuque (Ludov), mas não encontrei mais. Lembro só do primeiro verso, e era bonitinho:
"A pena é mais forte do que a espada,
mas é a espada que está contra mim
É a espada que escapa aos meus dedos
Com pena de escreverem assim."
E o mais bonitinho, que escrevi em dor-de-cotovelo, era assim:
Morra, Plebeu!
Que nosso amor acabe de uma forma diferente.
Devagar, derrapando, de repente.
Mas que nosso amor não termine, não acabe simplesmente.
Que nosso amor morra atropelado por um trem,
Espancado, estendido, sem ninguém.
Mas que nosso amor não morra, não termine também.
E que ele me deixe, que ele parta, que ele vire uma nova esquina.
Em Madri, em Marrocos, n’Argentina.
Mas que nosso amor não seja apenas mais um amor que termina.
Ahhh, lendo esses "tesouros da minha juventude", eu só posso lamentar meu cinismo e minha frieza atuais. Haha!
10/11/2004
APOCALÍPTICOS E INTEGRADOS
Quando eu morava em Porto Alegre, e escrevia meu primeiro romance, recebi da minha mãe o livro de contos "Angú de Sangue", do Marcelino Freire. Acho que foi meu primeiro contato com essa "nova literatura". Eu ainda tinha aquela mentalidade de que "bicho bom é bicho morto" e não tinha o menor interesse em conhecer os contemporâneos.
Mas o livro do Marcelino me trouxe uma nova dimensão, uma literatura viva, atual, identificável, que estava acontecendo enquanto vivíamos – e que ainda assim continuava sendo literatura.
Só anos depois fui conhecer pessoalmente o Marcelino, aprofundar meu conhecimento sobre essa literatura, descobrir onde estava o povo minha idade que escrevia. Minha temporada em Parati, com JP Cuenca e Chico Mattoso também foi ótima para isso. Apesar de eu ser o único dos três que já tinha publicado um romance, eles pareciam muito mais inteirados da "cena" do que eu. O Mattoso, especificamente, me despejou uma horda de novos autores, com sua ótima revista literária "Ácaro".
Agora é inevitável eu fazer parte. Acabo recebendo vários livros de colegas aqui em casa, convites de lançamentos e estou sempre conhecendo novos escritores em eventos (ALIÁS, acabo de voltar do Prêmio Portugal Telecom – concedido ao grande Paulo Henriques Britto). Eu acho uma bobagem esses rótulos de "Geração 00", ou mesmo os grupos e panelinhas. Se eu quisesse pertencer a um grupo, eu continuaria tocando teclado numa banda de rock. Para mim, o principal atrativo da literatura é a independência, a prática solitária (e masturbatória). É mais ou menos sobre isso que trata meu conto "Seis Dedos pra Contar" (que está aí no site, no link das "Formigas").
Mas se a prática é solitária (e, acredito eu, densa, verdadeira e particular), a promoção tem de ser solidária. É preciso se integrar, vender o peixe (abrir a espinha) e "todos juntos somos fortes". Também não dá para negar que, por mais que queremos ser únicos, há traços comuns nas obras escritas atualmente. Não dá para fugir do "peso da geração".
Enfim, são essas (e outras) discussões sobre "nova literatura" que formam os temas de um encontro literário no Itaú Cultural –Encontros de Interrogação (dias 22 e 23 de novembro) - promovido pelo Marcelino Freire, Nelson de Oliveira, Claudio Daniel e Frederico Barbosa.
Marcelino me mandou um email com um convite e uma pergunta, que será o tema da minha mesa. Respondi para ele de imediato. Vai aí:
Cadê a Nova Clarice? Cadê o Novo Rosa?
"Agora que você me perguntou, eu escuto a Clarice toda noite, fazendo o sino tocar. É na igreja aqui do lado, na rua de cima, atrás do meu apartamento, de hora em hora. Quando estou sozinho de noite. Quando estou deitado com insônia, alguém toca o sino na igreja e me diz que não estou só. Não estou sozinho nessa madrugada onírica, com Clarice, mas talvez esteja apenas sonhando."
"Já o Rosa eu não sei por onde anda, não sei por quem dobra, nem que esquinas virou. Na verdade, eu nem saberia reconhecê-lo, porque só olho por trás de franjas. Talvez seja o assassino do papa, no meu suicídio não publicado. Talvez seja aquela cadeira reservada, em sorveterias, botecos e bares. Sempre que eu quero puxá-la, alguém me diz: "já tem gente", e eu me sento na sarjeta... "olhando as estrelas."
O meu debate é dia 23 de Novembro, terça-feira, às 17 horas no Itaú Cultural (Av Paulista 149). Estarei numa mesa com Cecília Giannetti, João Filho e Verônica Stigger, mediado pelo grande Marçal Aquino. Mais pertinho eu aviso de novo.
Quando eu morava em Porto Alegre, e escrevia meu primeiro romance, recebi da minha mãe o livro de contos "Angú de Sangue", do Marcelino Freire. Acho que foi meu primeiro contato com essa "nova literatura". Eu ainda tinha aquela mentalidade de que "bicho bom é bicho morto" e não tinha o menor interesse em conhecer os contemporâneos.
Mas o livro do Marcelino me trouxe uma nova dimensão, uma literatura viva, atual, identificável, que estava acontecendo enquanto vivíamos – e que ainda assim continuava sendo literatura.
Só anos depois fui conhecer pessoalmente o Marcelino, aprofundar meu conhecimento sobre essa literatura, descobrir onde estava o povo minha idade que escrevia. Minha temporada em Parati, com JP Cuenca e Chico Mattoso também foi ótima para isso. Apesar de eu ser o único dos três que já tinha publicado um romance, eles pareciam muito mais inteirados da "cena" do que eu. O Mattoso, especificamente, me despejou uma horda de novos autores, com sua ótima revista literária "Ácaro".
Agora é inevitável eu fazer parte. Acabo recebendo vários livros de colegas aqui em casa, convites de lançamentos e estou sempre conhecendo novos escritores em eventos (ALIÁS, acabo de voltar do Prêmio Portugal Telecom – concedido ao grande Paulo Henriques Britto). Eu acho uma bobagem esses rótulos de "Geração 00", ou mesmo os grupos e panelinhas. Se eu quisesse pertencer a um grupo, eu continuaria tocando teclado numa banda de rock. Para mim, o principal atrativo da literatura é a independência, a prática solitária (e masturbatória). É mais ou menos sobre isso que trata meu conto "Seis Dedos pra Contar" (que está aí no site, no link das "Formigas").
Mas se a prática é solitária (e, acredito eu, densa, verdadeira e particular), a promoção tem de ser solidária. É preciso se integrar, vender o peixe (abrir a espinha) e "todos juntos somos fortes". Também não dá para negar que, por mais que queremos ser únicos, há traços comuns nas obras escritas atualmente. Não dá para fugir do "peso da geração".
Enfim, são essas (e outras) discussões sobre "nova literatura" que formam os temas de um encontro literário no Itaú Cultural –Encontros de Interrogação (dias 22 e 23 de novembro) - promovido pelo Marcelino Freire, Nelson de Oliveira, Claudio Daniel e Frederico Barbosa.
Marcelino me mandou um email com um convite e uma pergunta, que será o tema da minha mesa. Respondi para ele de imediato. Vai aí:
Cadê a Nova Clarice? Cadê o Novo Rosa?
"Agora que você me perguntou, eu escuto a Clarice toda noite, fazendo o sino tocar. É na igreja aqui do lado, na rua de cima, atrás do meu apartamento, de hora em hora. Quando estou sozinho de noite. Quando estou deitado com insônia, alguém toca o sino na igreja e me diz que não estou só. Não estou sozinho nessa madrugada onírica, com Clarice, mas talvez esteja apenas sonhando."
"Já o Rosa eu não sei por onde anda, não sei por quem dobra, nem que esquinas virou. Na verdade, eu nem saberia reconhecê-lo, porque só olho por trás de franjas. Talvez seja o assassino do papa, no meu suicídio não publicado. Talvez seja aquela cadeira reservada, em sorveterias, botecos e bares. Sempre que eu quero puxá-la, alguém me diz: "já tem gente", e eu me sento na sarjeta... "olhando as estrelas."
O meu debate é dia 23 de Novembro, terça-feira, às 17 horas no Itaú Cultural (Av Paulista 149). Estarei numa mesa com Cecília Giannetti, João Filho e Verônica Stigger, mediado pelo grande Marçal Aquino. Mais pertinho eu aviso de novo.
08/11/2004
FREELA PORQUE QUI-LO
Estou terminando a tradução de um livro para a Planeta. Fora isso, estou soltinho-soltinho / equals pobrinho- pobrinho (não, ainda não recebi por minhas últimas conquistas...).
Quem tiver freela de redação/tradução, é só assobiar.
Já trabalhei de redator publicitário, redator de marketing direto, redator de horóscopo, roteirista de tele-sexo (é sério!), vendedor de livraria, barman, professor de inglês e monitor de mostra, além de fazer tradução e transcrição. Desses todos, o único que eu não me garanto é como professor. Não tenho didática nenhuma. Tem algum ex-aluno meu por aqui?
Estou terminando a tradução de um livro para a Planeta. Fora isso, estou soltinho-soltinho / equals pobrinho- pobrinho (não, ainda não recebi por minhas últimas conquistas...).
Quem tiver freela de redação/tradução, é só assobiar.
Já trabalhei de redator publicitário, redator de marketing direto, redator de horóscopo, roteirista de tele-sexo (é sério!), vendedor de livraria, barman, professor de inglês e monitor de mostra, além de fazer tradução e transcrição. Desses todos, o único que eu não me garanto é como professor. Não tenho didática nenhuma. Tem algum ex-aluno meu por aqui?
06/11/2004
MINHA VIDA NO GELO
Alguém conhece um bom professor de Finlandês em SP? Hum, eu podia propor essa prova numa gincana escolar...
Larguei meu curso na Milennium faz dois meses, desde que o professor Marku Lira disse que eu estava "possuído pelo demônio", tudo por uma tola discussão relativista. Eles têm um método muito estranho, pseudo-psicanalítico, com uma filosofia bem rasa e completamente anti-didática.
Para vocês terem uma idéia (e já contei essa história numa palestra), uma das primeiras frases que aprendi lá em finlandês foi: "Kateellinen ihmninem ei näe, ei halua nähda", que significa "A pessoa invejosa não vê, ela não quer ver."
Seis meses depois, fui aprender a falar "mãe" (äiti), "pai" (isä), "cachorro" (koira), etc.
No dia da minha última aula, o professor tentava explicar que o "mal" é a "ausência do bem", assim como o frio e a ausência do calor (e eu provoquei dizendo que o "feminino era a ausência do masculino", haha. E que esses conceitos de "bem" e "mal" eram relativos, etc, etc, etc). Enfim, papo de barzinho de faculdade, e por isso o "demônio estava no meu corpo".
O chato de ter largado o curso é que, infelizmente, a Milennium é a única escola que dá finlandês em SP, e é bem difícil encontrar professor particular. Também é muito difícil encontrar material – filmes, música. A maioria das bandas (boas) da Finlândia canta em inglês. O mundo praticamente conspira para você aprender inglês, mas, no finlandês, o mundo conspira contra. Estou estudando há quase dois anos, sendo que um ano e meio foi lá com o Marku Lira.
Tudo começou na Finlândia mesmo. Estive lá duas vezes em 2002. Primeiro passei só cinco dias, num mochilão pela Escandinávia. Depois, quando estava saindo de Londres e quase voltando pro Brasil, passei mais 15 dias. Fiquei apaixonado pelo país: melancólico-bucólico, com pessoas tão receptivas, tão bonitas (apesar de que os suecos em geral são mais bonitos, mas são os menos simpáticos da Escandinávia).
Na primeira vez que eu fui, peguei uma ferry em Estocolmo para Helsinque (capital da Finlândia). Achei que a viagem ia demorar algumas horas, como a ferry entre Alemanha e Dinamarca. Mas tive uma ótima surpresa. Os barcos que fazem esse trajeto são navios enormes, com boates, restaurantes, cassinos, lojas. E a passagem não é cara não (para quem já está lá...). Acho que era uns 30 Euros. Parece que a distância é curta, mas eles fazem a ferry navegar mais devagar para o povo passar a noite gastando no navio (você sai às quatro da tarde de Estocolmo e chega a Helsinque na manhã do dia seguinte). É "tax-free" para bebidas, e muitos adolescentes pegam a ferry como uma balada, só para farrear, não como meio de transporte. Tem cabines para dormir lá também, mas eu não sabia e só tinha comprado o ingresso. Felizmente um professor muito receptivo me ofereceu a cama extra que sobrava em sua cabine...
Nessa primeira vez que eu fui era final de inverno. E não era tão frio assim (por volta de 0oC – chega a fazer menos 30oC na capital). Quando eu voltei no verão, de avião, a cidade estava ainda mais vibrante e divertida. Tão vibrante que todos os albergues estavam lotados, e eu tive de dormir uma noite no cemitério. Mas no dia seguinte conheci um casalzinho tri-querido que me levou para a casa deles...
Então, então, é claro que fiquei cheio de histórias sobre a Finlândia. Porém mais importante do que o que aconteceu (que pode ser contado num blog como esse) é o clima que eu senti lá. Aquela realidade polar, tão distante, tão receptiva, mas ao mesmo tempo desconfiada. Um sofrimento carinhoso, que eu queria vivenciar.
E é por isso que estudo Finlandês, e quero, num futuro não muito distante, passar alguns meses lá para escrever um romance. Entenderam agora? Moi moi!
Alguém conhece um bom professor de Finlandês em SP? Hum, eu podia propor essa prova numa gincana escolar...
Larguei meu curso na Milennium faz dois meses, desde que o professor Marku Lira disse que eu estava "possuído pelo demônio", tudo por uma tola discussão relativista. Eles têm um método muito estranho, pseudo-psicanalítico, com uma filosofia bem rasa e completamente anti-didática.
Para vocês terem uma idéia (e já contei essa história numa palestra), uma das primeiras frases que aprendi lá em finlandês foi: "Kateellinen ihmninem ei näe, ei halua nähda", que significa "A pessoa invejosa não vê, ela não quer ver."
Seis meses depois, fui aprender a falar "mãe" (äiti), "pai" (isä), "cachorro" (koira), etc.
No dia da minha última aula, o professor tentava explicar que o "mal" é a "ausência do bem", assim como o frio e a ausência do calor (e eu provoquei dizendo que o "feminino era a ausência do masculino", haha. E que esses conceitos de "bem" e "mal" eram relativos, etc, etc, etc). Enfim, papo de barzinho de faculdade, e por isso o "demônio estava no meu corpo".
O chato de ter largado o curso é que, infelizmente, a Milennium é a única escola que dá finlandês em SP, e é bem difícil encontrar professor particular. Também é muito difícil encontrar material – filmes, música. A maioria das bandas (boas) da Finlândia canta em inglês. O mundo praticamente conspira para você aprender inglês, mas, no finlandês, o mundo conspira contra. Estou estudando há quase dois anos, sendo que um ano e meio foi lá com o Marku Lira.
Tudo começou na Finlândia mesmo. Estive lá duas vezes em 2002. Primeiro passei só cinco dias, num mochilão pela Escandinávia. Depois, quando estava saindo de Londres e quase voltando pro Brasil, passei mais 15 dias. Fiquei apaixonado pelo país: melancólico-bucólico, com pessoas tão receptivas, tão bonitas (apesar de que os suecos em geral são mais bonitos, mas são os menos simpáticos da Escandinávia).
Na primeira vez que eu fui, peguei uma ferry em Estocolmo para Helsinque (capital da Finlândia). Achei que a viagem ia demorar algumas horas, como a ferry entre Alemanha e Dinamarca. Mas tive uma ótima surpresa. Os barcos que fazem esse trajeto são navios enormes, com boates, restaurantes, cassinos, lojas. E a passagem não é cara não (para quem já está lá...). Acho que era uns 30 Euros. Parece que a distância é curta, mas eles fazem a ferry navegar mais devagar para o povo passar a noite gastando no navio (você sai às quatro da tarde de Estocolmo e chega a Helsinque na manhã do dia seguinte). É "tax-free" para bebidas, e muitos adolescentes pegam a ferry como uma balada, só para farrear, não como meio de transporte. Tem cabines para dormir lá também, mas eu não sabia e só tinha comprado o ingresso. Felizmente um professor muito receptivo me ofereceu a cama extra que sobrava em sua cabine...
Nessa primeira vez que eu fui era final de inverno. E não era tão frio assim (por volta de 0oC – chega a fazer menos 30oC na capital). Quando eu voltei no verão, de avião, a cidade estava ainda mais vibrante e divertida. Tão vibrante que todos os albergues estavam lotados, e eu tive de dormir uma noite no cemitério. Mas no dia seguinte conheci um casalzinho tri-querido que me levou para a casa deles...
Então, então, é claro que fiquei cheio de histórias sobre a Finlândia. Porém mais importante do que o que aconteceu (que pode ser contado num blog como esse) é o clima que eu senti lá. Aquela realidade polar, tão distante, tão receptiva, mas ao mesmo tempo desconfiada. Um sofrimento carinhoso, que eu queria vivenciar.
E é por isso que estudo Finlandês, e quero, num futuro não muito distante, passar alguns meses lá para escrever um romance. Entenderam agora? Moi moi!
04/11/2004
95, O ANO DO POP ROCK.
Hum, vamos começar com as listas (o Jaspion vai gostar disso). Vai aí minhas músicas pop favoritas (internacionais).
Legend in My Living Room (92) – Annie Lennox (Escócia)
Sempre fui fã de Eurythmics (ALIÁS, vi hoje o filme deles dirigido pelo Amos Gitai). O trabalho solo da Annie Lennox está cada vez pior. Música de consultório de dentista. Mas o primeiro solo – Diva – tem coisas bem boas, apesar do tom "pop de meia idade". Na minha opinião, "Legend in My Living Room" é uma das melhores letras dela. Fala do lado relativo da fama (para os escritores, é mais relativo ainda). Ela conta que comeu o pão que o diabo amassou, quando começou a carreira em Londres, mas que "sabia que seria uma lenda...na minha própria sala de estar".
Mathilde (67) – Scott Walker (EUA)
Tudo bem, essa música é do Jacques Brel. Eu tenho a versão dele também, e prefiro bem mais a do Scott Walker. O arranjo de trompetes de Wally Stott é um primor, me faz lembrar as "baladas dos cossacos", músicas tradicionais russas, músicas de cavalaria. Fora que o vozeirão do Scott dá de dez no Jacques. Eu comprei todo o catálogo dele quando eu estava na Europa. E depois que você ouve uma música como "Mathilde" de madrugada, num navio indo para a Finlândia, não dá para não se apaixonar...
The Motel (95) – David Bowie (Inglaterra)
Essa não é das músicas mais famosas do Bowie. Também não deve estar entre as favoritas dos fãs, mas provavelmente é a minha. Esse album de 95 -"Outside" - eu considero um dos melhores da carreira dele. Certamente é o mais sombrio. Todas as faixas contam uma história meio "snuff", de uma menina que foi seqüestrada e assassinada como uma forma de arte. A produção é do Brian Eno, e uma das melhores coisas do album é o piano jazzístico do Mike Garson (que participa também de vários outros albuns do Bowie). Esta faixa, em específico, começa lenta, meio sem forma, com pianos e vocais esparsos e vai ganhando corpo aos poucos...
Les Histories D’A (86) – Rita Mitsouko (França)
Ah, essa é uma das minhas bandas favoritas. Aliás, é uma dupla. Um casal francês –Catherine Ringer e Fred Chichin - que antes de tocar fazia filmes pornográficos experimentais. Hum, eu queria ver a Catherine gemer. Que voz tem essa mulher! Nessa música, ela conta diversas histórias de amor trágicas e conclui no refrão: "as histórias de amor terminam mal, em geral."
Imaginary Love (98) – Rufus Wainwright (Canadá)
Hum, é difícil escolher uma música só do Rufus. Quase que eu pus "Dinner at Eight", do último album, mas esta também é uma pérola. Ele canta o primeiro verso, depois repete tudo uma oitava acima. E ele tem essa coisa de cocainômaco, né? emenda um verso no outro, não dá uma pausa na música inteira. Até no final, quando a letra termina, ele dá um jeito de soltar uns gemidos e terminar junto com a banda, ahah. Esse Rufus é mesmo um serelepe!
Sixteen Days (95) – Lori Carson (EUA)
Lori Carson é pouco conhecida. ALIÁS, tão pouco que o penúltimo album ela gravou sozinha, fez as fotos da capa e vendeu pela página da internet. Mas o album "Stars", que tem essa música, é um pouco mais pop. ALIÁS, tem a dosagem perfeita de pop, folk e new age (Ultimamente ela está new age demais, eu só escuto o último cd dela para dormir). "16 Days" é a faixa que abre "Stars". Atmosférica, melancólica e aconchegante. Lori tem ótimas letras sobre crises afetivas e relacionamentos bizarros.
John I Love You (95) – Sinéad O’Connor (Irlanda)
Também é foda escolher uma faixa da Sinéad. Ela tem as músicas mais bonitas do mundo pop. Claro que ela é louca, depressiva e obsessiva com a idéia de maternidade, mas para quem não é filho dela isso é até mais legal. Ela abandonou a música faz um ano. E chegou a escrever uma carta aos fãs dizendo que "se encontrassem ela na rua, mudassem de calçada, fingissem que não a conheciam". Haha. "John I Love You" é do album "Universal Mother", o melhor dela, na minha opinião. Ela estava com a voz mais suave, mas ainda poderosa.
So Young (93) – Suede (Inglaterra)
Ah, Suede é minha banda. Quando eu era um adolescente nerd, descobrindo o sexo e as drogas, Brett Anderson e seus amigos me mostraram um novo mundo de possibilidades, ambigüidades e androginia. Essa música, do primeiro album, fala tudo o que eu sentia na época "We’re so young and so gone, let’s chase the dragon from our home." O melhor foi conhecer a banda em 2002, quando eu trabalhava em Londres. Cumprimentei Brett Anderson (vocal), conversei um pouco com o Simon (bateria) e bati altos papos (e fotos) com Bernard Butler (o primeiro guitarrista). Na minha página do Orkut tem uma foto minha com o Butler.
Arms of Cicero (93) – Sex Gang Children (Inglaterra)
Sex Gang Children é das poucas bandas góticas que existe até hoje, desde o começo dos anos 80. No começo eles eram mais punks e toscos, mas bem divertidos. Hoje em dia o som está mais melancólico e "gótico fino" (se é que isso é possível com os vocais esganiçados do Andy). "Arms of Cicero" é dessa segunda fase, com arranjo de cordas e tudo mais. Eu também conheci a banda em Londres. Eles inclusive me convidaram para trabalhar com eles (mas eu ganhava mais como barman). O Andy é gente finíssima, mas completamente diferente do que eu esperava. Quem imagina que um gótico glamuroso iria ficar me perguntando sobre "futebol"?
2HB (72) – Roxy Music (Inglaterra)
Brian Eno é foda. Ainda mais quando ele contaminava o romantismo kitsch do Brian Ferry. Essa música, do primeiro Roxy Music, é uma mistura de glam, ambient e jazz. No "solo" de teclados desalinhados, entra um sax com um verso de "As Times Goes By". A letra inclusive faz referência ao filme "Casablanca". Um luxo só.
Conclusões? Músicas de mulheres sofredoras e rapazes afetados.
Hum, vamos começar com as listas (o Jaspion vai gostar disso). Vai aí minhas músicas pop favoritas (internacionais).
Legend in My Living Room (92) – Annie Lennox (Escócia)
Sempre fui fã de Eurythmics (ALIÁS, vi hoje o filme deles dirigido pelo Amos Gitai). O trabalho solo da Annie Lennox está cada vez pior. Música de consultório de dentista. Mas o primeiro solo – Diva – tem coisas bem boas, apesar do tom "pop de meia idade". Na minha opinião, "Legend in My Living Room" é uma das melhores letras dela. Fala do lado relativo da fama (para os escritores, é mais relativo ainda). Ela conta que comeu o pão que o diabo amassou, quando começou a carreira em Londres, mas que "sabia que seria uma lenda...na minha própria sala de estar".
Mathilde (67) – Scott Walker (EUA)
Tudo bem, essa música é do Jacques Brel. Eu tenho a versão dele também, e prefiro bem mais a do Scott Walker. O arranjo de trompetes de Wally Stott é um primor, me faz lembrar as "baladas dos cossacos", músicas tradicionais russas, músicas de cavalaria. Fora que o vozeirão do Scott dá de dez no Jacques. Eu comprei todo o catálogo dele quando eu estava na Europa. E depois que você ouve uma música como "Mathilde" de madrugada, num navio indo para a Finlândia, não dá para não se apaixonar...
The Motel (95) – David Bowie (Inglaterra)
Essa não é das músicas mais famosas do Bowie. Também não deve estar entre as favoritas dos fãs, mas provavelmente é a minha. Esse album de 95 -"Outside" - eu considero um dos melhores da carreira dele. Certamente é o mais sombrio. Todas as faixas contam uma história meio "snuff", de uma menina que foi seqüestrada e assassinada como uma forma de arte. A produção é do Brian Eno, e uma das melhores coisas do album é o piano jazzístico do Mike Garson (que participa também de vários outros albuns do Bowie). Esta faixa, em específico, começa lenta, meio sem forma, com pianos e vocais esparsos e vai ganhando corpo aos poucos...
Les Histories D’A (86) – Rita Mitsouko (França)
Ah, essa é uma das minhas bandas favoritas. Aliás, é uma dupla. Um casal francês –Catherine Ringer e Fred Chichin - que antes de tocar fazia filmes pornográficos experimentais. Hum, eu queria ver a Catherine gemer. Que voz tem essa mulher! Nessa música, ela conta diversas histórias de amor trágicas e conclui no refrão: "as histórias de amor terminam mal, em geral."
Imaginary Love (98) – Rufus Wainwright (Canadá)
Hum, é difícil escolher uma música só do Rufus. Quase que eu pus "Dinner at Eight", do último album, mas esta também é uma pérola. Ele canta o primeiro verso, depois repete tudo uma oitava acima. E ele tem essa coisa de cocainômaco, né? emenda um verso no outro, não dá uma pausa na música inteira. Até no final, quando a letra termina, ele dá um jeito de soltar uns gemidos e terminar junto com a banda, ahah. Esse Rufus é mesmo um serelepe!
Sixteen Days (95) – Lori Carson (EUA)
Lori Carson é pouco conhecida. ALIÁS, tão pouco que o penúltimo album ela gravou sozinha, fez as fotos da capa e vendeu pela página da internet. Mas o album "Stars", que tem essa música, é um pouco mais pop. ALIÁS, tem a dosagem perfeita de pop, folk e new age (Ultimamente ela está new age demais, eu só escuto o último cd dela para dormir). "16 Days" é a faixa que abre "Stars". Atmosférica, melancólica e aconchegante. Lori tem ótimas letras sobre crises afetivas e relacionamentos bizarros.
John I Love You (95) – Sinéad O’Connor (Irlanda)
Também é foda escolher uma faixa da Sinéad. Ela tem as músicas mais bonitas do mundo pop. Claro que ela é louca, depressiva e obsessiva com a idéia de maternidade, mas para quem não é filho dela isso é até mais legal. Ela abandonou a música faz um ano. E chegou a escrever uma carta aos fãs dizendo que "se encontrassem ela na rua, mudassem de calçada, fingissem que não a conheciam". Haha. "John I Love You" é do album "Universal Mother", o melhor dela, na minha opinião. Ela estava com a voz mais suave, mas ainda poderosa.
So Young (93) – Suede (Inglaterra)
Ah, Suede é minha banda. Quando eu era um adolescente nerd, descobrindo o sexo e as drogas, Brett Anderson e seus amigos me mostraram um novo mundo de possibilidades, ambigüidades e androginia. Essa música, do primeiro album, fala tudo o que eu sentia na época "We’re so young and so gone, let’s chase the dragon from our home." O melhor foi conhecer a banda em 2002, quando eu trabalhava em Londres. Cumprimentei Brett Anderson (vocal), conversei um pouco com o Simon (bateria) e bati altos papos (e fotos) com Bernard Butler (o primeiro guitarrista). Na minha página do Orkut tem uma foto minha com o Butler.
Arms of Cicero (93) – Sex Gang Children (Inglaterra)
Sex Gang Children é das poucas bandas góticas que existe até hoje, desde o começo dos anos 80. No começo eles eram mais punks e toscos, mas bem divertidos. Hoje em dia o som está mais melancólico e "gótico fino" (se é que isso é possível com os vocais esganiçados do Andy). "Arms of Cicero" é dessa segunda fase, com arranjo de cordas e tudo mais. Eu também conheci a banda em Londres. Eles inclusive me convidaram para trabalhar com eles (mas eu ganhava mais como barman). O Andy é gente finíssima, mas completamente diferente do que eu esperava. Quem imagina que um gótico glamuroso iria ficar me perguntando sobre "futebol"?
2HB (72) – Roxy Music (Inglaterra)
Brian Eno é foda. Ainda mais quando ele contaminava o romantismo kitsch do Brian Ferry. Essa música, do primeiro Roxy Music, é uma mistura de glam, ambient e jazz. No "solo" de teclados desalinhados, entra um sax com um verso de "As Times Goes By". A letra inclusive faz referência ao filme "Casablanca". Um luxo só.
Conclusões? Músicas de mulheres sofredoras e rapazes afetados.
02/11/2004
"Olhou pela janela e só viu o inverno. A cidade congelada, o céu tão azul, o mar parado lá longe, esperando uma chance. Não escutava som algum, nem via movimento. Era uma pintura de seu cenário, sua natureza morta, na qual ele ainda vivia. Esticava o pescoço, debruçava-se na janela, respirava o ar gelado. A felicidade caía lá embaixo e se espatifava como garrafa de vidro, de gelo. Mesmo assim, continuava olhando. Sentia-se especial por poder observar algo tão exclusivo. Observava um mundo secreto, suspenso, escondido de todos os outros homeotérmicos."
(Trecho de "Feriado de Mim Mesmo" - meu terceiro livro que sai em março, pela Editora Planeta)
(Trecho de "Feriado de Mim Mesmo" - meu terceiro livro que sai em março, pela Editora Planeta)
30/10/2004
AMOR & HEMÁCIAS
Vocês devem ter reparado que o nome do blog mudou, não? Ou melhor, o blog ganhou o nome. Me toquei quando vi uma matéria do Marcelo Moutinho no site Portal Literal sobre blogs de autores. O meu estava lá, entre os outros, o único sem nome (e com uma descrição não das melhores...). Daí me toquei que precisava batizá-lo.
Ele se chamava apenas "Santiago Nazarian" porque a intenção era que os leitores que procurassem sobre mim na net achassem de cara o blog, que já tem link para as matérias e entrevistas mais importantes. Está funcionando. Além dos comentários que recebo aqui, chegam bastante emails, e algumas pessoas comentam comigo quando me encontram. Mas concordo que o blog ainda precisa evoluir muito.
O nome Amor & Hemácias não precisa ser explicado, precisa? Quem acompanha o blog ou leu "A Morte Sem Nome" entende...
É uma experiência nova pra mim e muitas vezes eu me sinto culpado. Preferia continuar escondido por trás da ficção, que é meu verdadeiro trabalho. Mas tem sido um passatempo divertido, e é uma ferramente importante de divulgação e relacionamento hoje em dia.
Então, resolvi colocar mais um conto no link "Formigas no Açúcar". Não é completamente inédito. Quem foi na minha última palestra no Instituto Cervantes já conhece (ALIÁS, tenho um debate sobre literatura marcado para novembro, depois dou mais detalhes). É um conto de polidactilia, "Seis Dedos Para Contar", tirado do meu imenso estoque de contos inéditos (quem sabe um dia não resolvo publicar uma antologia?).
Espero que gostem. O link está aí do lado - "Formigas no Açúcar". O conto "Depois do Sexo", que havia sido feito para uma antologia da Planeta, continua lá.
Vocês devem ter reparado que o nome do blog mudou, não? Ou melhor, o blog ganhou o nome. Me toquei quando vi uma matéria do Marcelo Moutinho no site Portal Literal sobre blogs de autores. O meu estava lá, entre os outros, o único sem nome (e com uma descrição não das melhores...). Daí me toquei que precisava batizá-lo.
Ele se chamava apenas "Santiago Nazarian" porque a intenção era que os leitores que procurassem sobre mim na net achassem de cara o blog, que já tem link para as matérias e entrevistas mais importantes. Está funcionando. Além dos comentários que recebo aqui, chegam bastante emails, e algumas pessoas comentam comigo quando me encontram. Mas concordo que o blog ainda precisa evoluir muito.
O nome Amor & Hemácias não precisa ser explicado, precisa? Quem acompanha o blog ou leu "A Morte Sem Nome" entende...
É uma experiência nova pra mim e muitas vezes eu me sinto culpado. Preferia continuar escondido por trás da ficção, que é meu verdadeiro trabalho. Mas tem sido um passatempo divertido, e é uma ferramente importante de divulgação e relacionamento hoje em dia.
Então, resolvi colocar mais um conto no link "Formigas no Açúcar". Não é completamente inédito. Quem foi na minha última palestra no Instituto Cervantes já conhece (ALIÁS, tenho um debate sobre literatura marcado para novembro, depois dou mais detalhes). É um conto de polidactilia, "Seis Dedos Para Contar", tirado do meu imenso estoque de contos inéditos (quem sabe um dia não resolvo publicar uma antologia?).
Espero que gostem. O link está aí do lado - "Formigas no Açúcar". O conto "Depois do Sexo", que havia sido feito para uma antologia da Planeta, continua lá.
26/10/2004
ESTUPRA MAS NÃO MATA
Ah, está chegando Halloween e agora as crianças brasileiras comemoram. Quando eu era uma criança gótica, tudo o que eu queria era que houvesse Halloween por aqui. Cheguei até a convencer um amigo meu de escola a se fantasiar e sair pedindo doces pelas ruas do Jardim América, haha. Obviamente só recebemos o desprezo de empregadas estressadas. Agora também não quero mais...
Esse lado negro da minha personalidade sempre foi muito presente, mas nunca consegui escrever um livro – ou um conto que seja - de terror. ALIÁS, conversei sobre isso com o (cineasta) Guilherme de Almeida Prado, que também adora filmes de terror. Conversamos sobre por que pessoas como eu, o Carlão Reichenbach (outro fã do sinistro) e vários outros artistas não estávamos renovando (ou criando) a produção do terror nacional. Acho que para fazer terror é preciso um talento específico, assim como para fazer pornografia. Ambos precisam lidar necessariamente com alguns clichês, pois são eles que garantem o medo e a excitação do público. Mas, no caso do terror, é preciso saber dosar muito bem o uso desses clichês com a reversão dos mesmos.
Tem também o preconceito, é claro. Muita gente não faz por ser um gênero considerado "menor" pela crítica.
Isso é uma grande bobagem, lógico. Há vários grandes livros de terror que são LITERATURA. Pessoalmente, eu acho DRÄCULA do Bram Stoker, o melhor deles, não só pela repercussão que tem até hoje, mas principalmente porque, apesar de ter uma história/personagem muito bem conhecidos e ter sido escrito há mais de cem anos, ainda consegue provocar medo. Lida com questões arquetípicas bem fortes. E toda aquela primeira parte do Jonathan Harker no castelo é fantástica.
Já FRANKENSTEIN eu não gosto. Tudo bem, não posso falar que é ruim nem nada assim, mas o livro nunca me despertou grandes emoções. E, INFELIZMENTE, eu posso dizer o mesmo da obra do Edgar Allan Poe. Eu me esforço bastante, tenho as obras completas dele em inglês e vários contos em português. Também não sou louco de criticar, mas nunca me despertou nada.
Outro dia eu estava conversando sobre isso com o Cid Vale Ferreira, um amigo meu da adolescência gótica que se tornou editor e um especialista em literatura do século XIX. Eu dizia que o que eu sentia falta na obra do Poe era aquela sexualidade latente que está presente em toda boa obra de terror. Acho que funciona quase como um paradoxo – associar o sexo com a morte (ALIÁS, eu trabalho essa associação no conto "Depois do Sexo", que está aqui no site, no link "Formigas no Açúcar"). O Cid concordou comigo, mas justificou que a sexualidade na obra do Poe se manifesta de uma maneira muito mais alegórica. Daí ele me deu um exemplo do conto "A Máscara da Morte Rubra", que me pareceu genial – o pêndulo do baile de máscaras como um símbolo fálico e tal. Só que quando fui reler o conto, achei que o Cid tinha exagerado na interpretação, ahah. Enfim, pelo menos é ótimo conversar com alguém apaixonado pelo tema e que tem embasamento.
Dos livros de terror contemporâneos gosto muitíssimo do EXORCISTA, do William Peter Blatty. Li o livro pela primeira vez quando eu tinha cerca de 13 anos – e se me assustou naquela época é porque a coisa é forte mesmo. Reli recentemente. É muito melhor do que o filme. Principalmente porque sempre fica a dúvida se trata-se realmente de uma possessão. A latência sexual está na alegoria da puberdade, mas o livro ainda traz muitas questões teológicas.
E final de semana passado li outro livro de terror do caralho: "RING", do Koji Suzuki. Sim, é o romance japonês da década de 90 que inspirou o filmes japonês, o coreano e o americano "O Chamado". Eu acho a versão americana um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Muita gente critica dizendo que é mal explicado, mas eu acho apenas que "não é explicado". O filme deixa muitas pontas soltas e essa é a grande sacada. Fora que as imagens são lindas, aquela fita amaldiçoada é um primor do surrealismo, uma maravilha.
O livro também é bem bom. Dá menos medo do que o filme. É bem mais racional e tem menos referências spooky. O autor trabalha o tempo todo com a negação dos clichês e com justificativas científicas para os fatos. Talvez isso tire um pouco o clima, mas continua sendo um grande livro – mais de suspense investigativo do que de terror. O romance também tem uma questão amoral e machista muito forte, que foi suavizada no filme. Para vocês terem uma idéia, no livro o personagem principal (que no filme americano foi vivido por Naomi Watts) é um homem e a pessoa para quem ele mostra a fita para ajudá-lo a desvendar o mistério é um amigo ESTUPRADOR. Haha, isso mesmo, ele mostra a fita pra esse cara porque se o amigo morrer o mundo não vai estar perdendo grande coisa, já que ele é um crápula, haha. Achei isso ótimo. Não vou contar mais nada para não estragar as surpresas, apesar de eu saber que ninguém vai ler esse livro (nem existe versão em português – mas a tradução para o inglês é ótima e a edição da Vertical é um primor).
Outro que eu li de ontem para hoje foi "The Hellbound Heart", do Clive Barker, o romance que inspirou os filmes "Hellraiser". O Barker também tem uma questão sexual muito forte nos livros/filmes dele, associada ao sadomasoquismo. Talvez ele mesmo seja (um sadomasoquista), mas não necessariamente. Ele pode trabalhar essa questão só ideologicamente, como é o meu caso. Muita gente colocou que "A Morte Sem Nome" é um romance sadomasoquista, e eu até concordo, mas confesso que na cama eu sou mais meiguinho, hahaha.
Voltando – The Hellbound Heart não chega a ser um romance, é uma novela, e uma novela que parece já ter sido escrita visando o cinema. Ou seja, não é grandes coisas em termos de literatura. A ação parece se desenvolver muito rápido e sem grande profundidade. Os diálogos são banais e os personagens também. Fora que é uma edição de bolso da Harper Collins, o que torna quase inevitável não acreditar que está se lendo um livro "barato". Se eu não tivesse visto o filme, diria que a novela daria um ótimo filme (mas como eu vi, sei que deu uma merda de filme, hahah). Entretanto, o único ponto em que a novela se torna mais interessante do que o filme é na descrição das torturas e dos Cenobitas. Obviamente, por ser um livro, o autor consegue fazer referências a outros sentidos que não são explorados na tela. O cheiro de baunilha dos demônios, os sons do inferno tocando na cabeça dos personagens. Mas isso acontece em poucas passagens, o resto do livro é fraco mesmo. Enfim, não consigo me acertar com o Mr. Barker - e eu queria tanto...
Provavelmente um dos primeiros que trabalhou essa questão do sadomasoquismo na literatura foi o Marquês de Sade (afinal, o termo "sádico" veio do nome dele). Mas eu acho que ele exagera, que se preocupava muito em chocar e a trama acaba se tornando uma novelona mexicana (ALIÁS, conversei sobre isso também com o Cid – e novamente ele defendeu o autor). Mas enfim, do Sade eu só li "Les Infortunes de La Vertu" (em francês - o segundo andar da Livraria Cultura/SP, do Conjunto Nacional tem umas coisas boas assim).
E quem mais? Quem mais? Anne Rice não, por favor, acho um horror (no mau sentido. Li "Interview with the Vampire" e alguns contos). Stephen King eu confesso que tem algumas coisas brilhantes (o romance "IT" é uma pérola. O livro de contos "Night Shift" também). O problema dele talvez seja produzir livros a granel, então faz algumas coisas bem toscas. Fora que os finais dele são péssimos. Dean Koontz é tosqueira mesmo, mas me diverti com "The Funhouse" (que inspirou o filme...adivinhem...."Pague para Entrar Reze para Sair", hahahah! Sim, esse filme foi baseado num livro!).
Dos mais antigões, além do "Drácula", eu gostei muito do "The Turn of the Screw" (Henry James) – que também tem a questão sexual relacionada à puberdade e à infância; gosto da novela "Karmilla" (Sheridan le Fannu – com um lesbianismo quase explícito) e de vários contos do Saki (mas ele trabalha mais o fantástico, com um certo humor negro/satírico, não exatamente terror).
De Brasileiro eu ainda não conheci nenhum que prestasse. Tem aquele cara...o André Vianco, que parece que vende horrores de horror. Mas nunca sai resenha de livro dele em lugar algum. O meio literário simplesmente o ignora. Eu preciso ler para ver o que há que há. Sinceramente não conheço.
Ah, enfim, já escrevi DEMAIS e comemorei o Halloween aqui no meu blog. Esse montão de texto era pra assustar mesmo – Boo! Quem quiser me indicar outros livros de horror, é muito bem vindo aí no "vermelho". E para quem acha que eu só leio esse tipo de coisa, tem um link permanente aí do lado – Sugestões de Livros – que eu escrevi pro site "Leia Livro".
Ah, está chegando Halloween e agora as crianças brasileiras comemoram. Quando eu era uma criança gótica, tudo o que eu queria era que houvesse Halloween por aqui. Cheguei até a convencer um amigo meu de escola a se fantasiar e sair pedindo doces pelas ruas do Jardim América, haha. Obviamente só recebemos o desprezo de empregadas estressadas. Agora também não quero mais...
Esse lado negro da minha personalidade sempre foi muito presente, mas nunca consegui escrever um livro – ou um conto que seja - de terror. ALIÁS, conversei sobre isso com o (cineasta) Guilherme de Almeida Prado, que também adora filmes de terror. Conversamos sobre por que pessoas como eu, o Carlão Reichenbach (outro fã do sinistro) e vários outros artistas não estávamos renovando (ou criando) a produção do terror nacional. Acho que para fazer terror é preciso um talento específico, assim como para fazer pornografia. Ambos precisam lidar necessariamente com alguns clichês, pois são eles que garantem o medo e a excitação do público. Mas, no caso do terror, é preciso saber dosar muito bem o uso desses clichês com a reversão dos mesmos.
Tem também o preconceito, é claro. Muita gente não faz por ser um gênero considerado "menor" pela crítica.
Isso é uma grande bobagem, lógico. Há vários grandes livros de terror que são LITERATURA. Pessoalmente, eu acho DRÄCULA do Bram Stoker, o melhor deles, não só pela repercussão que tem até hoje, mas principalmente porque, apesar de ter uma história/personagem muito bem conhecidos e ter sido escrito há mais de cem anos, ainda consegue provocar medo. Lida com questões arquetípicas bem fortes. E toda aquela primeira parte do Jonathan Harker no castelo é fantástica.
Já FRANKENSTEIN eu não gosto. Tudo bem, não posso falar que é ruim nem nada assim, mas o livro nunca me despertou grandes emoções. E, INFELIZMENTE, eu posso dizer o mesmo da obra do Edgar Allan Poe. Eu me esforço bastante, tenho as obras completas dele em inglês e vários contos em português. Também não sou louco de criticar, mas nunca me despertou nada.
Outro dia eu estava conversando sobre isso com o Cid Vale Ferreira, um amigo meu da adolescência gótica que se tornou editor e um especialista em literatura do século XIX. Eu dizia que o que eu sentia falta na obra do Poe era aquela sexualidade latente que está presente em toda boa obra de terror. Acho que funciona quase como um paradoxo – associar o sexo com a morte (ALIÁS, eu trabalho essa associação no conto "Depois do Sexo", que está aqui no site, no link "Formigas no Açúcar"). O Cid concordou comigo, mas justificou que a sexualidade na obra do Poe se manifesta de uma maneira muito mais alegórica. Daí ele me deu um exemplo do conto "A Máscara da Morte Rubra", que me pareceu genial – o pêndulo do baile de máscaras como um símbolo fálico e tal. Só que quando fui reler o conto, achei que o Cid tinha exagerado na interpretação, ahah. Enfim, pelo menos é ótimo conversar com alguém apaixonado pelo tema e que tem embasamento.
Dos livros de terror contemporâneos gosto muitíssimo do EXORCISTA, do William Peter Blatty. Li o livro pela primeira vez quando eu tinha cerca de 13 anos – e se me assustou naquela época é porque a coisa é forte mesmo. Reli recentemente. É muito melhor do que o filme. Principalmente porque sempre fica a dúvida se trata-se realmente de uma possessão. A latência sexual está na alegoria da puberdade, mas o livro ainda traz muitas questões teológicas.
E final de semana passado li outro livro de terror do caralho: "RING", do Koji Suzuki. Sim, é o romance japonês da década de 90 que inspirou o filmes japonês, o coreano e o americano "O Chamado". Eu acho a versão americana um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Muita gente critica dizendo que é mal explicado, mas eu acho apenas que "não é explicado". O filme deixa muitas pontas soltas e essa é a grande sacada. Fora que as imagens são lindas, aquela fita amaldiçoada é um primor do surrealismo, uma maravilha.
O livro também é bem bom. Dá menos medo do que o filme. É bem mais racional e tem menos referências spooky. O autor trabalha o tempo todo com a negação dos clichês e com justificativas científicas para os fatos. Talvez isso tire um pouco o clima, mas continua sendo um grande livro – mais de suspense investigativo do que de terror. O romance também tem uma questão amoral e machista muito forte, que foi suavizada no filme. Para vocês terem uma idéia, no livro o personagem principal (que no filme americano foi vivido por Naomi Watts) é um homem e a pessoa para quem ele mostra a fita para ajudá-lo a desvendar o mistério é um amigo ESTUPRADOR. Haha, isso mesmo, ele mostra a fita pra esse cara porque se o amigo morrer o mundo não vai estar perdendo grande coisa, já que ele é um crápula, haha. Achei isso ótimo. Não vou contar mais nada para não estragar as surpresas, apesar de eu saber que ninguém vai ler esse livro (nem existe versão em português – mas a tradução para o inglês é ótima e a edição da Vertical é um primor).
Outro que eu li de ontem para hoje foi "The Hellbound Heart", do Clive Barker, o romance que inspirou os filmes "Hellraiser". O Barker também tem uma questão sexual muito forte nos livros/filmes dele, associada ao sadomasoquismo. Talvez ele mesmo seja (um sadomasoquista), mas não necessariamente. Ele pode trabalhar essa questão só ideologicamente, como é o meu caso. Muita gente colocou que "A Morte Sem Nome" é um romance sadomasoquista, e eu até concordo, mas confesso que na cama eu sou mais meiguinho, hahaha.
Voltando – The Hellbound Heart não chega a ser um romance, é uma novela, e uma novela que parece já ter sido escrita visando o cinema. Ou seja, não é grandes coisas em termos de literatura. A ação parece se desenvolver muito rápido e sem grande profundidade. Os diálogos são banais e os personagens também. Fora que é uma edição de bolso da Harper Collins, o que torna quase inevitável não acreditar que está se lendo um livro "barato". Se eu não tivesse visto o filme, diria que a novela daria um ótimo filme (mas como eu vi, sei que deu uma merda de filme, hahah). Entretanto, o único ponto em que a novela se torna mais interessante do que o filme é na descrição das torturas e dos Cenobitas. Obviamente, por ser um livro, o autor consegue fazer referências a outros sentidos que não são explorados na tela. O cheiro de baunilha dos demônios, os sons do inferno tocando na cabeça dos personagens. Mas isso acontece em poucas passagens, o resto do livro é fraco mesmo. Enfim, não consigo me acertar com o Mr. Barker - e eu queria tanto...
Provavelmente um dos primeiros que trabalhou essa questão do sadomasoquismo na literatura foi o Marquês de Sade (afinal, o termo "sádico" veio do nome dele). Mas eu acho que ele exagera, que se preocupava muito em chocar e a trama acaba se tornando uma novelona mexicana (ALIÁS, conversei sobre isso também com o Cid – e novamente ele defendeu o autor). Mas enfim, do Sade eu só li "Les Infortunes de La Vertu" (em francês - o segundo andar da Livraria Cultura/SP, do Conjunto Nacional tem umas coisas boas assim).
E quem mais? Quem mais? Anne Rice não, por favor, acho um horror (no mau sentido. Li "Interview with the Vampire" e alguns contos). Stephen King eu confesso que tem algumas coisas brilhantes (o romance "IT" é uma pérola. O livro de contos "Night Shift" também). O problema dele talvez seja produzir livros a granel, então faz algumas coisas bem toscas. Fora que os finais dele são péssimos. Dean Koontz é tosqueira mesmo, mas me diverti com "The Funhouse" (que inspirou o filme...adivinhem...."Pague para Entrar Reze para Sair", hahahah! Sim, esse filme foi baseado num livro!).
Dos mais antigões, além do "Drácula", eu gostei muito do "The Turn of the Screw" (Henry James) – que também tem a questão sexual relacionada à puberdade e à infância; gosto da novela "Karmilla" (Sheridan le Fannu – com um lesbianismo quase explícito) e de vários contos do Saki (mas ele trabalha mais o fantástico, com um certo humor negro/satírico, não exatamente terror).
De Brasileiro eu ainda não conheci nenhum que prestasse. Tem aquele cara...o André Vianco, que parece que vende horrores de horror. Mas nunca sai resenha de livro dele em lugar algum. O meio literário simplesmente o ignora. Eu preciso ler para ver o que há que há. Sinceramente não conheço.
Ah, enfim, já escrevi DEMAIS e comemorei o Halloween aqui no meu blog. Esse montão de texto era pra assustar mesmo – Boo! Quem quiser me indicar outros livros de horror, é muito bem vindo aí no "vermelho". E para quem acha que eu só leio esse tipo de coisa, tem um link permanente aí do lado – Sugestões de Livros – que eu escrevi pro site "Leia Livro".
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